medicina e exercicio
Pesquisar
Pesquisar

Terapia de casal

Terapia de casal

A terapia de casal tem se mostrado uma excelente ferramenta de intervenção para conflitos matrimoniais e questões que podem, em muitos casos, provocar angústias e desgastes nas mais diversas configurações de relacionamentos amorosos.

Porém, muitas pessoas podem ter dúvidas e questionamentos sobre essa prática e, por isso, buscamos oferecer um conteúdo completo com todas as informações que você precisa sobre essa temática. Acompanhe-nos.

O que é a terapia de casal?

A terapia de casal é uma das modalidades terapêuticas oferecidas por psicólogos para casais que buscam formas mais saudáveis e equilibradas de mediar os seus conflitos internos e interpessoais presentes no relacionamento e na rotina a dois.

O psicólogo pode contribuir para a construção de uma nova visão acerca do relacionamento, além de auxiliar na compreensão das emoções, desejos e individualidades de cada um.

A terapia de casal pode ser posta em prática com base em diversos tipos de técnicas e ferramentas psicológicas que contribuem para uma maior compreensão de si e do casal como um par.

Por exemplo, há a possibilidade de trabalharmos com o método do psicodrama, no qual o casal é convidado a “encenar” momentos conflituosos, visando trazer à tona as suas emoções e pensamentos que são vividos durante esses conflitos, buscando formas de lidar com a situação de uma maneira mais equilibrada, empática e respeitosa.

Há a possibilidade de trabalhar a posição inversa no psicodrama, que é quando cada cônjuge assume o lugar do outro diante dos conflitos, para que possam ter uma visão diferenciada da situação, refletindo, empaticamente, sobre o que acontece na relação.

No entanto, essa é apenas uma das possibilidades técnicas da ​​terapia de casal. Cada situação pode oferecer intervenções diferentes por parte do psicólogo.

Porém, em todos os casos os objetivos das intervenções serão baseadas em premissas como:

  • Elevar a qualidade de vida do casal.
  • Contribuir para o respeito às diferenças.
  • Estimular uma vida sexual saudável.
  • Oferecer um espaço para que se discuta e se compreendam as emoções pessoais e do parceiro.
  • Auxiliar na aprendizagem de habilidades que contribuam para uma resolução de conflitos mais saudável e respeitosa.
  • Oferecer reflexões que possam auxiliar na construção da tolerância e da flexibilidade dentro da relação.
  • Entre outros fatores que possam trazer benefícios e auxiliem na construção de um relacionamento saudável.

Em quais casos a terapia de casal é indicada?

A terapia de casal tem como propósito oferecer um ambiente acolhedor de escuta, compreensão e apoio aos casais que possam estar atravessando momentos conflituosos e difíceis.

Apesar de ser uma ferramenta que beneficia o casal, é importante considerar o fato de que, em alguns momentos, as angústias surgirão na sala de atendimento, e o casal poderá se ver diante de situações desconfortáveis e dolorosas emocionalmente. Porém, atravessar esses momentos, com o auxílio de técnicas terapêuticas, pode ser bem relevante para o crescimento e o desenvolvimento de cada um.

Sendo assim, pensando nessa premissa de que a terapia de casal contribui para o desenvolvimento da relação, mas nem sempre será “agradável”, uma vez que mexe com questões difíceis das pessoas, podemos pensá-la como uma alternativa para situações como:

1. Dificuldade para administrar conflitos
Uma relação a dois pode passar por diversos conflitos com o passar dos anos. Afinal, embora existam afinidades entre os dois envolvidos, ainda assim há diferenças que podem resultar em discordâncias, discussões, brigas e desentendimentos.
Muitas vezes, esses problemas podem ser facilmente resolvidos entre o casal que busca e encontra, em conjunto, alternativas para lidar com a situação. Porém, dependendo do conflito, pode ser que o casal se sinta instável e sem uma visão clara do que pode ser feito para mediar e resolver o problema.
Nessas circunstâncias, a terapia de casal pode ser bem convidativa e efetiva, uma vez que o casal poderá discutir, na sala de atendimento e com o intermédio do psicólogo, formas de lidar com as diferenças e os problemas que possam estar encarando no momento.

2. Necessidade de enfrentar determinadas questões (como disfunções sexuais)
A vida é dinâmica e pode, muitas vezes, apresentar-nos caminhos “tortuosos”. Isto é, embora uma relação a dois possa ser regada por sentimentos de amor, afeto e felicidade, ainda não estamos imunes a questões que possam abalar esses sentimentos e emoções.
Por exemplo, casais que enfrentam dificuldades sexuais por conta de disfunções, podem sentir o emocional abalado, a autoestima no casamento pode ficar prejudicada e, consequentemente, a relação pode começar a se fragilizar.
Esse é um dos exemplos de enfrentamento que o casal pode viver no decorrer do desenvolvimento da sua história. Nesse caso em específico, a terapia de casal pode auxiliar na compreensão da disfunção, no tratamento de questões psíquicas envolvidas com a disfunção e na construção de alternativas saudáveis para a vida sexual do casal.
Além desses casos, é possível que o casal encontre na terapia a oportunidade de lidar com o enfrentamento da situação de querer engravidar e não conseguir, seja por dificuldades sexuais ou infertilidade; estar passando por problemas financeiros; descobrir alguma doença grave que abalou a relação; entre outros pontos.

3. Apoio psicológico frente ao planejamento familiar
O planejamento familiar é uma importante fase da vida de um casal. Porém, nem sempre esse planejamento acontecerá de uma forma fácil e leve. O choque de culturas, por exemplo, pode provocar problemas na hora de lidar com a criação dos filhos e de desenvolver formas de lidar com as crianças e com a rotina.
Além disso, as angústias, dúvidas e medos vividos nesse momento podem resultar em conflitos no casal, afastamento, esfriamento da relação, etc.
Por isso, o apoio psicológico dado na terapia de casal pode ser crucial para a busca do “ritmo inicial” do casal, visando a construção de um planejamento familiar equilibrado.
Vale ressaltar que indivíduos que não têm conflitos emocionais frente a esse planejamento, mas que desejam um suporte psicológico para planejar e garantir a saúde mental, também podem recorrer à terapia.
Isto é, a terapia de casal não precisa ser procurada apenas em casos de patologias ou desequilíbrios. Mas sim, pode ser procurada como método preventivo e de psicoeducação frente a essas questões familiares.

4. Necessidade de equilibrar as diferenças individuais do casal
Apesar de existir um casal, com fortes conexões, ainda assim existem dois indivíduos compartilhando a vida, os sonhos, os medos, os desejos, etc. Isso quer dizer que existem diferenças e características singulares marcantes em ambos.
Em alguns casos, essas diferenças podem gerar conflitos que pesam o emocional e sobrecarregam as emoções. Por exemplo, se um homem possui uma criação machista e deseja que a sua mulher não trabalhe, a esposa pode se sentir presa à relação e essa questão pode ser trabalhada na terapia, visando a liberdade e autonomia de cada um, mesmo diante de criações familiares diferentes.
Outro exemplo seria o de casais que possuem religiões diferentes ou que um dos dois é ateu. Nesses casos, é necessário trabalhar o respeito e a tolerância para equilibrar essas diferenças individuais sem transformar isso em grandes brigas e desentendimentos.

5. Desenvolvimento de planos e projetos em conjunto
Desenvolver projetos e planos para o futuro que envolvam os dois pode ser um grande desafio para alguns casais. Os objetivos diferentes, sonhos distintos e estilos de criação divergentes podem causar conflitos e confusões nesse sentido.
Por meio da terapia de casal é possível encontrar formas de desenvolver planos em conjunto que sejam capazes de oferecer respeito e entrega para os dois lados. Isto é, torna-se viável buscar alternativas que respeitem o desejo de cada indivíduo, sem anular ninguém e, ao mesmo tempo, sem deixar de lado a construção de projetos em conjunto.

6. Superar uma traição
Superar uma traição pode ser bastante doloroso e difícil para algumas pessoas. Esse processo pode abalar profundamente o casal, colocando-o diante de um conflito que, em muitos casos, resulta em um processo de separação.
No entanto, com a terapia de casal é possível encontrar possibilidades e caminhos que viabilizem a reconciliação em alguns casos. Porém, é importante deixar claro que alguns casais, durante as sessões de terapia, podem constatar que a separação será mais saudável para ambos os lados.
Isto é, a terapia de casal não visa “salvar a relação”, mas sim, visa elevar a qualidade de vida e saúde mental dos envolvidos, sem anular ninguém e sem colocar o mantimento da relação como a “única solução” frente ao ocorrido. Afinal, em alguns casos, realmente o término poderá ser mais interessante e saudável.

7. Construção de um equilíbrio no estilo de vida
Cada pessoa tem uma história de vida, com marcas, traumas, sonhos, desejos, etc. Cada pessoa enxerga a vida por um “óculos” diferente, afinal, não existe a menor possibilidade de duas pessoas repetirem exatamente os mesmos passos.
Essa diferenciação pode provocar alguns desentendimentos e dificuldades na relação a dois. Enquanto um deseja x, outro pode desejar y. Enquanto um quer, outro pode não querer. Afinal, isso é natural.
Porém, quando essa diferenciação de estilo de vida resulta em conflitos e dificuldades para seguir adiante, o casal pode recorrer à terapia para aprender a restabelecer um equilíbrio dentro disso. Sempre respeitando as diferenças e os limites de cada um, e sem negligenciar nenhum lado.

Exemplo de processo de terapia de casal

Para que o processo de terapia de casal fique mais claro na sua mente e seja possível compreender se é uma alternativa interessante para o casal, veja abaixo um exemplo de processo que pode ser percorrido durante o desenvolvimento das sessões:

1. Percepção do conflito como possibilidade de melhoramento
Durante as sessões, os conflitos do casal poderão vir à tona, dando voz para ambos os lados. Cada um apresenta as suas versões, pontos de vista, etc. Esses conflitos são acolhidos e analisados por diferentes perspectivas, com o propósito de serem enxergados como uma possibilidade de melhoramento.
Isto é, os conflitos vão sendo quebrados em partes, para que alternativas sejam analisadas em prol do crescimento e desenvolvimento do casal, diferente do que o senso comum vê como conflito. Afinal, no senso comum, acredita-se que precisamos evitar todo e qualquer conflito, mas isso não é verdade. Os conflitos são construtivos e podem abrir caminhos para mudanças positivas, e não necessariamente para problemas.

2. Clareza sobre a responsabilidade de cada um
Durante as sessões de terapia de casal, o terapeuta pode contribuir para que os envolvidos compreendam as responsabilidades de cada um.
Isto é, a autorresponsabilidade é fortalecida em prol da saúde do relacionamento. Pois pare e pense: quantas vezes nos vemos diante de conflitos que poderiam ser evitados por nós mesmos?
Por exemplo, se há problemas sexuais dentro da relação, mas a pessoa que está insatisfeita não comunica isso, como o outro poderá saber o que está acontecendo? É impossível culpar o outro pelo que não está funcionando na cama, certo? Afinal, a relação sexual é feita por duas pessoas no mínimo, e, por isso, conversar sobre sexo com o parceiro pode ser mais promissor do que culpá-lo de tudo. Isto é, assumir a responsabilidade de deixar claro o que deseja é importante.
Essa responsabilização vale para diferentes áreas da vida do casal, sempre analisando o que é dever e direito de cada um frente à construção de uma relação saudável.

3. Desenvolvimento da flexibilidade e da tolerância
Na terapia é possível desenvolver o senso de tolerância e a flexibilidade dentro do relacionamento. Isso porque, muitas vezes, diversos conflitos podem estar associados com a dificuldade que um ou os dois têm de aceitar as diferenças e os desejos alheios.
Claro que não estamos falando de querer colocar o outro acima de todas as nossas vontades, mas sim, de aceitarmos as diferenças, respeitarmos os limites alheios e tolerarmos aqueles defeitos que são detectados no outro.
Afinal, não existe pessoa perfeita e tampouco uma pessoa que seja exatamente o que sonhamos algum dia. As pessoas são únicas, com suas qualidades e defeitos, e desenvolver a flexibilidade para lidar com isso, sendo mais tolerante, é algo relevante para a construção de um relacionamento mais saudável.

4. Busca do autocontrole
A busca pelo autocontrole também é indispensável. Na terapia, é possível trabalhar o autocontrole do indivíduo e do casal em si, visando uma maior harmonia.
Isso porque existem casos de indivíduos que são muito explosivos quando contrariados, ou muito emotivos frente às situações conflituosas. Assim sendo, desenvolver a inteligência emocional e aprender a lidar com o que se sente é um caminho promissor para elevar a qualidade de vida do casal e de cada um dos dois.
Na terapia de casal é possível encontrar caminhos que auxiliem na construção desse controle de si mesmo.

5. Desenvolvimento da comunicação não-violenta e respeitosa
A terapia de casal também pode contribuir para o desenvolvimento de uma comunicação mais clara, calma e assertiva.
O conceito de comunicação não-violenta e respeitosa pode ser apresentado. Além disso, o casal terá um espaço para falar sem se preocupar com o julgamento, aprendendo a lidar com o que o outro pensa e encontrando caminhos mais frutíferos para a comunicação de cada um deles.
Afinal, a comunicação no relacionamento pode oferecer uma série de benefícios, uma vez que é por meio dela que praticamente todos os conflitos podem ser discutidos e muitos deles solucionados de forma saudável.

6. Trabalhos voltados à satisfação sexual
Durante a terapia, também é possível trabalhar estratégias voltadas à satisfação sexual do casal. Afinal, essa área da vida a dois tem relação com a qualidade de vida, autoestima, bem-estar e saúde mental.
Sendo assim, conversar sobre sexo, discutir o que cada um gosta, impor limites e abrir caminhos para novidades são ações que podem ser postas em prática durante as sessões com o terapeuta.

7. Autoconhecimento e auto desenvolvimento
Por fim, a terapia de casal também contribui para o autoconhecimento de cada um. Pois, às vezes, os conflitos aparecem porque ambos os lados não sabem dizer o que gostam e não gostam; o que aceitam ou não aceitam; quais caminhos querem seguir e quais não querem; e assim por diante.
Assim sendo, o autoconhecimento pode ser trabalhado tanto para que cada um se compreenda, quanto para que cada um compreenda melhor o outro, o que oferece um autodesenvolvimento individual, para cada um, e um desenvolvimento para o casal.
Afinal, será possível compreender melhor os pontos fortes e fracos de cada um, visando a construção de estratégias promissoras para o desenvolvimento do casal e de cada indivíduo.

A terapia de casal não precisa ser procurada apenas nos conflitos

Além disso tudo que citamos no decorrer deste conteúdo, lembre-se de que a terapia de casal não é indicada apenas para quem tem problemas no casamento, como mencionamos anteriormente.

Mas sim, ela pode ser acionada em casos nos quais o casal se prepara para mudanças, quer se conhecer melhor, quer impulsionar a saúde mental, desenvolver um planejamento mais sadio para o futuro, e assim por diante.

Por isso, investir nessa possibilidade é, também, investir na qualidade de vida.

Referências
COSTA, C. B.; DELATORRE, M. Z.; WAGNER, A.; MOSMANN, C. P. Terapia de Casal e Estratégias de Resolução de Conflito: Uma Revisão Sistemática. Artigo • Psicol., Ciênc. Prof. (Impr.) 37 (1) • Jan-Mar 2017.

FLEURY, H. J.; ABDO, C. H. N. Terapia de casal para superar disfunções sexuais. Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Diagn Tratamento. 2016;21(1):45-8.