Esporão do Calcâneo
O que é o Esporão do Calcâneo?
O esporão do calcâneo é uma proeminência óssea que se forma na parte inferior do osso do calcanhar, no local onde se fixa a fáscia plantar. Em um raio-X, ele pode se estender por até 1cm.
O esporão se forma em decorrência da tensão excessiva sobre o periósteo, a membrana que cobre o osso do calcanhar. Esta tração é feita pela fáscia plantar, uma faixa grossa de tecido fibroso que atravessa a sola do pé ligando o osso do calcanhar (calcâneo) à base dos dedos dos pés.
Por muito tempo, o esporão de calcâneo foi responsabilizado pela maior parte das dores no calcanhar. Entretanto, diversos estudos mostram que a dor não está diretamente relacionada ao esporão, mas sim à fáscia plantar, em um processo que denominamos de Fascite plantar.
A fascite plantar pode se desenvolver com ou sem a associação do esporão no calcâneo.
Quais os sintomas do Esporão Calcâneo?
O esporão do calcâneo propriamente dito não é causa de dor (1). Mas, eventualmente, o paciente pode ter dor no local em decorrência da fasceite plantar.
A principal queixa, neste caso, é a dor que piora ao apoiar o pé no chão e também ao apontar os dedos para cima. A dor habitualmente é mais intensa logo ao acordar, na primeira vez em que se pisa com o pé no chão.
Ela pode piorar também ao se levantar depois de ficar muito tempo sentado ou ao ficar em pé por um período prolongado.
Fatores de risco
O esporão do calcâneo pode se desenvolver sem uma causa óbvia, mas alguns fatores aumentam o risco. Eles incluem:
- Idade: o esporão é mais comum entre 40 e 60 anos;
- Anatomia dos pés: pessoas com pés cavos levam a uma maior tensão sobre a fáscia plantar e estão sob maior risco de desenvolver o esporão do calcâneo;
- Obesidade;
- Ocupação profissional: Operários, professores e outros profissionais que passam a maior parte de suas horas de trabalho andando ou em pé sobre superfícies duras são mais propensos a desenvolverem o esporão do calcâneo;
- Calçados: o esporão do calcâneo é mais comum em pessoas que usam calçados muito finos e sem suporte, como as sapatilhas, ou que usam calçados de salto alto regularmente;
- Atividade física: Atividades que envolvem impactos repetitivos sobre o calcanhar, especialmente a corrida de rua ou outras modalidades que envolvem a corrida, podem contribuir para o desenvolvimento do esporão do calcâneo;
Diagnóstico do Esporão do Calcâneo
O Esporão do calcâneo pode ser facilmente visualizado por meio de uma radiografia com o pé visto de lado.
Entretanto, é preciso lembrar mais uma vez que o esporão do calcâneo não é causa da dor.
Quando o paciente não sente dor, nada precisa ser feito. Quando, de outra forma, o paciente apresenta dor, a história clínica e o exame físico podem ser suficientes para fechar o diagnóstico da Fascite plantar.
Em alguns casos, outros exames como o ultrassom ou a ressonância magnética podem ser solicitados. Eles servem para fazer o diagnóstico diferencial com outros problemas que podem causar do na região, como a fratura por estresse ou a compressão de nervos.
Tratamento do Esporão do Calcâneo
O tratamento do esporão do calcâneo deve ser feito apenas quando o paciente tem dor compatível com uma fascite plantar e deve ser direcionada para isso.
A maior parte dos pacientes com dor de origem recente se recupera completamente após dois ou três meses de tratamento não-cirúrgico. Isso pode incluir o afastamento de atividades desencadeantes, gelo, uso de calçados adequados, fortalecimento e alongamento.
Medicamentos analgésicos ou anti-inflamatórios podem ser úteis nos períodos de piora da dor, ainda que não atuem para a melhora do problema em si, apenas no alívio da queixa.
O uso de calçados mais firmes e que ofereçam maior suporte para o arco do pé é fundamental. Botas para treking costumam ser uma ótima opção.
Até mesmo o uso de calçados com um pequeno salto (2 a 3cm) podem ser indicados nas fases piores das dores, oferecendo bom alívio temporário. O uso de salto alto deve ser evitado de forma mais contínua, já que favorece o encurtamento da fáscia.
Um exercício muito útil para a liberação da fáscia plantar é o rolamento do pé sobre uma bola de tênis ou uma garrafa de água, preferencialmente congelada.
Em casos mais sintomáticos, o ortopedista poderá indicar uma tala para uso noturno, de forma a manter a fáscia alongada enquanto dorme.
Uma vez que a dor esteja melhor controlada, é importante que se realize exercícios para alongamento e fortalecimento da fáscia plantar e da musculatura da panturrilha.
Tratamento cirúrgico
A maior parte dos pacientes se recupera bem com o tratamento sem cirurgia. O tratamento cirúrgico, desta forma, deve ser visto como um tratamento de exceção.
A cirurgia deve ser direcionada à liberação da fáscia plantar, para que ela volte a cicatrizar em uma posição mais alongada. A abordagem direcionada ao esporão propriamente dito não é indicado.
Após a cirurgia, desta forma, o paciente continuará a visualizar o esporão nos exames de imagem, ainda que com a expectativa de melhora da dor.