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Diverticulose

O que é a Diverticulose?

A diverticulose é uma condição caracterizada pela presença de pequenas bolsas no revestimento do sistema digestivo, denominadas de divertículos.

Essas pequenas bolsas podem variar de 2,5 mm a 2,5 cm. Mas, geralmente, têm 3 a 10 mm de tamanho.

Eles são encontradas até 50% dos indivíduos com mais de 60 anos de idade (1), sendo que na maior parte das vezes são assintomáticos.

Quais os sintomas da diverticulose?

80% dos pacientes com diverticulose é assintomática ou apresenta apenas sintomas inespecíficos. Isso pode incluir:

  • Constipação intermitente;
  • Diarreia;
  • Distensão abdominal;
  • Dor, principalmente no quadrante inferior esquerdo do abdome.

Os demais 20% dos pacientes apresentam complicações características da diverticulose, especialmente inflamação (diverticulite) ou sangramento (2, 3).

Qual a causa da Diverticulose?

A diverticulose está associada ao processo de envelhecimento e à consequente perda de elasticidade da musculatura intestinal.

Alimentação, tabagismo e genética são os principais fatores relacionados a um maior risco para a diverticulose.

Alimentação

A relação com a dieta é considerada um dos fatores mais importantes na gênese da diverticulite. 

A falta de Fibras Nutricionais é inclusive a principal justificativa para um aumento na prevalência da doença. De acordo com um estudo de 1930, a incidência à época era de 5 a 10% das pessoas. Já em um estudo de 1960, foi descrito uma incidência de 50% (4, 5).

A dieta rica em fibras dá volume às fezes, permitindo que elas passem pelo intestino de forma rápida e fácil. Com isso, o tempo de contato entre o conteúdo intestinal e os divertículos diminui, o que reduz a irritação e inflamação da mucosa (6).

Estudos revelaram que uma alta ingestão de carne vermelha ou processada se correlaciona com um aumento de 2 a 4 vezes no risco de desenvolver doença diverticular (7, 8).

Os motivos para esta associação não foram totalmente esclarecidos, mas acredita-se que tenha uma relação com o potencial inflamatório da carne vermelha.

Tabagismo

Estudos mostram um risco semelhante de diverticulite em fumantes e não fumantes. Entretanto, o risco de complicações decorrentes da diverticulose em fumantes foi três vezes maior (9).

A provável justificativa para isso é a maior liberação de radicais livres do tabaco e o consequente efeito oxidativo.

Genética

Por fim, há também uma associação genética. Ainda não está claro quais os genes responsáveis pelo risco aumentado para a diverticulose, mas estudos mostra uma influência de até 53% da genética (10).

Isso justifica porque familiares diretos de pessoas acometidas apresentam maior risco para a diverticulose.

Diagnóstico da Diverticulose

A diverticulose costuma ser diagnosticada por meio da colonoscopia.

Pacientes sem complicações não apresentam sintomas. O diagnóstico, nestes casos, costuma ser feito de forma acidental a partir de uma colonoscopia de rotina;

Na presença de complicações, o exame é habitualmente solicitado para a avaliação de problemas como dor ou sangramento.

Eventualmente, a diverticulose pode também ser diagnosticada por meio de exames de imagem, como o ultrassom ou a Tomografia Computadorizada.

Complicações

As complicações acontecem em até 10% a 25% dos pacientes com diverticulose (12, 13).

Diverticulite

A diverticulite ocorre quando os divertículos se rompem, resultando em inflamação e, em alguns casos, infecção.

Aproximadamente 5% dos pacientes com diverticulose desenvolvem um episódio de diverticulite em 10 anos de seguimento (14). 

Destes pacientes, aproximadamente 40% voltarão a desenvolver a diverticulite de forma recorrente (15).

Os sintomas mais comuns incluem:

  • Nausea e vomito.
  • Febre.
  • Sensibilidade abdominal.
  • Constipação ou, menos comumente, diarréia.

Sangramento

O sangramento dos divertículos é responsável por até 50% dos casos de sangramento gastrointestinal baixo em adultos. 

O risco é de aproximadamente 2% em 5 anos e 10% em 10 anos (16).

O principal motivo para o sangramento é o trauma de fezes impactadas contra o divertículo, que pode levar ao rompimento de um vaso adjacente.

Pacientes com o acometimento de todo o colon estão sob maior risco, seguido pelos pacientes com acometimento do cólon proximal (direito). Embora os divertículos sejam mais comuns no cólon distal (esquerdo), o risco de sangramento é menor nestes casos.

A presença de sangue vivo nas fezes é a apresentação mais comum.

Outras complicações

Outras complicações menos comuns da Diverticulose incluem:

  • Formação de abscesso;
  • Fístula;
  • Estenose;
  • Perfuração;
  • Morte

Tratamento sem cirurgia da Diverticulose

A nutrição é a principal forma de prevenção e tratamento da diverticulose não complicada.

Ela envolve uma alimentação com alto teor de fibras e baixo consumo de carne vermelha.

Tratamento cirúrgico da Diverticulite

Indicação

A cirurgia poderá ser indicada pelo coloproctologista a partir do segundo ou terceiro episódio de diverticulite não complicada, ou na presença de complicações como a obstrução intestinal.

Técnica cirúrgica

A cirurgia visa remover a porção do intestino afetada pela doença. A técnica mais utilizada é chamada de sigmoidectomia.

O procedimento envolve a remoção do cólon sigmóide, que é a parte final do intestino grosso. 

A seguir, as duas pontas restantes são conectadas com suturas para estabelecer o trânsito normal da digestão.

Em alguns casos, outras partes do intestino também estão acometidas. Entretanto, nem sempre é possível ou recomendável remover toda a parte do órgão que está acometida.

O procedimento pode ser feito por via aberta ou por técnica minimamente invasiva, seja por videolaparoscopia ou robótica.

Pós-operatório

 A permanência média no hospital é de 5 a 7 dias. Isso será determinado pela rapidez com que os intestinos retomam sua função normal.

Como parte do cólon foi removido, o paciente pode ter diarreia por algumas semanas ou até meses. Isso é normal e será resolvido espontaneamente, à medida em que a parte restante do cólon fizer o trabalho de absorver água.

Uma dieta com baixo teor de resíduos será recomendada nas primeiras semanas.

O paciente é estimulado a caminhar tanto quanto for confortável.