Citomegalovírus Congênito
O que é o Citomegalovírus Congênito?
a infecção congênita por citomegalovírus (CMV) é uma das causas mais importantes de infecção intrauterina, podendo causar sérias sequelas neurológicas e auditivas no recém-nascido.
Essa é a infecção congênita mais comum no mundo, sendo que que 0,2 a 2,4% dos recém-nascidos são infectados congenitamente. Desses, apenas 10% são sintomáticos ao nascimento, mas até 15% dos assintomáticos podem desenvolver sequelas (principalmente surdez) observadas ao longo da infância.
Como ocorre a transmissão?
A gestante pode adquirir o citomegalovírus por contato direto com fluidos corporais contaminados, como saliva, urina, sangue, secreções vaginais, sêmen, leite materno e lágrimas. O CMV é altamente prevalente na população e muitas vezes é transmitido de forma silenciosa, sem sintomas aparentes.
Assim como outros membros da família do vírus do herpes, o CMV estabelece um período de latência vitalício após a infecção primária e se torna residente em monócitos e granulócitos mesmo sem causar qualquer sintoma [1].
Estudos recentes estimaram a prevalência global de soroprevalência de CMV em 83% na população geral e 86% em mulheres em idade fértil [2].
A infecção materna priméria pode acontecer em mulheres soronegativas ou também nas soropositivas, quando se contaminam com uma cepa diferente do vírus.
A infecção pode acontecer a partir do contato com secreção contaminada (principalmente de crianças), por contato sexual com parceiro contaminado ou, mais raramente, através de transfusão sanguínea.
Crianças pequenas eliminam CMV na saliva e urina por meses, mesmo sem sintomas.
A gestante pode se infectar ao beijar essas crianças na boca ou no rosto próximo à saliva, ao trocar fraldas sem lavar as mãos adequadamente ou ao compartilhar talheres, copos ou escovas de dente.
A contaminação pode também ocorrer por Contato íntimo com parceiro sexual infectado ou por meio de transfusão sanguínea.
Quando a mãe é infectada, o CMV pode ser transmitido por via transplacentária. O risco de transmissão aumenta com o avanço da gestação, mas as consequências são mais graves quando a infecção ocorre ainda no 1º trimestre.
O vírus pode também pode ser transmitido durante o parto ou pelo leite materno. Mas a infecção pós natal geralmente tem evolução benigna.
A transmissão materno fetal pode ocorrer tanto por meio de infecção primária (nova infecção) como por reativação da doença que está latente na mãe. No entanto, a infecção causada por infecção primária tem maior capacidade de transmissão vertical e maior potencial de infecção congênita grave.
A infecção congênita por CMV foi de 2,8% nos recém-nascidos de gestantes com infecção primária e de 0,5% naquelas que eram soropositivas antes da gravidez [3].
Quais os sintomas da infecção congênita por CMV?
Sintomas maternos
Na maioria dos casos, a infecção materna é assintomática. Quando presentes, os sintomas são inespecíficos, incluindo:
- Febre baixa
- Mal-estar
- Linfadenopatia
- Quadro semelhante à mononucleose (sem exantema)
Sintomas no recém-nascido
Apenas 10% dos bebês com citomegalovírus congênito serão sintomáticos ao nascimento. Os sintomas mais comuns nesses casos podem incluir:
- Icterícia
- Hepatoesplenomegalia
- Púrpura trombocitopênica
- Restrição de crescimento intrauterino (RCIU)
- Microcefalia
- Calcificações periventriculares (CNS)
- Surdez neurossensorial
- Coriorretinite
- Letargia, convulsões
Cerca de 90% dos casos são assintomáticos ao nascimento. No entanto, até 10-15% desses bebês assintomáticos poderão desenvolver com o tempo perda auditiva progressiva, atraso no desenvolvimento ou dificuldades de aprendizagem (1).
O CMV congênito é a principal causa de sequelas permanentes, responsável por:
- 25% dos casos de perda auditiva neurossensorial congênita;
- 10% dos casos de paralisia cerebral;
- perda de visão;
- Retardo de crescimento.
Prevenção
Atualmente, não existe vacina contra o citomegalovírus. A prevenção depende de cuidados comportamentais, especialmente em gestantes:
- Lavar as mãos com frequência, principalmente após contato com secreções de crianças pequenas (saliva, urina).
- Evitar compartilhar talheres, copos ou escovas de dente com crianças pequenas.
- Cuidado em creches ou ambientes com alto risco de exposição.
Essas medidas são especialmente indicadas para gestantes soronegativas.
Tratamento
O tratamento é indicado apenas para casos sintomáticos, sendo capaz de reduzir o risco de sequelas, especialmente auditivas e neurológicas.
Casos graves, especialmente com acometimento do sistema nervoso, devem ser tratados com Ganciclovir Intravenoso (6 mg/kg a cada 12 horas por 6 semanas).
O tatamento com Valganciclovir por via oral pode ser considerado para casos moderados ou após a melhora clínica, devendo ser mantido por seis meses.