Atividade física para hipertensos
Quais os benefícios da Atividade Física para Hipertensos?
A atividade física é importante não apenas para a prevenção, mas, também, para o tratamento da hipertensão arterial.
Os mecanismos responsáveis pela redução da pressão arterial induzida pelo exercício não são completamente definidos. Mas, provavelmente, existem diferentes mecanismos interligados que contribuem para isso.
O exercício ajuda a controlar o peso, fortalece o coração e diminui o nível de estresse, sendo que peso saudável, coração forte e boa saúde emocional são fundamentais para o controle da pressão arterial.
A Atividade física para hipertensos reduz o risco de complicações cardiovasculares em 25% no período de 10 anos (1).
Entretanto, esta resposta variável de paciente para paciente, provavelmente em decorrência dos diferentes dos mecanismos responsáveis pelo desenvolvimento da hipertensão arterial.
O que acontece com a pressão durante o exercício?
A aferição da pressão arterial inclui duas medidas:
- A pressão máxima ocorre no momento do batimento do coração e é denominada de pressão sistólica;
- Já a pressão mínima é medida no momento em que o coração relaxa e é chamada de pressão diastólica.
Quando dizemos que uma pessoa tem pressão de 130X90mmHg, isso significa que sua pressão sistólica é de 130mmHg e a pressão diastólica de 90mmHg.
Durante o exercício, é esperado que a pressão sistólica aumente e que a pressão diastólica permaneça relativamente constante. Este aumento na diferença entre as pressões sistólica e diastólica é que é responsável pela maior quantidade de sangue ejetada a cada batimento cardíaco.
Quais os riscos da atividade física para hipertensos?
Os potenciais benefícios da Atividade física para hipertensos são incontestáveis. Entretanto, isso não significa que o exercício não envolva riscos ou que o paciente hipertenso não tenha com o que se preocupar ao se exercitar.
A atividade física leva naturalmente a um aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Com isso, o estresse sobre o coração pode aumentar momentaneamente o risco de eventos cardiovasculares agudos, incluindo o Infarto Agudo do Miocárdio e o Acidente Vascular Cerebral.
Para a maior parte das pessoas, as evidências científicas mostram que a atividade física é segura e que os benefícios são muito superiores aos eventuais riscos (2). Do ponto de vista individual, porém, esta segurança precisa ser confirmada por meio de uma avaliação clínica e cardiológica completa.
Como regra geral, as recomendações são as seguintes:
PRESSÃO ARTERIAL | RECOMENDAÇÃO |
ABAIXO DE 90X60 mmHg | Você pode ter pressão arterial baixa, fale com seu médico antes de iniciar uma nova atividade física |
90X60 – 140X90 mmHg | Geralmente é seguro ser mais ativo, isso ajudará a manter a pressão arterial em níveis saudáveis |
140X90 – 180x100mmHg | A pressão está alta, mas ainda assim geralmente é seguro ser mais ativo para ajudar a baixá-la |
ACIMA DE 180X100mmHg | A pressão está muito alta, ela deve ser controlada antes de iniciar qualquer nova prática esportiva |
Avaliação pré participação do paciente com Hipertensão Arterial?
A avaliação pré participação da Atividade Física para Hipertensos busca identificar como a pressão arterial e como o coração se comportam durante o esforço físico.
A melhor forma de se fazer isso, a avaliação cardiológica pré-participação esportiva deve incluir um teste de esforço (teste ergométrico). Neste exame, o paciente é colocado para correr em uma esteira, enquanto o seu coração e a pressão arterial são continuamente monitorados.
O exercício não deve levar a um aumento na pressão diastólica maior do que 20 mmHg acima da pressão de repouso nem a um valor absoluto de pressão arterial diastólica ≥120 mm Hg.
Também não devem levar a um aumento da pressão sistólica acima de 200 mmHg.
Qual a melhor Atividade Física para Hipertensos?
O paciente com hipertensão arterial deve realizar uma combinação de exercícios aeróbicos e de exercícios para o fortalecimento muscular.
Exercícios aeróbicos
Exercícios aeróbicos são aqueles que trabalham uma grande quantidade de grupos musculares de forma rítmica.
Isso inclui caminhar, correr, nadar, pedalar e dançar.
Devem ser feitos por no mínimo 30 minutos a 1 hora por dia, 5 vezes na semana.
Exercícios de força
Também chamados de exercícios contra a resistência, os exercícios de força são aqueles em que o movimento precisa vencer uma força externa, incluindo pesos, halteres, equipamentos de musculação, elásticos ou o peso do próprio corpo.
Eles devem ser incluídos em ao menos dois treinos na semana.
Os exercícios aeróbicos aumentam a demanda por oxigênio nos tecidos e,.Para suprir esta demanda, o sangue precisa circular mais rapidamente. Isso é obtido por meio de duas maneiras:
- Com o aumento da frequência cardíaca
- Com o aumento da pressão sistólica, sem alteração da pressão diastólica.
Estes exercícios são os mais importantes quando o foco é o controle da hipertensão arterial.
No caso dos exercícios de força, o sangue sofre uma maior resistência para circular pelos tecidos. Isso leva a um aumento tanto na pressão sistólica como diastólica, que será proporcional à massa muscular e ao esforço.
Exercícios de fortalecimento não estão diretamente associados à redução da pressão arterial e não deve ser a forma principal de atividade física para o paciente hipertenso.
Por outro lado, eles não provocam uma piora da pressão na maior parte dos pacientes e não devem ser excluídos do programa de treino, devido à importância que têm para a manutenção da saúde e das funções musculoesqueléticas.
O treino de força para o paciente hipertenso deve priorizar exercícios com menos intensidade e maior número de repetição.
Exercícios de alta intensidade, como provas de corrida de 100m rasos, provas curtas de natação, Levantamento de Peso Olímpico e CrossFit mais provavelmente levarão a um aumento inaceitável da pressão.
Qual a intensidade ideal do exercício para o hipertenso?
Exercícios de intensidade moderada parecem ser os mais eficazes.
A atividade física para hipertensos deve ser feita em uma intensidade entre 65% e 75% da frequência cardíaca máxima. Esta frequência deve ser estabelecida preferencialmente por meio de um teste de esforço cardiopulmonar (teste ergoespirométrico).
Uma forma mais simples de se controlar a intensidade da atividade é por meio do “teste de conversação”:
- Se você pode manter uma conversa contínua enquanto se exercita, é sinal de que precisa aumentar a intensidade do exercício;
- Se você consegue cantar e manter seu nível de esforço, provavelmente não está trabalhando duro o suficiente.
- Se você conseguir trocar frases curtas facilmente durante a execução da atividade, mas não é capaz de manter uma conversação confortável ou longa, seu nível de intensidade provavelmente está adequado.
- Se você perder o fôlego rapidamente ou se frases curtas parecerem cansativas, provavelmente você está trabalhando demais, especialmente se tiver que parar para recuperar o fôlego.
Medicações anti-hipertensivas e atividade física
Todas as medicações anti-hipertensivas são capazes de reduzir a pressão arterial no repouso e de limitarem o aumento da pressão durante o exercício físico. Entretanto, os efeitos sobre a performance física e esportiva podem variar bastante.
Os beta-bloqueadores são as medicações que mais interferem no desempenho físico. Eles impedem o aumento da frequência cardíaca e da força de contração do músculo cardíaco como resposta ao exercício. Assim, a capacidade de aumentar a oferta de oxigênio para os músculos fica limitada.
Efeito semelhante pode ser observado com o uso de bloqueadores de canal de cálcio não-dihidropiridinas. Entre estas medicações incluem-se o Verapamil e o Diltiazem.
Outras classes de anti-hipertensivos não costumam afetar a contratilidade cardíaca.
Toda medicação com efeito vasodilatador tem o potencial de aumentar o fluxo sanguíneo para os diversos órgãos do corpo. Desta forma, elas podem limitar o aumento do fluxo sanguíneo para os músculos.
Os diuréticos aumentam a eliminação de água e sais minerais, potencializando o efeito causado pelo suor e pelo aumento da transpiração, Dependendo da mnodalidade de exercício, isso pode ser prejudicial para o desempenho esportivo.
Bloqueadores de canal de cálcio dihidropiridinas, como a Anlodipina (Norvasc®) e a Nifedipina (Adalat®) e os bloqueadores do sistema renina angiotensina aldosterona são metabolicamente e hemodinamicamente mais vantajosos para os pacientes hipertensos e fisicamente ativos, quando comparado com os betabloqueadores e os diuréticos.
Assim, estas devem ser as drogas de escolha, quando considerado exclusivamente do ponto de vista da fisiologia do exercício.