Falta de orgasmo
Falta de orgasmo
A falta de orgasmo durante a relação sexual pode reduzir a qualidade de vida do indivíduo, afinal, muito se fala sobre o clímax durante o ato e, ao não ser alcançado, diversos efeitos psicológicos podem ser experimentados.
É o caso de a pessoa se sentir insegura, desinteressada sexualmente e, em algumas situações, até mesmo culpada por não “se entregar” para a relação.
Pensando nessas questões, fizemos este guia com informações que podem ajudá-lo a enfrentar esse problema, mas sem descartar o acompanhamento profissional. Acompanhe.
Qual a causa da falta de orgasmo?
A causa da falta de orgasmo pode ser multifatorial e tem relação direta com a subjetividade do indivíduo. Além disso, questões de saúde, como cardiopatias e diabetes, também podem reduzir a frequência de orgasmos da pessoa.
Antes de pensarmos em todas as causas, é importante esclarecermos, ainda, que existem dois tipos principais de anorgasmia:
- Anorgasmia primária: Trata-se de indivíduos que sofrem com a falta de orgasmo desde sempre, ou seja, nunca experimentaram o clímax na relação sexual.
- Anorgasmia secundária: Neste caso, o indivíduo já viveu relações nas quais teve orgasmo, porém, a partir de uma fase de sua vida, pode não ter mais as mesmas sensações prazerosas que antes. Ou seja, a falta de orgasmo é “adquirida”, diferentemente do que acontece na anorgasmia primária, na qual há ausência do clímax desde sempre.
Ambas podem estar relacionadas a uma série de fatores, que discutimos a seguir:
1. Falta de intimidade
A falta de intimidade com o parceiro ou com a parceira pode ser uma das causas da falta de orgasmo, e isso pode estar associado a muitos fatores, como:
- Vergonha e timidez na hora do sexo, que impedem que a pessoa se sinta relaxada o suficiente para viver a relação.
- Falta de conhecimento com relação ao que dá prazer à pessoa. Por exemplo, o parceiro pode conhecer pouco do indivíduo que sofre com falta de orgasmo, não estimulando da forma que poderia levar ao clímax.
- Falta de conexão entre o casal, que também pode diminuir o desejo sexual e, consequentemente, as chances de atingir o orgasmo.
Essa questão pode começar a ser resolvida com a aproximação do casal, visando uma conexão mais próxima que possa instigar as relações dos dois.
2. Falta de autoconhecimento
A falta de autoconhecimento também é uma das causas da anorgasmia. Nesse caso, a pessoa pode ter dificuldades para explorar os seus pontos de prazer e estímulo durante a relação, o que dificulta o momento do clímax.
Isto é, se a pessoa não conhece o próprio corpo e não sabe o que pode proporcionar prazer a ele, como poderá esperar que o parceiro ou a parceira saiba o que fazer?
Lembre-se de que a relação sexual pode ser baseada no diálogo, para que ambos saibam quais são os desejos e vontades um do outro, visando uma conexão maior que promova momentos mais prazerosos.
Sem esses esclarecimentos e esse autoconhecimento, a relação pode ser baseada em algo aleatório, que não necessariamente será estimulante a ponto de gerar um orgasmo.
3. Insegurança e baixa autoestima
A insegurança também pode ser a mola propulsora da falta de orgasmo. A pessoa pode focar tanto no que está acontecendo, de um sentido desconectado com a relação em si, que pode se sentir insegura e sem estímulos para atingir o orgasmo.
Isto é, o indivíduo pode ficar com medo que o outro esteja julgando e prestando atenção em cada “defeito” da pessoa, ao invés de estar focando na relação sexual em si. Assim sendo, o indivíduo pode se retrair, aumentar a ansiedade e não conseguir relaxar e focar nas sensações de prazer prévias ao orgasmo.
4. Desinformação sexual
A desinformação sexual ainda é a realidade de muitas pessoas, especialmente daquelas que sofreram grandes repressões ao longo de suas vidas.
Essa falta de conhecimento pode impedir que a pessoa experimente o orgasmo por, simplesmente, nem saber que ele existe ou não fazer ideia de como ele pode ser alcançado.
Isto é, a pessoa pode até ter desejo sexual e praticar relações, mas por conta da falta de conhecimento sobre a anatomia do corpo e sobre os reflexos sexuais do organismo, o orgasmo pode se transformar em algo praticamente impossível.
5. Mitos e tabus sexuais
Não é de hoje que ouvimos uma série de mitos e tabus sexuais sendo proferidos na sociedade. Alguns desses tabus têm o objetivo de reprimir o prazer sexual, especialmente das mulheres.
Sendo assim, a falta de orgasmo pode estar associada a essas crenças que são passadas de geração para geração, ocasionando dificuldades na hora de relaxar e aproveitar os prazeres da relação.
6. Culpa religiosa
Muitas culturas religiosas associam o prazer sexual com algo ruim e impuro. Além disso, há crenças que dão a entender que o sexo antes do casamento é algo imoral e que merece punição por parte de Deus.
Nessas situações, a pessoa pode até “quebrar a regra” religiosa e ter relação antes do matrimônio, porém, a culpa internalizada e latente pode impedir que ela consiga relaxar durante a relação e, consequentemente, atingir o orgasmo.
7. Ansiedade de desempenho
A ansiedade de desempenho consiste em um medo irracional de não atingir uma boa performance sexual durante o sexo. Isto é, a pessoa acredita que terá um desempenho ruim, que será humilhada e que não conseguirá satisfazer o parceiro ou a parceira.
Sem dúvidas, trata-se de uma ansiedade que acaba impactando o relaxamento da pessoa, impedindo-a de aproveitar o momento a dois da forma como gostaria.
Pode ser resultante de uma relação mal-sucedida, traumas sexuais, humilhação vivida na hora do sexo, cobrança excessiva do parceiro ou parceira, etc.
8. Problemas de saúde
Além das questões psicológicas que já citamos até aqui, a falta de orgasmo também pode estar associada a casos de saúde orgânica, como:
- Cardiopatias
- Diabetes
- Obesidade
- Problemas na circulação sanguínea
Essas e outras situações exigem o acompanhamento médico. Portanto, manter os seus exames de rotina em dia é muito importante.
9. Traumas sexuais
Traumas sexuais também podem ser a causa da falta de orgasmo. O momento a dois pode ser uma situação pouco confortável e desgradável para uma vítima de abuso sexual, por exemplo.
Assim sendo, a relação não é vista como algo prazeroso, e, muitas vezes, a pessoa traumatizada pode praticar apenas para “cumprir tabela”. Desse modo, alcançar o orgasmo pode ser bastante difícil.
10. Disfunção sexual dolorosa
As disfunções sexuais dolorosas, como a vestibulodínea, podem ser uma das causas da falta de orgasmo.
A mulher, neste caso, não consegue relaxar e sentir prazer durante a relação sexual, devido às dores causadas pela disfunção. Logo, o momento deixa de ser prazeroso e estimulante para que um orgamos seja atingido.
11. Falta de desejo
Não podemos descartar a falta de libido feminina e masculina quando pensamos na falta de orgasmo. Afinal, a pessoa pode, simplesmente, não estar se sentindo estimulada o suficiente durante o sexo, o que dificulta a chegada ao clímax.
Como lidar com a falta de orgasmo?
Perceba que são muitas as possíveis causas da falta de orgasmo e, por isso, é muito importante buscarmos, antes de qualquer coisa, a possível raiz do problema. Assim o tratamento e as mudanças de hábitos serão baseados em algo mais concreto e de acordo com as necessidades do indivíduo.
Por exemplo, no caso da disfunção sexual dolorosa, é ela quem merecerá atenção inicialmente, e não a falta de orgasmo. Assim, tratada a dor, a relação poderá acontecer de uma forma totalmente diferente, proporcionando prazer e fazendo a mulher atingir o clímax.
Além de considerar isso, trouxemos também algumas dicas que podem ajudar na hora de refletir sobre o assunto. Veja abaixo:
1. Autoconhecimento
Um bom ponto de partida é o processo de autoconhecimento. Por meio dele, torna-se viável conhecer o próprio corpo, as fantasias sexuais e o que desperta o desejo do indivíduo.
Para isso, é possível investir na prática de masturbação, bem como, simplesmente, refletir sobre o que pode ser instigante e atraente para a pessoa.
Pare e pense: o que é capaz de despertar o seu interesse sexual? Quais situações deixam você mais excitado? Quais são os cenários que contribuiriam com o seu relaxamento na hora de ter relação sexual com outra pessoa?
Tocar o próprio corpo também é válido. Você pode usar brinquedos eróticos e experimentar toques, texturas e formas de sentir a pele, as regiões íntimas, etc. Preparar um ambiente que escape da rotina também pode ajudar a aumentar o desejo.
Quanto mais você conhecer sobre si mesmo e sobre o que pode ser interessante para você, mais chances existem de você conquistar o clímax durante a relação.
Contudo, é relevante termos em mente que apenas o autoconhecimento não basta, é preciso comunicar o outro. Se você percebe que o seu parceiro ou a sua parceira está fazendo algo que não desperta o seu desejo e não o estimula para se aproximar do orgasmo, comunique isso de uma forma clara e delicada, a fim de alinhar as expectativas de todos e construir um relacionamento que possa proporcionar prazeres mútuos.
2. Terapia Sexual
A Terapia Sexual também tem um papel muito importante no processo de lidar com a falta de orgasmo.
Como vimos no decorrer deste conteúdo, são muitas as questões psicológicas que podem estar envolvidas com quadros de anorgasmia. Sendo assim, conversar com um psicólogo, preferencialmente formado em sexologia, pode ser um caminho que ajude você a descobrir o que gosta, o que te trava, o que pode soltá-lo mais na relação, e assim por diante.
Da mesma forma, todo o processo de autoconhecimento psicológico também poderá ser trabalhado nas sessões. Você poderá conversar sobre como se sente durante a relação e como gostaria de sentir.
Além disso, poderá falar sobre emoções, traumas, culpas, mitos e tabus, visando abrir a mente e vivenciar uma nova perspectiva para a sua autoestima e para o sexo.
Em alguns casos, é possível, ainda, aderir à terapia de casal, se porventura ambos detectarem a necessidade de lidar com esse conflito em conjunto.
3. Redução da ansiedade
Reduzir os níveis de ansiedade também é um caminho para lidar com a falta de orgasmo. Pois, como vimos, os quadros ansiosos podem atrapalhar o relaxamento e a conexão com o momento. Mas, como reduzir essa ansiedade?
Embora não haja um método infalível de enfrentamento da ansiedade, existem medidas que podem ajudar nesses casos:
- Conheça os seus pontos fortes e fortifique a sua autoestima. Por exemplo, escolher uma roupa que faz com que você se sinta mais confiante na hora de se aproximar do parceiro ou da parceira pode criar um clima mais agradável.
- Escolha um local que transpareça conforto e segurança. Se você sente que determinado cômodo da casa é “inseguro”, pois, a qualquer momento, uma pessoa pode chegar e interromper o ato, é melhor procurar outro espaço.
- Foque na trajetória, não na linha de chegada. Sexo não é só orgasmo. Portanto, você pode dar mais atenção às sensações vividas com o toque da mão do parceiro ou da parceira, com a aproximação dos dois, e assim por diante. O orgasmo será apenas a consequência.
- Não se obrigue a vivenciar o clímax todas as vezes. Se em algum momento ele não acontecer, não se culpe por isso. Haverá outras oportunidades.
- Não faça sexo apenas por fazer. Estimule o seu desejo para se sentir mais à vontade no momento e impedir que a relação entre em um verdadeiro modo automático.
- No dia a dia, pratique exercícios físicos, pois eles elevam a sensação de bem-estar e promovem relaxamento.
- Cuide da forma como você respira durante a relação. Respirar calma e profundamente pode ajudar a manter o relaxamento.
- Aproxime-se do outro, criando um vínculo e uma maior intimidade que possa ajudá-lo a se sentir mais seguro e, consequentemente, menos ansioso.
4. Quebras de tabus e mitos
Ao longo de nossas vidas, crescemos ouvindo diversos discursos e informações sobre sexo e relacionamento. Porém, em meio a esses discursos, podemos ser bombardeados por mitos e tabus que criam crenças em nossa mente. Essas crenças, consequentemente, podem ter relação direta com a forma como lidamos com o sexo.
Sendo assim, comece a refletir: o que você pensa sobre sexo? Você o encara como algo bom ou ruim? Você sente culpa de praticá-lo? Se sim, por quê?
Esses questionamentos podem ajudar na hora de analisarmos se as nossas ideias sobre sexo realmente estão embasadas na realidade ou se apenas retratam algum mito internalizado em nós.
Caso detecte alguns discursos prontos como “sexo só depois do casamento”, pergunte-se mais: Por quê? Quem disse isso? Será que é verdade? É verdade para quem?
Quando passamos a questionar as coisas, podemos perceber que muito do que julgávamos ser uma verdade absoluta é, na realidade, algo da nossa mente. Pense nisso!
5. Psicoeducação
O processo de psicoeducação, na realidade, acontece ao conversar com um psicólogo. Você poderá questioná-lo quanto às reações emocionais que você vive durante o sexo ou antes e depois dele. Assim, o profissional poderá ajudá-lo a compreender o que são essas emoções e quais os caminhos para lidar com elas.
Além disso, os desejos também poderão ser discutidos dessa forma, buscando conhecer mais sobre a sua própria saúde psicológica e seu funcionamento enquanto indivíduo.
Basicamente, a psicoeducação consiste em um processo de educação focado nas questões psicológicas do indivíduo, e ela pode ocorrer durante as sessões de psicoterapia que citamos.
6. Tratamento das doenças que podem estar relacionadas ao quadro
Como dito anteriormente, não podemos descartar a possibilidade de a falta de orgasmo estar associada a doenças orgânicas. Por isso, manter os seus exames periódicos em dia e conversar com um médico para saber mais, caso detecte algo diferente em você, é muito importante.
Lembre-se de que o tratamento para a falta de orgasmo baseia-se na raiz do problema. Ou seja, a questão pode ser outra, e não relacionada apenas ao sexo em si.
7. Comunicação no relacionamento
A comunicação no relacionamento contribui para o entrosamento do casal, que poderá construir uma intimidade maior, que pode provocar efeitos na relação sexual.
Isto é, a comunicação ajuda a esclarecer o que cada um gosta e como gosta na hora do sexo, bem como pode trazer à tona quais práticas são pouco atraentes e interessantes.
Além disso, ser sincero quanto aos momentos em que não se está com desejo também é importante. Ou seja, a comunicação é válida em todas as situações, pois pode ajudar o casal a criar uma dinâmica mais alinhada às vontades de ambos, sem focar apenas no desejo e no prazer de um dos indivíduos.
Isso tudo sem contar o quanto a conexão de um relacionamento está baseada no diálogo, na troca de ideias e de pontos de vista, etc. Por isso, analise como tem sido a sua comunicação com o seu parceiro ou parceira e implemente mudanças positivas.
8. Educação sexual
Por fim, a educação sexual também é válida quando pensamos em como superar a falta de orgasmo. Afinal, como dito no decorrer do conteúdo, às vezes o indivíduo pode não compreender exatamente o que é o orgasmo e como ele ocorre. Assim sendo, um médico poderá ajudá-lo a entender o próprio corpo, buscando pontos de prazer e estímulo que possam levá-lo ao clímax durante a relação.
Conhecer a anatomia do organismo e como este reage aos estímulos é tão importante quanto praticar o autoconhecimento no sentido psicológico. Pense nisso e invista em um tratamento que possa proporcionar mais qualidade de vida a você.
Referências
DE MOURA, Ana Regina de Oliveira. ANORGASMIA-O SILÊNCIO DO PRAZER. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, v. 18, n. 1, 2007.
DIAS, Josefa Cristina et al. Anorgasmia feminina. Revista Interfaces: Saúde, Humanas e Tecnologia, v. 2, n. 6, 2014.
MARQUES, Florence Zanchetta Coelho; MARQUESE, Francine Zanchetta Coelho. Tratamento da anorgasmia. Revista Brasileira de Sexualidade Humana, v. 16, n. 1, 2005.