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Sintomas Comuns na Gestação

Sintomas Comuns na Gestação

A gestação está associada a diferentes mudanças físicas e fisiológicas que explicam os diferentes sintomas percebidos durante a gestação.

Cada mulher é única e reage de forma igualmente diversa. Enquanto algumas são capazes de funcionar muito bem e manter sua rotina próxima do normal, outras ficam muito mais incapacitadas.

Considerando a gestação como um processo bastante dinâmico, os sintomas esperados também variam ao longo de todo o processo da gestação.

Sintomas Iniciais da Gestação (1º trimestre - 13–26 semanas)

Mostramos na tabela abaixo os sintomas mais comuns no primeiro trimestre da gestação.

Sintoma Incidência Estimada Causa Principal Tratamento/Orientações
Atraso menstrual Quase 100% Implantação do embrião e início da produção de hCG (hormônio da gravidez) Confirmar gestação com teste; monitoramento pré-natal
Náuseas e vômitos (enjoo matinal) 70–85% Aumento dos níveis de hCG e estrogênio; maior sensibilidade olfativa Fracionar refeições; gengibre; piridoxina (vitamina B6); antieméticos se necessário
Aumento das mamas e sensibilidade 75–80% Elevação dos hormônios (estrogênio e progesterona) prepara mamas para lactação Sutiãs confortáveis; compressas frias se necessário
Cansaço e sonolência 60–90% Aumento da progesterona e maior demanda metabólica Descanso frequente; alimentação equilibrada; hidratação
Aumento da frequência urinária 50–80% Aumento do fluxo sanguíneo renal e compressão da bexiga pelo útero crescente Evitar cafeína; esvaziar bexiga regularmente; evitar líquidos à noite
Alterações de humor 40–70% Oscilações hormonais (principalmente estrogênio e progesterona) Apoio emocional; exercícios leves; psicoterapia se necessário
Tonturas ou desmaios 15–25% Vasodilatação, queda da pressão arterial e hipoglicemia Levantar-se lentamente; alimentação frequente; evitar longos períodos em pé
Salivação excessiva (sialorreia) 5–10% Estímulo hormonal; pode acompanhar náuseas e refluxo Chicletes ou balas ácidas; ingestão frequente de água; melhora com o tempo

Sintomas do 2º Trimestre (13–26 semanas)

Sintoma Incidência Estimada Causa Principal Tratamento/Orientações
Melhora das náuseas 70–90% Adaptação hormonal; estabilização dos níveis de hCG Aproveitar para reforçar nutrição e hidratação
Aumento do apetite 60–80% Necessidade calórica crescente; estabilização do trato gastrointestinal Manter dieta equilibrada, fracionada e nutritiva
Aparecimento da “linha nigra” 70–90% Aumento da melanina estimulado por hormônios como estrogênio e MSH Não necessita tratamento; desaparece após o parto
Movimentos fetais (chutinhos) 80–90% (após 18-20 sem.) Crescimento fetal e aumento da sensibilidade da mãe aos movimentos Considerado sinal saudável; registrar padrões regulares de movimentação
Congestão e sangramentos nasais 20–40% Vasodilatação e aumento do fluxo sanguíneo nos vasos nasais Umidificadores, hidratação nasal com soro fisiológico, evitar ambientes secos
Cãibras nas pernas 30–50% Compressão de nervos e vasos, alterações na circulação e carência de minerais Alongamentos, hidratação, suplementação de cálcio e magnésio se indicado
Azia e refluxo 30–60% Relaxamento do esfíncter esofágico inferior por ação da progesterona Refeições pequenas e frequentes, evitar deitar após comer, antiácidos sob orientação

 

Sintomas do 3º Trimestre (27 semanas até o parto)

Sintoma Incidência Estimada Causa Principal Tratamento/Orientações
Desconforto físico e cansaço > 90% Crescimento fetal, sobrecarga postural, alterações metabólicas Repouso adequado, exercícios leves, fisioterapia
Inchaço (edema) 60–80% Retenção de líquidos, compressão venosa pela gravidade uterina Elevar as pernas, hidratação, evitar longos períodos em pé, meias compressivas
Dificuldade para dormir 60–70% Ansiedade, desconforto postural, micções frequentes Boa higiene do sono, travesseiros de apoio, técnicas de relaxamento
Contrações de Braxton Hicks 70–90% Preparação uterina para o parto Reposição hídrica, repouso; observar regularidade para diferenciar do trabalho de parto
Dor lombar e pélvica 50–70% Alteração do centro de gravidade, relaxamento ligamentar Exercícios específicos, suporte postural, calor local
Falta de ar 60–80% Compressão do diafragma pelo útero aumentado Postura ereta, pausas frequentes, evitar esforço físico intenso
Secreção vaginal aumentada 70–90% Hiperestrogenismo, preparação do canal de parto Higiene íntima adequada, roupas leves, avaliar sinais de infecção
Colostro nas mamas 30–50% Ativação das glândulas mamárias Normal; utilizar absorventes de seio se necessário

 

Quando os sintomas indicam alerta?

Embora muitos sintomas sejam comuns na gestação e que cada mulher responda a esse período de forma individualizada, isso não significa que qualquer sintoma deva ser normalizado.

Alguns sintomas requerem atenção médica imediata são mostrados na tabela abaixo:

Sinal de Alerta O que Pode Indicar
Sangramento vaginal Ameaça de aborto, descolamento de placenta, placenta prévia
Dor abdominal intensa Apendicite, trabalho de parto prematuro, ruptura uterina, pré-eclâmpsia
Febre persistente (>38°C) Infecção urinária, corioamnionite, viroses graves
Diminuição/ausência de movimentos fetais após 28 semanas Sofrimento fetal, restrição de crescimento intrauterino
Inchaço súbito no rosto ou mãos Sinal de pré-eclâmpsia
Visão turva, dor de cabeça intensa, “luzes” na visão Sinais neurológicos de pré-eclâmpsia grave
Corrimento vaginal com odor forte ou coloração anormal Infecção vaginal (ex: vaginose bacteriana, candidíase, ISTs)

 

Febre na gestação

Febre é definida como temperatura corporal ≥ 38°C (medida axilar ou oral). Ela indica resposta inflamatória ou infecciosa, exigindo investigação cuidadosa nas gestantes.

Ela acomete cerca de 6% a 10% das gestações, podendo chegar a 20% das gestantes em populações com maior prevalência de infecções tropicais. Em serviços de referência obstétrica, até 15% das admissões hospitalares de gestantes podem envolver quadro febril.

Toda febre na gestação deve ser investigada — mesmo que isolada ou de baixa intensidade. Isso porque, durante a gestação, a febre pode ser o único sinal de uma infecção potencialmente grave, tanto para a mãe quanto para o feto. Infecções que poderiam ser facilmente resolvidas sem complicações em uma mulher não gestante podem ter consequências muito piores se não forem tratadas ou se forem tratadas tardiamente.

No primeiro trimestre, as infecções febris podem estar associadas a complicações como malformação congênita ou aborto. No segundo ou terceiro trimestre, pode estar associada a Parto prematuro, Corioamnionite, Sofrimento fetal agudo ou Infecção neonatal (sepse, meningite, etc).

As principais causas de feb re na gestação incluem:

  • Infecção Urinária;
  • Infecção respiratória;
  • Infecçòes genitais;
  • Arboviroses: dengue, zica e chikungunya.

O tratamento geralmente é feito com antitérmicos seguros na gestação, mais comumente o paracetamol. Além disso, o tratamento da causa base pode envolver o uso de antibióticos, antivirais ou hidratação, entre outras abordagens. Por fim, é fundamental acompanhar sinais de sofrimento fetal, incluindo os movimentos fetais e a frequência cardíaca fetal.