medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Trauma na cabeça em crianças menores de dois anos

Particularidades do trauma na cabeça em crianças menores de dois anos

Trauma na cabeça em criança menor de dois anos é um problema comum e que exige uma abordagem diferente daquela recomendada para as crianças mais velhas.

A maior parte dos casos são relativamente leves e sem maiores consequências. No entanto, fraturas do crânio ou lesões intracranianas pode acontecer mesmo em traumas de menor energia e na criança sem quaisquer sintomas ou sinais de lesão neurológica.

A avaliação clínica da criança menor de dois anos também é dificultada pelas dificuldades de comunicação.

Abusos sofridos dos pais, de cuidadores ou mesmo de crianças mais velhas podem muitas vezes passar desapercebidos.

Risco de lesão intracraniana ou fraturas

A criança pequena apresenta maior risco de lesões, mesmo com traumas de menor intensidade.
Alguns dos fatores que contribuem para isso incluem:

Cabeça desproporcionalmente grande em relação ao restante do corpo;
Musculatura cervical mais fraca para sustentar a cabeça
Menor coordenação motora e menor habilidade para se proteger durantes quedas banais
O crânio é formado antes dos dois anos por um conjunto de ossos separados, ao invés de um único osso.

A maior parte dos estudos mostra um risco maior de lesão em crianças abaixo dos dois anos. No entanto, vale considerar que, dentro deste grupo, o risco é muito maior naquelas abaixo dos 12 meses, comparado com as crianças entre 12 e 24 meses (1).

Sinais e sintomas do Traumatismo Craniano na criança menor de dois anos

Além do maior risco para fraturas e lesões intracranianas, o exame clínico da criança menor de dois anos também é menos confiável.

Histórico de perda de consciência, vômito, convulsão ou alteração comportamental são alguns dos sinais e sintomas que devem levantar o alerta para a possibilidade de traumatismo craniano.

No entanto, mas da metade das crianças abaixo de dois anos que sofrem um traumatismo craniano não apresentam qualquer um destes sinais.

Mesmo o exame neurológico realizado pelo médico se mostra normal em mais da metade delas (2).

Avaliação diagnóstica

A grande discussão a respeito do trauma na cabeça em crianças menores de dois anos está relacionada à necessidade ou não da realização de exames de imagem.

O melhor exame para a avaliação do Traumatismo Craniano é a Tomografia Computadorizada.

A realização de tomografia, em teoria, deveria ser feita de forma criteriosa, devido à exposição da criança a radiação e também porque, nesta idade, as crianças precisam realizar o exame sob sedação, o que envolve potenciais riscos.

O problema é a falta de confiabilidade da história clínica e do exame físico / neurológico, o que faz com que o exame acabe sendo realizado de uma forma muito mais liberal e menos criteriosa.

Considerando que a queda de altura é o principal mecanismo de lesão na cabeça nesta idade, estudos têm recomendado que a tomografia não seria necessária em quedas de menos de 90cm de altura e na ausência sinais ou sintomas característicos (3).

Na criança sintomática, naquelas com queda de mais de 90cm de altura ou no caso de outros mecanismos de trauma, a tomografia deve ser realizada de rotina.