Dieta Vegetariana ou Vegana na Infância

Nos últimos anos, o número de pessoas e famílias que optam por uma dieta vegetariana ou vegana tem aumentado. Além disso, muitos incluem ou consideram incluir seus filhos pequenos nessa dieta.

Estudos de boa qualidade sobre o impacto a longo prazo da eliminação de produtos de origem animal nas crianças mais novas ainda são escassos.

À luz das evidências disponíveis, entende-se que uma dieta vegetariana bem planejada é capaz de suprir as demandas nutricionais das crianças.

A Academia de Nutrição e Dietética dos Estados Unidos considera que, desde que sejam devidamente planejadas, essas dietas podem ser adequadas para todas as faixas etárias, incluindo crianças e adolescentes (1).

Adotar uma dieta vegetariana, no entanto, nem sempre significará uma alimentação saudável. Assim como nas dietas onívoras, uma dieta vegetariana mal planejada pode ter um impacto deletério na saúde e no crescimento da criança.

O risco de falhas no planejamento e na execução da dieta é maior no caso de alimentações vegetarianas, com potencial para impactar no desenvolvimento dos pequenos. Assim, como regra geral, é preferível aconselhar uma dieta onívora para os primeiros anos de vida, ou pelo menos uma dieta ovo ou lacto-vegetariana.

Diferentes fatores listados abaixo aumentam o desafio de se conseguir uma dieta vegetariana saudável na infância – o que todavia não significa que isso não seja possível.

Proteínas

As necessidades de proteína podem ser atendidas por meio de dietas plant based.

Diferentemente da proteína animal, no entanto, a proteína vegetal não é completa, ou seja, não contém todos os aminoácidos essenciais. Por isso, é fundamental que se combine diferentes fontes de proteína vegetal.

Outra dificuldade é que a absorção da proteína vegetal é menor do que a absorção da proteína animal. Assim, uma maior quantidade de proteínas se faz necessário para suprir a demanda.

Durante certas fases, é comum que as crianças tolerem um volume total de alimento relativamente baixo, o que pode dificultar de suprir essa demanda.

Demanda calórica

Idealmente, crianças devem praticar pelo menos uma hora de atividade física intensa por dia. Muitas se exercitam mais do que isso. Além disso, elas precisam de energia extra para das suporte ao seu crescimento e desenvolvimento físico.

Alimentos vegetarianos, no entanto, costumam ter menor densidade calórica, ou seja, um menor número de caloria para cada grama de um alimento. Suprir a demanda calórica pode ser mais desafiador.

Compreensão da dieta

Adotar uma dieta vegetariana exige um maior nível de conhecimento dos alimentos e também do processo de digestão de cada alimento, conhecimento esse que crianças pequenas ainda não terão.

Enquanto estão na escola, o controle sobre a dieta tende a ser menor do que em casa. O mesmo é válido quando estão na casa de amigos, por exemplo.  Isso faz com que o risco de deficiência aumente.

Indivíduos vegetarianos e veganos apresentam maior risco de deficiências nutricionais em comparação com indivíduos onívoros. Ainda assim uma vez garantida uma ingestão suficiente de todos os nutrientes, os riscos gestacionais são equivalentes.

Deve-se ter cuidado redobrado em garantir uma ingestão adequada de vitamina B12 e ácidos graxos ômega-3, o que geralmente somente será obtido por meio de suplementação.

O leite materno é o alimento ideal para qualquer bebê, o que inclui os filhos de mães vegetarianas ou veganas.

O leite materno será a fonte de todos os nutrientes que o bebê precisa para se desenvolver. Assim, é fundamental que se garante que a mãe não tenha nenhuma deficiência nutricional. O uso de suplementos de vitamina B12 e, dependendo da dieta, de ácidos graxos ômega-3 é fundamental.