Dengue e Dengue Hemorrágica
O que é a Dengue?
Dengue é a arbovirose urbana mais prevalente nas Américas, principalmente no Brasil.
As arboviroses se referem a doenças virais transmitidas por mosquitos.
O mosquito transmissor da dengue é o Aedes Aegypt, o mesmo mosquito transmissor de doenças como a Chikungunya e o Zika.
Como ocorre a transmissão da dengue?
O vírus dengue (DENV) é um arbovírus transmitido pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti.
Existem quatro sorotipos diferentes de vírus da dengue, denominados de DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4.
A doença é transmitida principalmente nos meses mais chuvosos do ano, o que pode variar de região para região. Isso acontece porque o acúmulo de água parada contribui para a proliferação do mosquito e, consequentemente, para a maior disseminação da doença.
Fatores de risco
Pessoas de todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença. No entanto, as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de desenvolver doença grave, inclusive com risco para a vida.
Vale considerar que, uma vez infectado, a pessoa desenvolve proteção contra o mesmo sorotipo da denge e uma proteção temporária contra os demais tipos.
Desta forma, é possível que cada pessoa desenvolva a doença até quatro vezes ao longo da vida.
Quais os principais sintomas da Dengue?
Alguns pacientes desenvolvem a dengue de forma assintomática ou pouco sintomática. Muitas vezes elas não procuram atendimento médio e nem ficam sabendo que tiveram a doença.
Quando sintomáticos, a febre alta (acima de 38ºC) costuma ser o primeiro sintoma.
A febre tem início abrupto e geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e nas articulações, prostração, fraqueza, mal-estar generalizado, falta de apetite, dor atrás dos olhos, e manchas vermelhas na pele.
Lesões na pele e coceira também podem estar presentes.
O que é a Dengue Hemorrágica?
A dengue hemorrágica é uma forma grave da infecção pelo vírus da dengue, caracterizada por alterações na coagulação sanguínea.
Qualquer um dos quatro sorotipos da dengue pode causar dengue hemorrágica.
A forma hemorrágica da dengue dificilmente se desenvolve durante a primeira infecção pela dengue. No entanto, o risco aumenta durante as infecções subsequentes.
Os sintomas da dengue hemorrágica são os mesmos sintomas de dengue clássica. A diferença é que a febre diminui ou cessa após o terceiro ou quarto dia da doença, além de surgirem hemorragias.
Com isso, o paciente pode desenvolver manchas vermelhas na pele e dor abdominal intensa.
Sinais de alarme para dengue hemorrágica
A grande preocupação em relação à dengue é o risco de dengue hemorrágica, que é a forma grave da doença e com risco à vida.
A fase crítica da dengue hemorrágica tem início com o declínio da febre, entre o 3° e o 7° dia do início de sintomas. Os sinais de alarme, quando presentes, ocorrem nessa fase, incluindo:
- Dor abdominal intensa e contínua;
- Vômitos persistentes;
- Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico);
- Hipotensão postural;
- Letargia e/ou irritabilidade;
- Hepatomegalia (aumento do fígado observado à palpação do abdome)
- Sangramento de mucosas.
Diagnóstico
Frente a um quadro clínico compatível, diferentes testes laboratoriais podem ser usados para a confirmação da doença, incluindo a pesquisa de antígeno NS1 e a sorologia IgM/IgG para dengue.
Diferentes exames podem ser realizados a depender do tempo de sintomas antes da realização dos exames.
Prevenção
A ANVISA aprovou em 2023 a vacina para dengue Qdenga, da empresa Takeda Pharma Ltda. Esta vacina confere proteção contra os quatro sorotipos da doença, com uma eficácia global de 80,2% (1).
A vacina é indicada para pessoas entre 4 e 60 anos de idade e deve ser feita em duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações.
Além da Qdenga, outra vacina contra a dengue já aprovada no país é a Dengvaxia. No entanto, ela só pode ser aplicada por quem já teve a doença (2).
Além das vacinas, o controle do vetor Aedes aegypti é fundamental para a prevenção e controle para a dengue e outras arboviroses urbanas (como chikungunya e Zika).
Isso deve ser feito por meio da eliminação de criadouros, sempre que possível. Para isso, qualquer local que possa acumular água totalmente cobertos com telas, capas ou tampas, impedindo a postura de ovos do mosquito Aedes aegypti.
Medidas de proteção individual para evitar picadas de mosquitos devem ser adotadas por viajantes e residentes em áreas de transmissão.
Issio inclui:
- Uso de repelentes à base de DEET (N-N-dietilmetatoluamida), IR3535 ou de Icaridina nas partes expostas do corpo. Isso deve ser feito principalmente durante o dia, quando o mosquito encontra-se mais ativo.
- Uso de calças e camisas de mangas compridas;
- Uso de mosquiteiros sobre a cama, uso de telas em portas e janelas e, quando disponível, ar-condicionado.
Tratamento da dengue
A dengue é uma doença autolimitada, o que significa que ela tende a melhorar com o tempo independentemente de qualquer intervenção médica na maior parte das vezes.
O tratamento, desta forma, envolve basicamente o suporte necessário para o alívio dos sintomas e para o manejo de complicações.
Entre as medidas indicadas, incluem-se:
- Reposição volêmica / hidratação
- Repouso relativo, enquanto durar a febre;
- Administração de paracetamol ou dipirona em caso de dor ou febre;
- Não administração de ácido acetilsalicílico (AAS), pelo maior risco de sangramento.
Os pacientes que apresentam sinais de alarme ou quadros graves da doença requerem internação para observação médica e manejo clínico adequado.
Qual o prognóstico do paciente com dengue?
Na maior parte dos casos leves, a dengue tem resolução espontânea em aproximadamente 10 dias.
É importante ficar atento aos sinais e sintomas da doença, principalmente aqueles que demonstram agravamento do quadro, e procurar assistência na unidade de saúde mais próxima.
No caso da dengue hemorrágica, a evolução é mais grave, com mortalidade de aproximadamente 3% (3).