Sangramento Uterino Anormal
O que é o sangramento uterino anormal?
Sangramento Uterino Anormal é a denominação utilizada atualmente para nomear as alterações decorrentes de um sangramento uterino abundante.
Até recentemente, estes distúrbios eram categorizados em dois tipos:
Menorragia: sangramento fora do período menstrual;
- Menorragia: sangramento fora do período menstrual;
- Hipermenorreia: aumento no volume, na duração ou na frequência da menstruação.
O termo “Sangramento Uterino Anormal” engloba as duas condições acima.
Quais as causas para o Sangramento Uterino Anormal?
Existem diferentes possíveis causas para o Sangramento Uterino Anormal. Eles podem ser divididos em dois grupos:
Causa estrutural
- Pólipos: “verrugas” que podem se formar nas paredes do útero;
- Adenomiomas;
- Miomas: são tumor benigno do útero, que muitas vezes aparecem durante a idade fértil;
- Câncer: especialmente câncer do colo do útero e câncer do endométrio.
Causas não estruturais:
- Alterações do endométrio: Endometrite, Endometriose;
- Coagulopatias: doenças que fazem com que o corpo tenha dificuldade em interromper um sangramento;
- Disfunção ovariana: incluindo a pré menopausa e a Síndrome do Ovário Policístico;
- Iatrogênica: uso inadequado de pílulas anticoncepcionais, hormônios, Dispositivo Intrauterino (DIU), anticoagulantes e alguns outros medicamentos.
Quais as consequências do sangramento uterino anormal?
A principal consequência do Sangramento Uterino Anormal é o risco para anemia. Este é o nome genérico de uma série de condições caracterizadas pela deficiência na concentração da hemoglobina.
A Hemoglobina é a principal proteína presente no sangue, responsável pelo transporte de oxigênio.
A anemia pode afetar negativamente diversos aspectos físicos. Alguns dos sintomas mais comuns incluem cansaço, falta de apetite, dor de cabeça e tontura.
O sangramento Uterino anormal pode também ter um forte impacto emocional na mulher. Em alguns casos, isso pode chegar ao ponto de levar ao absenteísmo tanto no trabalho como na escola.
Avaliação do paciente com Sangramento Uterino Anormal
O primeiro passo na avaliação do paciente com Sangramento Uterino Anormal é excluir qualquer possibilidade de abortamento, gravidez ectópica e outros sangramentos do início da gestação ou pós-parto.
Feito isso, a avaliação é direcionada para a identificação da causa do sangramento Uterino anormal e também de suas possíveis consequências, em especial a anemia.
A identificação da causa deve ser direcionada pela história clínica. Ela deve incluir, entre outras coisas:
- Identificação de fatores de risco para câncer de endométrio;
- Identificação de sinais sugestivos de coagulopatias, como manchas roxas pelo corpo, histórico de dificuldade para interromper outros sangramentos não menstruais e histórico familiar de alguma coagulopatia;
- Medicações em uso;
- Outras doenças concomitantes, como a síndrome dos ovários policísticos, resistência insulínica ou doenças da tireoide;
- Identificação de lesões da vagina ou colo do útero
Como avaliação complementar, a ultrassonografia pélvica pode ser usada na identificação de possíveis causas. Outros exames poderão ser considerados a depender do resultado da Ultrassonografia pélvica, como a Histeroscopia.
A dosagem de ferritina e o hemograma ajudam na avaliação de eventual anemia ou redução nos estoques de ferro.
Tratamento
O tratamento do Sangramento Uterino Anormal tem por objetivo a estabilização do endométrio, com a minimização do sangramento. Ele pode ser feito por meio de métodos hormonais ou não hormonais.
Em casos específicos, especialmente naqueles com lesões estruturais, o tratamento cirúrgico pode ser considerado. Isso depende de qual o tipo de lesão que está causando o sangramento.
A cirurgia para ablação do endométrio ou histerectomia também pode ser considerado nas causas não estruturais.
Tratamento Hormonal
O tratamento hormonal pode ser feito por meio dos contraceptivos combinados (estrógeno + progesterona) ou contraceptivos com progesterona isolada.
- O progestagênio (derivados da progesterona) é o principal responsável pela redução no volume da menstruação;
- Os derivados do estrogênio presente nos contraceptivos hormonais combinados são responsáveis por regular o ciclo menstrual. Eles tornam o sangramento mais previsível. Além disso, ajudam a combater os efeitos androgênicos (masculinizantes) produzidos pelos progestagênios.
Os contraceptivos combinados reduzem a perda sanguínea menstrual em 35% a 72% (1). Eles podem ser usados em esquemas cíclicos, mas podem também ser administrados continuamente, reduzindo também o número de episódios de menstruação.
Contraceptivos com progesterona isolada são usados especialmente no caso de mulheres que apresentam contraindicação ou não toleram o uso de estrogênios.
O maior risco relacionado ao uso de pílulas anticoncepcionais é a Trombose Venosa Profunda (TVP), sendo este risco proveniente do estrogênio.
Em função disso, as pílulas de progesterona sem estrogênio são indicadas para mulheres com risco elevado para trombose, incluindo fumantes, obesos e mulheres com histórico pessoal ou familiar de trombose.
Tratamento não Hormonal
O tratamento não hormonal do Sangramento Uterino Anormal inclui o uso de antifibrinolíticos ou de anti-inflamatórios não hormonais.
Ele é particularmente indicado para mulheres que não desejam usar hormônios ou que tenham contraindicação ao uso de hormônios, além de mulheres com desejo de gestação.
Antifibrinolíticos
Mulheres com aumento do fluxo menstrual podem apresentar ativação do sistema fibrinolítico durante a menstruação. Este sistema promove a aceleração da degradação do coágulo de fibrina, formado para conter o sangramento.
Ao inibir a fibrinolise, estes medicamentos ajudam a conter os sangramentos. O antifibrinolítico mais usado para o tratamento do Sangramento Uterino Anormal é o ácido tranexâmico.
Anti-inflamatórios
O uso de antiinflamatórios se justifica pelo fato de que o aumento da inflamação no endométrio está associado com aumento na perda de sangue durante a menstruação. Eles podem ser usados isoladamente ou como terapia adjuvante de um tratamento hormonal.
Os anti-inflamatórios podem proporcionar uma redução de até 25% a 50% no volume de sangramento (1). Eles devem ser usados durante a menstruação e apresenta o benefício da redução da dismenorreia, que é a dor associada à menstruação.
Os efeitos colaterais mais frequentes estão relacionados a efeitos gastrointestinais, devendo ser evitados em mulheres com história de úlcera.
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico do Sangramento Uterino Anormal não estrutural pode ser feito com a ablação do endométrio ou com a histerectomia.
A ablação do endométrio tem por objetivo a destruição do endométrio. Ela deve incluir a camada basal, de forma a impedir que o endométrio se regenere.
O procedimento pode ser realizado com diferentes técnicas, incluindo laser, vaporização, balão térmico, crioablação e radiofrequência bipolar.
O resultado com as diferentes técnicas é relativamente parecido, com melhora importante do sangramento. A taxa de amenorreia, após um ano fica em torno de 40% a 50%.
Já a Histerectomia é um tratamento de exceção para o tratamento do Sangramento Uterino Anormal de causa não estrutural. Ainda assim, este é um tratamento curativo e com alto índice de satisfação das pacientes.
No caso do Sangramento Uterino Anormal de causa estrutural, diferentes técnicas cirúrgicas poderão ser consideradas. Isso depende de qual a lesão que está causando o sangramento.