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Testes para Alergia

Quando fazer um teste para alergia?

Existem diferentes testes usados para o diagnóstico de alergia, sendo que cada teste deve ser usado para certos tipos de alergenos.

A escolha dos alérgenos a serem testados deve ser feita apenas em consulta médica e direcionado aos prováveis alergenos (1).

Da mesma forma, os resultados não devem ser avaliados de forma isolada, mas sempre em conjunto com os achados clínicos. O uso indiscriminado de testes para alergia aumenta muito a probabilidade de resultados falso positivos ou falso negativos, que por sua vez podem levar a tratamentos desnecessários ou ao não tratamento.

Quais os principais testes para alergia?

Os principais testes para alergia incluem:

  • Teste cutâneo (Prick Test): usado em alergias IgE mediadas, que são aquelas de reação rápida.
  • Teste de contato (Patch test): usado em alergias que dependem de um contato prolongado com o alérgieno, como no caso das alergias de contato;
  • Teste de provocação: usado geralmente para a confirmação dos testes cutâneos
  • RAST (exame de sangue): pesquisa de IgE total e especiífco para certos tipos de alergenos.

Quando cada teste é indocado?

Nenhum teste deve ser considerado isoladamente para se fechar o diagnóstico de uma alergia. Isso é feito pela combinação dos achados da história clínica e dos resultados de exames. Descrevemos na tabela abaixo as recomendações da Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia (2).

Alérgeno recomendações Testes de escolha
Alimentos
  • Teste de alergia alimentar não é indicado para avaliação de dermatite atópica leve ou sintomas respiratórios isolados, como rinite ou asma.
  • IgE sérica não é indicada para intolerância alimentar não mediada por IgE; 
  • IgE sérica e o teste cutâneo são recomendados para confirmar alérgenos suspeitos. Eles não são adequados para uma triagem indiscriminada;
  • IgE sérica e teste cutâneo não predizem a gravidade da reação;
  • IgE sérico positivo indica sensibilização, mas não necessariamente alergia clínica
  • Os resultados do teste de IgE sérica podem ser negativos apesar da reatividade clínica.
Teste de Provocação Oral

Teste cutâneo

Teste de IgE específico para antígeno sérico, com ressalvas

Inalantes (Pólen, fungos, animais, ácaros) O teste cutâneo é o método preferido para confirmar alergias inalantes. Teste cutâneo
Látex
  • O único método para avaliar a alergia ao látex é o teste de IgE sérica;
  • Testes de IgE sérica podem confirmar a alergia ao látex, mas um resultado negativo não exclui a sensibilização.
Teste de IgE específico para antígeno sérico
Medicamento Para a maioria dos medicamentos, além da penicilina, um IgE sérico superior a 0,35 kU/L é indicativo de alergia Teste de Provocação Oral

Teste cutâneo para penicilina;

Teste de IgE específico para outras drogas.

Picada de insetos
  • Devem ser avaliados por testes cutâneos e testes de IgE sérica. Entretanto, existem inconsistências em relação a ambos os testes;
  • Qualquer valor diferente de zero de IgE do veneno é considerado positivo, apesar do ponto de corte de 0,35 kU/L;
  • O teste cutâneo de veneno dentro do período refratário da picada do inseto resultará em uma grande chance de resultados falso-negativos;
  • Teste de IgE sérica realizado em um curto período após a picada do inseto tem grande chance de resultado falso-negativo, já que a IgE sérica aumenta lentamente após a picada
Teste cutâneo e teste de IgE específico para antígeno sérico

 

Teste cutâneo (Prick test)

O Teste cutâneo é um exame usado na identificação de diferentes tipos de alergia IgE mediadas.

Ele pode ser feito para um único alérgeno, mas pode também envolver a testagem de mais de 20 alérgenos simultaneamente.

A escolha dos alérgenos a serem testados deve ser feita apenas em consulta médica e direcionado aos prováveis alergenos (1).

As principais indicações para o teste cutâneo incluem:

Por outro lado, o teste cutâneo não tem utilidade na avaliação de outros tipos de alergia ou doenças não alérgicas, incluindo:

  • Dermatite atópica;
  • Urticária crônica;
  • Angioedema;
  • Intolerância alimentar
  • Erupções cutâneas inespecíficas.

Como o Teste cutâneo é realizado?

O teste cutâneo geralmente é realizado na parte interna do antebraço ou nas costas.

Inicialmente, o local é marcado com uma caneta de pele. Para cada antígeno a ser testado deverá ser feita uma marcação, sendo que as marcas devem estar a pelo menos 2 cm de distância uma da outra.

Uma gota de solução contendo o alérgeno é então colocada ao lado de cada marca correspondente.

A seguir, é feita uma pequena picada na pele através da gota, usando uma lâmina de bisturi estéril. Uma nova lâmina deve ser usada para cada alérgeno testado.

Por fim, o excesso de solução de alérgeno é removido com um lenço de papel.

O paciente deve ser reavaliado após 20 a 30 minutos. Caso se forme uma pápula avermelhada e pruriginosa no local, o resultado é lido como positivo.

Além dos alérgenos testados, é indicado que se realize um controle positivo e negativo: 

  • O controle positivo, geralmente uma solução de histamina, deve provocar coceira em poucos minutos e depois ficar vermelho e inchado com uma “pápula” no centro. 
  • O controle negativo, geralmente uma solução salina, não deve apresentar resposta.

Como interpretar o Teste cutâneo?

Existem algumas escalas de classificação usadas para interpretar o Teste cutâneo. Entretanto, o tamanho do vergão é a forma mais precisa. 

O tamanho do vergão não indica a gravidade dos sintomas, mas sim o grau de sensibilidade ao alérgeno.

Tamanho do vergalhão Interpretação
<4mm negativo
5 – 10 mm Levemente sensível
10  15 mm Moderadamente sensível
> 15 mm Bastante sensível

O resultado do teste deve sempre levar em consideração a história clínica do paciente, uma vez que podem ocorrer resultados falso positivos ou falso negativos.

Resultados falso positivos acontece, quando o paciente tem uma hipersensibilidade e desenvolve uma reação irritante local, ainda que a substância não leve a uma reação alérgica propriamente dita.

Resultados falso negativos podem acontecer quando os alérgenos estão muito diluídos (especialmente no caso de alergia alimentar) ou quando o extrato utilizado não contém a substância que de fato está provocando a alergia. Isso porque o extrato não contem a estrutura completa do alérgeno.

A reatividade pode também estar diminuída no caso de lactentes ou idosos, mesmo na presença de alergia.

Por fim, o resultado pode ser negativo por conta do uso de medicamentos anti-histamínicos, usados no tratamento da alergia. Idealmente o paciente deve parar de tomar a medicação pelo menos 72 horas antes do teste cutâneo.

Teste de contato (patch test)

O patch test, também conhecido como teste de contato, é um exame usado no diagnóstico da alergia de contato.

Ele pode ser usado para identificar reação a cosméticos, diferentes tipos de metais, produtos químicos, e outros alérgenos comuns.

O exame usa adesivos com alérgenos aplicados na pele, geralmente nas costas.

Diferentemente dos testes cutâneos, o Patch test depende de uma exposição prolongada ao alérgeno. Assim, duas leituras devem ser feitas, com 48 horas e 96 horas após a aplicação dos adesivos.

Teste de Provocação Oral

Os testes de provocação oral são considerados os exames padrão ouro para o diagnóstico de alergias a medicamentos e alimentos.

Ele permite determinar com precisão se o paciente apresenta alergia a um determinado alimento ou medicamento. No entanto, tem maior risco de desencadear uma reação anafilática por conta da alergia, o que exige um ambiente controlado e preparado para garantir a segurança do paciente.

O teste de provocação oral tem três indicações principais:

  • Confirmar o diagnóstico de alergia a determinado alimento ou medicamento suspeito de ter causado a alergia.
  • Oferecer alternativas de medicamentos ou tratamentos;
  • Avaliar a dessensibilização de determinado alérgeno previamente conhecido.

RAST (Exame de Sangue

O teste RAST, ou teste de IgE específica, é um teste de alergia feito a partir de uma amostra de sangue.

A imunoglobulina E (IgE) é um anticorpo fortemente ligado à resposta alérgica do corpo. Assim, ela costuma estar presente em níveis baixos em pessoas sem alergia, mas elevado em pessoas alérgicas.

Além disso, ela é bastante específica. Isso significa que existem diferentes tipos de IgE, cada um deles atuando contra um alérgeno específico (pólen, ácaro, látex, outros).

Assim, existem dois tipos de exames de sangue de alergia:

  • Teste de IgE total: mede a quantidade total de IgE no sangue.
  • Teste de IgE específico: mede a IgE no sangue em resposta a alérgenos específicos.

O RAST normalmente é indicado pelo alergista quando o Teste Cutâneo não pode ser realizado devido ao risco de reações alérgicas graves, uso frequente de antialérgicos ou, em caso de crianças, nas quais a falta de cooperação pode ser um problema.

O resultado do exame deve sempre ser avaliado em conjunto com os achados e suspeita clínicas, já que podem haver falsos positivos ou falsos negativos.