Cefaleia em Salvas

A cefaleia em salvas é uma das formas mais intensas de dor de cabeça. A dor costuma ser extremamente forte e afeta principalmente a testa, a região dos olhos ou a área acima dos olhos.

Essa condição se manifesta em períodos de crises recorrentes, chamados de salvas, que costumam durar entre 1 e 3 meses. Após esse período, ocorre uma fase assintomática, em que o paciente fica livre da dor por semanas ou meses.

Em algumas pessoas, as salvas surgem em intervalos regulares — como uma vez por ano, a cada dois ou três anos. Elas são mais frequentes durante a primavera e o outono, embora isso possa variar.

Durante a fase ativa, as crises de dor de cabeça aparecem de forma repentina e têm duração variável, geralmente entre 15 e 180 minutos. É comum que ocorram diversas crises ao longo do mesmo dia, impactando significativamente a rotina do paciente.

Além da dor intensa, os seguintes sintomas associados são frequentemente observados:

• Lacrimejamento no olho do lado afetado;
• Congestão nasal ou corrimento nasal;
• Edema palpebral (inchaço da pálpebra);
• Sensação de inquietude e agitação.

A cefaleia em salvas é mais comum em homens entre 20 e 40 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade ou gênero (1). Além disso, há uma tendência familiar: ter um pai ou irmão com histórico de cefaleia em salvas aumenta o risco de desenvolver a condição.

Observa-se que muitas pessoas com cefaleia em salvas são fumantes. Entretanto, parar de fumar geralmente não influencia significativamente as crises durante um período ativo.

Já o consumo de álcool durante uma fase de salvas pode desencadear novas crises (2). Fora dos períodos ativos, tanto o tabaco quanto o álcool podem precipitar o início de um novo ciclo de salvas.

A crise da cefaleia em salvas tem início abrupto, sem aviso prévio. A dor geralmente ocorre atrás ou ao redor de um dos olhos, podendo, em alguns casos, irradiar para outras áreas do rosto, cabeça ou pescoço.

A dor costuma acometer apenas um lado da cabeça e é acompanhada por sinais típicos, como:

• Lacrimejamento excessivo;
• Vermelhidão do olho;
• Nariz entupido ou escorrendo;
• Sudorese na testa ou face;
• Palidez ou rubor no rosto;
• Inchaço ao redor do olho;
• Pálpebra caída no lado afetado.

Ao contrário do que ocorre na enxaqueca, em que o paciente geralmente busca repouso, quem sofre de cefaleia em salvas tende a ficar inquieto, andando de um lado para o outro. Quando sentado, o paciente não encontra uma posição confortável e frequentemente se balança para frente e para trás.

Um período de salvas geralmente dura várias semanas a meses.

A dor de cabeça geralmente ocorre todos os dias durante o período, às vezes várias vezes ao dia. Um único ataque pode durar de 15 minutos a três horas. É comum que os ataques aconteçam no mesmo horário todos os dias.

Na maioria das vezes eles ocorrem durante à noite, geralmente 1 a 2 horas depois de ir para a cama.

A dor termina tão repentinamente quanto começou. Após os ataques, a maioria das pessoas não sente dor, mas se sente exausta.

A causa exata da cefaleia em salvas é desconhecida. Entretanto, acredita-se que anormalidades no relógio biológico do corpo, localizado no hipotálamo, desempenham um papel.

Ao contrário da enxaqueca e da Cefaleia tensional, a cefaleia em salvas geralmente não está associada a fatores desencadeantes, como alimentos, alterações hormonais ou estresse.

Entretanto, uma vez que um período de Salvas começa, o consumo de álcool pode desencadear rapidamente uma dor de cabeça intensa.

Certos medicamentos também podem contribuir para a piora da dor.

A cefaleia em salvas não possui cura definitiva. Portanto, o principal objetivo do tratamento é reduzir a intensidade e a duração das crises.

Para aliviar a dor durante as crises, o Neurologista pode indicar injeções de triptano ou di-hidroergotamina. A inalação de oxigênio puro (100%), administrada por máscara facial não reinalante, pode proporcionar alívio rápido, geralmente entre 5 e 10 minutos.

Analgésicos comuns, como o paracetamol, não são eficazes no alívio da dor causada pela cefaleia em salvas. No entanto, algumas medidas caseiras, como mergulhar os pés em água quente e aplicar compressas de gelo na face, podem ajudar a reduzir o desconforto.

Devido à frequência, intensidade e incapacidade que essa condição pode causar, muitos pacientes recebem indicação para o uso de medicamentos preventivos. A prevenção é geralmente realizada com corticosteroides ou por meio do bloqueio do nervo occipital maior.