Ginecologia Infanto-Puberal
O que trata o ginecologista infanto-puberal?
A ginecologia infanto-puberal é destinada a atender meninas e adolescentes em questões relacionadas ao seu aparelho reprodutivo ou à sua sexualidade.
Os motivos que levam uma menina à ginecologista variam conforme a idade, conforme indicado abaixo.
Primeira Infância (crianças com até 2 anos de idade)
O principal motivo que levam os pais a procurarem uma avaliação como o Ginecologista Infanto-puberal para suas filhas pequenas é a presença de aderências nos pequenos lábios, também chamada de sinéquia.
A sinéquia pode ser observada ao nascimento ou mais tardiamente pela mãe, ao realizar a higiente da filha.
Meninas de 2 a 8 anos
Entre os dois e os sete anos de idade, o principal motivo para a consulta é a avaliação de uma vulvovaginite.
A vulvovaginite é uma inflamação na região da vagina, que pode provocar corrimento, dor, coceira e vermelhidão na área genital.
Além disso, algumas meninas podem apresentar sinais de menopausa precoce.
A menopausa é considerada precoce quando tem início antes dos 8 anos nas meninas e antes dos 9 anos nos meninos (1).
Meninas a partir de 8 a 11 anos
O principal motivo para a consulta com a ginecologista infanto-puberal a partir dos oito anos de idade está relacionada ao processo de desenvolvimento do corpo, incluindo o crescimento dos seios e o crescimento de pelos pubianos.
Meninas de 11 anos a 14 anos
A maioria das meninas menstruam pela primeira vez ao redor de 12 a 14 anos.
Assim, a principal queixa nos consultórios é relacionada aos ciclos menstruais, incluindo irregularidade menstrual, cólica ou sangramentos.
Discutimos mais sobre os Distúrbios Menstruais na adolescência em um artigo a parte.
Meninas a partir dos 14 anos
As mesmas dúvidas descritas na ginecologia infanto-puberal para meninas entre 11 e 14 anos podem estar presentes. Entretanto, questionamentos relacionados à iniciação sexual passam a ser mais frequentes.
Isso inclui:
- Dúvidas quanto a primeira relação sexual;
- Dúvidas quanto a sua sexualidade;
- Preocupações relacionadas à anticoncepção e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
No caso de meninas sexualmente ativas, a avaliação ginecológica passa a ser recomendada de rotina.
Menstruação e ciclo menstrual na adolescência
Nos primeiros 2 a 3 anos após a primeira menstruação, é comum que os ciclos sejam irregulares, variando em duração e intensidade. Isso ocorre porque o sistema hormonal ainda está amadurecendo.
Além disso, muitos ciclos são anovulatórios (sem ovulação). Isso significa que, mesmo havendo sangramento menstrual, pode não ter havido liberação de óvulo.
Por conta das adaptações aos hormônios sexuais femininos, sintomas relacionados à menstruação tendem a ser mais intensos, incluindo as cólicas menstruais e a Tensão pré-menstrual (TPM).
Primeira relação sexual
A primeira relação sexual é um momento que marca a mulher para a vida toda. É também motivo de grandes expectativas.
Uma das principais preocupações está relacionada à dor na relação. Ao contrário do que muitas meninas imaginam, a dor e o desconformto tem menos relação com o rompimento do hímen, e mais com a tensão e o medo, que levam a uma maior tensão muscular e menor lubrificação.
Anticoncepção na adolescência
Como regra geral, todos os métodos anticoncepcionais usados em mulheres adultas podem também ser indicadas para as adolescentes. No entanto, é preciso considerar algumas especificidades.
Métodos de barreira, especialmente a camisinha masculina, são muito eficazes em prevenir a gestação, desde que bem utilizados. Infelizmente, por inexperiência, é comum que elas sejam usadas de forma inadequada, com risco de falha.
A camisinha ainda é considerada o “método de base” de anticoncepção na adolescência, especialmente belos seus benefícios relacionados à prevenção de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST). No entanto, recomenda-se que outro método anticoncepcional seja feito em paralelo.
Métodos hormonais, incluindo a pílula, anticoncepcionais injetáveis, implante ou DIU também podem ser indicados. Além de prevenir a gestação, eles ajudam no controle de outros sintomas relacionados à menstruação, como a Tensão Pré-Menstrual ou as cólicas menstruais. Em alguns casos, os anticoncepcionais podem ser usados com o objetivo de controlar esses sintomas, mesmo em meninas que não tenham vida sexual ativa.
Primeira Consulta na Ginecologia Infanto-Puberal
A avaliação ginecológica de rotina deve ser feita por toda mulher sexualmente ativa e por todas as mulheres acima de 18 anos, independente da atividade sexual.
Entretanto, qualquer garota poderá se beneficiar de uma consulta com o ginecologista infanto-puberal após os primeiros sinais da puberdade.
Não há dúvidas de que a primeira consulta com o ginecologista ou mesmo as consultas posteriores com o ginecologista podem ser bastante constrangedoras para muitas mulheres e meninas.
Faz parte da função do ginecologista tentar minimizar este estresse. Entretanto, ele deve respeitar o tempo da paciente, que não será forçada a falar aquilo que não se sente à vontade de início.
Se o medo está relacionado ao toque e ao exame das partes íntimas, isso não deve ser motivo para evitar o ginecologista.
A primeira consulta habitualmente é mais um momento para conversa, onde a paciente poderá tirar as dúvidas que mais a aflingem. O exame físico ginecológico não costuma ser feito de rotina em mulheres de baixo risco neste primeiro momento.
Os Pais Precisam Saber?
Geralmente até os 13 anos é recomendado a participação dos pais.
Já a partir dos 14, a participação fica a critério do ginecologista e da paciente, uma vez que as adolescentes costumam sentir vergonha de tirar importantes dúvidas sobre a vida sexual na frente dos pais.
O médico deve guardar sigilo dos assuntos conversados durante a consulta, a menos em casos de doenças e complicações que envolvam riscos.
Segundo o Artigo 74 do Código de Ética Médica, “É vedado ao médico revelar segredo profissional referente ao paciente menor de idade, inclusive seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar o seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-los, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente”.