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Neuromodulação e Neuroablação no Joelho

Neuromodulação e Neuroablação no Joelho

A Neuromodulação é um procedimento usado para o tratamento de diversas condições dolorosas, incluindo dores de origem oncológica, dor facetária na coluna e, mais recentemente, dor decorrente da artrose no joelho.

O procedimento envolve o uso de ondas eletromagnéticas de altíssima frequência para modular a forma como o sinal de dor é transmitido pelos nervos geniculares, os quais são responsáveis por transmitir a informação dolorosa do joelho para o cérebro. Este campo elétrico é criado próximo ao nervo por meio de uma agulha específica conectada a um dispositivo de radiofrequência.

O que é radiofrequência?

Radiofrequência é um termo que se refere a correntes elétricas que oscilam na frequência de rádio, entre 3 kHz a 3000 GHz. A radiofrequência usada para o tratamento médico está entre as mais baixas no espectro eletromagnético e se propaga em uma corrente elétrica alternada com frequência de aproximadamente 500 GHz.

Tipos de radiofrequência

A radiofrequência pode ser feita de duas formas diferentes como veremos abaixo.

Radiofrequência Contínua

Também chamada de radiofrequência convencional, em que a onda emitida é contínua e produz o aquecimento tecidual pela passagem da corrente pelos tecidos. O calor gerado provoca a destruição do nervo, de forma que o procedimento é também chamado de neuroablação.

Radiofrequência Pulsada

As ondas geralmente são pulsadas em 2 ciclos de 20 milissegundos a cada segundo, seguido de uma pausa durante o qual o tecido esfria. Por ser pulsada, a temperatura se mantém baixa e o alívio da dor é atingido somente pela ação da RF sobre o tecido-alvo. Este procedimento modula a transmissão do sinal doloroso pelos nervos, sem destruir o mesmo. Por isso, o procedimento é também chamado de Neuromodulação.

A principal vantagem da radiofrequência pulsátil é que ela é menos neuro-destrutiva, diminuindo o risco de dor por desaferentação. A dor por desaferentação é uma possível complicação da Neuroablação, quando um nervo danificado passa a transmitir a sensação de dor, mesmo que não haja nenhum estímulo para isso.

Além disso, os pacientes experimentam menos dor com a radiofrequência pulsátil quando comparado com a radiofrequência convencional.

Por outro lado, a radiofrequência convencional tem a vantagem de ter um resultado mais duradouro quando comparado com a radiofrequência pulsátil.

Indicação

As principais indicações para a Neuromodulação no joelho incluem:

  • Pacientes com artrose do joelho que não responderam adequadamente ao tratamento convencional sem cirurgia e que pretendem adiar a cirurgia de prótese de joelho;
  • Pacientes com outras comorbidades que tornam a cirurgia de prótese de alto risco;
  • Pacientes que fizeram uma prótese de joelho e que permanecem com dor sem que o médico tenha encontrado um motivo claro para isso;
  • Pacientes que fizeram a neuromodulação do joelho previamente e que tiveram um bom resultado.

Como é feito o procedimento?

A radiofrequência é feita com uma sedação leve, o que significa que o paciente estará mais sonolento, mas ainda responsivo. O procedimento é feito sobre três ramos geniculares: superolateral, superomedial e inferomedial.

Cânulas específicas são introduzidas em cada um destes pontos guiadas por ultrassonografia ou radioscopia, que é um aparelho que realiza imagens semelhantes a uma radiografia de forma instantânea.

Uma vez posicionadas as cânulas, realiza-se um estímulo sensitivo leve para confirmar o posicionamento da cânula próximo aos ramos sensitivos, o que deve desencadear uma sensação dolorosa. Feito isso, realiza-se um estímulo motor para confirmar que não esteja próximo a nenhum nervo motor e este estímulo não deve desencadear qualquer resposta. Caso o estímulo provoque alguma forma de contração muscular, as cânulas devem ser reposicionadas.

A seguir, o eletrodo da radiofrequência é introduzido através das cânulas e o procedimento de neuromodulação ou neuroablação é realizado.

Resultado

A Neuromodulação ou Neuroablação tem resposta diferente em diferentes pacientes, até pela origem multifatorial da dor na artrose do joelho.  Podemos dividir a resposta ao procedimento em três grupos.

Não responsivas

Pessoas que não apresentam melhora considerável com o procedimento. Estes pacientes não têm indicação para repetir o procedimento, que dificilmente terá uma resposta diferente em uma segunda oportunidade.

Temporariamente responsivas

Pessoas que apresentam melhora significativa, mas voltam a ter dor após algum tempo. Esta é a resposta mais comum. A repetição da radiofrequência pode ser considerada, sendo que casos em que o alívio da dor foi prolongado tendem a ser tratados novamente com a radiofrequência pulsátil, ao passo que quando o alívio foi por curta duração o paciente pode se beneficiar mais com a radiofrequência convencional.

Resposta permanente

Embora a radiofrequência em si não tenha um efeito permanente, ao melhorar a dor o paciente pode trabalhar em cima de outros fatores que contribuem para a dor e, desta forma, têm uma melhora mais definitiva.