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Reposição Hormonal Masculina (Reposição de Testosterona)

Testosterona baixa

Diferentes termos são utilizados para se referir à redução nos níveis de testosterona, e que podem levar à necessidade de Reposição Hormonal Masculina:

  • Andropausa;
  • Hipogonadismo masculino.

Ao contrário do que acontece com as mulheres menopausadas, que param totalmente de produzir os estrogênios, no homem há uma redução gradativa na produção de testosterona, não uma interrupção completa.

Em média, a testosterona diminui 1,2% a cada ano a partir dos 40 anos (1). Esta queda nos níveis de testosterona é variável, podendo chegar a até 2% ao ano em algumas pessoas.

A deficiência de testosterona é observada em aproximadamente 6% dos homens de meia idade, 15% daqueles entre 50 e 60 anos e 50% ou mais dos homens acima de 80 anos.

A idade é o maior fator de risco para a redução dos níveis de testosterona, mas outros fatore devem ser considerados, como Obesidade, síndrome metabólica, Colesterol Alto, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo e Depressão.

Quais os sintomas da Testosterona Baixa?

Os principais sinais e sintomas sugestivos de uma redução na produção de testosterona incluem:

  • Diminuição do desejo sexual e da quantidade e qualidade das ereções;
  • Diminuição da força e da massa muscular;
  • Aumento da gordura abdominal;
  • Diminuição da cognição, do raciocínio e da memória;
  • Fadiga;
  • Irritabilidade;
  • Sonolência.

Muitos dos sintomas listados acima são semelhantes a outras doenças ou mesmo ao processo natural de envelhecimento.

Quando considerando o diagnóstico de deficiência de testosterona, uma avaliação completa buscando outras possíveis explicações para os sintomas do paciente se faz mandatória antes de discutir a respeito da Reposição Hormonal Masculina.

Diagnóstico da Testosterona baixa

A testosterona circula em nosso organismo em três diferentes formas:

  • Aproximadamente 50% encontra-se fortemente ligada a uma proteína chamada de SHBG (Sex hormone binding globulin / proteína ligadora dos hormônios sexuais). Quando ligada à SHBG, a testosterona está em uma forma inativa, sendo incapaz de exercer sua ação sobre os tecidos;
  • Outros 50% estão fracamente ligados à albumina, principal proteína do nosso corpo, sendo por isso considerada uma forma de testosterona biodisponível;
  • Apenas 2% do total de testosterona encontra-se livre no sangue e pronta para atuar nos tecidos.

Idealmente, deveríamos avaliar os níveis de testosterona livre, que é a forma ativa da testosterona e que está mais relacionada aos sintomas.

A testosterona livre, porém, é complicada de ser mensurada e os resultados são menos fidedignos. Assim, a avaliação inicial é habitualmente feita com a testosterona total.

Na presença de uma testosterona total baixa, é preciso repetir o teste ao menos uma vez para confirmar o resultado. A dosagem deve ser feita sempre pela manhã, uma vez que os níveis de testosterona flutuam ao longo do dia.

A testosterona total também apresenta uma flutuação significativa ao longo do dia. Assim, na presença de um resultado de testosterona baixo, o teste deve ser repetido ao menos uma vez para se conformar o diagnóstico. O exame deve ser feito sempre pela manhã, que é quando a testosterona costuma estar mais elevada.

Não existe um consenso de qual o valor limítrofe para o diagnóstico da deficiência de testosterona. Isso também pode variar de acordo com o método de análise, sendo importante avaliar qual o valor de referência do laboratório.

Os valores de referência costumam variar entre 200 e 300 como medida de corte. Na presença de um nível baixo de testosterona total confirmado por um segundo exame, outros exames devem ser solicitados, incluindo a SHBG e os hormônios hipofisários gonadotróficos (FSH e LH).

Quando a Reposição Hormonal Masculina é indicada?

A terapia de reposição da testosterona hoje é considerada bastante eficaz e segura quando bem indicada (homem com sintomas e testosterona baixa no sangue).

A Reposição Hormonal Masculina deve ser pensada sempre a partir dos potenciais benefícios e eventuais riscos. Apesar de muitas vezes ser vendido como algo “mágico”, é preciso considerar que a redução nos níveis de testosterona não é a única responsável pelos problemas de saúde relacionados ao envelhecimento.

A simples detecção dos níveis hormonais reduzidos não justifica a reposição hormonal. Muitas pessoas apresentam níveis reduzidos de testosterona e estão bem adaptadas a isso.

Mesmo no esporte de elite, um estudo realizado com 689 atletas de elite masculinos de diferentes modalidades mostrou que 25% deles apresentavam níveis de testosterona abaixo do que a Associação Internacional de Federações de Atletismo considera o limite inferior para homens (2).

Ainda assim isso não parecia interferir no desempenho esportivo deles.

A reposição Hormonal Masculina não é recomendada quanto o paciente não apresenta sintomas característicos, uma vez que seus benefícios são bastante questionáveis e os riscos elevados. Não estamos falando aqui do abuso da testosterona, elevando os níveis do hormônio em mais de 40 vezes.

Também não se deve dar testosterona a homens com níveis normais do hormônio no sangue, especialmente para aqueles que o fazem por questões estéticas ou para aumentar a massa muscular em academias de ginástica.

Quais os benefícios da Reposição Hormonal Masculina?

A terapia de Reposição Hormonal é uma excelente alternativa em diferentes condições, incluindo:

  • Redução da Libido masculina;
  • Tratamento de problemas com a ereção;
  • Osteoporose;
  • Prevenção de problemas cardiovasculares;
  • Prevenção e controle do diabetes.

Quais os riscos da terapia de Reposição Hormonal Masculina?

Entre os graves efeitos colaterais associado à reposição hormonal masculina incluem-se:

  • Aumento do peito (Ginecomastia);
  • Atrofia dos testículos, redução na contagem de espermatozoides e infertilidade. A reposição de testosterona não é recomendada para pessoas que tenham a intenção de ter filhos. (3);
  • Piora da apnéia do sono existente;
  • Aumento dos níveis de colesterol, com consequente aumento no risco cardiovascular, incluindo a Doença Arterial Coronariana e o Infarto Agudo do Miocárdio;
  • Aumento do número de glóbulos vermelhos, o que pode estar associado a Hipertensão arterial, dor muscular e Trombose Venosa Profunda.

Por outro lado, a reposição hormonal não é indicada para a maior parte das pessoas, que apresentam testosterona abaixo dos valores de referência, mas sem sintomas que possam ser atribuídos a ela.

Nenhuma das organizações médicas de referência referendam o uso nestas condições, incluindo a a SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), a International Endocrinology Society, a Endocrine Society e o ACSM (American College of Sports Medicine).

Infelizmente, o abuso da testosterona com finalidades estéticas ou de melhora no desempenho esportivo continua sendo uma realidade e muitas vezes orientado por médicos que banalizam os riscos associados ao procedimento.

Vale ressaltar que o Conselho Federal de Medicina (CFM) não reconhece as especialidades médicas em “reposição hormonal” ou em “modulação hormonal” e que, portanto, não existem especialistas registrados nessas áreas de atuação no Brasil.

Profissionais das áreas de Endocrinologia ou em Urologia são aqueles devidamente habilitados para realizarem a reposição hormonal, uma vez que devidamente indicado.

Como é feita a Reposição Hormonal Masculina?

No Brasil, as vias mais utilizadas são a parenteral (injeção intramuscular) e a transdérmica. As injeções podem ser as chamadas de curta ação, devendo ser injetadas a cada duas a quatro semanas (cipionato de testosterona e ésteres de testosterona) ou as de longa ação, que devem ser injetadas a cada três meses (undecilato de testosterona).

As formulações orais (com exceção do undecilato de testosterona) não devem ser utilizadas devido à possível toxicidade hepática.

Implantes subdérmicos ou suas associações NÃO são autorizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e NÃO apresentam comprovação científica para sua indicação, por isso não devem ser utilizados.

Qual a dose segura da testosterona?

Uma alegação muito comum de quem advoga pelo uso da testosterona (a maioria formada por não especialistas) está relacionado à dose: “A diferença entre o remédio e o veneno está na dose”, dizem.

Ainda que o risco de complicações e efeitos colaterais aumente com o aumento da dose e do tempo de uso, não existe uma dose considerada totalmente segura e a prescrição deve sempre considerar os potenciais riscos e benefícios.

No hipogonadismo masculino, considera-se que para a maior parte dos pacientes os benefícios superam os riscos, de forma que a testostona é aprovada e recomendada pelas principais sociedades médicas.

Falar em dose segura para a testosterona em um público saudável não faz o menor sentido, uma vez que isso dependeria de estudos científicos desenhados para comprovar esta segurança.

Estes estudos simplesmente não existem, uma vez que o uso da testosterona por motivos estéticos ou esportivos é proibido na maior parte dos países e este tipo de pesquisa envolveria um sério problema ético. O que se sabe, todavia, é que mesmo em doses baixas existem sim o risco de efeitos adversos.