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Autoestima na infância

Autoestima na infância

A autoestima na infância é marcada por características bastante específicas. Nesta fase da vida, as crianças buscam a aprovação dos adultos e tentam encontrar, nas suas relações de referência, os sinais do que é considerado positivo e negativo.
Criar uma atmosfera segura e que fortaleça a autoestima da criança é dar a ela a oportunidade de se desenvolver com mais saúde mental e, ainda, oferecer mais qualidade de vida e bom desempenho escolar.
Veja, a seguir, essas e outras informações detalhadas para que você, pai, mãe ou educador, possa oferecer um mundo mais saudável para as suas crianças.

Aspectos da autoestima na infância

São diversos os aspectos da autoestima na infância que podemos considerar. No entanto, abaixo trouxemos 4 pontos profundos que podem lhe ajudar a direcionar as suas ações com as crianças. Veja:

1. A criança busca “pistas” do que é mais ou menos aceitável
Em seu círculo social, a criança constantemente observa sinais do que pode ser considerado aceitável e positivo. Por isso, as atitudes dos adultos devem ser positivas e equilibradas, uma vez que servem de “espelho” para o indivíduo em desenvolvimento.
Se a criança cresce em um lar de pouco afeto, onde há a presença de comportamentos explosivos e violentos, poderá compreender que não possui a aprovação dos pais, o que consequentemente cria a imagem de incompletude e incapacidade por parte dela.
Por isso, criar uma atmosfera segura, com uma comunicação não-violenta, e de um modo que fortaleça a sensação da criança de ser amada, são ações que a ajudam a entender se está “no caminho certo”.

2. A forma como a família lida com a criança impacta em sua autoestima
Como dito acima, a maneira como a família trata a criança pode impactar na sua autoestima.
Se os pais não elogiam a criança, não demonstram satisfação com os resultados que ela atinge e sequer a apoiam diante de desafios, ela poderá se sentir “excluída”, incapaz e menos do que realmente é.
Afinal, a autoestima na infância ainda é muito pautada no que os adultos aprovam ou reprovam, especialmente quando esses adultos são os pais.

3. O estilo parental afeta o desenvolvimento da autoestima na infância
Além de a forma como os pais lidam diretamente com a criança afetar a autoestima na infância, a maneira de lidar com a vida e com as regras também geram impactos nesse pequeno em desenvolvimento.
Isto é, se os pais são permissivos demais, não impõem regras e não apresentam considerações claras, negligenciando a presença da criança, esta poderá ter a sua autoestima afetada negativamente.
Em contrapartida, se os pais são presentes, oferecem regras claras e justificadas (como hora para dormir, por exemplo), a criança se sente parte daquele círculo social familiar e tendencialmente fortalece a sua autoestima.

4. O ambiente escolar também tem um papel importante nessa construção
A escola também tem um papel importante na construção da autoestima. Alguns aspectos envolvidos com isso são:

  • Casos de bullying;
  • A atuação do professor para com as crianças;
  • A inclusão ou exclusão do aluno em atividades;
  • Entre outros fatores.

Por isso, os pais devem manter uma proximidade com a escola para compreender o que acontece nesse espaço, mediando o desenvolvimento saudável do filho.

Como a autoestima na infância afeta o desempenho escolar?

A autoestima na infância também tem um papel importante no desempenho escolar da criança. Vamos pensar em algumas considerações? Acompanhe:

  • Crianças com autoestima elevada sentem-se mais satisfeitas na escola
  • Você, adulto, quando está se sentindo bem consigo mesmo, com a autoestima elevada, tendencialmente se sente mais satisfeito nas suas atividades cotidianas, certo? Essa satisfação também é capaz de aumentar a sua disposição para colocar algumas ações em prática, correto? Pois é!
  • Com a criança, o caminho é semelhante. Quando ela se sente bem consigo mesma, a sensação de satisfação e felicidade podem ser maiores. Essas sensações aumentam a disposição para cumprir com suas tarefas e atividades escolares com mais afinco. Consequentemente, o desempenho escolar é afetado positivamente.

Crianças com baixa autoestima podem se sentir inseguras e desinteressadas
Em contrapartida, crianças com baixa autoestima podem ter menos interesse nas atividades escolares. O humor deprimido pode ocasionar uma redução na disposição para iniciar tarefas de forma mais criativa e energizada.
Consequentemente, o desempenho escolar pode diminuir, resultando em notas mais baixas e formando um ciclo negativo: notas mais baixas > desaprovação dos pais > diminuição da autoestima > impactos no desempenho > notas mais baixas.

Quais as principais características da alta autoestima na infância?

Além de compreender os aspectos que já discutimos até aqui, outro ponto de extrema relevância é reconhecer os sinais da alta e da baixa autoestima em uma criança. Comecemos pelos sinais da boa autoestima:

  • Atitudes independentes: Uma criança que confia em si mesma tende a ter atitudes mais independentes, dentro dos seus limites de maturação psíquica e emocional. É o caso de uma criança de 10 anos tentar preparar uma refeição para si mesma, ou arrumar o quarto sem a ordem dos pais.
  • Responsabilidade: Uma criança com boa autoestima tende a ser responsável, uma vez que sabe que esse comportamento também faz parte das aprovações alheias.
  • Demonstra orgulho pelo o que faz: Tendencialmente, uma criança satisfeita consigo mesma tende a demonstrar orgulho pelo que faz. É o caso de uma criança demonstrar felicidade e orgulho ao tirar uma nota boa, mostrando-a para a família.
  • Pode influenciar outras pessoas com seu entusiasmo: Os coleguinhas tendem a participar das propostas dadas pela criança, como a escolha da próxima brincadeira, por exemplo.
  • Demonstra os sentimentos sem medo dos julgamentos: A criança pode demonstrar seus sentimentos de forma saudável, sem medo de ser julgada. Ela chora quando quer chorar, fala da sua raiva quando a sente, etc. Sendo assim, ela evita “esconder” o que está sentindo.
  • Possui uma capacidade de sociabilidade considerável: A criança com boa autoestima pode apresentar uma capacidade social considerável. Isto é, ela possui bastante amigos próximos, que confiam nela. Ao mesmo tempo, demonstra proximidade com esses colegas, de forma genuína e sem se “anular” para isso.

Quais as principais características da baixa autoestima na infância?

Agora, vamos pensar nos sinais de baixa autoestima na infância?

  • Não acredita que tem qualidades, mesmo quando recebe elogios: Embora os pais ou professores possam elogiar, mesmo que esporadicamente, a criança com baixa autoestima tende a não acreditar nas próprias qualidades.
  • Tem medo de expor os seus sentimentos: A criança com baixa autoestima pode tentar esconder os sentimentos, especialmente aqueles que forem tidos como “negativos” pelas outras pessoas, como tristeza, vergonha, raiva, etc.
  • É facilmente influenciável e manipulável por outras pessoas: A criança tem dificuldade para apresentar uma ideia própria, sempre se deixando levar pelo o que os outros falam ou “ordenam”.
  • Não se sente valorizada: Esse sinal pode ser difícil de detectar, mas a criança pode estar sempre se diminuindo, dizendo que seu trabalho na escola não vale muito, ou que a sua nota não foi tão boa assim. Se os pais não elogiam e não tentam reverter esse tipo de visão, ela poderá se sentir ainda mais desvalorizada, crendo que tem razão.
  • Possui dificuldade para começar algo novo: A baixa autoestima na infância pode provocar dificuldades na hora de iniciar algo novo. Por exemplo, imagine que o seu filho deseja começar na escolinha de futebol, porém, ele sempre procrastina esse sonho porque não quer começá-lo agora. Além disso, começar um trabalho escolar, uma conversa com outra criança ou qualquer outro tipo de “começo” que o expõe pode ser bem difícil, devido ao medo do julgamento por ser “incapaz”.
  • Pouco contato com os amigos: A criança com baixa autoestima tende a se isolar, fechando-se em um círculo de amigos muito pequeno ou nulo. Não gosta de participar das festinhas de aniversário e reluta em ir à escola e aos eventos escolares.
  • Diminuição no desempenho escolar: O desempenho escolar começa a ser afetado, como mencionamos anteriormente, devido à falta de autoconfiança, ao desinteresse e aos impactos psicológicos que atrapalham a concentração e o foco.

Como os pais podem ajudar a fortalecer a autoestima na infância?

Anteriormente, apresentamos alguns dos principais sinais da baixa e da alta autoestima na infância. Agora, vamos discutir um pouco mais sobre como os pais podem ajudar a fortalecer a autoestima das crianças.
Porém, aqui vale um adendo: os pais devem contribuir para a boa autoestima na infância mesmo que o seu filho demonstre ter um nível elevado de autoestima.
Isto é, as ações abaixo não são apenas para casos de baixa autoestima. Afinal, a visão que a criança constrói de si mesma é desenvolvida a cada dia, à medida que ela vai crescendo e interagindo com a família, com os amigos, etc.
Tenha isso em mente na hora de pensar em estratégias positivas, ok?
Agora, vamos às dicas:

1. Elogie o seu filho
Procure manter o hábito de elogiar, genuinamente, o seu filho. Isto é, elogie as atitudes, a aparência, os comportamentos, etc.
Demonstrar que você presta atenção nas conquistas e nas qualidades do seu filho pode ajudá-lo a entender os próprios atributos que ele possui. Seja essa ponte no fortalecimento da autoestima na infância.

2. Comemore as vitórias com o seu filho
Considere comemorar as vitórias que o seu filho atinge. Por mais simples que elas possam parecer, elas valem muito para o pequeno.
Portanto, se ele passou em uma prova difícil, mesmo com uma nota mediana, comemore com ele!
Demonstre orgulho por vê-lo superando desafios e indo adiante mesmo em situações difíceis. A criança precisa sentir que os adultos de referência à sua volta estão atentos às conquistas dela, para se sentir percebida e amada.

3. Reconheça o esforço, e não apenas os resultados positivos
Nem sempre nós, seres humanos, atingimos bons resultados em tudo o que fazemos. Até porque não existe perfeição.
Por isso, aprenda a reconhecer o esforço e a dedicação do seu filho mesmo quando os resultados não são tão bons.
É o caso de reconhecer a dedicação ao estudar para uma prova que, infelizmente, o seu filho não passou.
Converse com ele sobre esse tipo de situação, fazendo-o entender que as falhas fazem parte dos aprendizados da vida, e que ele fez muito em se dedicar à primeira prova. E que agora, vocês poderão pensar em novas formas de estudar juntos, para fortalecer ainda mais os conhecimentos que ele tem.

4. Opte pelo diálogo ao invés das punições
Se o seu filho cometeu erros e está com problemas comportamentais, considere optar pelo diálogo ao invés da punição.
A punição pode fazer com que a criança apenas se sinta “menos”, ao perceber que seus comportamentos são tidos como ruins, a ponto de ela merecer um castigo.
Sendo assim, opte pelo diálogo, apontando os comportamentos ruins e o que era esperado para determinada situação.
Por exemplo, se o seu filho quebrar um brinquedo do amigo por raiva, faça-o enxergar, empaticamente, a situação contrária. Ajude-o a entender que esse comportamento não resolveu o problema com o amigo, mas sim, apenas trouxe mais problemas que poderiam ser evitados com uma conversa.
Mostre como ele poderia ter se comportado no momento da raiva, como por exemplo, dando um tempo para sentir o que estava sentindo, a fim de conversar com o amigo apenas mais tarde, quando se acalmasse.

5. Auxilie seu filho na compreensão das emoções
Ajude o seu filho na hora de ele expressar as emoções que está sentindo. As crianças ainda não sabem lidar, exatamente, com tudo o que sentem.
Por isso, ao invés de dizer algo como “engole o choro” ou “pare de fazer birra”, considere abraçar o seu filho, dizer que compreende a raiva ou a frustração que ele sente e que está ali para ajudá-lo como for preciso.
Depois que ele se acalmar, ajude-o a colocar em palavras o que ele está sentindo, para que o seu filho comece a aprender a nomear as emoções, lidando com elas de forma mais saudável.
Essa atitude auxilia no desenvolvimento da inteligência emocional, que é capaz de ajudar a criança na hora de lidar com o que sente no dia a dia, inclusive nas situações em que percebe a sua autoestima abalada.
Além disso, essa escuta ativa pode ajudar você, pai ou mãe, a detectar sinais de baixa autoestima, auxiliando o seu filho na construção de uma visão mais positiva de si mesmo.

E lembre-se: a psicoterapia infantil também pode ajudar no fortalecimento da autoestima na infância. Considere conversar com um especialista em caso de dúvidas.

Referências
CARVALHO, C. H. A.; CORDEIRO, B. A. C. O desenvolvimento da autoestima na infância: a relação da baixa autoestima com a dificuldade escolar. Revista Terra &Cult., Londrina, v. 37, n. 73, jul./dez. 2021.

HORTA, R. F.; FERREIRA, M. A Influência da Autoestima no Desempenho Escolar. Revista Ensin@ UFMS, v. 2, n. Esp., p. 276-286, 15 dez. 2021.

SCHAVAREM, L. M.; TONI, C. G. S. A relação entre as práticas educativas parentais e a autoestima da criança. Pensando fam. vol.23 no.2 Porto Alegre jul./dez. 2019.