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Cyberbullying

Cyberbullying

O cyberbullying pode acarretar uma série de prejuízos para a vítima. Afinal, são tantas agressões e humilhações que a autoestima e a saúde mental do indivíduo, de forma geral, podem ficar abalados.
Por isso, compreender um pouco mais sobre o assunto e buscar entender quais medidas podem ajudar nessa situação é muito importante. Acompanhe nossas considerações e orientações quanto a isso, lendo este texto até o fim.

O que é cyberbullying?

Antes de qualquer coisa, é muito importante que compreendamos o que realmente é caracterizado cyberbullying. Assim, teremos mais subsídios para detectar esses casos e tomar as medidas cabíveis e necessárias.

Dessa maneira, podemos descrever o cyberbullying como um assédio virtual, ou seja, ataques e agressões que acontecem por meio do uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) com o intuito de humilhar, ofender, diminuir e degradar o indivíduo.

Essas agressões e ataques podem acontecer de diversas formas, e têm como característica a repetição e a intencionalidade de prejudicar a vítima.

Alguns exemplos de cyberbullying são:

  • Fazer comentários em fotos ou conteúdos da vítima com o intuito de humilhá-la ou diminuí-la.
  • Compartilhar fotos constrangedoras e sem o consentimento da vítima.
  • Ameaçar e xingar a vítima.
  • Utilizar o nome e a imagem da vítima para se passar por ela na internet, cometendo atos que ferem a honra do indivíduo.
  • Prejudicar a vítima de diversas formas, fazendo-a se sentir inferior, humilhada, ferida, com medo, etc.

Embora seja uma situação bastante difícil de assimilar, a boa notícia é a de que o cyberbullying, diferente do bullying em si, deixa rastros, pois é feito por meio da internet e os registros podem ser usados para encontrar o autor dos abusos.

Mas, para que isso aconteça, é fundamental buscar apoio das autoridades, fazendo um BO na delegacia e levando, consigo, fotos, mensagens, áudios e demais provas das agressões.

Quais as possíveis causas do cyberbullying?

As causas do cyberbullying podem ser multifatoriais. Isso significa que dificilmente o comportamento do agressor está envolvido com apenas um acontecimento específico.

Dito de outro modo, é possível que o agressor esteja inserido em um contexto complexo, que o leve a acreditar que tais comportamentos são, de certa forma, “positivos”, por deixá-lo em uma posição de poder.

Abaixo elencamos alguns fatores que podem contribuir para o comportamento agressivo de jovens que cometem o cyberbullying:

  • Negligência emocional e afetiva, ou seja, a criança, jovem ou adolescente pode estar sofrendo uma negligência familiar.
  • O agressor pode estar sofrendo violência em casa, seja dos pais ou de irmãos mais novos ou mais velhos.
  • O modelo familiar de educação recebido é inadequado, ou seja, não apresenta à criança, adolescente ou jovem quais são as condutas esperadas nas relações sociais.
  • A falta de limites em casa ou na escola pode resultar no comportamento agressivo.
  • Sensação de prazer por se sentir superior à vítima.
  • Baixa autoestima, que provoca a necessidade de sentir o poder de estar “acima” de alguém.
  • Falta de exemplos e valores na família, convivendo em um ambiente hostil e carregado de violências, abusos e agressões.
  • Entre outras questões subjetivas que possam acarretar o comportamento agressivo.

Como identificar uma vítima de cyberbullying?

Outro grande desafio, quando pensamos em casos de cyberbullying, é o que diz respeito à identificação de uma vítima. No entanto, em se tratando de crianças e adolescentes, os pais poderão perceber mudanças comportamentais significativas que denunciam que algo possa estar acontecendo. Por isso, considere fatores como:

  • Amizades próximas começam a ser desfeitas nas redes sociais, uma vez que essas pessoas próximas podem saber de segredos íntimos da vítima e usam isso para atacá-la. Como consequência, a criança ou adolescente bloqueia essa pessoa.
  • Problemas psicossomáticos, como dor de cabeça, dores de barriga e outras questões que não têm relação com causas fisiológicas ou doenças.
  • Humor deprimido, choro fácil, tristeza, falta de interesse em atividades.
  • Comportamento agressivo.
  • Comportamentos que demonstram uma falta de confiança nas outras pessoas.
  • Queda no rendimento escolar e relutância em ir à escola, caso os agressores sejam desse ambiente.
  • Problemas de autoestima e falta de autoconfiança.
  • Afastamento das tecnologias.
  • Diminuição na quantidade de amigos, tornando-se cada vez mais isolada socialmente.

Outros meios de detectar se o seu filho é vítima de cyberbullying, é apostando na mediação parental e no acompanhamento do que acontece nas redes sociais do seu filho.

Segui-lo nas redes e instalar aplicativos que auxiliam na monitoração do que acontece no campo online também é relevante.

Afinal, às vezes o seu filho pode tentar esconder o sofrimento, tornando difícil a detecção de que algo está acontecendo. Assim sendo, as medidas protetivas de mediação parental podem ser interessantes.

Você pode encontrar, nas configurações do aparelho celular/tablet/computador, do seu filho, algumas ferramentas de mediação parental. Caso não as encontre, saiba que existem aplicativos e programas que podem ser baixados e instalados.

Como auxiliar quem está sofrendo cyberbullying?

Infelizmente, o cyberbullying pode ser mais comum do que imaginamos. Sendo assim, é possível que detectemos, dentro do nosso lar, uma criança ou um adolescente que esteja sofrendo com esse tipo de agressão.

Dessa maneira, pensar em formas de lidar com isso é muito importante para começar a reverter os impactos psicológicos dessa situação.

Abaixo trouxemos algumas orientações iniciais, mas lembre-se: buscar apoio psicológico para o seu filho é muito importante.
Vamos adiante:

1. Escuta ativa
A escuta ativa consiste em prestar atenção em cada palavra dita por uma pessoa, sem julgamentos, interrupções ou pré-conceitos. Sendo assim, considere escutar o que o seu filho tem a dizer. Pergunte-lhe como ele está, se alguma coisa está acontecendo e diga que você está ao lado dele para apoiá-lo e dá-lhe todo o suporte necessário, independente da situação.
Assim que o assunto vier à tona, tente não demonstrar um comportamento de desespero ou insegurança. Procure manter a calma e a serenidade diante do ocorrido, mostrando uma postura mais assertiva ao seu filho.
Também considere agradecer ao seu filho por ter contado o que está acontecendo, pois assim você poderá ajudá-lo de uma forma efetiva.
Acolha as emoções, o choro e a dor que a criança ou o adolescente possa estar sentindo. Abraços e demonstrações de afeto, como por exemplo, “estou com você”, podem ajudar a criar uma atmosfera de acolhimento e segurança para os pequenos. Considere agir dessa forma, dando a ele um espaço para desabafar, chorar e abrir o coração.

2. Demonstre interesse pela vida virtual do seu filho
Procure ser uma pessoa mais ativa na vida virtual do seu filho. Se você não tem perfis nas redes que ele costuma navegar, considere criar, ao menos para se mostrar interessado nos assuntos compartilhados pelos pequenos, bem como para seguir os perfis deles nas redes e acompanhar, de perto, o que as outras pessoas comentam e falam por ali.
Se possível, converse com o seu filho sobre uma foto que você viu, um comentário que gostou, etc. Assim ele perceberá que você está atento ao que acontece ali, e poderá se sentir mais seguro.
Da mesma forma, torna-se mais fácil detectar algumas mudanças no comportamento online do seu filho, bem como visualizar comentários e ações alheias que sejam prejudiciais à criança ou ao adolescente.

3. Oriente os comportamentos que seu filho deve ter frente ao cyberbullying – cuidado com a vingança
Os pais têm o papel de orientar os filhos frente aos casos de cyberbullying. Para isso, considere direcioná-lo a ações que bloqueiam o acesso do ciberagressor, por exemplo. Além disso, auxilie o seu filho de outras maneiras:

  • Ajude-o a “fechar” o perfil na rede social, deixando os conteúdos privados e acessíveis apenas para os amigos adicionados.
  • Ajude-o a entender que ele pode denunciar comentários e publicações dentro da própria plataforma, solicitando a remoção do conteúdo.
  • Ensine-o a bloquear determinadas pessoas, e a configurar a privacidade de determinados conteúdos que a criança quer que apenas a mãe e a família vejam, por exemplo.
  • Converse sobre os riscos de adotar uma posição de vingança. Isto é, fale que se vingar, cometendo cyberbullying contra o agressor, não é o melhor caminho, afinal, ele poderá sofrer consequências por conta disso.
  • Diga que ele não precisa responder o agressor, mas sim, apenas bloquear e apagar as mensagens.
  • Ajude-o a salvar as provas, antes de excluí-las da rede social em si, para então dar entrada no passo seguinte: na denúncia.

4. Denuncie os ataques sofridos no ciberespaço
Dependendo das agressões que acontecem no campo online, é possível reunir as provas e fazer um BO na delegacia mais próxima de você.
Leve as informações sobre o caso e, se possível, converse com um advogado para que as ações tomadas sejam ainda mais assertivas.
Afinal, o cyberbullying merece intervenção judicial, uma vez que a internet não é uma “Terra sem Lei”, como muitas pessoas acreditam.

5. Deixe claro que a culpa não é da vítima
No momento em que você estiver acolhendo as dores do seu filho, lembre-se de deixar claro que ele não tem culpa de sofrer os ataques.
Muitas vezes, a vítima desse tipo de abuso psicológico pode se sentir extremamente culpada por estar vivendo tal situação. Ela pode se questionar se fez algo errado, se não deveria ter se aproximado de tal pessoa, e assim por diante.
Por isso, sempre fortaleça a ideia de que o seu filho não tem culpa de estar sofrendo as agressões. Afinal, a culpa nunca é da vítima.

6. Veja algumas formas de se proteger do cyberbullying
Considere apresentar ao seu filho algumas formas de se proteger do cyberbullying, como por exemplo:

  • Fale sobre a idade mínima para algumas plataformas, auxiliando o seu filho nesse sentido e dando a ele a chance de ter perfis em sites que estão de acordo com a faixa etária do pequeno.
  • Construa um lar onde a conversa franca aconteça com frequência, para que os seus filhos se sintam à vontade na hora de falar sobre algo delicado, como situações de cyberbullying.
  • Invista em plataformas e aplicativos de mediação parental, para acompanhar o seu filho mais de perto.
  • Converse sobre o assunto com o seu filho para que ele entenda o que é cyberbullying e quais são as medidas para se proteger (como vimos no item 3 desta lista).
  • Estabeleça diretrizes para o uso da internet: tipos de conteúdos que podem ser veiculados, quantidade de horas que podem ser investidas na internet, etc.
  • Esteja sempre acompanhando o seu filho. Fique próximo dele, auxilie-o e escute-o. Isso pode fazer a diferença.

7. Faça um trabalho conjunto com a escola
Caso os agressores tenham relação com o espaço educacional do seu filho, comunique a escola a respeito do ocorrido.
Dessa forma, é possível que os educadores também intervenham na situação, trazendo a temática do cyberbullying para a sala de aula, por exemplo.
Além disso, procure acompanhar a vida escolar do seu filho, pois em casos de cyberbullying, é possível que a criança ou o adolescente também esteja sofrendo bullying. Para este caso, temos um conteúdo completo aqui no nosso site. Basta acessá-lo para tirar todas as suas dúvidas sobre bullying.

Psicoterapia em casos de cyberbullying

Infelizmente, os casos de cyberbullying podem resultar em problemas emocionais profundos. A criança ou adolescente pode sofrer com baixa autoestima e falta de confiança frente às atividades cotidianas.
Dessa maneira, a busca pela psicoterapia tende a ser efetiva. Considere investir nessa possibilidade para que o seu filho possa falar sobre o assunto, aprender a lidar com as emoções vividas com relação a isso e, a partir disso, aumentar a autoestima, a autoconfiança, e assim por diante.
A psicoterapia auxilia no autoconhecimento e nessa visão mais clara dos nossos pontos fortes e fracos, o que pode ser indispensável nesse tipo de situação.
Afinal, o acompanhamento profissional é indispensável, especialmente quando a criança ou o adolescente têm apresentado prejuízos emocionais, estudantis e sociais por conta do cyberbullying.

Referências
Jäger, T., Stelter, C., Amado, J., Matos, A. & Pessoa, T. Cyberbullying – Um manual de
formação de pais. Cybertraining Parents. Ed. 2012.

UNICEF. Cyberbullying: O que é e como pará-lo. Disponível em: <https://www.unicef.org/brazil/cyberbullying-o-que-eh-e-como-para-lo>. Acesso em 30 set. 2022.