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Avaliação da Composição Corporal

Para que serve a avaliação de composição corporal?

 

A Avaliação da composição corporal é uma forma de se avaliar quanto cada pessoa tem dos diferentes tecidos corporais. Em alguns casos ela pode diferenciar os tecidos como massa gorda (gordura) e massa magra (músculos, água, ossos, órgãos) e em outros poderá diferenciar cada um destes tecidos individualmente.

 Diversos métodos foram desenvolvidos para a aferição da composição corporal, cada um com suas vantagens e desvantagens. Entretanto, todos os métodos disponíveis na prática clínica oferecem apenas estimativas da composição corporal e todos têm alguma margem de erro que costuma variar entre 2 e 3% para mais ou para menos (1).

Ainda que os resultados do teste costumem vir acompanhados de valores de referência, estas referências devem ser sempre avaliadas com cautela, já que não existem valores de composição corporal que devem ser considerados ideais para qualquer pessoa. O principal benefício do exame é quando ele é repetido com alguma frequência para avaliar a resposta a exercícios físicos ou dietas.

Principais métodos

Pregas cutâneas

O teste de pregas cutâneas é feito com a utilização de um equipamento específico, denominado de Paquímetro. Existem diferentes protocolos para a aferição, mas em todos eles o examinador pinça a pele e a gordura subcutânea com os dedos em localizações pré-determinadas e, a seguir, é medida a espessura deste tecido. A composição corporal é estimada ao se colocar as medidas obtidas em fórmulas pré-estabelecidas.

O teste diferencia basicamente a quantidade de peso que é formada por gordura (massa gorda) e a quantidade de peso formada por outros tecidos que não a gordura (massa magra). Ele não permite identificar se eventuais variações na massa magra acontecem em decorrência de variações na quantidade de água ou de musculatura.

A medição das pregas cutâneas é uma das formas mais utilizadas para a avaliação da composição corporal, o que se justifica por seus inúmeros benefícios:

  • Os resultados são confiáveis e reprodutíveis nas mãos de examinadores experientes com a técnica
  • Não exige preparo específico, o que significa que é um bom método especialmente para aqueles que farão a medição com relativa frequência
  • Não envolve o uso de equipamentos de alto custo
  • O paquímetro é facilmente transportável em uma mochila, o que torna ele prático para medições fora do ambiente do consultório ou clínica.

Por outro lado, é importante que se fique atento a algumas limitações importantes:

  • Existem diferentes fórmulas e protocolos para a medição da composição corporal, que podem ter resultados ligeiramente diferentes. Assim, não se deve comparar o resultado obtido pela avaliação das pregas cutâneas feitas com diferentes protocolos de medição;
  • A medição é tecnicamente exigente e depende de um examinador experiente com o método.

Bioimpedância

A aferição da Composição corporal por Bioimpedância é feita com um aparelho parecido com uma balança, o qual emite uma corrente elétrica e estima a composição corporal com base na resistência que esta corrente sofre para atravessar os diferentes tecidos do corpo.

A bioimedância é um método rápido de ser feito e que envolve poucos custos, fazendo dele um dos preferidos dos nutricionistas. O teste tem se popularizado também com a venda de balanças para o público geral, não especializado, que pode medir a composição corporal na própria casa.

Por outro lado, a bioimpedância é bastante sensível a uma série de fatores que podem levar a imprecisões no resultado, especialmente o estado de hidratação do paciente (2). Quando usado de forma seriada para avaliar o resultado de dietas e treinamentos (a principal indicação para o teste), onde não se espera grandes transformações entre dois testes consecutivos, a validade da medida é bastante questionável neste sentido. 

Densitometria por emissão de raios x de dupla energia (DXA)

A Densitometria por emissão de raios x de dupla energia (DXA) é considerada o método padrão ouro em termos de precisão para avaliação da Composição corporal. Geralmente, quando queremos saber se um método está sendo satisfatório para a avaliação da Composição corporal, o que se faz é comparar o resultado deste método com o da Densitometria.

O exame ainda tem a vantagem de ser rápido (dura entre 10 e 20 minutos) e tem a capacidade de avaliar a composição em cada segmento do corpo (tórax, abdome, pelve), de forma a não apenas mostrar qual a quantidade de gordura e músculo no corpo, mas também como cada um destes tecidos está distribuído nos diferentes segmentos corporais. 

Por outro lado, o que limita a utilização da densitometria é que ela é um exame caro, que precisa de um equipamento que além de ser grande também é caro e que como regra geral só está disponível nos grandes laboratórios e hospitais, o que torna inviável sua utilização de rotina, com diversos exames tendo que ser feitos de tempo em tempo.

Além disso, uma preocupação extra é que a Densitometria envolve a emissão de radiação, ainda que a quantidade de radiação emitida com os aparelhos modernos seja bastante reduzida.

Qual o melhor método para a avaliação da composição corporal?

 

Todos os métodos para a avaliação da composição corporal disponíveis têm suas vantagens e desvantagens discutidas acima, de forma não existe um método ideal para todas as pessoas. 

Ainda que nenhum deles seja totalmente preciso, os erros tendem a se repetir com os exames seriados.  

Como exemplo, se uma pessoa fizer a medida da Composição corporal usando diferentes métodos no mesmo dia, ela pode ter 16% de gordura medido por pregas cutâneas, 17% quando medido por bioimpedância e 18% quando medido por densitometria. 

Em um segundo momento, se ela repetir os testes após ter aumentado em 2% sua gordura corporal, ela tenderá a medir 18% pelas pregas cutâneas, 19% com a bioimpedância e 20% com a Densitometria. Isso torna o exame confiável para o acompanhamento seriado, desde que o método seja o mesmo e, idealmente, que o aparelho e o examinador também sejam os mesmos. 

Qual a importância da Composição corporal para o atleta?

 

A manutenção de um peso corporal total adequado é fundamental para o bom desempenho esportivo. Atletas mais leves são capazes de saltar mais alto, o que é importante em esportes como a ginástica, vôlei, basquete e atletismo.

Além disso, a energia gasta para correr e se deslocar na horizontal será menor, sendo isso primordial nas corridas de longa distância, triathlon, ciclismo e hipismo. O peso corporal total também é importante nas modalidades divididas por categoria de peso, como o remo e muitas das modalidades de luta.

A busca por um corpo mais leve, porém, tem limites. Não adianta em nada ter um corpo mais leve e não ter força suficiente para realizar o gesto esportivo com precisão. A busca pela perda de peso a qualquer custo acaba por levar a uma perda não apenas de gordura, mas também de massa muscular, comprometendo o desempenho esportivo. Desta forma, mais importante do que controlar o peso corporal total é buscar um equilíbrio entre a quantidade de musculatura e a quantidade de gordura. Isso significa que, além do peso, é importante também que se pense na composição corporal.

A composição corporal deve ser vista de forma individualizada e sempre considerando o esporte em questão, uma vez que os objetivos podem ser diferentes de acordo com a modalidade:

  • Esportes como a corrida de longa distância, ginástica ou ballet exigem uma baixa quantidade de gordura corporal;
  • Esportes como o futebol, basquete e vôlei também se beneficiam de baixos índices de gordura corporal, mas deve-se ter um maior cuidado para não comprometer a força;
  • No Levantamento de Peso Olímpico, o ganho de massa muscular deve ser visto de forma prioritária frente a necessidade de perda de gordura;
  • Esportes como a maratona aquática se beneficiam de uma quantidade maior de gordura, uma vez que esta auxilia na manutenção da flutuabilidade e da temperatura corporal.

Qual a composição corporal ideal para o atleta?

 

Ainda que muitos testes para a avaliação da composição corporal venham com valores de referência do que seria uma composição ótima, boa, regular ou ruim, esta determinação não é tão simples, ainda mais para um atleta profissional nos quais os limites entre o ótimo e o ruim estão relativamente próximos.

Entre as limitações para o uso da composição corporal, devemos considerar:

  • Todos os métodos de aferição da composição corporal fazem isso de forma indireta, ou seja, são apenas estimativas. Mesmo quando tecnicamente bem aplicados, existe uma variação de ao menos 2 a 3% para mais ou para menos, a depender da técnica. Isso significa que uma atleta na qual o teste indicou 13% de gordura pode ter, de fato, entre 10% e 16%. Em um dos extremos, isso pode ser considerado ótimo; no outro, ruim.
  • A composição corporal ideal varia de acordo com a modalidade. O que para um nadador de longa distância é bom, para um ginasta será péssimo. O contrário também é válido.
  • A composição ideal também varia de acordo com as características físicas do atleta: se possui pernas mais curtas ou mais longas, bacias estreitas ou largas e assim por diante.
  • Nas mulheres, a composição sofre variação de acordo com as diferentes fases do ciclo menstrual;
  • Atletas de diferentes raças (negros, brancos, orientais) também possuem diferentes composições corporais.

Infelizmente, não é incomum que estas limitações sejam ignoradas por treinadores e equipe técnica, que acabam assumindo valores de referência pré-determinados de forma arbitrária. Muitas vezes, colocam metas não realísticas para seus atletas, que na busca por uma perda de peso a qualquer custo acabam por desenvolverem distúrbios alimentares, competindo em piores condições e ficando mais vulneráveis a lesões.

A avaliação da composição corporal é também primordial no acompanhamento de eventuais dietas que o atleta esteja fazendo, seja para ganho ou perda de peso. Assim, será possível saber se ele está perdendo ou ganhando gordura e se está ganhando ou perdendo músculo.

Um atleta de 70kg, que esteja fazendo uma dieta para perda de gordura, deve se dar por satisfeito se mantiver os 70kg, porém com 2kg a mais de músculo e 2 kg a menos de gordura. Por outro lado, deverá rever a dieta se estiver com 68kg, tendo perdido 2kg de musculatura.

Composição corporal no tratamento da obesidade

 

Uma das principais utilizações da Avaliação da Composição corporal é para o acompanhamento de Dietas para perder peso. O tratamento da obesidade deve considerar não apenas a quantidade total de peso perdido, mas também eventuais variações na composição corporal. 

Como regra geral, a perda de peso depende de uma dieta hipocalórica, o que tem a tendência de provocar também uma perda de musculatura. Quanto mais rápida a perda de peso, maior a tendência em se perder musculatura, daí a importância de se evitar dietas excessivamente restritivas com foco na perda muito rápida de peso. A prática regular de exercícios (especialmente exercícios de força) também tem um papel importante na preservação da massa muscular.

A avaliação da composição corporal, desta forma, é fundamental para a avaliação do resultado destas dietas e pode indicar a necessidade de eventuais ajustes, quando vistas junto com a avaliação do peso total.

Como exemplo, uma pessoa que perde 10kg durante uma Dieta para perda de peso pode ter perdido 13kg de gordura e ganhado 3kg de massa muscular, o que seria considerado um excelente resultado, como pode ter perdido 6kg de gordura e 4kg de massa muscular, um resultado muito mais preocupante.