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Como melhorar a concentração na competição esportiva?

No dia a dia do esportista, algumas técnicas para melhorar a concentração na competição esportiva podem ser bem-vindas. Isso porque, seja por questões ambientais ou emocionais, a concentração pode vir a ficar abalada em alguns momentos. Assim sendo, ter acesso a informações que contribuam para o aumento do foco é um caminho promissor.

Neste texto, apresentamos algumas dicas que podem ser interessantes nesses casos. Acompanhe-nos.

Como melhorar a concentração na competição esportiva?

A concentração na competição esportiva pode ser desenvolvida de diversas maneiras. Interessante é saber quais podem ser os motivos pelos quais o atleta não está conseguindo se manter focado, antes de qualquer coisa. Assim, caso estejamos diante de uma situação que exija a intervenção de profissionais da saúde, o acompanhamento técnico poderá acontecer.

Para além disso, podemos também pensar em técnicas psicológicas (feitas sob acompanhamento) e ações individuais que podem ser postas em prática nesse momento. Veja nossas sugestões:

1. Técnicas de treinamento mental
As técnicas de treinamento mental costumam ser oferecidas pelo psicólogo do esporte que dará esse suporte ao atleta que busca melhorar a concentração na competição esportiva.
Basicamente, o treinamento mental usa a imaginação e a visualização como ferramentas para preparar o indivíduo para a sua atuação na prática.
É como se a pessoa estivesse treinando todos os movimentos e ações esportistas, só que “parado”, enquanto cria projeções mentais de cada movimento e cada etapa que será seguida na sua atuação.
O esportista poderá imaginar os seus movimentos, a intensidade da sua força, as suas tomadas de decisão e outras ocorrências vividas no esporte. Essa mentalização pode ajudá-lo a fortalecer a capacidade de concentração, ao dar atenção para cada etapa que será executada na prática mais tarde.
Além disso, o treinamento mental pode ajudar o indivíduo a elevar a sua autoconfiança, ao perceber que possui os conhecimentos e sabe os protocolos necessários para ter bons resultados no esporte.
O interessante é colocar em prática a técnica do treinamento mental com a ajuda de um psicólogo, para receber orientações sobre de que forma o treinamento pode ocorrer, aumentando as chances de conquistar resultados satisfatórios.

2. Cuidados com as emoções e com a saúde mental
As emoções podem impactar profundamente o nosso foco e a nossa construção nas mais diversas atividades cotidianas. Por isso, cuidar do que sentimos é um caminho para melhorar a concentração na competição esportiva.
O esportista pode dar mais atenção ao que sente, buscando compreender o que cada emoção quer dizer, como ela impacta a sua vida, de que forma ela pode ser minimizada, e assim por diante.
Lembrando sempre de que as emoções têm funções em nossas vidas, e elas não ocorrem de maneira aleatória. Isso quer dizer que elas trazem notícias sobre o que está acontecendo à nossa volta e sobre quais medidas devemos tomar diante do ocorrido. Porém, quando não ouvimos as emoções, ou simplesmente reagimos a elas, podemos prejudicar o nosso foco, nosso desempenho e a nossa concentração.
Sendo assim, começar a pensar melhor sobre as sensações vividas, até que ponto elas estão equilibradas ou não, ao que elas dizem respeito, entre outros pontos, são medidas que podem nos ajudar a agir de forma mais clara e assertiva frente ao que é sentido.

3. Construção de metas e objetivos
As metas e objetivos também podem ajudar na hora de melhorar a concentração na competição esportiva. Quando o esportista sabe quais passos precisa dar para atingir determinado resultado que almeja, há mais chances de agir de uma maneira mais focada.
Em contrapartida, quando o foco é muito vago, pautado apenas na vitória, por exemplo, pode ser que a atuação fique um pouco truncada e o sujeito um pouco “perdido” diante do que ele realmente deve fazer.

4. Emprego da auto-fala
A técnica da auto-fala consiste em o atleta falar, para si mesmo (verbalizando ou pensando), algo que possa impulsioná-lo rumo à concentração e ao foco do que deve ser feito.
Por exemplo, caso um atleta queira correr uma maratona mais rápido, para conquistar um dos primeiros lugares, ele pode usar a palavra “rápido” na sua auto-fala. Isso porque esse comando mental pode ajudá-lo a focar no que ele exatamente precisa atingir para alcançar a meta que foi estipulada anteriormente.
A auto-fala pode servir de alicerce na hora de trazer a atenção para o que realmente importa, reduzindo as distrações externas.

5. Técnica de relaxamento de Jacobson
A técnica de relaxamento de Jacobson pode ser utilizada antes e depois da competição. Antes da prática, ajuda a melhorar o foco e a concentração, ao mesmo tempo em que contribui para a diminuição dos níveis de estresse e ansiedade no esporte.
A técnica consiste em relaxar, progressivamente, os grupos musculares do corpo, depois de contraí-los. Essa prática pode ocasionar sensações de prazer e bem-estar, além de ser uma forma de conectar o indivíduo com o seu próprio corpo, reflexos, sensações, etc.

6. Treinabilidade na medida certa
O treino, sem dúvidas, pode fazer a diferença. Embora o treino excessivo não seja indicado no caso da busca de concentração e foco, a treinabilidade na medida certa importa – e muito.
Quando o indivíduo tem a chance de repetir o treino de forma rotineira, sem sobrecarregar o corpo ou a mente e respeitando os seus limites, ele poderá fortalecer o conhecimento acerca da sua prática esportiva.
A prática pode se tornar mais fluida e fácil, ocasionando o desenvolvimento de um trabalho mais focado e “fácil”. Ou seja, o atleta não terá que se preocupar excessivamente com cada micro movimento, pois grande parte terá sido aprendido e internalizado, a ponto de executar com certa agilidade e confiança.
Por isso, quando pensamos em formas de melhorar a concentração na competição esportiva, não podemos nos esquecer da importância do treino.
Além disso, é importante que o atleta saiba quais pontos ele pode treinar e dar mais atenção, quando necessário for. Por exemplo, às vezes ele pode ter dificuldade com um movimento em específico, portanto, focar no treino desse movimento é algo relevante. Claro que ele não deve abrir mão das outras práticas, mas saber os próprios pontos de melhoria, por meio do autoconhecimento, pode ajudar a projetar um treino mais assertivo.

7. Rotina de descanso e relaxamento
O descanso adequado também contribui na hora de melhorar a concentração na competição esportiva. Quando não dormimos suficientemente, o nosso cérebro pode sofrer prejuízos, assim como o nosso corpo de forma geral. Por conta disso, buscar manter uma rotina de sono que respeite os limites do organismo é indispensável.
Não podemos nos esquecer de que somos seres humanos, e não máquinas. Sendo assim, devemos respeitar os nossos limites e permitir que tenhamos pausas, descansos e restabelecimentos da energia corporal e mental de forma saudável. Quando o treino é excessivo e impede a criação de uma rotina de descanso e relaxamento, elevam-se os níveis de estresse, ansiedade, desgaste físico, esgotamento emocional, etc. Portanto analise como pode ser a rotina de descanso que priorize o seu bem-estar e a sua qualidade de vida.

8. Conhecimento dos reais focos de concentração
Você sabe, exatamente, no que precisa focar? Às vezes, as pessoas buscam formas de melhorar a concentração na competição esportiva, mas, na prática, não sabem no que precisam elevar esse foco.
Por exemplo, apenas querer ser mais focado no esporte, de uma forma ampla e geral, pode não ser um caminho promissor. Agora, dizer que quer ser mais focado em tal movimento, ou tal momento (ou momentos) da partida, pode mudar o jogo.
Veja outro exemplo: imagine que você está lendo um livro com conceitos difíceis. Apenas querer ser “mais concentrado na leitura” pode ser algo amplo. Agora, querer ser mais concentrado no conceito que você está lendo, pode ajudar o seu cérebro a compreender em qual parte da situação ele deve ancorar a atenção. No esporte, não é diferente.
Você pode pensar em quais atividades, momentos e situações você quer conseguir ser mais focado. Na hora de competir, em quais situações você se sente mais distraído? Ao detectá-las, poderá pensar que é neste instante que quer que o seu cérebro foque mais, ajudando-o a colocar a concentração no que realmente importa.

9. Desenvolvimento do controle de interferências
Você sabe quais são as maiores interferências na hora de manter a concentração? Já parou para pensar sobre o assunto? Se ainda não, talvez este seja um bom momento para fazer essa reflexão e melhorar a concentração na competição esportiva.
Você pode verificar quais são os estímulos externos e internos que roubam a sua atenção em determinados momentos. Será que você perde o foco por conta do barulho da torcida? Por conta da provocação de um adversário? Ou por conta de algo desconfortável no seu uniforme? Pense sobre isso.
Desenvolver um controle das interferências pode ajudar a minimizar a falta de foco. Ao detectar que a torcida incomoda, tente focar em outros ruídos, como o som da bola, por exemplo. Ao detectar a provocação de um adversário como algo desconcertante, tente focar no seu próximo movimento, ao invés de pensar e refletir sobre o que ele disse. Tente fazer com que a fala dele “entre por um ouvido e saia por outro”.
Perceba que essas pequenas ações podem ajudar a controlar as distrações que, muitas vezes, são um dos maiores motivos pelos quais a concentração está sendo difícil de ser mantida.

A psicologia Esportiva pode auxiliar

A psicologia Esportiva também pode contribuir em determinadas situações. Quando a falta de concentração está atrelada a problemas pessoais, como por exemplo, conflitos familiares, o ideal é contar com a ajuda de um psicoterapeuta para buscar formas de lidar com essas questões, visando minimizar os efeitos que essas situações provocam na sua atenção.

Sendo assim, recorrer ao atendimento profissional é algo que pode ser bastante efetivo. Considere essa possibilidade na sua rotina de cuidados com a saúde mental e veja como será possível encontrar caminhos e mudanças significativas.

Referências
COIMBRA, Danilo Reis et al. Habilidades psicológicas de coping em atletas brasileiros. Motricidade, v. 9, n. 1, p. 95-106, 2013.

GODTSFRIEDT, Jonas; ANDRADE, Alexandro; VASCONCELLOS, Diego Itibere Cunha. Treinamento mental no tênis: revisão sistemática da literatura. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, p. 577-586, 2014.

SCALA, Cristina Tieppo. Proposta de intervenção em psicologia do esporte. Revista Brasileira de terapia comportamental e cognitiva, v. 2, n. 1, p. 53-59, 2000.