Tratamento da Dependência Química
Fases do Tratamento da Dependência Química
Ainda que cada tipo de dependência química tenha características próprias, o tratamento deve seguir algumas fases em comum.
O tratamento da dependência química foi dividido em quatro estágios, de acordo com a National Institute on Drug Abuse, nos Estados Unidos (1):
- Início do tratamento;
- Abstinência precoce;
- Manter a abstinência;
- Recuperação avançada.
Etapa 1: início do tratamento
Quando uma pessoa inicia um programa de reabilitação, o primeiro passo é se interar de como será o tratamento. Isso é feito por meio de uma avaliação com o Médico Psiquiatra.
No início, muitos são capazes de perceber o problema que o vício causa em outras pessoas. Entretanto, acreditam que o seu vício não é tão ruim como de fato é.
Esta negação pode ser um dos maiores problemas nos primeiros dias de recuperação.
Receber orientações sobre o seu problema é fundamental para que o paciente colabore de forma pró ativa com o tratamento.
De qualquer forma, é aí que o dependente irá se interar das “regras do jogo”.
Estágio 2: Abstinência Precoce
O estágio de abstinência precoce é para muitos a fase mais difícil do tratamento, por diferentes motivos:
- Sintomas de abstinência;
- Desejos físicos pela droga;
- Dependência psicológica;
- Gatilhos que podem atrair o usuário para uma recaída.
Durante esse período, o paciente pode apresentar sintomas de abstinência, como insônia, ansiedade e fadiga.
Quanto mais grave for o transtorno por uso de substâncias, mais demorada será a desintoxicação.
O tratamento envolve aconselhamento (psicoterapia) e medicamentos.
O objetivo do tratamento envolve:
- Suporte psicológico e medicamentoso para suportar a tentação pela droga;
- Tratamento dos sintomas de abstinência.
O tratamento pode ser feito de forma ambulatorial ou com o paciente internado. Discutimos mais a respeito disso em um artigo sobre Internação Psiquiatra.
A American Society of Addiction Medicine estabelece quatro níveis para o tratamento da dependência química, conforme abaixo (1):
DOMICILIAR | DOMICILIAR INTENSIVO | INTERNADO | INTERNAÇÃO INTENSIVA | |
SINTOMAS DE ABSTINÊNCIA | Sem risco | mínimo | Algum risco | Alto risco |
COMPLICAÇÕES MÉDICAS | Sem risco | Controlável | Monitoramento necessário | Tratamento necessário |
PROBLEMAS FÍSICOS OU COMPORTAMENTAIS | Sem risco | leves | moderado | Necessita monitoramento 24/ dia |
DISPOSIÇÃO PARA SE TRATAR | sim | Sim, mas precisa de apoio | Resistente, precisa de motivação 24 horas / dia | |
POTENCIAL PARA RECUPERAÇÃO | Bom potencial para manter a abstinência | Bom potencial, mas precisa de monitoramento próximo | Incapaz de controlar o uso | |
AMBIENTE DA CASA | cooperativo | Menos cooperativo, mas possível com ajustes e orientações | inapropriado |
Estágio 3: Mantendo a abstinência
Para os pacientes que iniciaram o tratamento em uma clínica de reabilitação, este é o momento de voltar para casa.
O estágio de manutenção da abstinência se inicia cerca de três meses após o início do programa de reabilitação e tem duração de aproximadamente cinco anos.
A ânsia pela droga diminui, mas o alerta ainda precisa ser alto.
O paciente deve colocar em prática as ferramentas que aprendeu na fase de abstinência precoce para viver um estilo de vida mais sóbrio.
Isso envolve, entre outras coisas:
- Construir relacionamentos saudáveis;
- Desenvolver um estilo de vida que não depende das drogas;
- Aprender habilidades de gestão de emprego e dinheiro;
- Gerenciar a raiva;
- Utilize exercícios e nutrição;
- Evitar atividades estressantes, inclusive profissionais.
Estágio 4: Recuperação Avançada
Após aproximadamente cinco anos de abstinência, o paciente entra no último estágio da reabilitação.
O elo com as drogas se mostra cada vez mais distante. Espera-se também que o paciente tenha hábitos e relacionamentos mais saudáveis.
Por outro lado, é preciso que fique claro que o vício não está curado. A dependência química é uma doença que pode ser controlada, mas para a qual não existe cura.
Isso significa que a vigilância precisa ser constante.
Por mais que o paciente não sinta mais nenhuma atratividade para as drogas, é preciso ficar longe de antigos ambientes, pessoas ou outras situações que possam servir como gatilho para o vício.
A recuperação deve ser vista como algo muito maior do que apenas ficar sóbrio. Ela envolve aprender a viver uma vida mais feliz e saudável.