Como conversar sobre sexo com o parceiro?
Como conversar sobre sexo com o parceiro?
Em uma sociedade na qual ainda estamos diante de diversos tabus acerca da sexualidade, conversar sobre sexo com o parceiro pode ser algo bastante complicado para algumas pessoas.
Porém, a relação sexual não precisa ser vista como algo extraordinário ou “sagrado”, a ponto de ser “escondida” e jamais mencionada. Mas sim, podemos criar em nossa mente a ideia de que o sexo faz parte da vida de qualquer pessoa adulta, e que tem como propósito proporcionar prazer, bem-estar, saúde e, claro, a procriação.
Pensando nesses pontos e em outros fatores relevantes, desenvolvemos este conteúdo com uma série de sugestões que podem auxiliar você na construção de um diálogo mais aberto sobre esse assunto. Confira.
Como conversar sobre sexo com o parceiro?
Para o desenvolvimento de um relacionamento saudável, as conversas sobre sexo devem ocorrer de maneira franca, natural e relativamente periódica. Sem esse tipo de diálogo, a relação sexual pode se tornar monótona ou ruim para uma das pessoas ou, inclusive, para ambos os lados.
Essa dificuldade para construir uma vida sexual saudável para ambos os envolvidos pode resultar, em alguns casos, no afastamento por conta do casamento sem sexo.
Consequentemente, esse afastamento e essa dificuldade de manter uma comunicação no relacionamento podem resultar em problemas emocionais para os dois e, mais tarde, a necessidade e o desejo de se separar pode surgir.
Portanto, vamos juntos pensar em formas de tornar essa conversa menos desconfortável e mais construtiva?
1. Conheça o seu corpo e os seus desejos
Antes de conversar sobre sexo com o parceiro, é importante que você mesmo(a) saiba mais sobre si. Afinal, como será possível você comunicar o que gosta ou não se, na prática, você não souber o que é bom ou ruim para si?
Portanto, considere começar a conhecer um pouco mais sobre o seu próprio corpo e os seus desejos. Para isso, explorar as suas zonas erógenas sozinho(a) é muito importante. Além disso, pensar sobre sexo também pode ajudar a conhecer um pouco mais sobre o que desperta o seu interesse e o que talvez não seja tão agradável.
Pesquisar sobre a temática, aprendendo mais sobre as infinitas possibilidades saudáveis que podem ser vividas a dois é algo que aguça a imaginação e auxilia no autoconhecimento. Não tenha medo ou vergonha de partir em busca dessas descobertas.
Lembre-se de que o prazer sexual proporciona bem-estar e saúde e, portanto, não há nada de errado em senti-lo. Pelo contrário! É algo que contribui para a qualidade de vida e, portanto, conhecer a si mesmo e investir no que você gosta é um caminho para uma vida mais feliz e saudável.
2. Solicite um momento para conversar sobre o assunto
Evite pegar o seu parceiro de surpresa na hora de conversar sobre sexo. Não que haja um problema nisso, mas sim porque se não há esse hábito no seu relacionamento, essa conversa pode ser inesperada e o outro pode ficar um pouco, digamos, “encabulado”.
Sendo assim, comunique que você deseja conversar um pouco sobre a vida sexual, para que juntos possam pensar em possibilidades interessantes para ambos os lados, com base em respeito, afeto, etc.
Dessa forma, a outra pessoa também pode ter um momento para refletir sobre o que gosta, não gosta, e assim por diante, logo, a conversa, tendencialmente, será mais frutífera e interessante.
3. Vá explorando as ideias aos poucos
Se você tem ideias para apresentar ao seu parceiro, considere fazer isso aos poucos. Vá apresentando o que você deseja, experimentando durante as relações, etc. Quanto mais natural acontecer, menos timidez você poderá sentir.
Afinal, se você apenas apresentar uma lista com 100 ideias do que fazer, o seu parceiro poderá ficar um pouco confuso ou assustado. Pois ele pode pensar: o que ele deverá fazer primeiro? E por segundo? O que irá mudar a partir de agora? Devo agir diferente sempre?
Portanto, pensar na possibilidade de implementar mudanças gradativas, respeitando o tempo de adaptação do outro, é uma forma de ir construindo novas possibilidades.
4. Escute o ponto de vista do seu parceiro
Na hora de conversar sobre sexo com o parceiro, lembre-se da premissa de que o relacionamento, para ser saudável e agradável, deve considerar os dois gostos e os dois pontos de vista.
Sendo assim, depois de explanar o que você gostaria de apresentar para o outro, considere ouvir o que a pessoa tem a dizer. Às vezes, o seu desejo pode ser uma novidade inesperada que gera dúvidas e até mesmo ansiedade no outro, por isso, saber ouvi-lo e orientá-lo quanto ao que pode ou não acontecer é algo valioso.
Acolha as dúvidas e também esteja preparado(a) para ouvir o que o outro deseja para a relação a dois. Pois assim como você pode ter dificuldades para falar sobre sexo, o outro também pode ter. Logo, ouvi-lo pode ser uma forma de encontrar caminhos agradáveis para os dois.
5. Proponha mudanças gradativas
Anteriormente, falamos sobre a possibilidade de ir explorando as novidades aos poucos, para ir apresentando as ideias ao parceiro de uma maneira natural.
Agora, queremos destacar essa visão de propor mudanças gradativas. Afinal, imagine o seu parceiro apresentando alguma novidade sexual diferente do convencional: você pode se sentir um pouco inseguro com a mudança, se ela for repentina, não é mesmo?
Então, que tal propor uma experimentação gradativa? Hoje vocês experimentam uma coisa, da próxima vez outra, e assim vão abrindo espaço para mudanças saudáveis e agradáveis.
Contudo, é importante deixarmos claro que apenas experimentar não garante que a prática será incluída no relacionamento. Se o parceiro não gostar de algo que experimentou, não force a situação para que ele pratique sempre, ok?
Assim como você tem os seus desejos, ele também tem e você, enquanto parceiro(a), deve respeitá-lo.
6. Entenda que o sexo é natural
Uma forma de melhorar a comunicação e conseguir conversar sobre sexo com o parceiro, ao menos com um pouco mais de facilidade, é mudando a perspectiva que temos sobre a relação sexual.
Muitas vezes, as pessoas podem crescer em um lar muito rígido, no qual o tema sexo é visto como algo sujo e que nunca poderá ser mencionado. Esse tipo de repressão pode gerar problemas psicológicos para lidar com a vida sexual na idade adulta.
Porém, o sexo não é algo sujo e tampouco algo que deve ser visto como negativo. É apenas mais uma das práticas humanas que tem como objetivo proporcionar prazer, bem-estar, qualidade de vida, etc.
Em paralelo a isso, há a possibilidade de procriação, mas os seres humanos não têm relação sexual apenas na época em que estão férteis. O sexo, para os humanos, é realmente um entretenimento, uma atividade relaxante, algo que contribui para a saúde física e mental.
Portanto, é injusto enxergá-lo como algo ruim, enquanto, na verdade, ele é algo natural.
Quando passamos a entender que o sexo é apenas mais uma das atividades saudáveis humanas, podemos quebrar aqueles tabus que estão dentro de nós.
E como ele é apenas uma das atividades humanas, focada em saúde e bem-estar, por que não podemos pensar sobre isso e melhorar a nossa prática? Pois é!
Inclusive, investir em novidades pode aquecer a relação, impulsionar a autoestima e permitir que novas sensações positivas corporais sejam experimentadas. Não se prive de viver essa atividade natural.
7. Cuidado com as expectativas
Antes de conversar sobre sexo com o parceiro, evite ficar arquitetando, na sua mente, a reação que o outro pode ter.
É possível que a outra pessoa tenha uma reação de timidez, de entusiasmo, de indiferença, etc. Sendo assim, não temos como prever o comportamento alheio, embora tentemos fazer isso.
Então, antes de criar uma ansiedade monstruosa dentro de si, imaginando brigas e desaprovações alheias, considere pensar nas palavras que serão usadas por você na hora de se comunicar.
Isso porque a comunicação assertiva, nesses casos, é o que importa, e não o que a nossa mente está imaginando que irá acontecer.
Obviamente, nós colocamos expectativas nas conversas difíceis que devemos ter, mas isso não quer dizer que elas acontecerão como imaginamos. Então, antes de sofrer pelas brigas que a sua mente criou, pense na forma como irá comunicar, aos poucos e com respeito, as suas ideias que poderiam ser implementadas na vida sexual do casal.
8. Respeite os limites do parceiro
Enquanto estiver explanando a sua opinião, ou solicitando mudanças durante a relação sexual, respeite os limites do seu parceiro.
Possivelmente o outro pode ter algum bloqueio diante das mudanças, afinal, transformações podem provocar medo, ansiedade e angústia.
Sendo assim, nada de querer “pular etapas” e “forçar a barra”, desejando que o outro acate com tudo o que você falou, da noite para o dia.
A relação a dois precisa respeitar os limites de cada um, e não obrigar o outro a fazer o que queremos, sem dar espaço para o autoconhecimento alheio.
Afinal, assim como você levou algum tempo para entender o que gostava e comunicar isso ao outro, o seu parceiro também levará um tempo para assimilar o que foi dito e analisar se realmente quer prosseguir com determinadas práticas ou não.
Dê tempo ao tempo. Converse sem pressionar, diga que compreende os limites do outro e que ele tem o espaço que precisa para acatar às novidades ou não.
9. Veja a relação como algo que traz benefícios mutuamente
Para conversar sobre sexo com o parceiro é importante quebrar alguns tabus internos. Infelizmente, muitas mulheres ainda crescem em lares rígidos e que as ensinam que sexo não é algo que elas devem pensar ou refletir sobre o assunto.
Já a maior parte dos homens crescem em lares nos quais são instigados a buscar mulheres e relacionamentos para desenvolver um lado mais viril, relacionado ao sexo.
Esse tipo de cenário pode fazer com que muitas mulheres tenham relação sexual apenas para agradar ao parceiro, sem se sentir bem com aquilo que estão praticando.
Porém, é muito importante enxergarmos a relação sexual como algo que traz bem-estar e benefícios para ambos os lados. Isto é, os dois devem usufruir de experiências positivas, e não apenas o homem.
Enxergar que a relação sexual tem um papel importante na qualidade de vida de homens e mulheres adultos de qualquer idade é algo relevante. Embora possa parecer difícil no começo, aos poucos é possível ir “se soltando” diante das possibilidades que existem.
10. Descubra o que você não gosta
Além de conversar sobre sexo com o parceiro com base naquilo que você deseja e quer para si, também é importante descobrir o que você não gosta.
Como dito acima, muitas mulheres podem, ainda, cair no equívoco imposto pela sociedade de terem relação sexual apenas para agradar ao parceiro.
Porém, esse tipo de postura pode sujeitar a mulher a diversos tipos de práticas que são desagradáveis ou que a deixam constrangida.
No entanto, por medo de falar sobre o assunto, a mulher pode acabar aceitando, calada, a situação.
Mas é muito importante que o empoderamento seja trabalhado. Descobrir o que você não gosta para, então, pensar em outras alternativas que substituam essas práticas é algo relevante.
Você não precisa se sujeitar ao outro. É claro que, dentro de um relacionamento, pensar em agradar ao outro é algo genuíno e que pode ser considerado. No entanto, quando este “agradar ao outro” se torna um problema que sobrecarrega e causa mal-estar, devemos ficar atentos e impor os nossos limites pessoais.
Dentro de uma relação a dois na qual há uma vida sexual ativa, ninguém deve ser obrigado a nada. Pelo contrário. O sexo deve ser leve, prazeroso e respeitoso para ambos os lados.
Se você se sente forçado(a) a fazer algo que não gosta, seja franco com o seu parceiro. Fale sobre a possibilidade de experimentar outras formas de se relacionar, sem ser da maneira que você não gosta.
Não há necessidade de acusar o outro dizendo que a maneira dele é ruim. Mas sim, há a possibilidade de apontar mudanças positivas, que aumentem o prazer e a qualidade de vida dos dois, sem que ninguém seja obrigado a fazer o que não agrada.
Lembre-se de que o outro não precisa adivinhar suas questões
Embora a conexão do casal possa contribuir para que um dos lados perceba mudanças no comportamento do outro, isso não quer dizer que o seu parceiro precisa adivinhar que você está desejando algo que não está sendo entregue no sexo.
Isto é, a outra pessoa pode não perceber que você não está satisfeito, e é seu papel assumir essa posição clara para buscar, em conjunto, mudanças significativas.
Sendo assim, não assuma que o outro sabe que você não está recebendo, na cama, tudo o que sempre quis. Mas sim, considere conversar sobre as mudanças que deseja, para que o relacionamento evolua com base no diálogo.
A psicoterapia pode contribuir para as quebras de tabus
Construir uma conversa sobre sexo que seja benéfica para a relação pode ser difícil para algumas pessoas. Devido ao contexto social e/ou à criação da pessoa, quebrar esses tabus pode ser um verdadeiro problema para muita gente.
Contudo, a psicoterapia pode ajudar a quebrar esses paradigmas internos, buscando, dentro de si, novas possibilidades para enxergar o relacionamento e a vida sexual.
Além disso, na psicoterapia é possível conversar sobre desejos, medos, angústias, emoções e demais pontos que podem ter relação com a vida sexual da pessoa. Tudo isso pode ajudar no autoconhecimento e na hora de se posicionar frente ao parceiro.
Portanto, considere essa possibilidade para construir uma relação baseada no diálogo saudável e construtivo. Assim, quem sabe você começa a conversar sobre sexo com o parceiro com mais facilidade.
Referências
COUTINHO, W. Falar sobre sexo com o seu parceiro: o passo a passo que você precisava. Artigo de site. Disponível em: <https://blog.ambientepsi.com.br/falar-sobre-sexo-com-seu-parceiro/>. Acesso em 19 out. 2022.