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Epicondilite Lateral (Cotovelo do Tenista)

O que é a Epicondilite Lateral?

A epicondilite lateral, também conhecida como “cotovelo do tenista”, é uma condição dolorosa que ocorre quando os tendões que se fixam no epicôndilo lateral  estão inflamados. O epicôndilo latral é uma proeminência óssea facilmente palpável na face externa do cotovelo.

Isso ocorre em decorrência da sobrecarga por movimentos repetitivos destes tendões, os quais têm a função de levantarem a mão e o punho.


O que causa a Epicondilite Lateral?


Apesar da denominação de “cotovelo do tenista”, a condição está ligada à prática do tênis em menos de 10% dos casos (1).

Outras atividades que também exigem bastante dos tendões extensores do punho, como encanadores, pintores, carpinteiros, açougueiros e cozinheiros, tão estão igualmente vulneráveis para desenvolver a epicondilite lateral.

No tênis, a epicondilite lateral é mais comum entre atletas amadores. Iso acontece porque existem diversos erros técnicos que contribuem para a sobrecarga dos tendões extensores do punho(2). Como estes erros são menos comuns entre atletas profissionais e atletas de alto rendimento, a epicondilite lateral acaba sendo pouco comum entre estes.

Atletas que fazem muita força de preensão na raquete, tenistas que batem a esquerda (backhand) com uma mão e/ou slice e/ou aqueles que fazem muita força no saque e não pronam o antebraço estão mais vulneráveis ao desenvolvimento da epicondilite lateral.

A falta de condicionamento geral, incluindo força, equilíbrio e flexibilidade, também está relacionada ao desenvolvimento do cotovelo do tenista. A raquete precisa ser avaliada: ela não deve ser leve e nem pesada, a média para um adulto deveria ser por volta de 300g. Tipo da corda, tensão da corda e frequência de troca da corda podem fazer toda a diferença no tenista com epicondilite lateral.

Estudos mostraram que até 50% dos tenistas recreacionais desenvolverão sintomas característicos da epicondilite em algum momento. Ela afeta igualmente a homens e mulheres, principalmente entre 30 e 50 anos de idade (3).
A Epicondilite Lateral deve ser diferenciada da Epicondilite Medial, um problema muito menos comum do que a Epicondilite Lateral para a maior parte dos tenistas recreativos. Entretanto, ela tem maior prevalência entre os atletas de alto rendimento, devido à sobrecarga dos tendões flexores do punho.

A dor é parecida, porém ocorre na face interna do cotovelo. Além disso, ela é desencadeada por movimentos que sobrecarregam os tendões flexores do punho, não os extensores.

Avaliação do Cotovelo do Tenista


O diagnóstico da epicondilite lateral deve ser baseado na avaliação clínica do paciente, que apresenta história clínica e dor característica.

O principal achado no exame físico é a dor com pressão digital da área afetada. A dor piora ao movimentar o cotovelo, punho e dedos. Testes provocativos como os demonstrados na figura abaixo devem reproduzir a dor do paciente no caso da epicondilite lateral.


O diagnóstico deve ser sempre feito após a avaliação com o Ortopedista especialista em ombro e cotovelo.Isso porque outras condições podem causar sintomas que imitam o cotovelo de tenista e precisam ser descartados.

Isso inclui artrite do cotovelo, lesões ligamentares, irradiação proveniente de problemas no pescoço e aprisionamento de nervos. Exames de imagem poderão ser solicitados para descartar estes outros problemas.

Exames de imagem como o ultrassom e a ressonância Magnética devem ser considerados quando o tratamento inicial não surte o efeito esperado. Elas também ajudam a quantificar o comprometimento dos tendões. Finalmente, poderão ser usadas para diferenciar de outras condições que provocam dor no mesmo local.

Tratamento do Cotovelo do Tenista

A maior parte dos casos é autolimitado e se resolve com o afastamento temporário da atividade que desencadeia a dor no cotovelo. Além disso, a aplicação de gelo, administração de medicação anti-inflamatória e uso de órteses específicas podem ajudar no controle da dor. Fisioterapia com foco em analgesia também pode ser considerada.

Outras modalidades de tratamento podem ser consideradas quando o tratamento acima não se mostrar suficiente, incluindo a Terapia por Onda de Choque, o Laser de Alta Potência ou as infiltrações locais.

A infiltração com corticoide costuma ter resultado satisfatório para alívio da dor. Entretanto, esta não deve ser a primeira opção de tratamento e não deve ser feita de forma repetitiva, pelo risco de rompimento dos tendões.

A Infiltração do cotovelo com Ácido Hialurônico (Sportvis®) é uma opção que tem demosntrado resultados satisfatórios para a dor de longa duração. Além disso, ela não tem os efeitos adversos atribuídos aos corticoides.

O agulhamento a seco – em que uma agulha perfura o tendão danificado em muitos lugares – também pode ser útil. O Plasma Rico em Plaquetas (PRP) é descrito como tendo bons resultados, mas não está liberado pela ANVISA para uso clínico no Brasil (4).

Uma vez que o paciente apresente melhora da dor, segue-se com um programa de reabilitação. O objetivo é recuperar gradativamente a potência, a flexibilidade e a resistência dos tendões.

Neste momento, é importante também corrigir eventuais anormalidades biomecânicas que possam ter levado à lesão inicial. Com a melhora da dor, o paciente retorna progressivamente para o esporte ou atividade ocupacional implicada com a Epicondilite Lateral.

Tratamento cirúrgico da Epicondilite Lateral


A cirurgia é indicada para a menor parte dos pacientes, quando os sintomas não melhoraram após seis a 12 meses de tratamento não cirúrgico adequadamente instituído (5).

O procedimento mais indicado é a liberação dos tendões extensores sobre o epicôndilo lateral. Os tendões são cortados e deixados para cicatrizar em uma posição de menor tensão.

Após a cirurgia, o paciente é imobilizado com uma órtese removível, retirando a mesma para a mobilização do cotovelo.

A fisioterapia é mantida por dois a três meses, sendo que o retorno esportivo é permitido geralmente após quatro a seis meses.