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Vício em Açúcar

O que é o Vício em Açúcar?


Na medicina, o termo vício é usado para descrever uma condição em que a química do cérebro foi alterada para obrigá-lo a repetir uma substância ou atividade apesar do claro conhecimento de suas consequências prejudiciais.

O vício em álcool, tabaco ou em drogas ilícitas é amplamente reconhecido pela sociedade.

Já o açúcar de adição, ainda que todos saibam que faz mal para a saúde, é algo que está presente na maioria das casas, de forma que identificar o momento em que o seu consumo foge do controle nem sempre é fácil.

Qual a causa do vício em açúcar?


O vício em açúcar pode ser um problema comportamental .

Isso acontece quando uma pessoa se acostuma a comer açúcar após as refeições ou em determinados momentos do dia e assume isso como rotina.

Mas também pode ser um vício químico. A dopamina é um neurotransmissor que faz parte do “circuito de recompensa” associado ao comportamento viciante.

Quando um certo comportamento causa uma liberação excessiva de dopamina, sentimos uma sensação prazerosa que nos faz buscar repetir aquele comportamento.

À medida que o comportamento é repetido mais e mais, o cérebro se ajusta para liberar menos dopamina. Para sentir a mesma sensação de antes, é preciso o comportamento seja repetido em quantidade e frequência crescentes, levando ao abuso.

Quando estas pessoas desistem ou interrompem suas rotinas de doces, o corpo pode mostrar sinais de angústia ou abstinência, incluindo dores de cabeça, letargia ou sensação de cansaço, desejos, dores musculares, náuseas, distensão abdominal e até insônia.

Qualquer açúcar faz mal?


O açúcar esta normalmente presente em diversos alimentos naturais, como frutas, leite e cereais. Estes alimentos sempres foram consumidos e são parte fundamental da dieta de qualquer pessoa.

Nos alimentos naturais, porém, o açúcar está em menor concentração e associado a outros nutrientes, como Fibras Alimentares e vitaminas, diferentemente do que acontece com o açúcar de adição.

O açucar de adição é produzido geralmente a partir da cana de açúcar ou da beterraba. Durante a sua produção, ele é isolado de outros nutrientes, de forma que sua concentração é bastante elevada.

Ele está presente em diversos produtos industrializados, como doces, refrigerantes e pães e também na mesa da maior parte das casas.

O açúcar de adição é rapidamente absorvido, de forma que ele leva a um aumento muito rápido da glicose no sangue seguido por um pico de liberação de insulina.

A seguir, a insulina derruba a glicemia de forma igualmente rápida. Este processo está associado à maior parte dos problemas causados pelo excesso de açúcar, como a obesidade e a Diabetes tipo 2.

A alta concentração do açúcar de adição é também responsável pelo poder viciante do açúcar e é ele que deve, sempre que possivel, ser minimizado na dieta.

Muitas pessoas que buscam dietas para emagrecer substituem o açúcar de mesa pelos adoçantes. Ainda que os adoçantes tenham pouca ou nenhuma caloria, existem evidências de que, na prática, eles não levam à perda de peso.

Isso porque o sabor doce é tão viciante quanto o do açúcar, o que dificulta uma adaptação alimentar mais permantente.

Qual a relação do vício em açúcar, obesidade e das dietas para perda de peso?


Aproximadamente 75% dos americanos comem quantidades excessivas de açúcar – muitos dos quais podem ser classificados como viciados em açúcar.

O vicio em açúcar pode acontecer em pessoas com peso normal ou em obesos, mas a incidência é maior entre obesos. Da mesma forma, nem todos os obesos apresentam vícios nutricionais (especialmente o vício em açúcar).

Como referência, um estudo de metanálise mostrou que 11% das pessoas com peso normal apresentam algum tipo de vício alimentar, contra 25% dos obesos (1) .

A identificação do vício em açúcar nos pacientes que buscam dieta para a perda de peso é fundamental, uma vez que é reconhecido que a aderência destes pacientes às dietas é muito mais difícil, já que eles tendem a abandonar as dietas restritivas mais facilmente.

Como reconhecer o vício em açúcar?


O diagnóstico do vício em açúcar é feito a partir da avaliação clínica do Nutricionista ou médico a partir da história clínica. Um artefato bastante útil para isso é a Escala de Dependência Alimentar de Yale.

São sinais sugestivos do vício em açúcar:

  • Pessoas viciadas em açúcar geralmente reconhecem o problema, mas, ao invés de encontrar maneiras de reduzir o consumo, elas passam a comer escondidas. Muitos possuem “esconderijos secretos” onde guardam o chocolate sem o conhecimento de terceiros.
  • Como acontece com muitos comportamentos ou substâncias que causam dependência, a tolerância aos doces pode aumentar com o tempo. Um sinal de dependência do açúcar é a necessidade de comer quantidades cada vez maiores para satisfazer o desejo.
  • Quem é viciado em açúcar come açúcar mesmo quando não está com fome. Quando está em uma festa, fica desperada enquanto não pode “atacar” a mesa de doces e, ao comer uma fatia de bolo, fica desesperada para pegar mais uma fatia;
  • Pessoas viciadas em açucar usar o doce para se acalmar ou pare lhe dar com uma situação estressante;
  • O vício faz com que a pessoa muitas vezes saia do seu caminho para conseguir o açúcar. Como exemplo, desvia o caminho de casa para parar em uma doceria apenas para satisfazer sua necessidade para depois continuar o caminho normalmente para casa ou para o trabalho;
  • O sentimento de culpa por comer doces é comum entre pessoas com vício em açúcar.

Tratamento do vício em açúcar


O tratamento do vício em açúcar envolve, basicamente, desacostumar o centro de recompensa do cérebro com o sabor doce dos alimentos.

Algumas pessoas não são capazes de manter um consumo controlado do açúcar e respondem melhor a uma retirada completa e imediata do açúcar.

Outras pessoas não suportam uma retirada súbita e completa do açúcar e logo voltam a comer mais doces do que antes. Estas pessoas podem buscar reduzir uma fonte de açúcar adicionado de cada vez.

Como exemplo, se a principal fonte de açúcar adicionado for o refrigerante, uma possibilidade é iniciar com o corte das bebidas açucaradas para só depois passar para outras fontes de açúcar, como as sobremesas.

A maior parte das pessoas com vício em açúcar já tentou retirar o açúcar da dieta em diversas ocasioes anteriormente, de forma que entender como foram as recaidas é um bom ponto de partida para se bolar uma estratégia para vencer o vício de forma mais definitiva.

Substituir o açúcar pelo adoçante não é uma boa estratégia. Ainda que os adoçantes sejam menos calóricos do que o açúcar, eles manterão a busca pelo sabor doce e, no fim das contas, não terão vantagem em termos de perda de peso.

Refrigerantes e sucos (mesmo os naturais) são bebidas bastante açucaradas. Assim o consumo regular de água diminuirá o desejo por estas bebidas.

É importante perceber que desejo por açúcar não tem relação direta com a fome. Não é o seu corpo pedindo energia, mas sim o cérebro pedindo algo que libere muita dopamina no sistema de recompensa.

O problema é que a combinação de desejo e fome torna muito mais difícil resistir à tentação dos doces. Assim, ao sentir desejo quando está com fome, a melhor alternativa é comer uma refeição saudável imediatamente.

Assim, é preciso que se tenha estes alimentos saudáveis sempre disponíveis. Alimentos ricos em proteínas, como carne, peixe e ovos são especialmente bons para conter a fome.

Outra coisa que pode funcionar é sair para uma atividade física rápida. Isso serve a dois propósitos: primeiro, você está se distanciando da comida que deseja; em segundo lugar, o exercício irá liberar endorfinas, ou substâncias químicas “benéficas” em seu cérebro, o que pode ajudar a desligar o desejo pelo açúcar.

O cuidado com o sono também é fundamental. Quando ficamos acordados até mais tarde e dormimos pouco, fica mais difícil dizer não ao cérebro, e uma vez que os doces estejam disponíveis, você só irá parar quando eles acabarem.

Como o corpo responde à falta do açúcar?


A resposta do corpo para a retirada do açúcar varia de pessoa para pessoa. Descrevemos aqui um padrão médio, mas é importante que se compreenda como cada pessoa se comporta.

  • Primeira semana: são esperados sintomas como dor de cabeça, desconforto gastrointestinal e redução nos níveis de energia são comuns;
  • Segunda semana: a sensação de falta de energia desaparece, mas o desejo por açúcar ainda persiste. Para combater isso, é indicado comer uma dieta rica proteína, gorduras saudáveis ​​e fibras alimentares, o que o ajudará a se sentir mais satisfeito por mais tempo;
  • Terceira semana: é quando os benefícios da vida com pouco açúcar começam a aparecer. O desejo pelo açúcar e os sintomas relacionados ao excesso de açúcar fica para trás e a perda de peso começa a ser percebida;
  • Quarta Semana: os níveis de açúcar estão baixos e isso pode das a sensação de que nunca este melhor. O problema, neste momento, é muito mais mental do que físico.