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Doença Hepática Alcoólica

O que é doença hepática alcoólica?

A doença hepática alcoólica é um termo que engloba diferentes condições que acometem o fígado de indivíduos que bebem grande quantidade de álcool por um tempo prolongado.

Ela pode ser categorizada em três tipos diferentes:

  • Esteatose hepática: Envolve o acúmulo de gordura dentro das células do fígado. Isso leva a um aumento do fígado. É o problema hepático mais comum induzido pelo álcool.
  • Hepatite alcoólica: refere-se a uma inflamação aguda do fígado. Pode levar à destruição de células do fígado, seguida pela substituição por tecido cicatricial (fibrose). Neste momento, fica caracterizada a Cirrose Hepática.
  • Cirrose hepática: condição na qual ocorre a destruição do tecido hepático normal e substituição por tecido cicatricial (fibrose).

Esteatose Hepática Alcoólica

A esteatose hepática alcoólica é uma condição caracterizada pelo acúmulo de gordura no fígado que ocorre em pessoas que consomem grande quantidade de álcool por tempo prolongado.

A doença habitualmente melhora quando se interrompe o uso do álcool. Entretanto, ela pode causar sérias complicações naqueles que continuam bebendo.

Primeiramente, o paciente evolui com Hepatite Alcoólica, uma condição caracterizada pela inflamação do fígado.

Gradativamente, o tecido hepático vai sendo substituído por tecido cicatricial, caracterizando a Cirrose Hepática.

Hepatite Alcoólica

A hepatite alcoólica é a inflamação do fígado que ocorre em decorrência do consumo excessivo e prolongado de bebidas alcoólicas. 

O sinal mais comum de hepatite alcoólica é o amarelecimento da pele e dos olhos, condição essa também chamada de Icterícia.

Outros sinais e sintomas incluem:

  • Perda de apetite;
  • Náusea e vomito;
  • Desconforto abdominal;
  • Fadiga e fraqueza;
  • Febre baixa.

Com a evolução da doença, o paciente pode desenvolver a Cirrose Hepática, responsável por muitos dos sinais e sintomas que aparecem com a evolução da Hepatite Alcoólica.

Cirrose Hepática

A cirrose hepática é o estágio final da maioria das doenças hepáticas crônicas, incluindo a Hepatite Alcoólica.

Ela se caracteriza pela substituição do tecido hepático saudável por tecido cicatricial (fibrose). Com isso, o fígado para de funcionar corretamente.

À medida que a cirrose piora, ela pode dar origem a diversas outras complicações, incluindo:

Diagnóstico da Doença Hepática Alcoólica

Os métodos diagnósticos dependem de qual a fase de evolução da Doença Hepática Alcoólica.

A Esteatose Hepática e a Hepatite Alcoólica muitas vezes se desenvolve por longo período sem que o paciente tenha ciência disso. Isso porque estas condições habitualmente não causam sintomas até que o comprometimento do fígado esteja em um estágio mais avançado.

A doença Hepática Alcoólica, desta forma, deve ser considerada em qualquer paciente com histórico de consumo prolongado e abusivo de álcool, mesmo na ausência de sintomas.

O fígado muitas vezes pode ser palpado durante um exame de rotina, o que indica que o paciente desenvolveu a Hepatomegalia.

O exame de sangue de rotina também pode mostrar alterações sugestivas nos Marcadores de função hepática, quando então exames de imagem serão solicitados.

Por fim, os exames de imagem, como ultrassonografia, Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética devem ser consideradas e podem mostrar as alterações características.

Biópsia hepática

A maior parte dos pacientes na fase de esteatose hepática não necessitam realizar a biópsia, uma vez que exames menos invasivos serão suficientes para guiar o tratamento e avaliar o prognóstico.

Apor outro lado, a Biópsia Hepática costuma ser solicitada quando os exames são sugestivos de uma Hepatite Alcoólica e risco aumentado de evolução para a Cirrose Hepática, bem como naqueles com Cirrose Hepática já estabelecida.

A biópsia pode ajudar a identificar a gravidade do acometimento hepático, o que pode ser importante na escolha do tratamento nestes casos.

Tratamento da Doença Hepática Alcoólica

O tratamento da Doença Hepática Alcoólica inclui:

  • Tratamento do Alcoolismo
  • Suporte Nutricional
  • Tratamento das Complicações da Doença Hepática Alcoólica;
  • Transplante de fígado.

Tratamento do Alcoolismo

O tratamento do alcoolismo é feito pelo Médico Psiquiatra. Quanto mais precoce for o tratamento, mais resolutivo ele será.

O primeiro passo do tratamento envolve a desintoxicação do corpo, o que pode causar sintomas desconfortáveis ​​de abstinência. 

Alguns pacientes com alcoolismo grave podem precisar fazer isso em uma clínica de reabilitação, tanto para minimizar o risco de recaídas como para controlar os sintomas de abstinência.

Passada a fase de abstinência, o paciente entra em uma fase de reabilitação. A participação de atividades em grupos, como o Alcoólatras anônimos, é uma excelente alternativa nestes casos.

Para evitar as recaídas, é importante que o afastamento do álcool seja acompanhada do afastamento de comportamentos que favorecem o vício. 

Isso inclui, entre outras coisas, o afastamento de ambientes onde habitualmente se consome álcool. O vazio deixado pela bebida deve ser substituído por hábitos mais saudáveis, como a prática de atividade física.

Outras atividades (inclusive profissionais) que geral alta demanda de estresse e ansiedade tamém devem ser evitadas.

 A psicoterapia pode ser uma importante aliada neste processo.

Suporte Nutricional

Os cuidados com a alimentação é uma parte fundamental do tratamento para o paciente com Doença Hepática alcoólica.

Primeiramente, em decorrência da alta incidência de desnutrição entre estes pacientes, tanto em decorrência da doença hepática como em decorrência do alcoolismo.

Depois, porque a melhora dos padrões nutricionais se mostra um importante fator prognóstico. 

O manejo alimentar destes pacientes, por outro lado, é bastante desafiador.

O uso de instrumentos tradicionais de avaliação, como medidas antropométricas e biométricas, é difícil devido a complicações como ascite e inflamação.

Além disso, como o fígado está envolvido a muitos processos metabólicos e de absorção e armazenamento de nutrientes, as medidas dietéticas habitualmente recomendadas para indivíduos saudáveis muitas vezes não servem ao paciente hepatopata. 

Discutimos mais a respeito em um artigo sobre a Dieta para o Hepatopata.

Tratamento das complicações

Infelizmente, o dano hepático já estabelecido não mais será recuperado. Assim, o objetivo do tratamento envolve minimizar o estresse sobre o fígado e tratar as diferentes complicações descritas acima.

Para alguns pacientes, estes cuidados permitirão a estabilização da doença e uma melhora da qualidade de vida.

Quando este não for o caso, o Transplante Hepático deve ser considerado.

Transplante de Fígado

O Transplante de fígado é uma cirurgia na qual um fígado que não funciona mais é substituído pelo fígado saudável de um doador falecido ou uma porção de um fígado saudável de um doador vivo.

De acordo com estudo realizado nos Estados Unidos (1), a sobrevida após o transplante de fígado é de 79% em um ano, 67% em 5 anos, 57% em 10 anos, 50% em 15 anos e 48% em 18 anos. 

Além de uma maior sobrevida, os pacientes mostram uma significativa melhora na qualidade de vida um ano após o transplante de fígado. Esta melhora tende a ser mantida no longo prazo.