Abordagem do individualismo e do espírito de equipe nos esportes coletivos
Como abordar o individualismo e o espírito de equipe nos esportes de equipe
Saber abordar o individualismo e o espírito de equipe nos esportes em equipe é uma forma de fortalecer a união entre os integrantes do grupo, visando oferecer uma atmosfera mais sadia e benéfica para todos os envolvidos.
Por isso, neste texto nós apresentamos algumas considerações importantes sobre essa temática, visando auxiliar você na hora de implementar ações positivas no seu time. Acompanhe.
Qual a importância do espírito de equipe nos esportes?
Sem dúvidas, o espírito de equipe pode fazer toda a diferença no campo esportivo. Um time entrosado, engajado e concentrado nos mesmos objetivos, tende a atuar de forma harmoniosa, construindo um caminho focado nos resultados que deseja obter.
Quando não há essa conexão, é possível que ocorra, inclusive, problemas de relacionamento no time, provocando o desejo de um parecer melhor do que o outro durante a atuação esportiva.
Além do mais, a falta de metas focadas no conjunto pode provocar uma atuação “aleatória”, sem existir um “norte” que possa ajudar os atletas a manter um direcionamento nas próprias ações.
Como abordar o individualismo e o espírito de equipe nos esportes de equipe
Evidentemente, o trabalho em equipe pode contribuir para um maior desenvolvimento do time como um todo. Porém, nem sempre é fácil estabelecer esse tipo de harmonia dentro do grupo esportivo.
Por isso, separamos diversas dicas e orientações para que você reflita sobre as melhores formas de implementar o espírito de equipe no seu time.
No entanto, lembre-se de que não existe uma maneira única ou mágica de produzir esse espírito de equipe. O que existem são medidas que podem contribuir para o aumento desse entrosamento.
Algumas considerações, nesse sentido, podem ser colocadas em prática. A seguir, descrevemos opções para você visualizar e considerar o que faz sentido no seu caso:
1. Comunicação
Por meio da comunicação, torna-se possível explanar o que agrada e desagrada cada integrante do grupo. Do mesmo modo, torna-se possível compreender o ponto de vista alheio, sendo que isso é muito importante para que todas as visões sejam respeitadas.
Sendo assim, é imprescindível que o treinador ou o responsável pela interação do grupo trabalhe focado em promover uma comunicação clara e assertiva.
A comunicação aproxima, evita conflitos e retrabalhos, oferece suporte emocional, convida o outro para fazer parte de um grupo, etc. Quando não ocorre uma comunicação assertiva, pode ser possível se deparar com o afastamento entre os membros da equipe, ao mesmo tempo em que ocorre uma diminuição na harmonia dos atletas, resultando em um trabalho muito individual – que não respeita a presença e as necessidades do outro.
Por conta disso, considere sempre investir em momentos de conversa sobre o que aconteceu e o que acontecerá com a equipe. Como foi o desempenho do time? O que poderia ser melhor? Quais são os pontos fortes e fracos do time? O que cada um pensa sobre determinadas estratégias implementadas?
Esses e outros questionamentos, que estejam alinhados à realidade do grupo, podem ocasionar uma maior aproximação entre os pares. Para isso, o treinador também precisa sempre deixar clara a importância do respeito e da consideração para com o outro durante as discussões de determinados assuntos.
2. Construção de metas em conjunto
A construção de metas em conjunto oferece aos esportistas a possibilidade de terem a sua voz ouvida. Quando o treinador disponibiliza a oportunidade de falar e discutir sobre quais os próximos passos do grupo, todos se sentem parte de algo maior, possibilitando o desenvolvimento do espírito de equipe.
Em contrapartida, se apenas o treinador traçar as metas e, simplesmente, apresentá-las ao grupo, os atletas poderão se sentir meros “empregados”, que não possuem voz ativa e que não podem agir de maneira mais proativa e autônoma no próprio trabalho.
Por conta desses fatores, é interessante reservar momentos, de maneira periódica, para que o grupo discuta os caminhos que vêm sendo seguidos pelo time, quais deles podem ser alterados, quais precisam ser remanejados e quais outros devem ser descartados. Ao mesmo tempo, torna-se possível pensar em quais mudanças implementar na rotina do grupo, visando o crescimento mútuo e significativo de todos os envolvidos.
3. Escuta ativa
Escutar o que cada atleta tem a dizer é uma forma de abordar o individualismo e o espírito de equipe nos esportes de equipe. Você poderá escutar as queixas, as dúvidas, as angústias, entre outros questionamentos trazidos pelos atletas.
Muitas vezes, os desentendimentos e desencontros do time, que provocam um individualismo que mina o espírito de equipe, podem estar atrelados à falta de espaço para falar, projetar ideias, conversar, discutir e, simplesmente, resolver questões interpessoais.
Dessa maneira, o treinador pode oferecer uma postura mais ativa, que convide os atletas a falarem e se abrirem mais e com mais confiança. Claro que sem forçar a situação.
Além disso, tenha cuidado na hora de escutar o que o outro tem a dizer. Se nos deixarmos levar pelos nossos preconceitos, podemos anular as dúvidas e dores alheias, causando prejuízos no clima do grupo.
Por isso, além de oferecer uma escuta livre de julgamentos e que seja ativa, lembre-se também de instigar esse tipo de escuta em todos os membros da equipe, ressaltando a importância de ouvir, com atenção, o que cada um tem a dizer.
4. Feedbacks em grupo e individuais
Os feedbacks também podem ser utilizados na hora de abordar o individualismo e o espírito de equipe nos esportes de equipe. Você poderá fazer feedbacks individuais, onde aponta os fatores positivos e negativos de cada atleta, sempre pensando no bem maior, mas sem anular os sentimentos e subjetividades do indivíduo; e os feedbacks grupais, nos quais é possível discutir sobre as melhorias e as fraquezas do grupo como um todo, visando o desenvolvimento sadio da equipe.
Às vezes, a falta de entrosamento está ocorrendo porque o grupo não se sente parte de um time de verdade. E o feedback focado no grupo e no seu desempenho enquanto equipe, pode resgatar essa visão de que todos estão juntos em prol de um objetivo maior.
5. Foco nas habilidades individuais
Quando pensamos em abordar o individualismo e o espírito de equipe nos esportes de equipe, podemos pensar nas habilidades individuais como fatores importantes para a construção de um time qualificado.
Por exemplo, se determinado atleta é muito habilidoso mesmo diante de momentos de pressão psicológica, ele será uma peça-chave em competições mais acirradas e difíceis. Se outro atleta consegue ter uma visão mais estratégica de cada situação, ele poderá ser visto como uma peça-chave para a construção de novos métodos em momentos mais complexos.
Sendo assim, dar abertura para que todas as habilidades se alinhem, em conjunto, formando uma força maior, torna possível trazer à luz o sentimento de equipe.
Caso contrário, os indivíduos poderão ter uma postura mais individualista, focando apenas na sua habilidade de maneira crua, e não atrelada ao que isso pode promover para o time como um todo.
Por isso, conversar sobre cada ponto forte dos atletas, permitindo-os falar sobre isso e buscando formas de reunir essas habilidades, é uma das maneiras de abordar e construir o espírito de equipe.
6. Análise dos resultados obtidos
A análise dos resultados obtidos, quando feita em conjunto e com espaço para que todos participem, auxilia na construção de um grupo mais fortalecido e engajado uns com os outros.
Afinal, se apenas uma parcela dos participantes focar em pensar sobre os resultados e sobre as mudanças que podem ser promovidas a partir deles, como será possível que os outros atletas também se sintam engajados com as novas medidas que serão colocadas em prática?
Por isso, essa análise dos resultados deve ocorrer de forma conjunta, incluindo todos os agentes importantes que fazem parte do grupo esportivo em questão. Dessa maneira, é possível ouvir opiniões, entender as falhas e os acertos, assumir que a equipe foi boa ou poderia ter sido melhor, etc., sem apontar um ou outro como “falho”.
7. Desculpabilização individual
Em algumas situações, é possível que um atleta cometa equívocos durante uma partida específica. Esses equívocos podem estar associados a muitos fatores, que não elencaremos neste momento.
Porém, quando esse erro “individual” ocorre, é muito comum que haja a culpabilização desse atleta pelo fracasso do grupo. Nessas situações, o treinador precisa intervir para que esse tipo de visão não se instaure dentro do time, pois isso poderia enfraquecer os laços e provocar conflitos que danificariam o desenvolvimento do grupo.
Sendo assim, conversar sobre a importância de cada membro da equipe, e ressaltar que ninguém faz nada sozinho dentro de um time, são medidas importantes neste momento.
Mesmo que a falha pareça ser de uma única pessoa, ainda assim ela está dentro de um grupo que tem diversas funções, e ela é apenas mais uma função dentro do time, logo, não é responsável por tudo o que ocorre.
8. Mostrar os benefícios mútuos
Além de fortalecer a proximidade entre os membros da equipe, lembre-se de ressaltar todos os benefícios que esse comportamento pode proporcionar para todos os envolvidos.
Ressaltar que o trabalho em equipe fortalece o time e o alinha rumo aos objetivos maiores é uma maneira de fortalecer a ideia de que os comportamentos em conjunto são benéficos para todos os envolvidos.
Afinal, quando há a junção de todas as habilidades e há espaço para que todos opinem e pensem em conjunto, torna-se possível construir resultados mais promissores e adequados aos desejos de todos os envolvidos – ou seja, todo mundo sai ganhando quando se trabalha em equipe e não com foco apenas no individual.
9. Nunca comparar os membros da equipe
Embora existam membros que possuem a mesma função dentro do grupo, é inviável que o treinador ou os outros colegas do time os comparem. As comparações nunca são justas e podem criar verdadeiras rivalidades dentro da equipe. Por isso, nunca compare os membros, mesmo que tenham a mesma função.
Além disso, lembre-se de instruir as outras pessoas sobre o fato de que esse tipo de comportamento é inadmissível dentro do grupo como um todo. Se perceber alguém comparando os membros, deixe claro que isso não pode ocorrer e que não há espaço para tamanha injustiça dentro do time.
Lembre-se de ressaltar o fato de que cada um possui uma trajetória de vida, regada a superações, desafios, angústias e mudanças. Sendo assim, é inviável comparar os passos de uma pessoa com a estrada de outra, e isso deve ser mantido claro para nunca criar um clima desagradável por conta das comparações.
10. Jamais eleger o melhor ou o pior da equipe
Nunca cometa o equívoco de eleger o melhor ou o pior membro da equipe. Mesmo que você esteja elegendo o melhor, com o intuito de motivá-lo e de instigá-lo a fazer mais, lembre-se que esse “melhor” precisa ser escolhido em detrimento a outros atletas – os “piores”.
Sendo assim, você estaria cometendo o equívoco da comparação, bem como poderia instaurar a rivalidade, tornando o “melhor” o excluído do grupo e o escolhido para ser “maltratado” nos jogos, com o intuito de diminuí-lo.
É muito importante ter esse tipo de cuidado, pois escolher o “favorito” é perigoso e pode ocasionar problemas na atuação do grupo como um todo. Evite esse tipo de postura.
11. Estimular o senso de comunidade com interações
Para além do dia a dia de treinos e competições, é possível abordar o individualismo e o espírito de equipe nos esportes de equipe por meio do senso de comunidade construído nas interações entre as pessoas.
É o caso de reservar encontros de confraternização e happy hour, que incluam todos os participantes do grupo, para conversas descontraídas e momentos de interação sem motivos profissionais.
Dessa maneira, torna-se possível construir uma atmosfera que estreite os laços interpessoais criados dentro do time, ocasionando uma maior proximidade que pode fortalecer o sentimento de comunidade, de grupo e, consequentemente, de equipe esportiva.
12. Mediar conflitos de forma imparcial
Quando pensamos nos relacionamentos humanos, de forma geral, devemos ter a consciência de que não há a menor possibilidade de nos livrarmos dos conflitos e desentendimentos. Cada pessoa é única e, como tal, pensa de uma forma, age de uma maneira, e assim por diante. Em algumas situações, duas pessoas se encontram com pontos de vista diferentes, o que pode gerar conflitos e até mesmo brigas intensas.
Sendo assim, nesses momentos é muito importante que o treinador saiba agir de forma imparcial. É preciso escutar ambos os lados e apresentar a situação de forma racional, buscando a resolução do problema.
Se um lado for visto como o 100% correto, o outro poderá se sentir excluído e injustiçado, quebrando um pouco com aquela sensação de ser do mesmo time.
Quando ambos os lados recebem o mesmo tratamento, analisando o que foi correto e incorreto por parte do atleta, torna-se possível construir a ideia de que todos têm a mesma importância e que não existe ninguém acima da justiça, ou seja, são todos parte de um mesmo grupo, com os mesmos ideais e objetivos.
13. Oferecer um espaço democrático
Permitir que cada membro da equipe opine e dê o seu “voto” na hora de implementar mudanças e transformações também é uma maneira de abordar o individualismo e o espírito de equipe nos esportes de equipe.
Torna-se possível mostrar a força e a importância do grupo como um todo, ao mesmo tempo em que mostra que cada opinião, individual, faz toda a diferença no caminho que será percorrido pelo grupo.
14. Trabalhos focados na saúde mental dos atletas
A saúde mental dos atletas também têm relação direta com o desenvolvimento do espírito de equipe. Se um atleta se sente excluído, com a autoestima baixa e com problemas para expressar suas ideias e sentimentos, pode ser que se sinta fora do grupo em questão.
Em contrapartida, quando a saúde mental é uma prioridade, a inteligência emocional auxilia na atuação frente às outras pessoas, além de fazer o atleta enxergar a sua importância dentro do grupo, de maneira individual, e a importância da sua atuação para com os outros, de maneira coletiva.
Por isso, incentivar práticas saudáveis, incluindo a busca por atendimento psicológico, é uma forma de impulsionar o espírito de equipe nos times.
Considere essas dicas e, sempre que possível, converse com um profissional focado em motivação e desenvolvimento de equipe, visando fortalecer os seus conhecimentos sobre o assunto e assim fomentar uma atmosfera mais sadia aos atletas.