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Depressão no Idoso

Aspectos gerais da Depressão no idoso


Discutimos no artigo sobre Depressão os aspectos básicos da doença, incluindo diagnóstico e tratamento. Neste artigo, falaremos apenas sobre algumas especificidades relacionadas à Depressão no Idoso.

Caso você seja um idoso ou familiar de um idoso e esteja buscando ajuda ou informação sobre a depressão ou esteja querendo entender melhor a doença, sugiro também a leitura do artigo anterior.

Sintomas depressivos significativos estão presentes em até 15% da população idosa. Enquanto algumas pesquisas mostram que a depressão é ligeiramente mais comum no idoso, outros mostram que eles são igualmente acometidos quando comparado com adultos jovens.

Algumas diferenças, porém, precisam ser notadas:

  • Sintomas da depressão no idoso comumente são confundidos com o processo normal do envelhecimento ou com a manifestação de outras doenças comuns a esta faixa etária, de forma que o diagnóstico costuma demorar para ser feito. Estima-se que apenas 10% dos casos são efetivamente identificados e tratados;
  • As causas relacionadas à depressão também variam. A depressão no idoso costuma ter menos relação com problemas afetivos e mais probabilidade de estar relacionado a alterações cognitivas, dor e perda de interesse na rotina diária do que nos adultos mais jovens.
  • Alguns desfechos graves, como o suicídio, também são mais comuns no idoso. O suicídio entre homens brancos com 85 anos ou mais nos Estados Unidos (65,3 mortes por 100.000 pessoas) é quase seis vezes a taxa de suicídio (10,8 por 100.000) da população como um todo (1) e isso tem muita relação com a depressão.

Quais os sintomas da depressão no idoso?


Sintomas da depressão no idoso não são diferentes daqueles observados em pacientes mais jovens e incluem:

  • Cansaço;
  • Dificuldade para dormir;
  • Irritabilidade ou mal humor;
  • Confusão, dificuldade para manter a atenção;
  • Deixam de gostar de atividades com as quais tinham prazer anteriormente;
  • Caminham mais lentamente;
  • Apresentam mudanças no peso ou apetite;
  • Sentem-se sem esperança, sem valor ou culpado

Ainda assim, nos idosos pode ser mais difícil diferenciar estes sintomas de outras doenças comuns à faixa etária, de forma que o diagnóstico muitas vezes passa despercebido.

Cerca de 58% das pessoas com 65 anos ou mais acreditam que é “normal” que as pessoas fiquem deprimidas à medida que envelhecem(1) e muitos deixam de se tratar por conta disso, mesmo depois de ser diagnosticado por um profissional especializado.

Causas da depressão no idoso


Os mesmos motivos que causam depressão em jovens também podem acometer os idosos, mas algumas particularidades dessa faixa etária podem favorecer o desencadeamento da depressão:

  • O avanço da idade geralmente é acompanhado da perda de sistemas de apoio social, devido à morte de um cônjuge ou irmãos, aposentadoria ou porque os filhos saem de casa e, em alguns casos, se mudam de cidade ou país. Um terço das viúvas / viúvos atendem aos critérios para depressão no primeiro mês após a morte de seus cônjuges, e metade desses indivíduos permanece clinicamente deprimida após um ano (1).
  • O medo da morte aumenta conforme a pessoa fica mais velha e mais frágil. A perda de pessoas próximas e especialmente do cônjuge aumenta essa sensação. Alguns idosos relataram isso aos filhos, mas muitas vezes recebem como resposta algo como “você está muito bem” ou “para de falar disso”, quando de fato sabem que a morte está mais próxima;
  • A Insônia pode ser tanto causa como consequência da depressão, mas ela é muito mais comum entre os idosos;
  • Algumas medicações, incluindo beta-bloqueadores, corticóides, estimulantes, anti-convulsivantes, hormônios e outros podem estar relacionados à depressão;
  • O idoso tende a perder gradativamente sua capacidade funcional e deixa de se sentir com vigor suficiente para fazer coisas que até há pouco fazia com muito mais tranquilidade. A percepção de envelhecimento e de incapacidade pode contribuir para um maior risco de depressão;
  • Muitos idosos passam a ganhar menos com o trabalho ou a aposentadoria e podem sofrer com problemas econômicos. Alguns deles passam a depender dos filhos e não aceitam esta condição;
  • Ainda que não existam conclusões claras neste sentido, alguns pesquisadores associam as mudanças estruturais no cérebro do idoso com um maior risco para depressão. No mesmo sentido, idosos com depressão de início tardio são mais propensos a ter déficits cognitivos concomitantes ou demência.
  • Como regra geral, a depressão no idoso costuma ter menos relação com problemas afetivos e mais probabilidade de estar relacionado a alterações cognitivas, dor e perda de interesse na rotina diária.

Tratamento


O tratamento da depressão deve ser coordenado pelo Médico Psiquiátra e envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e, eventualmente, eletroconvulsoterapia.

A opção que será recomendada depende do tipo e da gravidade dos sintomas de depressão, tratamentos anteriores e saúde geral, entre outros fatores.

A psicoterapia é especialmente responsiva para pessoas que passaram por grandes estresses da vida, incluindo a perda de amigos e familiares e problemas de saúde.

Ela deve ser considerada também para idosos com sintomas leves a moderados e que preferem não tomar remédios, assim como para aqueles que não podem tomar medicamentos por causa de efeitos colaterais, interações com outros medicamentos ou outras doenças.

Medicações antidepressivas podem ser úteis no tratamento da depressão no idoso, mas não costumam ser tão eficazes quanto em pacientes mais jovens. Além disso, o risco de efeitos colaterais ou reações potenciais com outros medicamentos deve ser cuidadosamente considerado.

Como exemplo, certos antidepressivos, como a amitriptilina e a imipramina, podem ter efeito sedativo e podem causar confusão ou uma queda repentina da pressão arterial quando uma pessoa se levanta. Isso pode causar quedas e fraturas.

Em geral, a duração do tratamento medicamentoso para a depressão em adultos mais velhos é maior do que em pacientes mais jovens.

A eletroconvulsoterapia deve ser considerada especialmente no tratamento do paciente com depressão moderada a grave e que não pode tomar medicamentos antidepressivos tradicionais por causa dos efeitos colaterais ou interações com outros medicamentos e também quando a depressão é muito grave a ponto de interferir de forma significativa em aspectos básicos como a alimentação e a higiene pessoal ou quando o risco de suicídio é especialmente alto.

Isso porque a resposta do tratamento medicamentoso é mais demorada e o tempo, nestas sintuações, pode ser um aspecto decisivo.

Para maiores informações sobre a psicoterapia, medicamentos para depressão e eletroconvulsoterapia, sugiro a leitura do nosso artigo sobre Depressão.