Encefalopatia Hepática

A encefalopatia hepática é um distúrbio do sistema nervoso causado por doença hepática grave. Ela acomete até 50% dos pacientes com Cirrose Hepática (1).

Uma importante função do fígado é a filtração de toxinas que são normalmente produzidas pelo corpo durante o metabolismo de alimentos, álcool e medicamentos. 

Sem esta filtração, as toxinas se acumulam nos tecidos e especialmente no cérebro, dando origem à encefalopatia.

A condição pode ser parcialmente revertida com o tratamento para remoção das toxinas. Entretanto, com a evolução da doença, a capacidade de melhora torna-se cada vez mais limitada.

Existem três tipos de encefalopatia hepática:

• Tipo A: causado por insuficiência hepática aguda, sem doença hepática crônica subjacente;
• Tipo B: ocorre em algumas pessoas que têm uma derivação porto-sistêmica, que é uma conexão que desvia o fluxo de sangue por fora do fígado;
• Tipo C: decorrente de doença hepática crônica, especialmente da cirrose.

Qualquer pessoa com doença hepática crônica está em risco de desenvolver a encefalopatia. 

Entretanto, risco aumenta na presença de certas condições que favorecem o acúmulo de substâncias neurotóxicas por estes pacientes, incluindo:

• Abuso de álcool;
• Medicamentos para dormir (especialmente os benzodiazepínicos) e medicamentos antidepressivos.
• Constipação;
• Desidratação ou desequilíbrio eletrolítico.
• Sangramento digestivo.
• Infecção.
• Doença renal.
• Pacientes com Derivação Porto-cava.

Pessoas com encefalopatia hepática apresentam função cerebral prejudicada.

Entre os principais sintomas, incluem-se:

• Ansiedade ou irritabilidade.
• Deficiência cognitiva (pensamento ou julgamento confuso).
• Fala arrastada
• Dificuldade de concentração;
• Redução no nível de alerta
• Mudanças de humor ou personalidade. 
• Problemas de coordenação ou equilíbrio.
• Contrações musculares involuntárias (mioclonia).
• Problemas de sono.

Não há um teste padrão para se fazer o diagnóstico, que deve se basear na avaliação clínica e no histórico do paciente.

Entretanto, exames como a ressonância magnética, tomografia computadorizada ou eletroencefalograma poderão ser solicitados para descartar outras condições que causam sintomas semelhantes.

Entre os principais diagnósticos diferenciais incluem-se o Acidente Vascular Cerebral ou tumores cerebrais.

O tratamento varia de acordo com seus sintomas e o estado geral de saúde. 

Especialmente nos pacientes com quadros agudos, o tratamento pode em alguns casos levar a uma melhora significativa do problema.

Nos casos de encefalopatia hepática crônica, o tratamento tem como objetivo principal retardar a evolução da doença e prover melhora nos sintomas.

Para isso, o foco no tratamento envolve minimizar ou eliminar as condições que favoreçam o acúmulo de neurotoxinas.

Para isso, devem ser considerados:

• Evitar medicamentos antidepressivos ou medicamentos para dormir;
• Abstinência alcoólica;
• Tratamento da obstipação;
• Tratamento de eventuais infecções;

O tratamento pode retardar, parar ou reverter a doença, a depender das características de cada caso.

Entretanto, quanto mais precoce for iniciado o tratamento, melhor a expectativa de resultado.

O prognóstico depende também da evolução da doença hepática de base.

Em alguns pacientes com cirrose hepática avançada, a única forma de interromper a evolução da doença é por meio de um transplante de fígado.