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Etapas do desenvolvimento humano

Compreensão das etapas do desenvolvimento humano

Compreender as etapas do desenvolvimento humano é extremamente importante e pode promover diversos benefícios para o espaço educacional. Afinal, quando os professores e demais agentes educadores têm acesso a informações como estas, torna-se possível atuar de maneira mais alinhada à realidade de cada aluno.

Por isso, neste texto nós reunimos uma série de informações relevantes sobre o tema. Acompanhe e tire todas as suas dúvidas!

Por que é importante compreender as etapas do desenvolvimento?

Cada fase do desenvolvimento humano possui características bastante específicas. Elas nos ajudam a entender melhor o que pode estar acontecendo com as nossas crianças e adolescentes.

Assim sendo, é imprescindível que os educadores tenham esse conhecimento para que possam lidar de forma mais equilibrada com os alunos, frente aos comportamentos característicos e os disfuncionais que podem aparecer em determinadas fases.

Afinal, o conhecimento faz toda a diferença na hora de atuarmos frente às crianças e aos adolescentes. Quando compreendemos melhor o que eles podem estar passando, temos mais subsídios para tomar decisões mais assertivas. Além disso, podemos ajudá-lo a entender melhor a si mesmo, buscando formas de aumentar a qualidade de vida e o bem-estar de cada um deles.

Etapas do desenvolvimento humano e suas características

Como este conteúdo é focado em agentes educadores, como professores, coordenadores, entre outros, focaremos apenas em quatro etapas do desenvolvimento, que são:

  • Primeira infância.
  • Segunda infância.
  • Terceira infância.
  • Puberdade e adolescência.

Afinal, são essas fases que são atravessadas no ambiente escolar. Logo, é o que deve ser levado em consideração neste momento.
Dito isso, vamos agora desbravar cada uma dessas etapas, buscando compreendê-las mais a fundo para que possamos atuar de modo mais assertivo. Vejamos:

1. Primeira infância
A primeira infância diz respeito ao nascimento até os 3 anos de idade da criança. Ou seja, a primeira infância é vivida no ambiente de Educação Infantil em escolas e creches.
Nesta fase, a criança está desbravando o mundo e conhecendo tudo o que ele tem para apresentar. Sem dúvidas, tudo é uma grande novidade, que merece ser explorada minuciosamente – por isso a criança se atenta tanto aos detalhes de cada brinquedo, objeto, pessoa, etc.
Aos poucos, começa a desenvolver as suas primeiras habilidades sociais, como seguir com os olhos, sorrir, começar a balbuciar, depois falar, e assim por diante.
Nesta etapa, a criança também passa pelo desenvolvimento de sentar, engatinhar, andar, etc. Ou seja, é na primeira infância que os pequenos aprendem a se locomover, mesmo que, inicialmente, possam parecer um tanto quanto “desastrados” nessa missão.
Também ocorre a situação de vivenciar a ansiedade de separação ao ter que deixar os pais e a família para começar a frequentar a escolinha. Inicialmente, essa ansiedade pode ser encarada como normal e esperada, e é necessário dar apoio emocional para a criança a fim de que ela, aos poucos, se adapte à nova realidade.
Porém, quando essa ansiedade perdura por muitos meses e até anos, o ideal é que a escola e a família conversem com algum profissional da saúde, visando investigar o que pode estar acontecendo.
À medida que o tempo passa e a criança começa a compreender melhor o que acontece em sua volta, ela adere a uma postura bastante egocêntrica. Isto é, tudo o que ela vê, ela acredita que é dela. Além disso, pode ter dificuldades para compartilhar brinquedos e outros materiais que julga ser dela.
O egocentrismo também aparece quando a criança deseja um brinquedo do amigo: se é dele, mas ela o quer, então automaticamente é dela.
Os professores da educação infantil precisam estar preparados para esse tipo de situação. Afinal, o egocentrismo aparecerá em muitos comportamentos nessa fase, e não devem ser reprimidos com punição, brigas e xingamentos. Ao mesmo tempo, não devem ser permitidos a ponto de prejudicar o bem-estar dos demais colegas de turma.
Esta é, sem dúvidas, uma situação delicada, mas que merece atenção dos educadores. É preciso, aos poucos, conversar com a criança, por meio da comunicação não-violenta, ajudando-a a lidar com a frustração de não poder ter tudo o que ela quer no momento em que deseja. Ela precisará esperar, aprender a lidar com o que está sentindo, e assim por diante.
Não se deve mandar a criança “engolir o choro” quando ela se frustrar com algo que não conquistou. Mas, sim, é importante acolher as emoções da criança, mostrando que a entende, mas que, infelizmente, é assim que funcionam as coisas.
Manter um diálogo franco, que explica e que ajuda a criança a expressar o que sente, é primordial nessa fase.
Os comportamentos de birra também podem aparecer, mas é importante termos a consciência de que eles são uma consequência da dificuldade para lidar com todas as explosões de emoções que vêm sendo experimentadas.
Ou seja, a criança ainda não tem um preparo emocional como os adultos, para lidar com tudo o que vem sentindo. Logo, pode ter momentos de “explosão” como forma de extravasar o que está sentindo.
Saber lidar com isso, acolhendo as emoções da criança, ajudando-a a se acalmar e conversando de forma respeitosa para ajudá-la a lidar com o que sente, são medidas bem importantes.
Lembre-se, ainda, de que nesta idade a criança está desenvolvendo a sua individualidade e, por isso, costuma supervalorizar o seu próprio ponto de vista e negligenciar os das outras pessoas e amigos.

2. Segunda infância
Nesta idade, que perdura entre os 4 e 6 anos de idade, a criança já começa a desenvolver um pouco mais as suas habilidades sociais, fortalecendo os laços de amizade que vêm conquistando à medida que o tempo passa.
Também é uma fase na qual a criança começa a circular por ambientes diferentes, experimentando novas interações sociais em contextos distintos.
A individualidade e o egocentrismo, embora possam persistir em muitos momentos, começam a ceder espaço para novas formas de lidar com os colegas. Isto é, os pequenos passam a compreender a importância de permitir que o outro fale e que o outro tenha a vez na brincadeira.
Porém, as emoções ainda vem sendo desmistificadas, vividas, compreendidas e sentidas. Muita coisa ainda está por vir e a criança tem muito o que aprender sobre o que sente.
Por isso, ainda pode apresentar certos desequilíbrios emocionais, ao não saber lidar com sentimentos específicos, como frustração, medo, angústia, felicidade extrema, e assim por diante.
Aos poucos, começa a entender um pouco mais sobre o mundo, compreendendo a existência da morte, das guerras, dos problemas, etc. Ou seja, a criança passa a perceber que o mundo não é um conto de fadas perfeito, e isso pode ser um pouco assustador.
Sendo assim, oferecer apoio emocional é extremamente importante.
Embora possam interagir melhor com os colegas, ainda podem ser egocêntricos e discutirem por conta disso. Faz parte do processo de desenvolvimento da sociabilidade humana.
Na escola, pode demonstrar um gosto por estudar e, ao mesmo tempo, uma repulsa. Sim, nesta fase podem existir sentimentos ambivalentes com relação aos estudos.
É o caso de se sentir feliz fazendo uma aula específica, mas entediado fazendo outra que não gosta tanto. Esse tédio, muitas vezes, pode dar abertura para comportamentos como a temida “bagunça” em sala de aula.
A fantasia ainda está muito presente na vida da criança pequena. É por meio dela que o mundo real é acessado, desbravado e experimentado. Por isso, os professores podem investir em atividades que instiguem a criatividade, a dramatização, as fantasias das crianças e muita diversão.
Contar histórias, permitir que a criança desenhe, pinte e faça artes livremente, entre outras práticas que levam a criatividade em consideração, podem promover muitos benefícios para o desenvolvimento global da criança.
Além disso, as brincadeiras em conjunto, com os seus colegas de turma, também instigam esse lado mais fantasioso, que ajudam as crianças a acessarem o mundo real, descobrindo, pouco a pouco, como as coisas funcionam.
É o caso de uma criança brincar que a chuva é “Deus fazendo uma faxina no céu”, para compreender por que a água cai de cima. Ela cria essa hipótese para começar a entender o mundo, tendo efeitos muito positivos na compreensão do que ocorre à sua volta.
Tudo de uma forma lúdica, que proporciona experiências e aprendizagens ricas para os pequenos. Por isso, na sala de aula, recomenda-se o uso do lúdico, da imaginação, das brincadeiras e das artes, sempre com supervisão dos professores durante a interação entre os amigos.

3. Terceira infância
A terceira infância diz respeito à idade entre 6 e 11 anos. Nesta etapa, ocorre um aumento nas interações sociais da criança, que começa a desenvolver cada vez mais laços com colegas de diferentes localidades, como escola, curso de inglês, aula de dança, igreja, entre outros.
Trata-se de uma idade em que os pequenos podem demonstrar um certo comportamento impiedoso. Ou seja, é possível que a implicância entre colegas da mesma idade comecem a aparecer, dando margem, inclusive, às situações de bullying.
Frente a esse cenário, muitas crianças começam a desenvolver habilidades de insinuações sociais, e buscam forjar as suas emoções, a fim de não demonstrarem, por exemplo, que se abalam com a provocação de um amigo. Afinal, caso demonstre abalo, poderá ser provocada com muito mais frequência.
Os problemas nas relações podem ser evidentes, como por exemplo, a implicância entre meninos e meninas.
Cabe aos educadores terem um olhar atento frente a isso, mediando conflitos de forma tranquila, sem castigar excessivamente. Além disso, é importante permitir que alguns conflitos sejam solucionados pelos pequenos – desde que não haja violência ou sofrimento na vivência. Ou seja, é importante permitir que os alunos também consigam pensar na solução dos problemas que vêm enfrentando, a fim de aprender a lidar com situações difíceis vividas nos relacionamentos.
A intervenção, frente aos conflitos, também deve acontecer de forma imparcial. Dito de outro modo, quando a intervenção do adulto for necessária, é importante que os dois lados da história sejam ouvidos, para que as decisões sejam tomadas de forma imparcial e não focando apenas na história de uma das crianças.
A partir dos 10 anos, o raciocínio lógico começa a ser desenvolvido de uma forma ainda mais acelerada e profunda.
Na pré-adolescência, as crianças também podem demonstrar um comportamento de “repulsa” com relação às atitudes dos adultos. Ver os adultos por uma via negativa pode ser uma das atividades favoritas dos pequenos, que se sentem mais “iluminados” e desenvolvidos intelectualmente neste momento.
As críticas sobre o que acontece no mundo também tendem a aparecer. A criança passa a pensar de forma mais crítica sobre diversos assuntos, e tem um senso de justiça bastante apurado. Isto é, ela pode questionar as atitudes dos pais como algo “injusto” e trazer argumentos para provar o seu ponto.
Na sala de aula, não é diferente. As crianças podem tentar “desafiar” os professores com perguntas, críticas e questionamentos, uma vez que estão desenvolvendo o seu senso crítico e o seu ponto de vista sobre as coisas.
Aos poucos, vão desbravando uma versão mais independente de si, que caminha, agora, para a adolescência, que será carregada de transformações.
Estar pronto para lidar com esse salto no desenvolvimento das crianças é muito importante. O professor precisa dar espaço para a expressão crítica da criança, ajudando-a a entender o mundo. Em muitos casos, deverá apresentar explicações e argumentos para os alunos, sobre determinadas regras, caso queira que eles as acatem com mais facilidade.

4. Puberdade e adolescência
Por volta dos 12/14 anos, a adolescência e a puberdade começam a ser vividas pelo indivíduo. Sem dúvidas, é uma das fases que mais costuma preocupar os pais, que buscam aprender a como lidar com o filho adolescnete.
Neste momento, o cérebro do adolescente está passando por profundas transformações. Suas emoções são alteradas, suas percepções se transformam, o cérebro cresce, e por aí vai. O cérebro também se vê frente ao desafio de conhecer o novo corpo que está crescendo e se desenvolvendo, o que pode explicar, por exemplo, porque os adolescentes buscam tanto cuidar do corpo, das roupas que vestem, e assim por diante. Afinal, eles precisam reconhecer o próprio corpo, e ficar horas e horas na frente do espelho parece ser uma boa solução para isso.
Além disso, a forma de se divertir começa a se transformar nesta fase. Antes, o que parecia ser muito convidativo e divertido, hoje passa a ser visto como algo tedioso. Isso se deve ao fato de que a recepção de neurotransmissores sofre alterações durante o desenvolvimento do adolescente.
Antes, o cérebro tinha uma maior capacidade de se empolgar e se divertir com coisas pequenas e simples. Hoje, o cérebro do adolescente busca por atividades mais intensas e radicais, que possam trazer prazer e acabar com o tédio vivido na fase.
Também é nesta idade que a identidade do sujeito começa a ser desenvolvida. Para se sentir “adulto”, o adolescente pode negar e desafiar tudo o que os adultos à sua volta solicitam. Trata-se de uma parte do desenvolvimento, na qual o indivíduo busca ser “dono de si”.
Também é muito comum que as “tribos” se desenvolvam, pois o adolescente deseja se sentir parte de um novo grupo, que seja a sua cara e que vá além do círculo familiar.
Os professores precisam estar prontos para lidar com os desafios dessa fase do desenvolvimento humano. Precisam compreender que os adolescentes querem ter opinião própria em muitas situações, e que permitir esse tipo de opinião, na sala de aula, pode ajudá-los a desenvolver uma visão crítica e mais clara sobre o mundo.
Os relacionamentos amorosos também começam a ser desenvolvidos aqui, e por isso que a educação sexual é de extrema importância, a fim de se evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidezes indesejadas.
Pensar sobre o futuro é um grande desafio para o adolescente, e os educadores devem ser uma ponte entre o presente e a exploração dos sonhos dos adolescentes, com relação ao futuro.
As alterações hormonais impactam nas emoções, tornando a compreensão do que ocorre mais difícil. Por isso, oferecer um acolhimento emocional e ajudar o adolescente a entender o que sente também são medidas que devem fazer parte da rotina escolar.
Fortalecer a autoestima e a auto aceitação dos alunos também os ajuda a se desenvolver com mais saúde mental.
Além disso, lembre-se ainda de que o adoelscente está atravessando muitos lutos: a perda dos pais da infância; a perda do corpo infantil; a perda da inocência da infância; entre outros. Logo, trata-se de uma fase marcada por muitas questões emocionais que devem ser acolhidas, a fim de que o adoelscente comece a aprender a lidar com o que sente, rumo a um futuro mais saudável.

Conclusão

Sem dúvidas, todas as etapas do desenvolvimento humano possuem características bastante marcantes. Inclusive, poderíamos aprofundar muito mais este conteúdo, descrevendo com mais detalhes cada uma das fases. Porém, isso o transformaria em um livro.

Por isso, deixamos aqui a reflexão para que você vá além e busque mais informações sobre cada fase, sempre considerando a premissa de que cada indivíduo é único e vive as fases do desenvolvimento de acordo com as suas singularidades.

Em caso de dúvidas ou dificuldades para lidar com as crianças e os adolescentes, considere conversar com um psicólogo.

Referências
TORRES, Luiz Carlos Bleggi; TORRES, Fernanda Marder. Etapas do Desenvolvimento Humano. Coleção Agrinho, 2014.

PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2000.