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Artrose no Quadril

O que é a Artrose no Quadril?

A Artrose no quadril é um termo que se refere ao desgaste da cartilagem que envolve esta articulação.

Sua incidência aumenta com o avanço da idade, sendo comum na população idosa. Aproximadamente 10% da população acima dos 65 anos apresenta artrose do quadril, sendo que 50% destes casos são sintomáticos (1).

Qual a causa da Artrose no Quadril?

A Artrose no Quadril pode ser caracterizada quanto à sua origem em dois diferentes tipos:

Artrose primária

Representa a maior parte dos casos de Artrose no Quadril. Está associada ao processo de envelhecimento, sendo desta forma mais comum na população idosa.

O desgaste pode ser mais acelerado em algumas pessoas do que em outras. Fatores genéticos, obesidade e atividade profissional ou esportiva podem contribuir para um desgaste mais ou menos acelerado. Além disso, as mulheres são mais acometidas do que os homens.

Artrose secundária

A artrose secundária se desenvolve em consequência de algum outro problema ou doença. Ela pode acometer tanto os idosos como jovens. Diversas causas podem estar implicadas com o desenvolvimento deste tipo de Artrose:

  • Displasia do quadril: problema congênito no qual a profundidade do acetábulo (cavidade da bacia que se articula com a cabeça do fêmur) é mais rasa do que o habitual;
  • Doença de Legg-Calvé-Perthes: doença que ocorre ainda na infância, caracterizada pela necrose da cabeça femoral. Leva ao achatamento da cabeça do fêmur e a uma incongruência na articulação. O prognóstico de longo prazo é relativamente benigno. No entanto, mais de 50% dos pacientes desenvolverão sinais de osteoartrose entre a 4ª e a 5ª décadas. A esfericidade da cabeça femoral é um importante fator de previsão no desenvolvimento de osteoartrite (2).
  • Fratura do acetábulo ou da cabeça do fêmur;
  • Reumatismo: doenças autoimunes, especialmente a Artrite Reumatoide, pode levar a uma destruição precoce da articulação do quadril;
  • Necrose da cabeça do fêmur: nos adultos, algumas condições levam a uma perda de fluxo de sangue para a cabeça femoral gerando achatamento e deformação da articulação. As causas mais comuns são o uso crônico de medicações corticoesteroides e o alcoolismo.


O que o paciente sente?

As queixas do paciente com Artrose no Quadril são bastante variáveis.

Algumas pessoas com artrose avançada são capazes de se manter bastante ativas mesmo em atividades esportivas de alto impacto. Ao mesmo tempo, outros com artrose bem mais leve podem referir dor mesmo nas atividades domésticas básicas.

Nos pacientes sintomáticos, a queixa mais comum é a dor. Ela pode se concentrar mais na virilha, na coxa, na lateral do quadril, nos glúteos ou até mesmo no joelho.

Alguns referem dor pior ao caminhar. Outros apresentam dor principalmente durante à noite, podendo inclusive acordar devido à dor. A dor é intermitente e tem períodos de melhora e de piora, ainda que nos casos mais graves ela esteja sempre presente.

O posicionamento também interfere na dor. Muitos se queixam que a dor piora quando têm que ficar muito tempo sentado, seja no trabalho ou no carro, durante uma viagem. A dor também pode piorar nos dias mais frios.

Outra queixa comum é a rigidez, principalmente ao sair da cama pela manhã. Isso pode levar a uma incapacidade de mover o quadril para realizar atividades rotineiras, como calçar meias.

Finalmente, os pacientes podem referir crepitação, que é a sensação de que se tem areia dentro do quadril.

Avaliação do paciente com Artrose no Quadril?

 

Frente a um paciente com suspeita clínica de Artrose no Quadril, o primeiro exame de imagem deve ser a radiografia convencional.

A radiografia pode mostrar a perda do espaço articular, osteófitos, cistos e áreas de esclerose. Todas estas alterações nada mais são do que parte do processo de desgaste do quadril.

Além disso, a radiografia permite a avaliação de características anatômicas, como a presença de uma pelve profunda ou uma displasia do quadril. Estas alterações podem contribuir para a ocorrência da artrose.

A imagem (A) mostra uma radiografia normal do quadril; a imagem (B) mostra um quadril com artrose.

A ressonância magnética tem pouca utilidade nos casos mais avançados. Entretanto, ela deve ser solicitada nos casos de desgaste aparentemente mais simples.

Ela pode mostrar lesões no labrum acetabular e lesões focais na cartilagem articular, entre outras coisas.


Tratamento sem cirurgia da Artrose no Quadril

 

Nenhum tratamento disponível atualmente é capaz de regredir ou interromper a progressão da Artrose do quadril. Isso não significa que não exista tratamento para estes pacientes.

O objetivo principal no tratamento sem cirurgia envolve o controle da dor e inchaço, melhora da qualidade de vida e da capacidade física e funcional do paciente.

O tratamento pode envolver:

    • Mudanças substanciais de hábitos cotidianos e esportivos;
    • Adaptação na rotina de exercícios, dando prioridade para atividades de baixo impacto. Atividades de maior impacto podem ser mantidas desde que não seja uma causa de piora da dor.
    • Fisioterapia para alívio da dor, ganho de mobilidade do quadril, ganho de força e reequilíbrio a musculatura responsável pela estabilização da articulação do quadril;
    • Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios;
    • Medicações específicas para a artrose, como o colágeno;
    • Infiltração intra-articular com ácido hialurônico.

Prótese de Quadril

A Prótese de quadril é indicada quando todas as opções de tratamento sem cirurgia tiverem sido tentadas sem sucesso e a dor for um fator limitante para uma vida mais ativa.

A prótese não deve ser indicada para pessoas com desgaste leve, já que nestes casos outras causas ocultas para a dor devem ser investigadas e tratadas.

Também não deve ser indicada para o paciente com artrose grave, mas que esteja funcionalmente bem e com uma dor bem controlada.

A dor do paciente com artrose é oscilante e sempre terá momentos de piora e momentos de melhora. Quanto mais controlada a artrose, menos frequentes e menos intensas serão as crises de dor.

Desta forma, a indicação para Prótese de quadril deve levar em consideração o que o paciente sente ao longo de um período prolongado, de ao menos seis meses. Ela não deve ser feita apenas com base na dor momentânea.

No momento em que a dor começa a interferir de forma significativa na rotina, quando o paciente deixa de fazer atividades do dia a dia por causa da dor ou pelo medo da dor e quando o paciente julga que a dor no quadril é um fator limitante principal para uma vida mais ativa, não mais se justifica ficar adiando a cirurgia indefinidamente.

Em última análise, a indicação para a colocação de prótese no quadril tem muito mais relação com dor e a incapacidade de se tratar esta dor, do que com a idade do paciente ou a gravidade do desgaste.