medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Abordagem Fonoaudiológica no Autismo

Abordagem Fonoaudiológica no Autismo

O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA), é definido como um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos.

Na psiquiatria, os comportamentos inadequados socialmente são muitas vezes definidos como sintomas subjacentes de uma doença a ser diagnosticada. Em contrapartida, se formos analisar comportamentalmente o cerne do que seria definido como uma “doença psiquiátrica”, seria a ocorrência de comportamentos inadequados socialmente.

O termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) é tecnicamente mais adequado do que “autismo”, pois existem diversos graus de dificuldades no envolvimento social. Algumas pessoas possuem dificuldades de socialização menos perceptíveis e outras, afastamento social, deficiência intelectual e dependência de cuidados ao longo da
vida.

O autismo pode ser enquadrado em três categorias: Deficiência Social, Dificuldades de linguagem e comunicação e Comportamentos repetitivos e/ou restritivos.

O fonoaudiólogo desempenha importante papel na inclusão e reabilitação da pessoa com autismo. Essa especialidade trabalha diretamente na audição e fala, além de ampliar as habilidades comunicativas, facilitando a sua interação social com mais qualidade.

O diagnóstico e os graus de autismo


Para fazer o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista, os profissionais devem observar se existem sintomas em duas áreas: Comunicação social e Comportamentos ou interesses restritos, repetitivos e/ou sensoriais. Para que a criança seja diagnosticada com autismo, ela deve ter dificuldades nessas duas áreas ou apresentar características do autismo desde cedo, mesmo que os sinais diminuam em fases mais tardias da infância.

Com a finalidade de facilitar a compreensão do grau de acometimento social e perspectivas de reabilitação da comunicação e social, os sintomas foram divididos em diferentes níveis. Pessoas no espectro do autismo, portanto, apresentam diferentes níveis de suporte, de acordo com os critérios definidos por manuais diagnósticos: Leve,
moderado e severo, como veremos a seguir.

O Autismo também é dividido em tipos, a saber: Síndrome de Asperger, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Transtorno Autista e Transtorno Desintegrativo da Infância, como também será detalhado, na sequência.

Níveis do transtorno do espectro autista Pessoas com transtornos autistas podem ser classificadas a partir do grau de acometimento social, comunicativo e perspectiva de reabilitação, em 3 níveis diferentes.

Basicamente, elas são separadas em graus 1, 2 e 3 ou autismo leve, moderado e severo. Até hoje ainda não se sabe a causa precisa do autismo – e por isso o diagnóstico é realizado, principalmente, por meio da observação do
paciente.

Como o transtorno autista se relaciona a inúmeros elementos essenciais da vida do indivíduo, diagnosticá-lo como autista e proceder com o tratamento adequado é de suma importância, trazendo mais qualidade de vida à pessoa que sofre com a condição.

Grau 1-autismo leve


No autismo leve, as maiores dificuldades estão relacionadas aos déficits de comunicação. Por conta disso, a criança com autismo leve muitas vezes costuma ser chamada de “desinteressada”.

As crianças apresentam dificuldades para iniciar a relação social com outras pessoas e podem ter pouco interesse em interagir com os demais, apresentando respostas atípicas ou insucesso a aberturas sociais. Em geral, apresentam
dificuldades para trocar de atividades e problemas de planejamento e organização.

Grau 2 -autismo moderado

O autismo moderado possui aspectos mais complicados em relação ao anterior. Nesse caso, a falta da verbalização pode ser um dos problemas do indivíduo acometido e, geralmente, comorbidades (outras doenças) estão associadas ao
diagnóstico.

As crianças podem apresentar um nível um pouco mais grave de deficiência nas relações sociais e na comunicação verbal e não verbal. Têm limitações em iniciar interações sociais e prejuízos sociais aparentes mesmo com a presença de apoio.

Além disso, são mais inflexíveis nos seus comportamentos, apresentam dificuldades com a mudança ou com os comportamentos repetitivos e sofrem para modificar o foco das suas ações.

Grau 3-autismo severo

O grau 3, ou autismo severo, se caracteriza por prejuízos mais elevados no neurodesenvolvimento. Nesse contexto, os problemas estão presentes desde o processo de socialização até o funcionamento geral de corpo e mente. Por esse
motivo, a independência da criança com autismo é mais difícil de ser conquistada.

Nesse nível, existem déficits bem mais graves em relação à comunicação verbal e não verbal, além de dificuldades notórias para iniciar uma interação social, com graves prejuízos de funcionamento.

Também apresentam dificuldade extrema em lidar com a mudança e com comportamentos repetitivos – o que interfere de forma mais acentuada no seu funcionamento. Ainda contam com grande sofrimento para mudar o foco das suas ações.

Tipos de autismo

SÍNDROME DE ASPERGER

A síndrome de Asperger está na extremidade mais branda do espectro autista, pois a inteligência pode ser alta e a capacidade de realizar as atividades diárias é preservada.

No entanto, a dificuldade na interação social é muito comum e pode demorar a ser diagnosticada, podendo ser confundida com outras questões comportamentais.

Transtorno do espectro autista

TEA é agora o termo genérico para o grupo de transtornos de neurodesenvolvimento complexos que constituem o autismo. Os sintomas do autismo, que são as dificuldades de comunicação e interação, comportamentos repetitivos e dificuldade para realizar atividades diárias, costumam estar presentes desde a primeira infância e podem afetar o funcionamento diário.

Transtorno desintegrativo da infância

O Transtorno Desintegrativo da Infância se manifesta como uma regressão acentuada no desenvolvimento da criança com mais de dois anos e ela perde habilidades motoras e de comunicação. Também conhecido como Síndrome de Heller.

Transtorno invasivo do desenvolvimento

Na criança com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, a interação social está qualitativamente prejudicada, bem como as habilidades de comunicação. O padrão de comportamento e os interesses são limitados, tendendo a ser repetitivos e estereotipados”.

São descritos os seguintes sintomas:

  •  Apego à rotina;
  •  Seletividade alimentar;
  •  Pouca ou nenhuma sensação de dor;
  •  Pequenos toques ou estímulos aleatórios podem levar a agitação, ou choro;
  •  Dificuldade com o uso ou entendimento da linguagem;
  •  Barreiras relacionadas a pessoas, eventos ou objetos;
  •  Maneiras incomuns de brincar com determinados brinquedos ou objetos
  •  Alteração a respostas do som, como hipersensibilidade.

Como pais podem perceber que seu filho pode ter um transtorno de espectro autista?

É importante observar que, além das dificuldades na comunicação, vão ocorrer
comportamentos repetitivos e restritivos, como citados nos textos anteriores.

Estão elencados, abaixo:

Sintomas na comunicação

  •  Não desenvolve a linguagem oral;
  •  Dificilmente usa a linguagem para se comunicar com outras pessoas;
  •  Não verbaliza;
  •  Raramente responde quando é chamado;
  •  Não costuma compartilhar interesses ou conquistas com os pais e familiares;
  •  Tem dificuldade em compreender a linguagem não-verbal e dificilmente entende gestos como apontar ou acenar;
  •  Não desenvolve as expressões faciais, apresentando expressões limitadas para se comunicar;
  •  Tem pouco interesse em interagir com outras crianças, possuindo dificuldades em fazer amigos;
  •  Apresenta limitação para participar de brincadeiras criativas ou que exigem imaginação.

Comportamentos ou atitudes restritas, repetitivos e sensoriais

  •  Manias repetitivas ao brincar ou realizar alguma atividade;
  •  Verbalização de forma repetitiva;
  •  Interesses muito peculiares e/ou intensos por determinado assunto;
  •  Geralmente são crianças metódicas e precisam que as coisas aconteçam sempre da mesma maneira, da forma que estão acostumadas;
  •  Problemas em aceitar alterações em sua programação habitual ou mudar de uma atividade para outra;
  •  Problemas sensoriais, como hipersensibilidade a sons, luz ou determinados ambientes. Demonstram isso com estresse, angústia ou inquietação.

Terapia fonoaudiológica no autismo


O autismo pode afetar a fala, o desenvolvimento da linguagem e a comunicação de várias maneiras. Uma pessoa com TEA pode não desenvolver a linguagem verbal, emitir somente grunhidos, gritos, ou sons guturais, falar com entonação
musical, balbuciar sons, usar palavras incomuns ou apresentar uma fala robótica.

Estas crianças também podem somente repetir as frases e palavras que ouviu, o que se chama de ecolalia, além de usar um tom de voz sem entonação, ou, sem expressão.

Cerca de uma em cada três pessoas com autismo têm dificuldade de produzir os sons da fala para se comunicar de maneira eficaz. Quando a linguagem é presente, pode ser de difícil compreensão.

Os autistas podem não fazer contato visual com as pessoas, podem não compreender o significado das palavras ou símbolos e memorizar o que ouvem.

Por causa desses desafios, uma criança com autismo precisa aprender não só a falar, mas a usar a linguagem para se comunicar. Isso inclui saber como manter uma conversa e compreender dicas verbais e não verbais das outras pessoas —como expressões faciais, tom de voz e linguagem corporal.

O profissional precisa fazer um diagnóstico fonoaudiológico eficiente para planejar as melhores estratégias, assim como, avaliar, ao longo do tempo, a qualidade e rapidez das respostas para redefinição de estratégias.

Assim, ele saberá dizer se ele precisa de um tratamento mais intensivo para aprender a soletrar letras e sílabas, para formar palavras, ou ter mais contato com a linguagem para conseguir se comunicar.

Como cada caso é um caso, terão pacientes que não se comunicam verbalmente, mas podem desenvolver outras formas de linguagem, (sinais, meios eletrônicos, desenhos, etc..) assim como terão pacientes que desenvolvem a linguagem e precisam de um trabalho de articulação de palavras, e assim por diante.

É o profissional de Fonoaudiologia que vai entender quais são as necessidades e entender como ele se expressa. O fonoaudiólogo pode usar desenhos com palavras, para criar a associação entre elas e facilitar a comunicação, massagens ou exercícios nos músculos da face, lábios e língua também são ótimos para desenvolver essa musculatura.

Até músicas ou acompanhamento de musicoterapia ajudam no aprendizado, pois ritmo e a melodia funcionam como coadjuvantes na prática das letras e sílabas. A Música também tem o poder de sensibilizar crianças com baixo nível de interação social.

O trabalho também é voltado para a família do portador de TEA. Eles recebem orientações de como conversar com o paciente, e estimulá-lo a praticar as terapias em casa.

A reabilitação fonoaudiológica centra em 3 aspectos:

  •  Trabalhar a linguagem corporal do autista e ensinar a criança a reconhecer alguns sinais corporais que podem ser bastante sutis;
  •  Ajudar o autista a desenvolver as habilidades de conversação, saber quando perguntar ou, por exemplo, quando cumprimentar com um bom dia;
  •  Ampliar o repertório de fala, tanto em relação as pronúncias dos sons quanto ao conteúdo do que pode ser dito
  •  Uso de comunicação aumentativa e alternativa para viabilizar a comunicação básica.

Os benefícios da fonoaudiologia no tratamento

A intervenção fonoaudiológica bem planejada e com profissional especialista trás benefícios em qualquer idade, entretanto, a intervenção precoce se mostra ainda mais importante, sendo essencial para as crianças com transtorno do espectro autista para que o desenvolvimento ocorra de maneira positiva, suavizando os impactos sintomatológicos manifestos futuros.

A atuação de uma equipe multidisciplinar em todas as áreas do desenvolvimento, como psicologia, musicoterapia, neurologia, psiquiatria, são fundamentais. Também se faz necessário a participação da família no processo terapêutico para que juntamente com a intervenção direta ocorra a intervenção indireta, possibilitando resultados
maiores.