Discinesia Escapular

Discinesia Escapular é um termo utilizado para descrever um movimento anormal da escápula, um osso em forma de “pá” que fica apoiado na parte de trás da caixa torácica.

A escápula faz a conexão entre a coluna e o ombro. Ela está unida de um lado à coluna pelos músculos trapézio (dividido em suas porções superior e inferior) e serrátil anterior. Do outro lado, se une ao úmero (osso do braço), na articulação do ombro.

Ao se levantar o braço em 180 graus, por exemplo, aproximadamente 60 graus deste movimento será feito entre a escápula e a caixa torácica. Os demais 120 graus ocorrerão entre a escápula e o úmero.

Quando existe um desequilíbrio entre estes dois grupos musculares, o movimento fica desordenado. A escápula perde sua capacidade de estabilizar e coordenar o movimento do braço, caracterizando a Discinesia Escapular.

O bom funcionamento da escápula é essencial para os movimentos do braço. Isso é válido em especial para o atleta que usa o braço acima da altura da cabeça.

A principal causa da Discinesia Escapular é um desequilíbrio entre a musculatura que prende a escápula ao tórax e da musculatura que prende a escápula ao braço (úmero).

Isso acontece tanto na população atlética como em pessoas sedentárias. Entretanto, é mais comum em atletas e em outros profissionais que utilizam a força do braço durante o trabalho.

Ela também se desenvolve em alguns casos associado a outros problemas que limitam a mobilidade no ombro. Isso inclui lesões labrais, Impacto subacromial, Lesão do manguito rotador ou Artrose acromioclavicular. Entretanto, a relação de causa e efeito ainda não foi bem estabelecida.

A Discinesia Escapular pode ser causa ou consequência destas lesões. Alguns estudos chegam a mostrar que ela acomete igualmente pessoas com ou sem outros problemas concomitantes no ombro.

Segundo estudo de Kibler e McMullen (1), 68% dos pacientes com síndrome do impacto, 94% com lesão labral e 100% dos que apresentam instabilidade glenoumeral possuem Discinesia Escapular.

A Discinesia da Escápula é um problema bastante comum, mas que muitas vezes não causam qualquer tipo de queixa. Como referência, um estudo com 178 atletas adolescentes do sexo masculino sem queixas no ombro mostrou que 57% dos participantes apresentavam sinais da Discinesia Escapular no exame físico (2).

Quando sintomática, as queixas mais comuns incluem:

• Dor e/ou sensibilidade ao redor da escápula, especialmente na borda superior e medial (interna);
• Sensação de braço “cansado” ou “morto”, especialmente com atividades de maior esforço físico;
• Limitação da mobilidade do ombro. Algumas pessoas não conseguem levantar o braço acima da altura do ombro;
• Protusão perceptível ou “asa” da escápula;
• Postura com a escápula caída ou inclinada para a frente no lado afetado.

Muitas vezes a Discinesia Escapular é vista em uma avaliação de rotina em pessoas sem qualquer tipo de queixa que possa ser associada a ela. A necessidade de correção nestes casos é controversa, sendo recomendada por alguns especialistas, enquanto outros sugerem que nada deva ser feito.

Nos pacientes sintomáticos, o tratamento envolve basicamente a fisioterapia. O foco deve ser no fortalecimento, ativação muscular e correção do padrão de movimento. Na presença de outras patologias associadas no ombro, a Discinesia Escapular deve ser abordada em conjunto com estes problemas, durante a fase de reabilitação.