Vício em Redes Sociais
O que é o vício em redes sociais?
O uso de redes sociais se tornou uma atividade cada vez mais popular, especialmente na última década.
Embora não sejam problemáticas para grande parte das pessoas, em alguns casos as redes sociais podem se transformar um vício com consequências significativas para o bem-estar individual.
A incidência do vício em redes sociais varia bastante de acordo com aspectos culturais de cada país ou região. Nos estados Unidos, estima-se que entre 5 e 10% da população
se enquadre nos critérios para o vício em mídia social.
Como diferenciar o vício em redes sociais?
Não existe um limite claro entre o tempo aceitável para as redes sociais e o comportamento vicioso.
Algumas pessoas, ainda que passem tempo significativo nas redes, são capazes de deixar o telefone ou computador de lado sem sofrimento para fazer outras atividades. Suas obrigações não são significativamente afetadas, incluindo estudo ou trabalho.
Cada vez mais pessoas dependem das mídias sociais para suas atividades profissionais. Elas podem passar horas navegando pelas redes, sem que necessariamente isso signifique um vício.
O uso das redes sociais pode em muitos casos ser abusivo e até prejudicial, sem que necessariamente isso represente um vício.
Quando, por outro lado, as mídias sociais passam a atrapalhar a realização de outras atividades ou quando a distância do telefone gera estresse significativo, o comportamento vicioso provavelmente está presente.
Quais os sinais do vício em redes sociais?
O vício em redes sociais pode se manifestar de forma diferente em diferentes pessoas. Assim, não existe um padrão único que seja comum a todas as pessoas com a condição.
Alguns dos sinais sugestivos do vício em redes sociais incluem:
- Desejo incontrolável por acessar as redes sociais, inclusive durante um jantar, cinema ou outras atividades recreativas.
- Uso da rede social como válvula de escape nos momentos de raiva ou frustração.
- Tentativas prévias de reduzir o uso de mídias sociais sem sucesso.
- Pessoas que ficam inquietas quando não podem acessar as redes sociais.
- Comprometimento do desempenho no trabalho ou escola em decorrência das midias sociais;
- Necessidade de tempos cada vez maiores nas mídias para satisfazer sua necessidade.
Qual a causa do vício em redes sociais?
O vício em redes sociais se comporta de forma parecida com outros comportamentos viciantes, incluindo o alcoolismo, tabagismo ou o uso de drogas recreativas.
As redes levam à ativação dos centros de recompensa do cérebro. Quando a pessoa recebe uma curtida ou um comentário positivo, ocorre a liberação de dopamina, uma substância responsável pela sensação de bem-estar.
Quando isso começa a acontecer de forma repetitiva, ela passa a sentir falta da dopamina quando longe do telefone.
O prazer experimentado em função da dopamina diminui com o tempo, de forma que uma maior quantidade da substância é necessária para prover a mesma sensação de bem-estar. Isso faz ela procurar cada vez mais as redes sociais.
Fatores de risco
Pessoas em busca de alto afirmação são especialmente vulneráveis ao vício em redes sociais.
Isso é especialmente comum entre pessoas que sofreram abuso sexual, físico ou emocional durante a infância.
Pessoas excessivamente preocupadas com o próprio corpo ou com sua imagem pessoal encontram um campo fértil nas redes sociais. Alí é possível ver o que os outros falam a seu respeito e como reagem a suas fotos e seus comentários.
Enquanto no mundo real estima-se que as pessoas falem de si mesmas em cerca de 30 a 40% do tempo, nas redes sociais isso chega a 80% (1).
A idade também precisa ser considerada. Estima-se que 27% das crianças que passam 3 ou mais horas por dia nas mídias sociais apresentam problemas de saúde mental (1).
O uso excessivo de sites de redes sociais é muito mais problemático em crianças e adultos jovens, uma vez que seus cérebros e habilidades sociais ainda estão em desenvolvimento.
Outros fatores de risco incluem:
- Pessoas que moram sozinhas (incluindo estudantes universitários e idosos);
- Pessoas com “poucos amigos” e dificuldades de relacionamentos reais;
- Pessoas que trabalham por conta própria.
Saúde mental
Outros problemas de saúde mental são comuns em pessoas com vício em redes sociais, incluindo a Depressão.
O feed de noticias apresenta apenas uma parcela selecionada de postagens feitas por conhecidos, geralmente aquelas que tenham se mostrado mais atrativas e provocado mais interações.
É comum que estas postagens estejam associadas a experiências luxuosas, viagens, demonstrações de vigor físico, relacionamentos perfeitos ou empregos perfeitos.
Poucas pessoas expõem experiências negativas e, quando o fazem, elas tendem a ser menos expostas.
Elas podem també expor festas ou encontros para o qual a pessoa não tenha sido convidada ou que não pode ir em decorrência de outras obrigações.
Em pessoas mais vulneráveis, estas postagens podem gerar o sentimento de inveja ou de fracasso. Quando isso acontece diariamente, é comum que a pessoa desenvolva depressão.
Tratamento
A estratégia de tratamento deve ser individualizada de acordo com os comportamentos individuais de cada pessoa.
A desintoxicação digital costuma ser o primeiro passo no tratamento do vício em redes sociais.
Telefones devem ser mantidos longe da mesa durante as refeições e longe da cama ao dormir. Ele também deve ficar longe durante outras atividades recreativas, sempre que possível.
As postagens também devem ser controladas (limitadas a uma postagem ao dia, por exemplo).
A identificação e tratamento de outras condições de saúde mental, bem como dos diferentes fatores de risco listados acima, também se faz necessário.
Por fim, é preciso pensar no que fazer com o vazio deixado pelo afastamento das redes. Um dos passos mais importantes é a busca por novos robbies que sejam capazes de proporcionar o mesmo prazer e bem-estar que até então era oferecido pelas redes sociais.
O acompanhamento de um psicólogo pode ser um passo importante neste caminho.