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Câncer de Pele

O que é câncer de pele?

O câncer de pele se refere a um crescimento descontrolado de células anormais na epiderme, a camada mais externa da pele. Ele corresponde a aproximadamente 30% dos casos de câncer diagnosticados no brasil.

O câncer é causado por causada por danos não reparados no DNA destas células. Estas células mutantes passam a se multiplicar rapidamente, para formar tumores malignos.

As características clínicas do câncer de pele podem ser bastante diferentes de uma pessoa para outra devido ao tom da pele, tamanho e tipo de câncer e de onde ele está localizado.

Os tipos mais comuns, embora muito frequentes, costumam ser pouco agressivos se descobertos nos estágios mais precoces.

Qual a causa câncer de pele?

A principal causas de câncer de pele são os raios ultravioleta nocivos do sol. Além disso, raios ultravioletas provenientes de câmaras de bronzeamento UV são fator de risco importante para quem os utiliza.

Cada vez que a luz ultravioleta atinge a pele, ela pode danificar parte do DNA dentro das células. O corpo então tenta reparar esse dano.

Eventualmente, a lesão aumenta além da capacidade de recuperação da pele, podendo levar a o desenvolvimento das mutações características do câncer de pele.

Fatores de risco

Pessoas regularmente expostas ao sol, como aquelas que desempenham atividades recreativas ou profissionais ao ar livre, estão sob maior risco.

Além disso, o câncer de pele é incomum em pessoas negras, sendo o risco maior para pessoas de pele clara, cabelos loiros ou ruivos e olhos azuis. Os idosos também têm maior probabilidade de desenvolver o problema.

Vale considerar, no entanto, que indivíduos de pele negra desenvolvem mais comumente a forma mais grave do câncer da pele, que é o melanoma de extremidades.

As pintas, ou nevus, são consideradas tumores benígnos. Podem aparecer em qualquer faixa etária, inclusive na infância. Em geral, permanecem sem causar problemas. Porém, quem tem um número elevado delas precisa ficar atento, pois tem mais probabilidade de desencadear o melanoma.

Por fim, pessoas com histórico pessoal ou familiar de câncer de pele estão sob maior risco, sendo que

10% das pessoas que desenvolvem câncer de pele já tiveram alguém próximo na família com o mesmo problema.

Quais os principais tipos de câncer de pele?

Os três principais tipos de câncer de pele são:

  • Carcinoma basocelular;
  • Carcinoma de células escamosas;
  • Melanoma;

Carcinoma basocelular

Os carcinomas basocelulares são crescimentos anormais e descontrolados que surgem das células basais da epiderme, que é a camada mais externa (superficial) da pele.

Eles geralmente se desenvolvem em áreas da pele normalmente expostas ao sol, especialmente rosto, orelhas, pescoço, couro cabeludo, ombros e costas.

Esta é a forma mais comum de câncer de pele. Eles podem ser localmente destrutivos se não forem detectados e tratados precocemente. Ocasionalmente, esses se espalham para outras partes do corpo (formam metástases) e, em casos muito raros, podem ser fatais.

Carcinoma de células escamosas

O carcinoma de células escamosas é um crescimento descontrolado de células anormais que surgem das células escamosas da epiderme.

Eles geralmente aparecem em áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço e mãos. São lugares onde a pele frequentemente revela sinais de danos causados ​​pelo sol, incluindo rugas e manchas senis.

O carcinoma de células escamosas é a segunda forma mais comum de câncer de pele.

Eventualmente, eles podem crescer rapidamente e metastatizar se não forem detectados e tratados precocemente.

Melanoma

O melanoma é um câncer que se desenvolve a partir dos melanócitos, as células da pele que produzem o pigmento melanina, que dá cor à pele.

Eles geralmente se assemelham a sinais na pele e às vezes podem surgir deles. Eles podem aparecer em qualquer área do corpo, mesmo em áreas que normalmente não são expostas ao sol.

O melanoma é frequentemente desencadeado pelo tipo de exposição solar intensa e intermitente que leva a queimaduras solares. O uso de câmaras de bronzeamento também aumenta o risco de melanoma.

O melanoma é o mais perigoso dos cânceres de pele. Ainda assim, eles podem ser curáveis ​​quando detectados e tratados precocemente.

Prevenção

A maioria dos cânceres de pele são evitáveis. As medidas preventivas devem em teoria ser adotas por qualquer pessoa. No entanto, elas são especialmente importantes para pessoas no grupo de risco, incluindo aquelas com histórico prévio de câncer de pele e parentes próximos de pessoas que tiveram o câncer.

As principais medidas preventivas incluem:

  • Evitar a exposição solar entre as 10h e as 16h, sempre que possível dando preferência para outros horários.
  • Usar protetor solar o ano todo, mesmo em dias nublados. Deve-se dar preferência para aqueles com FPS de pelo menos 30. O protetor deve ser reaplicado a cada duas horas.
  • Uso de roupas com proteção solar, incluindo bonés e chapéus.
  • Utilização de óculos de sol com bloqueio para raios UVA e UVB.
  • Evitar câmeras de bronzeamento
  • Verificar a pele regularmente, comunicando eventuais alterações ao médico dermatologista. Examine sua pele frequentemente para novos crescimentos de pele ou alterações em manchas, sardas, inchaços e
  • marcas de nascença existentes.

Quando desconfiar do câncer de pele?

Diferenciar lesões de pele cancerígenas de não cancerígenas é um desafio clínico importante, especialmente porque alguns tumores malignos podem se apresentar de forma discreta no início.

Lesões benignas comuns que podem confundir o diagnóstico de câncer incluem:

  • Nevo melanocítico (pinta comum): geralmente simétrico, bordas regulares, cor uniforme, estável ao longo do tempo.
  • Queratose seborreica: aspecto “verrucoso” ou “pregueado”, bem delimitada, coloração variável, aspecto “colado na pele”.
  • Hemangioma: lesão vermelho-viva ou arroxeada, compressível.
  • Papiloma viral (verruga): superfície áspera, muitas vezes em áreas de trauma.

A avaliação deve considerar características clínicas, dermatoscopia e, em casos duvidosos, biópsia.

Avaliação clínica

Nas lesões pigmentadas, suspeita de melanoma, utilizam-se os critérios ABCDE. São sugestivos de melanoma:

A – Assimetria: uma metade diferente da outra

B – Bordas: irregulares, entalhadas ou mal definidas

C – Cor: variação de cor (preto, marrom, vermelho, branco, azul)

D – Diâmetro: >6 mm (mas melanomas podem ser menores)

E – Evolução: crescimento rápido, mudança de cor ou formato, sintomas (sangramento, coceira)

Nas lesões não pigmentadas, a avaliação leva em consideração as características da lesão:

  • Carcinoma basocelular (CBC): Lesão em forma de “pérola”, translúcida, com bordas elevadas e presença de telangiectasias. Ela pode ulcerar, formando o que se chama de “úlcera roedora”.
  • Carcinoma espinocelular (CEC): Lesão nodular ou em placa, endurecida, frequentemente com crosta ou ulceração

Outros sinais de alerta comuns a tumores cutâneos incluem:

  • Ferida que não cicatriza em 4–6 semanas
  • Lesão que sangra facilmente ou com crosta persistente
  • Crescimento progressivo ou mudança recente

Dermatoscopia

A dermatoscopia é um método de exame clínico não invasivo que utiliza um equipamento chamado dermatoscópio para avaliar lesões de pele suspeitas.

Ela permite visualizar estruturas da epiderme e derme papilar não visíveis a olho nu, usando ampliação (geralmente 10x) e iluminação polarizada ou com líquido de imersão.

O exame melhora a diferenciação entre lesões benignas e malignas, reduzindo biópsias desnecessárias e aumentando a detecção precoce de melanomas.

Diagnóstico do câncer de pele

O médico dermatologista pode desconfiar do câncer de pele a partir das queixas do paciente e da inspeção de uma lesão suspeita.

A confirmação é feita por meio da biópsia da pele, seguida de avaliação da amostra no laboratório. A biópsia não apenas confirma o diagnóstico do câncer, mas também identifica qual o tipo de câncer de pele.

Outros exames podem ser necessários para avaliar o estágio do câncer e se ele se espalhou (formou metástases).

O estágio de um câncer descreve seu tamanho e se ele se espalhou. Carcinomas basocelulares (BCCs) raramente precisam de estadiamento, já que não costumam se espalhar e não têm outras características de alto risco. Apenas um número muito pequeno de carcinomas de células escamosas requer estadiamento. Isso é determinado de acordo com a localização do cêncer, seu tamanho ou pelos achados da biópsia.

Outros tipos de câncer, especialmente os melanomas, geralmente exigem uma investigação adicional.

Linfonodos próximos devem ser investigados, o que dependendo do caso pode ser feito com exames de imagem ou biópsia.

Outros exames de imagem também podem ser necessários.

Tratamento

O tratamento do câncer de pele varia de acorpod com o tipo, tamanho, profundidade e localização das lesões.

Pequenos cânceres de pele limitados à superfície da pele podem não exigir tratamento além da biópsia inicial, que remove todo o crescimento.

Se for necessário tratamento adicional, as opções podem incluir:

Cirurgia

Diferentes técnicas cirúrgicas podem ser utilizadas no tratamento do câncer de pele:

  • Congelamento com nitrogênio líquido (criocirurgia).
  • Cirurgia excisional: remoção cirúrgica do tecido canceroso com uma margem circundante de pele saudável.
  • Cirurgia de Mohs: procedimento é para cânceres de pele maiores, recorrentes ou difíceis de tratar, que podem incluir carcinomas de células basais e escamosas. É muito usado em áreas onde é necessário conservar o máximo de pele possível, como no nariz. Durante a cirurgia de Mohs, o tumor é removido camada por camada, examinando cada camada sob o microscópio, até que não restem células anormais. Este procedimento permite que as células cancerígenas sejam removidas sem tomar uma quantidade excessiva de pele saudável ao redor.
  • Curetagem e eletrocalterização / crioterapia: Dependendo da lesão, a cirurgia pode também ser feita por uma técnica de curatagem combinada com a cauterização. Neste caso, o leito da lesão é raspado com uma curata. A seguir, uma agulha elétrica destrói as células cancerígenas remanescentes. Em uma variação desse procedimento, o nitrogênio líquido pode ser usado para congelar a base e as bordas da área tratada.

Terapia fotodinâmica

A terapia fotodinâmica é um tratamento minimamente invasivo utilizado principalmente para lesões de pele não melanoma e algumas condições pré-malignas. Ela combina um agente fotossensibilizante e uma fonte de luz de comprimento de onda específico para gerar espécies reativas de oxigênio que destroem seletivamente as células-alvo.

O procedimento se inicia com a aplicação de um agente fotossensibilizante, que tornam as células cancerígenas sensíveis à luz. Em um segundo momento, a pele acometida é exposta à luz visível vermelha ou azul (geralmente LED ou laser). A energia luminosa ativa o fotossensibilizante, formando espécies reativas de oxigênio que induzem necrose e apoptose celular. O procedimento tem dano limitado às células saudáveis ao redor da lesão.

Radioterapia

A radioterapia é uma opção terapêutica importante no câncer de pele não melanoma (carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular), sendo indicada principalmente em situações específicas onde a cirurgia não é viável ou desejável, incluindo:

  • Pacientes sem condições clínicas para cirurgia (idosos, comorbidades graves).
  • Tumores em áreas de difícil ressecção cirúrgica, como a região periorbitária, nariz, orelha, lábio, canto interno do olho.
  • Quando a cirurgia causaria grande deformidade.
  • Após uma cirurgia na qual se observam margens cirúrgicas comprometidas, sem possibilidade de nova ressecção.
  • recidivas locais após tratamento prévio cirúrgico.
  • tratamento paliativo de tumores avançados ou sintomáticos (sangramento, dor).

Quimioterapia

A quimioterapia tem papel limitado no tratamento do câncer de pele não melanoma (carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular), pois a maioria dos casos é tratada com cirurgia, radioterapia ou terapias tópicas. Ela é utilizada principalmente em doença metastática, localmente avançada ou quando não há possibilidade de tratamentos locais curativos.

Nos Melanomas, a quimioterapia clássica era um tratamento padrão, mas hoje foi substituída por imunoterapia (anti-PD-1, anti-CTLA-4) e terapias alvo (BRAF/MEK). O uso atual da quimioterapia em melanoma é apenas paliativo em casos refratários.

Imunoterapia

A imunoterapia transformou o tratamento dos cânceres de pele, principalmente do melanoma, mas também de alguns cânceres de pele não melanoma (CPNM), especialmente o carcinoma espinocelular cutâneo avançado.

Antes da imunoterapia, o melanoma metastático tinha sobrevida mediana menor do que 1 ano. Hoje, com bloqueadores de checkpoint imunológico, parte dos pacientes alcança respostas duradouras, inclusive com curas funcionais.