Infecção por H. Pylori
O que é o H. Pylori?
A Helicobacter pylori, também chamada de H. Pylori, é uma bactéria que habitualmente se aloja no estômago ou intestino.
A infecção pelo H. Pylori é bastante comum e se desenvolve de forma assintomática na maior parte das pessoas.
Entretanto, ela é também uma das principais causas para a gastrite e pode levar a complicações como úlceras no estômago ou até mesmo a lesões cancerígenas.
A infecção por Helicobacter pylori é bastante comum. Ela acomete entre 85% e 95% da população nos países em desenvolvimento e entre 30 e 50% nos países desenvolvidos (1). Isso inclui aproximadamente 60% das pessoas sem qualquer queixa gastrointestinal (2).
Como ocorre a transmissão pelo H. Pylori?
A transmissão de H. pylori ocorre provavelmente através do consumo de água e alimentos contaminados.
São fatores de risco para a infecção pelo H. Pylori:
- Baixo nível socioeconômico;
- Alimentação regular fora de casa;
- Consumo de água não filtrada;
- Tabagismo.
Gastrite induzida pelo H. Pylori
A infecção pelo H. Pylori acomete a mucosa gástrica, uma membrana que reveste o estômago. Esta mucosa é responsável pela produção de um muco protetor, que impede os efeitos nocivos do ácido clorídrico presentes no suco gástrico.
O suco gástrico é uma solução rica em ácido clorídrico e enzimas digestivas. Ele é produzido pelas glândulas estomacais e tem um pH extremamente ácido.
O suco gástrico possui importantes funções no estômago:
- Desnatura as proteínas, facilitando sua digestão;
- Facilita a absorção de cálcio e ferro pelo organismo;
- Destrói muitas bactérias nocivas presentes no bolo alimentar.
Por outro lado, o ácido clorídrico tem um potencial bastante nocivo para a parede do estômago. Na ausência de uma mucosa gástrica eficiente, ele pode levar à inflamação característica da gastrite. Com o tempo, pode dar origem a úlceras e sangramentos.
Quais os sintomas da Infecção por H. Pylori?
A maior parte das pessoas infectadas pelo H. Pylori são assintomáticas.
Quando presentes, os sintomas se assemelham aos de outras formas de gastrite, incluindo:
- Dor ou dor em queimação na parte superior do abdômen, que pode piorar ou melhorar com a alimentação
- Náusea ou Vômito
- Sensação de plenitude depois de comer
Entre os pacientes com gastrite crônica causada pelo H. Pylori, entre 10% e 20% apresentarão uma complicação, especialmente a úlcera péptica (3).
Como é feito o diagnóstico da Infecção por H. Pylori?
A investigação da infecção pela H. pylori pode ser feita pelo Médico gastrologista.
Geralmente, a investigação é feita no paciente com diagnóstico de gastrite crônica, úlcera gástrica ou duodenal ou pessoas com câncer de estômago.
Apesar da grande prevalência da infecção, não há uma recomendação para que a pesquisa e o tratamento seja feito de forma rotineira em pessoas assintomáticas (4).
Diferentes exames podem ser usados para isso, entre eles:
- Testes não invasivos: pesquisa de antígeno fecal, o teste respiratório de ureia e o teste sorológico;
- Teste invasivo: endoscopia digestiva alta.
Exames de ar exalado (Teste respiratório para H. Pylori)
O teste respiratório para o H. Pylori é um teste indireto.
O que ele identifica de fato é a transformação de uréia em amônia, um dos efeitos da infecção pelo H. Pylori.
O H. Pylori possui uma enzima denominada de urease, capaz de degradar a ureia para formar amônia. Este é, inclusive, um dos mecanismos pelo qual o H. Pylori é capaz de resistir ao efeito do suco gástrico.
Inicialmente, o paciente ingere uma solução contendo uréia marcada com carbono 13.
Na presençado H. Pylori, a uréia é transformada em amônia, em uma reação que libera também o carbono 13 marcado. Este carbono 13 será então exalado na forma de gás carbônico.
O ar exalado é então coletado em uma bolsa plástica e testado em um aparelho específico capaz de detectar o carbono marcado.
Exame de fezes
A pesquisa de antígeno fecal nada mais que é um exame de fezes.
Neste exame, são utilizados anticorpos que reagem contra a Helicobacter pylori.
A amostra de fezes é submetida a esses anticorpos. Se houver uma reação por parte deles, significa que o micro-organismo está presente na amostra.
A eficácia do teste do antígeno fecal em detectar o H. Pylori é de aproximadamente 80% (5)
Endoscopia
O diagnóstico da infecção pelo H. Pylori pode ser confirmado por meio de uma biópsia feita por endoscopia.
Um tubo fino e flexível, contendo uma pequena câmera, é inserido pela boca. Ele é direcionado até o estômago, para observar o revestimento do órgão.
Ao observar sinais de inflamação, uma biópsia poderá ser realizada.
O fragmento biopsiado é então submetido ao teste da uréase, um teste indireto para a detecção do H. pylori.
O fragmento biopsiado é analisado em uma solução de ureia e um marcador de pH. Sua coloração se modifica na presença da uréase, o que acontece na presença de uma infecção pelo H. Pylori.
Tratamento da infecção por H. Pylori
O tratamento da infecção pelo H. Pylori tem três objetivos principais:
- Combate ao H. Pylori: feito por meio de antibióticos. Diferentes combinações de antibióticos podem ser prescritas a depender de cada caso;
- Redução da acidez estomacal, por meio de antiácidos ou de inibidores da produção de ácidos;
- Tratamento das complicações, especialmente do sangramento gástrico e da úlcera gástrica.
O paciente será também recomendado a parar de tomar certos medicamentos que causam danos ao revestimento do estômago, especialmente a aspirina e outros medicamentos antiinflamatórios.
A recorrência da infecção ocorre em aproximadamente 2% ao ano nos pacientes tratados (6). Ela deve ser evitada através de medidas de higiene como a lavagem das mãos antes de manipular alimentos e de comer.
Antibióticos
O esquema de erradicação preferencial é a terapia tríplice (amoxicilina, claritromicina e omeprazol), administrada por sete dias (7).
A terapia de manutenção com inibidores da bomba de prótons não é necessária após a erradicação do H. pylori.
Esquemas alternativos são necessários diante de resistência microbiana ou refratariedade ao tratamento.
Isso é mais comum em pessoas com histórico de uso prolongado de antibióticos, embora possa acontecer com qualquer pessoa.
Antiácidos
Os remédios antiácidos agem neutralizando o ácido do estômago.
Eles normalmente contêm hidróxido de alumínio, hidróxido de magnésio, carbonato de cálcio ou bicarbonato de sódio, por exemplo.
Alguns exemplos de remédios antiácidos são o Estomazil, Pepsamar ou Maalox, por exemplo.
Inibidores da produção de ácido
Os remédios inibidores da produção de ácido agem diminuindo a quantidade de ácido clorídrico que é produzido no estômago.
Alguns exemplos deste tipo de medicamento são o omeprazol, esomeprazol, lansoprazol ou pantoprazol, também chamados de Inibidores da bomba de protons.
Alimentação para o paciente com gastrite
O paciente com gastrite deve buscar uma alimentação rica em frutas e hortaliças com propriedades antioxidantes e carotenoides.
A maçã é uma das frutas mais indicadas, por conta de seu efeito antiácido.
As frutas vermelhas também são uma boa opção. Isso porque elas contêm flavonoides, compostos antioxidantes conhecidos pelo seu poder anti-inflamatório e cicatrizante.
Por outro lado, é preciso que se evite as frutas ácidas, incluindo o limão, laranja e abacaxi.
O paciente com gastrite deve dar preferência por vegetais e verduras cozidas, uma vez que eles são mais fáceis de digerir.
A batata é uma boa opção, uma vez que ela ajuda a reduzir a acidez do estômago.
Deve-se também dar preferência para carnes magras e com pouca gordura, como frango e peixes. Eles devem idealmente ser consumidos assados, grelhados ou cozidos.
Os peixes, especialmente os de água fria, são uma ótima uma ótima opção, já que eles possuem ômega-3, o que ajuda a reduzir a inflamação do estômago.
Outros alimentos indicados para quem tem gastrite incluem:
- Leite desnatado;
- Iogurte natural integral;
- Grãos integrais, como pão integral (absorve parte do suco gástrico que ajuda a agravar os sintomas da gastrite), arroz integral e macarrão integral;
- Chás tipo camomila;
- Café descafeinado;
- Queijos brancos, como ricota, minas frescal ou coalho light;
- Temperos naturais, como ervas finas, alho, cebola, salsinha, coentro, mostarda e gengibre.
Os alimentos devem ser ingeridos em pequenas quantidades, evitando-se os exageros nas refeições.
Períodos prolongados de jejum também devem ser evitados.
Pior fim, o paciente com gastrite deve buscar consumir ao menos dois litros de água por dia.
Alimentos a serem evitados
Já a lista daqueles alimentos que devem ser evitados na dieta para gastrite inclui:
- Carnes processadas: salsicha, linguiça, bacon, presunto, peito de peru, salame, mortadela;
- Queijos amarelos e processados;
- Molhos prontos;
- Temperos prontos, caldos de carne e macarrão instantâneo;
- Comida pronta congelada e fast food;
- Refrigerantes, sucos prontos, café, chá verde, chá mate, chá preto;
- Bebidas alcoólicas;
- Açúcar e doces em geral;
- Sal em excesso;
- Farinha branca, incluindo bolos, bolachas e pães brancos;
- Frituras
- Alimentos ricos em gordura, como carnes gordas e pele de frango.