Cirurgia de redesignação sexual (mudança de sexo)

A cirurgia de redesignação sexual, também chamada de cirurgia de mudança de sexo, cirurgia de confirmação ou cirurgia de afirmação de gênero, refere-se a um conjunto de procedimentos que ajudam as pessoas a fazerem a transição para o seu gênero auto-identificado.

Dependendo do tipo de cirurgia, o procedimento poderá ser realizado pelo cirurgião plástico, cirurgião bucomaxilofacial, otorrinolaringologista ou pelo urologista.

A cirurgia de redesignação sexual é um tratamento realizado pela minoria dos indivíduos transgênero. Ela é indicada como uma opção para tratar a Disforia de Gênero.

A disforia de gênero se refere a uma angústia significativa sofrida por pessoas transgênero, decorrente de um sentimento persistente de que o sexo ao nascimento não corresponde a àquilo que elas de fato sentem para sí.

Nem todas as pessoas trasngêneras sofrem com a disforia de gênero. Entre aquelas que sofrem com isso, muitas optam por outras formas de tratamento, incluindo a transição social ou o tratamento hormonal.

Pesquisas relatam que apenas 54% dos homens trans e 28% das mulheres trans chegam a realizar alguma forma de cirurgia de mudança de sexo (1).

As cirurgias mais realizadas por mulheres transgênero incluem:

Cirurgia genital

A cirurgia genital pode envolver a remoção dos testículos ou a remoção dos testículos e do pênis, com a criação de uma vagina, lábios e clitóris. Embora seja a parte mais esperada e desejada da transição por parte das pessoas com disforia de gênero, é uma cirurgia que envolve muitos aspectos além da questão estética / anatômica.

Problemas relacionados à produção hormonal, função urinária e reprodutora também precisam ser levados em consideração. Por estes motivos, muitos pacientes optam por não realizar o procedimento.

Aumento das mamas

A mamoplastia de aumento com a colocação de prótese de silicone é o tipo de cirurgia plástica mais realizado no Brasil por mulheres cisgênero.

No caso de mulheres transgênero, no entanto, é preciso considerar algumas diferenças anatômicas para que se obtenha um bom resultado final com a cirurgia.

Desta forma, o recomendado é que ela seja realizada por cirurgiões plásticos habituados com o tratamento da população transgênera.

Comparativamente com as mulheres cis, o peito de mulheres trans tem as seguintes características que influencirão no procedimento de mamoplastia:

• Tórax tem linhas angulares e mais afiadas.
• Tórax tem linhas angulares e mais afiadas.
• Menor percentagem de gordura corporal.
• Mamilo e aréola menores.
• Músculo peitoral maior e mais desenvolvido.
• Comprimento total do peito é maior, assim como a distância entre o mamilo e a linha inframamária.
• Mamilos localizados mais lateralmente.

Feminização facial

A cirurgia de feminização facial envolve um conjunto de procedimentos que devem ser analizados de acordo com as feições individuais de cada pessoa.

Ainda que possa levar a uma transformação bastante significativa e que de fato possa prover uma feição mais feminina à face, a cirurgia de feminização facial deve levar em consideração a aparência fundamental de cada pessoa.

Os objetivos e o resultado esperado, desta forma, deve ser exaustivamente discutido entre paciente e cirurgião plástico, para que se tenha uma expectativa mais realista sobre o que esperar com o procedimento.

Entre os procedimentos que podem ser incluídos na cirurgia de feminização facial, incluem-se:

• Redução da testa;
• Rinoplastia;
• Levantamento da Sobrancelha e do Canto dos Olhos;
• Redução e afilamento do queixo;
• Redução do Pomo de Adão (proeminência na frente do pescoço).

Cirurgia paraTransformação da vozˆ

Diferentemente do que aconte com os homens transgêneros, os hormônios femininos utilizados como parte do trocesso de afirmação de gêneronão provocam a feminização da voz. Alguma mudança pode ser obtida por meio da Terapia de voz, mas uma mudança mais substancial smente será conseguida por meio da Cirurgia de Transformação Vocal.ˆ

As cirurgias mais realizadas por homens transgênero incluem:

Cirurgia de masculinização facial

Os procedimentos específicos que precisam ser realizados durante a cirurgia de masculinização facial dependem da estrutura facial natural do indivíduo e dos resultados estéticos desejados.

Entre estes procedimentos, podem ser considerados:

• Alongamento de testa;
• Contorno das maçãs-do-rosto (Bichectomia);
• Rinoplastia;
• Contorno de queixo (mentoplastia);
• Remodelação da mandíbula (cirurgia ortognática);
• Cirurgia do Pomo-de-Adão.

Remoção das mamas

A mamoplastia ou mastectomia masculinizadora é um procedimento cirúrgico realizado para retirar a glândula mamária e, depois, é feita a reconstrução de um tórax masculino.

O procedimento é parecido com o que é feito para a ginecomastia, que é o aumento da mama masculina.

A diferença principal é que, no paciente transgênero, é feita a diminuição das aréolas e também do próprio mamilo.

Dependendo da quantidade de tecido glandular que precisa ser retirado, diferentes abordagens e acessos cirúrgicos poderão ser consideradas

Construção peniana (Faloplastia)

A faloplastia é um procedimento de redesignação sexual que envolve a reconstrução do pênis no lugar da vagina por meio de diferentes tipos de retalhos.

Vale considerar que o procedimento não traz funcionalidade ao pênis, além de deixar grandes cicatrizes.

Embora seja a parte mais esperada e desejada da transição por parte de algumas das pessoas com disforia de gênero, estas limitações fazem com que muitos homens trans optem por não realizar o procedimento.

A faloplastia é um procedimento muito menos realizado, quando comparado com a realização de vaginoplastia por mulheres trans.

Cirurgia para engrossamento da voz

A maior parte dos homens transgêneros se dá por satisfeita com as mudanças na voz provocadas pela testosterona, utilizada no processo de afirmação de gênero. A cirurgia de transformaçào vocal pode ser uma opção quando isso não for suficiente, embora isso seja muito menos  comum

Ao se considerar a cirurgia de redesignação sexual, é preciso que esteja muito seguro da decisão, considerando-se as implicações desta decisão e o fato de que os procedimentos não podem ser revertidos.

Por este motivo, a cirurgia somente é permitida no brasil para maiores de 18 anos e após ao menos um ano de seguimento com uma equipe multidisciplinar.

De acordo com a World Professional Association for Transgender Health (WPATH), os seguintes critérios devem ser estabelecidos antes da cirurgia:

• Disforia de gênero duradoura, bem documentada e diagnosticada profissionalmente;
• Capacidade de tomar uma decisão totalmente informada e permitir que os prestadores de cuidados de saúde forneçam tratamento;
• Ter 18 anos ou mais (em alguns países, incluindo o Brasil);
• Ter eventuais condições médicas ou de saúde mental sob controle;
• Ter cartas de recomendação de dois profissionais de saúde mental qualificados;
• Ter pelo menos 12 meses contínuos de terapia hormonal feminilizante.

A avaliação com um psicólogo e psiquiatra é fundamental. Embora a inconformidade de gênero não seja um problema de saúde mental, ela pode em alguns casos estar associada a outros problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.

Eventualmente, essas condições podem precisar ser tratadas antes da cirurgia.

O prazo de 12 meses em que o paciente vive plenamente no processo de transição foi determinado arbitrariamente. Algumas pessoas podem estar prontas de fato mais precocemente, enquanto outras podem precisar de bem mais tempo do que isso. No entanto, essa é uma forma de se assegurar que a decisão correta tenha sido tomada e de se minimizar os riscos de arrependimento frente a uma cirurgia que é irreversível.