Ejaculação Precoce

A ejaculação precoce é um caso clínico que acomete cerca de 30% a 40% dos homens de todas as idades, em algum momento de suas vidas. Trata-se de um quadro que pode impactar a autoestima e a autoconfiança do sujeito, bem como pode gerar efeitos no relacionamento afetivo.

Por isso, desenvolvemos este conteúdo com diversas informações relevantes sobre o tema, para que você possa saber mais sobre o assunto. Acompanhe-nos.

A ejaculação precoce pode ser descrita como o gozo masculino que ocorre rapidamente, podendo ser, inclusive, antes da penetração. Porém, pode acontecer logo nos primeiros minutos da penetração, provocando insatisfação tanto no homem, quanto na mulher.

Para que seja caracterizado como tal, o indivíduo precisa vivenciar esse episódio de forma recorrente e frequente, vivenciando uma insatisfação sexual em mais de 50% das relações que têm com seu(sua) parceiro(a).

As causas da ejaculação precoce, em sua maioria, estão relacionadas com questões psicológicas do sujeito. Sendo assim, a ejaculação pode ser caracterizada como uma questão psicossomática, que é quando um problema emocional e psicológico aparece no corpo, em forma de dor ou quaisquer tipo de distúrbio não explicado por questões fisiológicas, biológicas e orgânicas.

Assim sendo, quando pensamos na ejaculação precoce, podemos ter em mente algumas das possíveis causas abaixo:

1. Ansiedade
A ansiedade costuma ser a maior causa da ejaculação precoce. À medida que o tempo passa e novos episódios de ejaculação precoce acontecem, o sujeito pode se sentir cada vez mais ansioso, o que dificulta o controle da ejaculação.
Assim sendo, a ansiedade pode se transformar em uma verdadeira “bola de neve” na vida da pessoa, impactando a sua autoconfiança e autoestima.
Isso porque, com o passar do tempo, o homem pode começar a se sentir ansioso e diminuído, mesmo antes de iniciar o ato sexual. Pode acreditar que não é um “homem de verdade”, por não conseguir manter a performance sexual que gostaria.
Além disso, as próprias pressões dos parceiros e das parceiras podem piorar a ansiedade e a situação como um todo.
Afinal, se a pessoa que está ao lado do homem com ejaculação precoce começa a questioná-lo quanto a isso, ao invés de dar apoio, o indivíduo poderá se sentir cada vez mais impactado emocionalmente. Aos poucos, inclusive, o desinteresse pelo sexo pode começar a aparecer, bem como o relacionamento a dois pode começar a sofrer por conta disso.
Sendo assim, a ansiedade, que inicia de uma forma inofensiva, pode evoluir para muitas ramificações na vida sexual da pessoa, fazendo-a vivenciar episódios cada vez mais ansiosos e associados a outras situações que acabamos de mencionar.

2. Sensibilidade excessiva
Para além das questões psicológicas que mencionamos, existe ainda a sensibilidade excessiva no pênis. Homens que têm essa condição, podem se sentir muito estimulados logo no início da relação sexual, o que poderia justificar a ejaculação precoce.
De toda forma, é importante buscar ajuda médica caso você perceba que a sensibilidade é elevada. Além disso, avalie se essa sensibilidade é realmente algo físico ou psicológico, comparando com a ejaculação durante a masturbação, por exemplo. Afinal, se for possível controlar o gozo em um momento, mas em outro não, é necessário investigar um pouco mais a situação, concorda?

3. Pressão no relacionamento
Como vimos acima, a pressão do parceiro ou da parceira pode servir de estopim para que a ansiedade se instaure nas relações sexuais. Se há comentários negativos sendo tecidos e cobranças por uma performance extremamente duradoura, o homem pode começar a viver situações de estresse e ansiedade durante a relação, ou seja, o que era para ser um momento de prazer pode, agora, se transformar em uma situação de angústia, ansiedade e desconforto.
Nesses casos, é muito importante que ocorra a comunicação no relacionamento. Por meio da conversa com o parceiro ou parceira é possível alinhar as expectativas de ambos os lados, evitando pressões excessivas que apenas prejudicam a interação sexual do casal.

4. Preocupação excessiva em oferecer satisfação ao outro
Dependendo das características singulares do indivíduo, ele pode ter um perfil específico de querer, a todo custo, focar apenas na satisfação alheia.
Isto é, o indivíduo pode se colocar em segundo lugar, não dando atenção para o papel que a vida sexual tem em sua vida. Assim, o problema pode surgir quando essa preocupação com o prazer do outro se torna o centro de sua vida e de seus atos sexuais, a ponto de causar estresse.
Quando o foco é apenas fazer a parceira chegar ao orgasmo, por exemplo, o ato sexual pode perder o seu sentido, que é o de criar um momento de conexão e prazer para os dois. Portanto, é interessante ficar atento a isso: o sexo é uma conexão entre o casal, é um momento para demonstrar carinho, afeto e desejo, e não uma competição para ver se você consegue, ou não, satisfazer o outro de uma forma plena.
Afinal, a satisfação no sexo não se dá dessa forma. Ela acontece por meio do diálogo, do contato, das fantasias compartilhadas, do prazer mútuo, etc.

5. Traumas sexuais
Os traumas sexuais podem estar bastante presentes na vida de muitas pessoas. Eles podem ser vividos em qualquer fase da vida, e resultam em impactos na forma como o indivíduo se relaciona com a sua própria vida sexual.
Sendo assim, é impossível descrevermos todas as situações que são caracterizadas como um trauma, porém, é válido pincelarmos esse ponto para que você reflita sobre o assunto: será que a ejaculação precoce, no seu caso, pode ser resultante de traumas antigos?

6. Doenças neurológicas
Segundo pesquisas, a ejaculação precoce também pode estar associada a algumas doenças neurológicas, porém, não existem dados que comprovem, de fato, essa informação. Isto é, pesquisadores estimam que essa relação possa existir, mas ainda estão desenvolvendo novos estudos para comprovar ou descartar a hipótese.

A ejaculação precoce é causada por multifatores, por isso, buscar ajuda médica e psicológica é muito importante. Não existe uma receita infalível para a situação, pois tudo parte das singularidades e subjetividade do indivíduo.

Sendo assim, nossos apontamentos abaixo devem ser levados em conta na hora de você refletir sobre o seu caso e buscar caminhos que possam ser promissores para você. Acompanhe.

1. Reconhecimento do problema
A autoestima do homem tende a ficar muito abalada no caso da ejaculação precoce, por isso, reconhecer o problema pode ser um grande desafio.
No entanto, quando aceitamos as condições nas quais estamos inseridos, encontramos mais munição para lidarmos com o problema. Isto é, se reconhecemos nossas questões pessoais, podemos começar a pensar em soluções mais plausíveis para elas.
Por isso, não tenha medo ou vergonha de reconhecer que precisa de ajuda profissional. Lembre-se de que a ejaculação precoce é algo muito comum e que existem terapias e medicamentos para o problema. Ou seja, é algo que pode ser resolvido, desde que a busca por solução seja iniciada – dito de outro modo, desde que a busca por mudanças seja realmente posta em prática, com base no reconhecimento do problema.

2. Terapia Sexual
O processo psicoterapêutico é muito importante nos casos de ejaculação precoce. Como vimos, a ansiedade costuma ser a maior causa do problema, e ela pode estar associada a muitos fatores individuais, como necessidade de agradar ao outro, pressão no relacionamento, medo de ser humilhado, entre muitas outras questões.
Basicamente, a Terapia Sexual poderá levar em consideração alguns pontos, como:

• Psicoeducação: O processo de psicoeducação consiste no ato de o psicólogo apresentar informações e conhecimentos sobre a queixa do paciente, no caso, sobre a ejaculação precoce. O psicólogo pode ajudá-lo a entender os seus sintomas, os gatilhos, as formas de lidar com eles, e assim por diante. Também são apresentadas as causas do problema para que as soluções sejam planejadas em conjunto.
• Autoconhecimento: O processo de autoconhecimento também acontece durante o atendimento psicoterapêutico. Assim, o indivíduo pode passar a entender melhor o seu corpo, as suas emoções e as suas próprias crenças, sendo que todas essas informações são muito importantes quando pensamos em casos de ejaculação precoce.

3. Fortalecimento da autoestima e da autoconfiança
Fortalecer a autoconfiança e a autoestima também é uma das peças que podem contribuir na hora de lidar com a ejaculação precoce.
Sabemos que não existe receita para esses casos, e que nem sempre é fácil fortalecer a autoestima. Contudo, é muito importante praticar o autoconhecimento para saber mais sobre os próprios atributos.
A sua interação com a sua parceira ou com o seu parceiro, por exemplo, não precisa estar associada apenas ao ato de penetração. A relação com o outro pode levar em conta muitos outros atributos.
Por exemplo, você pode ter a qualidade de ser uma pessoa atenciosa, carinhosa e paciente, e isso pode ser levado em conta como algo positivo. Devemos tentar quebrar a ideia de sempre focar apenas no que está ruim, pensando em tudo o que temos de positivo para fortalecer o amor-próprio.
Assim, à medida que o tempo passa, a autoconfiança poderá servir de base para a minimização das crises de ansiedade, por exemplo.
O processo pode ser lento, mas persistir focando nas suas qualidades e atributos é bem interessante.

4. Quebra de paradigmas relacionados ao sexo
Ao longo de sua vida, é bem possível que você tenha ouvido muitos paradigmas e mitos sobre o sexo. É o caso de reduzir a relação sexual entre homem e mulher apenas à penetração, por exemplo.
Esses paradigmas atrapalham a relação de casais que se apegam em mitos e histórias irreais, impedindo a si mesmo de experimentar novas perspectivas para a relação sexual.
Seguindo o nosso exemplo, pare e reflita: como tem sido as preliminares? Vocês já experimentaram algum tipo de brinquedo sexual? Como estão as fantasias de vocês? E os toques? Acontece algo além da penetração?
Esses questionamentos podem ajudar na hora de compreender que não existe um script para o sexo. Cada casal pode vivê-lo de uma forma única e, ao mesmo tempo, plena à sua maneira.
Você não precisa focar apenas na penetração e pode, assim, vivenciar muitas outras situações e experiências que vão além desse ato – inclusive quando a ejaculação precoce ocorrer durante uma relação.
Essas pequenas mudanças e quebras de paradigmas podem ajudar na hora de minimizar a ansiedade ante o ato sexual, por exemplo.

5. Terapia de casal
Quando há um problema sendo vivido entre o casal, como conflitos frequentes, dificuldades para criar uma conexão sexual e assim por diante, a terapia de casal pode ser uma excelente ferramenta.
Neste caso, o terapeuta atenderá o casal ao mesmo tempo, buscando entender a dinâmica da relação e trazendo questionamentos que podem ajudar vocês a enfrentarem a situação por meio de reflexões e insights importantes.
A terapia também pode ajudar na hora de criar uma parceria frente ao tratamento da ejaculação precoce, sendo que essa construção de parceria faz toda a diferença.

6. Uso de dessensibilizantes
No caso de homens que têm uma grande sensibilidade na região do pênis, o uso de géis e preservativos que retardam a ejaculação também pode ser interessante.
Afinal, durante a prática sexual, esses produtos podem ajudar o homem a ter uma maior consciência e controle da sua ejaculação, sendo uma “ferramenta” de autoconhecimento que, mais tarde, poderá ser substituída pelo autocontrole do sujeito.
Inclusive, considere conversar com o seu médico sobre esses produtos, para usar aqueles que forem mais adequados ao seu perfil e caso.

7. Técnicas de relaxamento
A ansiedade, sem dúvidas, é uma das maiores vilãs dos homens, quando pensamos na ejaculação precoce. Isso porque, como vimos, esse estado ansioso pode resultar em um medo excessivo relacionado ao sexo, que leva à ejaculação sem que o indivíduo consiga controlá-la.
Sendo assim, investir em técnicas de relaxamento é muito importante para minimizar a sensação de ansiedade e aumentar a segurança.
Inclusive, a própria parceira pode ajudar nesse caso, com carícias e palavras que podem acalmar o homem antes do ato da penetração ou durante.
Além disso, cuidar da respiração, apostando na respiração diafragmática, é algo que pode minimizar aquela sensação de ansiedade que tira o foco do prazer e leva-o ao medo de falhar.
Cuidar dos pensamentos catastróficos também pode ajudar. Ao invés de ficar focando na possibilidade de erro, relaxe ao sentir o toque do outro ou da outra, ao perceber o clima do momento, e assim por diante. Tentar controlar os pensamentos é um bom início para controlar o próprio desejo de ejacular.

8. Autoconhecimento do próprio corpo
Você conhece, verdadeiramente, o seu corpo? Ou acredita que, na realidade, não sabe quais são os seus pontos de prazer, quais posições ou situações fazem com que você ejacule mais depressa, e assim por diante?
Às vezes, é possível minimizar a ejaculação precoce mudando a posição sexual, por exemplo, pois pode diminuir o contato que gera a sensibilidade excessiva.
Mas, para que isso seja colocado em prática, é importante que o homem pratique o autoconhecimento.
Inclusive, durante um momento sozinho, por meio da masturbação, o homem pode prestar atenção nas sensações do seu corpo, interrompendo o toque antes de acontecer o gozo, por exemplo.
Dessa maneira, ele poderá aprender mais sobre o corpo e manter um controle maior sobre ele na hora da transa. Portanto, o autoconhecimento pode ser uma peça bem interessante.

9. Não foque apenas no tempo
A relação sexual não é baseada no tempo. É possível que um casal tenha uma relação de 1 hora e seja algo ruim, bem como outro casal tenha uma relação de 15 minutos e ambos saiam satisfeitos do momento a dois.
Foque no prazer, nas interações, nos toques e nas experiências. Esqueça o relógio.
Caso sinta que está prestes a gozar muito rápido, viva uma nova experiência com o seu parceiro ou parceira, mudando a posição, incluindo outras práticas, como uso de brinquedos, e assim por diante.
Não existe certo ou errado na relação. Existe o que agrada aos dois e, portanto, descobrir e viver novas experiências em conjunto pode tirar o foco do tempo e ajudar a conhecer novas formas de prazer.
Tudo isso contribui para que a ansiedade seja diminuída e, de quebra, seja possível aumentar a performance sexual, à medida que a autoconfiança é desenvolvida.

10. Comunicação no relacionamento
Saber o que o outro gosta ou gostaria de experimentar também pode ajudar a aumentar a autoconfiança e a autoestima.
Quando você tem conhecimento de que determinado estímulo agrada ao outro, pode se sentir mais tranquilo e minimizar a ansiedade que causa a ejaculação precoce.
Mas, para que esse conhecimento seja realmente adquirido, é importante que a comunicação no relacionamento ocorra de forma clara e saudável.
Pare e pense: quando foi a última vez que vocês conversaram sobre sexo sem ser sobre a ejaculação precoce? Quando foi que apresentaram ideias para sair da rotina ou fizeram relação em um lugar diferente da casa?
Esses questionamentos podem abrir caminhos para novas descobertas que trazem conexão, diminuem a ansiedade e aumentam a satisfação sexual de ambos.

11. Tenha relações em um ambiente confortável
Sabemos que mencionamos isso frequentemente neste conteúdo, mas acontece que, de fato, a ansiedade é um grande problema para a ejaculação do homem. Por isso, evite ter relações sexuais com seu par em um ambiente que não seja confortável.
Caso vocês iniciem o ato em um ambiente que pode ser desgradável, dando margem para interrupções, a ansiedade poderá ser mais aflorada.
Claro que há casais que têm fantasias com relação a isso, mas, caso seja desconfortável para você, evite essa situação e seja franco com o outro.
Ter relação em um lugar onde você se sinta seguro pode ser mais saudável nesses casos.

Esperamos que este conteúdo possa ter ajudado de alguma forma. Em caso de dúvidas, converse com o seu médico de confiança e procure um psicólogo.

Referências
DRAUZIO. EJACULAÇÃO PRECOCE. Disponível em:

OLIVEIRA, A. R. B. de; PEREIRA, F. R.; SILVA, P. P. da; COSTA, E. D. M. TRATAMENTO DOS FATORES PSICOLÓGICOS CAUSADORES DA EJACULAÇÃO PRECOCE . ANAIS DO FÓRUM DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO UNIFUNEC, Santa Fé do Sul, São Paulo, v. 7, n. 7, 2016. Disponível em: https://seer.unifunec.edu.br/index.php/forum/article/view/2573. Acesso em: 13 dez. 2022.