Autoestima na adolescência
Autoestima na adolescência
A autoestima na adolescência pode provocar muitas mudanças no autoconceito do adolescente.
As mudanças no corpo, os novos interesses, as amizades que, agora, não brincam mais como antes, mas sim, focam em novas atividades e até mesmo relacionamentos amorosos, abrem novos caminhos na vida do indivíduo.
Em meio às mudanças, a insegurança e as dúvidas podem surgir. Por isso, desenvolvemos este conteúdo com o propósito de explorar a autoestima do adolescente, além de instigar os pais na hora de incentivar um autoconceito positivo e saudável. Continue lendo para saber mais.
Aspectos do desenvolvimento da autoestima na adolescência
Primeiramente, é importante considerarmos alguns pontos relevantes sobre a autoestima na adolescência. Obviamente, os apontamentos abaixo não são generalistas e não irão aparecer, plenamente, em todos os adolescentes.
Porém, fragmentos desses pontos descritos a seguir poderão ser detectados no jovem que, agora, está expandindo seus horizontes e descobrindo novas informações sobre o mundo.
Vamos refletir sobre os aspectos do desenvolvimento da autoestima na adolescência?
1. Identidade sendo desenvolvida e a busca pelo estilo próprio
Antes da adolescência, o indivíduo está, ainda, muito “ligado” aos pais. Sua forma de se vestir e se portar podem estar ligadas à aceitação que esperam dos pais.
Porém, à medida que o tempo passa, esse indivíduo começa a se enxergar como alguém à parte, não “preso” nos preceitos da família. Claro que muitos ensinamentos familiares se mantêm, porém, com a chegada da adolescência, o filho começa a se enxergar diferente, e passa a buscar a sua própria identidade.
Para isso, começa a experimentar novos estilos: músicas diferentes, filmes diferentes, roupas que nunca usou, estilo que está “em alta” e que pode mostrar uma desconexão com o “padrão” da família, etc.
Agora, o adolescente está em busca do seu grupo social, encaixando-se em uma tribo. Esse encaixe pode resultar em mudanças sobre a visão de mundo e de si mesmo.
2. Mudanças no corpo que refletem no espelho
O próprio corpo deixa de ser aquele infantilizado, que vestia roupinhas infantis e “fofas”. Agora, novos traços vão surgindo, curvas aparecendo, braços e pernas esticando… Tudo isso, na frente do espelho, vai mostrando novas perspectivas para o adolescente.
O cuidado excessivo com a aparência, inclusive, é um reflexo do cérebro que está em busca de um conhecimento mais claro do próprio corpo que habita.
Afinal, o crescimento na adolescência costuma ser bastante acelerado, porém, o cérebro não consegue acompanhar com a mesma velocidade. Por isso, as constantes olhadas na frente do espelho nada mais são do que um comportamento natural da idade, que ajuda o cérebro a mapear o novo corpo que está “nascendo”.
Não é à toa que, na adolescência, costumamos ver os indivíduos sendo rotulados como “desastrados”, que esbarram em tudo e vivem com hematomas. Na realidade, isso é reflexo de um corpo que cresceu e de um cérebro que ainda não aprendeu a delimitá-lo.
3. Grupo social e casos de bullying
A autoestima na adolescência também pode ser afetada pelo grupo social no qual o jovem está inserido. Por exemplo, os casos de bullying podem minar a saúde mental e a própria visão que o adolescente tem de si.
Nessas situações, é importante os pais se manterem próximos dos filhos, a fim de detectar sinais de que o bullying possa estar acontecendo.
4. Insegurança diante dos julgamentos alheios
Por conta do desejo de ter a própria identidade e de fazer parte de um grupo específico, os adolescentes podem sentir insegurança com relação aos julgamentos alheios.
Assim sendo, ao se vestirem e se “prepararem” para entrar em determinada tribo, podem temer que sejam vistos como alguém inadequado àquele grupo.
Esse aspecto também pode impactar na autoestima na adolescência.
Além disso, as mídias sociais, como Instagram, também podem impactar a autoestima por conta do medo dos julgamentos alheios.
Ao ver os outros adolescentes publicando coisas “incríveis” nas redes, os jovens podem se sentir diminuídos ou instigados a se expor cada vez mais, colocando comportamentos de risco em prática.
Por isso, acompanhar a vida do filho, inclusive virtualmente, é algo muito importante.
5. Variações emocionais
As mudanças no corpo e no próprio cérebro, fisicamente falando, podem resultar em variações emocionais que também impactam na autoestima na adolescência.
Além disso, o luto pela infância perdida, e a “dor” ultrapassada ao perceber que os pais não o enxergam mais como indefeso e “bebê”, também podem aumentar os sentimentos de insegurança, medo do que está por vir e, ainda, medo de não conseguir se encaixar neste novo mundo.
Formas de incentivar a boa autoestima na adolescência
Até aqui, pudemos ter uma visão mais clara de quais são os principais pontos de mudanças que nos fazem refletir sobre a autoestima na adolescência.
Agora, poderemos pensar um pouco mais sobre as ações que, intencionalmente, podemos colocar em prática para auxiliar o adolescente em suas descobertas. Vamos lá!
1. Incentivo ao autoconhecimento
O autoconhecimento é uma das principais chaves para o desenvolvimento de uma autoestima equilibrada, e isso é constatado para todas as fases da vida do ser humano.
Muitas vezes, indivíduos possuem qualidades e habilidades “adormecidas”, que não são exploradas pela simples falta de autoconhecimento.
Além disso, o autoconhecimento nos ajuda a compreender os nossos próprios limites, respeitando-os e criando uma atmosfera mais sadia para a nossa própria mente.
Por isso, sempre que possível, incentive o adolescente a viver novas experiências, aprender algo novo e a buscar, dentro de si, respostas para algumas perguntas importantes, como por exemplo:
- O que você mais gosta de fazer?
- Do que tem mais medo? Como costuma lidar com esse medo?
- De que forma você quer desenvolver o seu futuro?
- O que você acredita que faz muito bem?
- E o que acredita que não faz tão bem assim?
Esses são apenas alguns exemplos de questionamentos que, quando feitos naturalmente em sem ser em forma de “interrogatório”, podem ajudar no desenvolvimento do autoconhecimento do adolescente.
2. Diálogos abertos sobre a diferença entre as pessoas
Dialogar sobre as diferentes características das pessoas, como algo positivo e normal, também pode ajudar.
Afinal, a autoestima na adolescência pode ser impactada por características marcantes na aparência ou na personalidade do indivíduo.
Porém, quando a família apresenta essas diferenças como algo normal e tranquilo, que faz parte de todos os seres humanos, a insegurança do jovem tende a diminuir.
Agora, se a família possui a postura de fazer piadinhas ou comentar as diferenças alheias, o adolescente pode ter a percepção de que estará sendo julgado da mesma forma, todas as vezes que “pisar” fora de casa.
3. Acolhimento de angústias e emoções do adolescente
Acolher e escutar o filho também é um caminho importante para trabalhar, positivamente, a autoestima na adolescência.
Muitas vezes, vemos preconceitos e paradigmas com relação à adolescência. Quando um adolescente chora, pode virar motivo de “piada” entre os adultos, ou pode, ainda, ser invalidado com discursos rasos que dizem que “adolescente não tem problema”.
Mas, na verdade, adolescente tem problemas sim! Suas angústias e emoções negativas surgem de diversos lutos, como a perda da infância, a perda dos pais da infância, a entrada em uma vida com novas responsabilidades, e assim por diante.
Sendo assim, acolher o filho, demonstrar que está ao seu lado e escutar as suas emoções, ajudando-o a nomeá-las e compreendê-las, são atitudes que podem aumentar a autoconfiança e a autoaceitação, impactando, consequentemente, na autoestima.
4. Diálogo sobre as mudanças que acontecem na adolescência
Conversar com o filho sobre as novas mudanças que ele vem vivendo é imprescindível e pode impactar na sua forma de se ver e de enxergar o mundo.
Afinal, possivelmente o adolescente está passando por dúvidas e questionamentos acerca das suas mudanças no corpo, na mente, nos relacionamentos etc.
Essas mudanças, quando acontecem de forma aleatória e sem nenhum tipo de suporte emocional, podem gerar angústias intensas, medos, problemas de autoaceitação etc.
Por isso, conversar com o adolescente sobre a adolescência, descrevendo um pouco mais sobre essa fase e apresentando uma postura presente, ou seja, que deixe claro que o adolescente pode procurar o pai ou a mãe para lidar com as adversidades dessa fase, é algo que pode ser bastante interessante.
5. Elogie o seu filho
Muitos pais se esquecem de colocar em prática algo muito simples: a arte de elogiar um filho. Isso pode ser consequência da criação que tiveram, que, muitas vezes, reforça a ideia de que quando uma criança ou adolescente faz algo bom, ela ou ele “não fez mais do que a sua obrigação”.
Porém, nós adultos também não fazemos mais do que a nossa obrigação no trabalho e nem por isso gostamos de não ser reconhecidos, concorda?
Portanto, elogie o seu filho quando perceber que ele teve uma atitude positiva e atingiu um resultado interessante.
Da mesma forma, lembre-se de também elogiar o esforço do seu filho. Isto é, não foque em apenas elogiar resultados positivos… Caso ele tenha algum “fracasso” no meio do caminho, elogie o esforço e incentive-o a tentar novamente.
6. Jamais compare o seu filho e fale sobre o mundo online e irreal
Nunca, em hipótese alguma, cometa o equívoco de comparar o seu filho com outro adolescente. Esse comportamento, além de minar a autoestima na adolescência, é extremamente injusto.
Nunca saberemos os passos e caminhos da outra pessoa. Por isso, comparar os adolescentes entre si é um ato injusto, pois por mais semelhante que possa ser a história de ambos, ainda assim cada um viveu uma vida completamente diferente – e isso vale para irmãos também.
Além disso, fale com o seu filho sobre os riscos da comparação, especialmente no meio online. Desmistifique a ideia de que os outros têm corpos, faces e vidas perfeitas, como vemos nas redes sociais. Afinal, nas plataformas online nós podemos manipular os nossos resultados e a nossa vida. O que, acima de tudo, faria com que o adolescente se comparasse a algo que sequer existe!
Portanto, jamais compare o seu filho e faça-o entender que o comportamento de
7. Ofereça bons feedbacks e corrija sem rotular
O feedback também pode ser uma excelente ferramenta para fortalecer a autoestima na adolescência. Lembre-se de usar a Comunicação Não-Violenta neste caso. Isto é, o diálogo deve ser sincero, mas amigável e carinhoso, seguindo fatores como:
- Apresentar os pontos positivos do seu filho.
- Apresentar os aspectos que não foram atingidos, mas eram esperados.
- Corrigir esses aspectos sem rotular.
- Apresentar caminhos que podem ser seguidos.
A ideia de corrigir sem rotular consiste em apresentar a falha, oferecer caminhos e reflexões, e não colocar o adolescente em uma caixa de “mau comportamento”.
Por exemplo, se o seu filho começar a tirar notas baixas, não diga que ele é um mau aluno. Mas sim, considere dizer que acredita no potencial dele, percebe que ele tem atributos para se desenvolver melhor e que essas notas, atingidas recentemente, não são positivas.
A partir disso, converse sobre o que pode estar acontecendo, ofereça ajuda nos estudos, questione sobre a possibilidade de aula de reforço, etc.
Perceba que a conversa é muito mais suave do que se você simplesmente dizer que ele está indo de mal a pior na escola.
8. Inclua o adolescente na família – mas inclua de verdade!
Por fim, a autoestima na adolescência também pode ser desenvolvida a partir do momento em que os familiares incluem o adolescente nas discussões da família que lhe cabem.
Por exemplo, permitir que o filho opine sobre o destino da próxima viagem, ou dê a sua opinião sobre a decoração de algum cômodo da casa mostra que ele possui voz, espaço, acolhimento e que é confiável perante a família.
Assim, ele pode perceber o seu próprio valor e o valor dos seus desejos, pensamentos e ideias, fortalecendo a sua autoestima.
Considere essas possibilidades e não se esqueça: se o seu filho está com problemas sérios de autoestima, procure a ajuda de um psicólogo.
Referências
Assis, Simone Gonçalves de; Avanci, Joviana Quintes. Labirinto de espelhos: formação da auto-estima na infância e adolescência. 208 páginas. Editora FIOCRUZ, 2004.