Fisioterapia para pé e tornozelo
Qual a importância da fisioterapia para o pé e tornozelo
O pé e o tornozelo englobam um conjunto de articulações vulneráveis tanto a lesões traumáticas como a lesões por sobrecarga.
Além das estruturas ósseas, estas articulações são muito dependentes das estruturas musculares e capsuloligamentares para funcionarem adequadamente.
O objetivo principal da fisioterapia para pé e tornozelo está justamente em corrigir eventuais deficiências funcionais nestas estruturas.
Em muitos casos, a fisioterapia pode ser o tratamento principal para o problema do paciente. Em outros casos a cirurgia ou outras formas de tratamento poderão ser indicadas, conforme a avaliação do ortopedista especialista em pé e tornozelo. Ainda assim, a fisioterapia terá um papel relevante em muitos destes casos.
Entorse do tornozelo
A entorse do tornozelo é uma das lesões mais comuns e uma das principais indicações de fisioterapia para o pé e tornozelo. Na maior parte das pessoas o tratamento sem cirurgia recupera bem aa lesão – mesmo em casos com lesões completas ou de mais de um ligamento.
No entanto, para a recuperação funcional completa ocorra, a fisioterapia é fundamental.
A fisioterapia pode usar diferentes recursos a depender da fase de cicatrização da lesão, podendo ajudar para a melhora sintomática e retorno mais precoce às atividades.
Um ponto importante é que a entorse do tornozelo acaba comprometendo a propriocepção, um mecanismo de auto controle que ajuda no equilíbrio e controle dos movimentos. Assim, o treino de equilíbrio é uma parte importante da fisioterapia pós entorse do tornozelo.
A fisioterapia ajuda também a minimizar o risco para a instabilidade crônica do tornozelo – condição na qual o paciente passa a apresentar episódios repetitivos de torção e que, como regra geral, exige o tratamento cirúrgico.
Fascite plantar / esporão do calcâneo
A fascite plantar – muitas vezes acompanhada do esporão do calcâneo – é uma condição caracterizada pela inflamação da fascia plantar, uma estrutura fibrosa que ajuda na sustentação do arco do pé.
A fascia plantar corre na sola entre a parte da frente do pé e o calcanhar. Ela se continua mais acima com o tendão de Aquiles e a musculatura da panturrilha, de forma que é muito comum a associação com a Tendinte de Aquiles (tendinite calcânea).
O objetivo principal, nestes casos, é manipular a fascia plantar, ao mesmo tempo em que se trabalha o fortalescimento e o alongamento da musculatura da panturrilha.
Tendinite calcânea
A Tendinite Calcânea, também conhecida como tendinite de Aquiles, caracteriza-se pela inflamação e degeneração do tendão calcâneo (de Aquiles).
70% das pessoas que desenvolvem o problema são corredores ou praticantes de outros esportes que envolvem a corrida (1).
A deficiência de força e mobilidade na panturrilha pode ter um papel importante no desenvolvimento do problema.
No entanto, a técnica esportiva também deve ser considerada, já que uma técnica com pobre absorção de impacto tende a ser determinante para o problema. Tudo isso deve ser avaliado e tratado pelo fisioterapeuta.
Neuroma de morton
O Neuroma de Morton trata-se de uma tumoração benigna do nervo interdigital, responsável pela sensibilidade dos dedos do pé. Além da dor, o neuroma produz a sensação de formigamento, queimação ou choque na sola do pé e dedos adjacentes.
Ele é mais comum no espaço entre o terceiro e o quarto dedo, seguido pelo espaço entre o segundo e o terceiro dedo.
Diferentes fatores que levam à compressão e irritação do nervo podem contribuir para a ocorrência do Neuroma de Morton. Estes fatores devem ser investigados e, quando indicado, tratados pelo ortopedista especialista em pé e tornozelo.
No entanto, problemas relacionados à pisada e aos movimentos das articulações podem contribuir para um maior estresse sobre o neuroma, o que pode ser tratado pelo fisioterapeuta.
No caso de tratamento cirúrgico, a fisioterapia pode minimizar o risco de recorrência do neuroma de morton.
Quais as etapas da fisioterapia para o tornozelo?
Como regra geral, a fisioterapia para o tornozelo pode ser dividida em três fases:
- Controle da dorEsta etapa envolve uma série de procedimentos que têm como objetivo principal o alívio da dor e da inflamação. A ideia é que o paciente volta a ter mobilidade o mais próximo do normal possível, com o mínimo de desconforto.Espera-se ao final desta etapa que a dor não mais seja um problema no caso de atividades do dia a dia, que não exijam grandes esforços.Em um paciente com tendinite de Aquiles, por exemplo, isso significa subir e descer escada ou scaminhar sem maiores dificuldades.Diferentes técnicas de manipulação ou aparelhos podem ser utilizados nesta etapa.
- Correção dos desequilíbriosÀ medida em que a dor melhora, o objetivo da fisioterapia passa a ser corrigir desequilíbrios de força e de mobilidade, além dos movimentos básicos.Muitas pessoas param de fazer a fisioterapia por acreditar que, já que o objetivo é fortalecer, poderá fazer isso de forma independente na academia. No entanto, é preciso considerar que pessoas muito fortes eventualmente também apresentam dor no tornozelo. Ou seja, é possível que o paciente consiga de fato ganhar força, mas que isso não melhore a dor.Mais do que um fortalecimento global, o objetivo aqui é corrigir posturas, vícios e desequilíbrios que contribuam para a dor.Casos em que a perda de força seja mais significativa muitas vezes apresentam um padrão misto de perda de força, que envolve tanto a atrofia da musculatura como a inibição neuromuscular. O uso de Estimulação Elétrica Funcional (FES) pode ser uma opção interessante nestes casos.
- Correção funcionalEsta é uma etapa de transição para retorno ao esporte, quando for o caso. Uma vez que a musculatura esteja razoavelmente equilibrada e funcional, o objetivo é melhorar o padrão de movimentos como salto, giro, corrida com mudanças de direção, aceleração e desaceleração.Mesmo no caso de pessoas que estejam bem funcionalmente, é comum que a dor esteja associada a um gesto esportivo ruim. Isso significa uma má técnica de corrida ou um movimento de salto ruim, por exemplo. Tudo isso terá que ser analisado nesta etapa do tratamento.
- Transição das etapasAinda que didaticamente a reabilitação possa ser dividida nas três fases descritas acima, na prática a transição acaba sendo mais gradual. Assim, não é necessário que uma pessoa esteja completamente sem dor para passar da etapa 1 para a etapa 2. No entanto, técnicas analgésicas vão se tornando menos necessárias ao mesmo tempo em que os exercícios para correção de desequilíbrio vão ganhando mais importância.Da mesma forma, nem todos os pacientes precisam passar por todas estas etapas. Algumas pessoas podem iniciar a fisioterapia para o joelho diretamente na etapa 2 ou 3, enquanto outros podem não precisar evoluir até a terceira etapa.
Qual a frequência da fisioterapia para o pé e tornozelo?
A frequência da fisioterapia depende das necessidades do paciente e da fase de reabilitação em que ele se encontra.
Para a maioria das pessoas, uma programação de duas a três vezes por semana costuma ser adequado.
Menos do que duas vezes por semana tende a ser pouco. No entanto, os ganhos adicionais em se fazer a fisioterapia mais do que 3 vezes por semana costumam ser pouco significativos para a maior parte das pessoas – embora isso possa ser considerado em algumas situações e momentos específicos.