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Esteroides Anabolizantes

O que são os esteroides anabolizantes?

Esteroides anabolizantes são derivados sintéticos do hormônio masculino Testosterona, muito utilizados no meio esportivo com o objetivo de ganho de força e massa muscular, ganho de resistência, melhora da recuperação pós treino, queima de gordura e, em última análise, melhora do desempenho esportivo.

Os esteroides anabolizantes são proibidos dentro e fora de competição de acordo com as regras da Agência Mundial Antidopagem.

Quais os efeitos dos esteroides anabolizantes?

Os efeitos dos esteroides anabolizantes podem ser divididos em efeitos anabolizantes e efeitos androgênicos.

  • Efeitos anabolizantes: estão associados à construção de proteínas nos músculos e ossos, levando a ganho de força e hipertrofia muscular;
  • Efeitos androgênicos: inclui o engrossamento da voz, crescimento de pelos na região púbica, axilas e face, acne e comportamento agressivo.

Ainda que novas substâncias busquem potencializar o efeito anabólico e minimizar o efeito androgênico, estes efeitos não podem ser totalmente separados.

Efeitos adversos

O uso indevido de esteroides anabolizantes tem sido relacionado a uma variedade de efeitos colaterais, a depender da substância utilizada, dose, frequência de uso, gênero e idade de início do uso. Alguns destes efeitos são reversíveis, outros não. Os principais efeitos adversos incluem:

  • Efeitos endócrinos: atrofia testicular, esterilidade, ginecomastia em homens, virilização nas mulheres;
  • Efeitos cardiovasculares: enfarto do miocárdio, hipertensão, trombose, morte cardíaca súbita;
  • Efeitos psiquiátricos: ansiedade, depressão, hostilidade, agressividade, psicose;
  • Efeitos no fígado: tumor, função hepática prejudicada;
  • Efeitos nos ossos: retardo de crescimento linear em crianças;
  • Efeitos na pele: acne;
  • Efeitos na voz: aprofundamento da voz nas mulheres.

Quais os tipos de esteroides anabolizantes?

Existem ao todo 32 tipos de esteróides anabolizantes listados em sites comerciais. Alguns têm apenas usos medicinais, outros são usados para fins medicinais e de desempenho e outros não têm indicação para uso medicinal, apenas para a melhora do desempenho esportivo.

Cada tipo de esteroide anabolizante atua de uma forma diferente, de forma que eles podem ser escolhidos de acordo com os objetivos. Alguns têm maior efeito na construção muscular, outros na resistência, outros são mais apropriados para a queima de gordura e outros podem ser mais apropriados para recuperação de lesão ou aumento do metabolismo.

Os esteroides anabolizantes também podem ser diferenciados quanto a origem em dois grupos:

  • Anabolizantes endógenos: substâncias produzidas naturalmente pelo corpo. O principal deles é a testosterona, responsável pelos efeitos androgênicos e anabólicos observados no corpo masculino. Pró-hormônios ou metabólitos da testosterona, incluindo a desidroepiandrosterona (DHEA), androstenediona, androstenediol e dihidrotestosterona (DHT) também são classificados como anabolizantes endógenos.
  • Anabolizantes exógenos: compostos sintéticos que não são produzidos naturalmente pelo corpo humano, incluindo a metandienona, estanozolol e o clostebol.

A escolha costuma levar em consideração tanto os potenciais benefícios como o risco de efeitos adversos. Como os esteroides anabolizantes são proibidos conforme o código mundial Antidopagem, um fator relevante para os atletas competitivos é a facilidade com que ela é detectada e o tempo de eliminação das substâncias (o que impacta no tempo ao qual a substância será detectada nos testes).

Como são usados?

Os esteróides anabolizantes são freqüentemente usados ​​de forma intermitente, intercalando períodos de uso (geralmente por 6 a 12 semanas), seguido por um período sem a medicação que pode variar de um a vários meses.

No início do ciclo, a quantidade de esteróides é gradualmente aumentada e, no final do período, reduzido de forma gradual durante uma a duas semanas. O objetivo das pausas é reduzir os efeitos adversos e dar tempo para que a produção de hormônios do corpo se recupere.

No caso de atletas competitivos, os períodos de uso e não uso podem ser escolhidos com o objetivo de evitar um teste de doping positivo.

Qual a dose segura de esteroides anabolizantes?

Uma alegação muito comum de quem advoga pelo uso da testosterona (a maioria formada por não especialistas) está relacionado à dose: “A diferença entre o remédio e o veneno está na dose”, dizem. Fala-se isso com a ideia de que estes anabolizantes seriam seguros em baixas doses, o que não é corroborado pela Sociedade Internacional de Endocrinologia (1), pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia (1) e por outras sociedades médicas relevantes.

Ainda que o risco de complicações e efeitos colaterais aumente com o aumento da dose e do tempo de uso, não existe uma dose considerada totalmente segura, razão pela qual a maioria dos países tornou ilícita a prescrição dos esteroides anabolizantes com finalidade estética ou de ganho de rendimento esportivo.

Detecção dos esteroides anabolizantes nos testes antidoping

A detecção de esteroides anabolizantes no controle de doping é feita pelo teste de urina, sendo que a estratégia para a identificação do uso de anabolizantes exógenos e endógenos é bastante diferente

  • Para os exógenos, a simples identificação da substância ou de um de seus metabólitos na amostra é suficiente para gerar um evento analítico adverso.
  • No caso dos endógenos, além da detecção do composto na urina, a origem exógena precisa ser demonstrada para declarar um evento analítico adverso, o que é feito com base nas concentrações do composto e seus metabólitos na urina.

A detecção do uso de testosterona exógena é feita a partir da mensuração da proporção de testosterona em relação à epitestosterona, outro composto também produzido naturalmente pelo corpo. Em média, as pessoas têm uma relação testosterona/epitestosterona (relação T/E) de 1, sendo que 99% da população possui T/E menor do que 6. O uso de testosterona faz com que a testosterona aumente, mas não a epitestosterona, de forma que a relação T/E também aumenta. O Comitê Olímpico Internacional adotou um valor de T/E superior a 10 como indicativo do uso exógeno e superior a 4 como suspeito, sendo indicado a investigação nestes casos.

As Diretrizes da WADA descrevem duas abordagens diferentes frente a um T/E suspeito:

  • A primeira abordagem determina a relação T / E em pelo menos três amostras adicionais. Podem ser amostras que foram previamente coletadas e analisadas ou testes futuros sem aviso prévio. Se a variação entre os resultados for inferior a 30% para homens e 60% para mulheres, é indicativo que a razão T / E está naturalmente aumentada. Variações acima destes valores são indicativos de uso exógeno.

A segunda abordagem se baseia em diferenças sutis na estrutura da testosterona endógena e exógena, o que é feito por meio de um método denominado de Espectrometria de Massa de Razão Isotópica (IRMS). Este método é inviável tecnicamente e financeiramente de ser feito como rotina, mas pode ser usado em casos suspeitos.