Relação Familiar na Terceira Idade
Relação familiar na terceira idade
A relação familiar na terceira idade tem um papel muito importante na vida das pessoas idosas. Isso porque são as relações sociais – incluindo a família – que podem oferecer mais qualidade de vida e bem-estar ao indivíduo.
Afinal, as pessoas são sociais e necessitam desse contato para manterem tanto a saúde física, quanto a mental.
Por isso, neste texto nós apresentamos algumas considerações sobre a importância da relação familiar na terceira idade, além de apontarmos algumas orientações para que as ações da família contribuam para a construção desse laço.
Importância da relação familiar na terceira idade
A importância da relação familiar na terceira idade envolve-se com diferentes esferas da vida do idoso. Ela está associada à qualidade de vida, ao bem-estar, à saúde física e mental, à cognição, entre outros pontos.
Isso porque as relações podem oferecer apoio, escuta, acolhimento, direcionamento em momentos difíceis, entre outras questões. Tudo isso sem considerar, ainda, a importância da família com relação aos cuidados com a saúde do idoso.
A seguir, descrevemos fatores que dão pistas do quanto as relações familiares na terceira idade são importantes, veja:
1. Melhora na qualidade de vida
Diversos estudos têm apontado o fato de que as relações sociais bem-sucedidas podem elevar a qualidade de vida do idoso.
Isso pode decorrer de uma série de fatores, como por exemplo, quando construímos relacionamentos mais saudáveis, podemos melhorar a nossa autoestima, desenvolver projetos e perspectivas mais positivas para o futuro, etc.
Além disso, quando estamos passando por momentos difíceis em nossas vidas, a ajuda social – da família e dos amigos – pode fazer toda a diferença no enfrentamento das situações negativas.
Afinal, quando podemos conversar sobre o que sentimos, tememos e queremos, podemos “esvaziar” nossas dores, encontrar apoio no outro e desenvolver estratégias de superação que tendem a ser mais bem-sucedidas.
2. Previne o aparecimento de quadros depressivos
A solidão na terceira idade também pode ocasionar o aparecimento de quadros como a depressão. Afinal, a sociabilidade tem um papel importante quanto à manutenção do bem-estar, da qualidade de vida, dos sonhos para o futuro, e assim por diante.
Sendo assim, o fato de permanecer sozinho pode ocasionar uma diminuição na felicidade e na satisfação com a vida, o que pode desencadear quadros depressivos que se agravam com o tempo, caso não sejam tratados.
3. Diminuição dos comportamentos sedentários
Quando o idoso tem a possibilidade de interagir com a família, participar de encontros e eventos familiares, bem como viajar com parentes, as chances de os comportamentos sedentários diminuírem são muito maiores.
O idoso terá a chance de interagir com diversas pessoas, brincar com os seus netos, passear ao ar livre em locais nos quais a família pode levá-lo para viajar, e assim por diante.
Em contrapartida, quando há uma diminuição na relação familiar na terceira idade, o idoso pode acabar se isolando socialmente, passando cada vez mais tempo em casa, sentado e sem praticar algum tipo de atividade que o manteria ativo.
Consequentemente, essa postura sedentária pode prejudicar a saúde e o bem-estar do sujeito, além de agravar doenças crônicas ou ocasionar o aparecimento de enfermidades.
4. Interações que estimulam a cognição
As conversas e interações com as pessoas também são uma ótima forma de estimularmos a nossa cognição. Isto é, quando conversamos com alguém, podemos aprender algo novo, expandir nossos horizontes mentais, estimular nosso foco no que está sendo dito, fortalecer conhecimentos, adquirir novas informações, estimular nossa memória, aumentar o nosso vocabulário, e assim por diante.
Desse modo, a relação familiar na terceira idade pode contribuir para uma melhora na cognição do idoso, protegendo-o, inclusive, de doenças mentais e cerebrais, uma vez que o cérebro estará sendo estimulado com mais frequência.
5. Compartilhamento de experiências e apoio mútuo
A relação familiar na terceira idade também auxilia na hora de o indivíduo compartilhar suas experiências de vida e encontrar, na família e nos parentes com a mesma idade, um apoio mútuo.
É o caso de irmãos idosos estarem diante de questões da vida que são comuns à terceira idade, e assim, podem compartilhar informações, pontos de vista e considerações que são interessantes na hora de atravessar momentos difíceis.
Além disso, a sensação de pertencimento também pode minimizar a sensação de angústia frente às transformações físicas, fisiológicas e psicológicas atravessadas na velhice.
6. Pode proteger a saúde física também
Estudos apontam que as interações sociais saudáveis e positivas também tendem a contribuir para um aumento da imunidade e uma redução dos níveis de batimentos cardíacos.
Isso quer dizer que a relação familiar na terceira idade também pode contribuir para uma proteção da saúde física do sujeito, que terá a oportunidade de fortalecer sua imunidade e minimizar as chances de adoecimento.
7. Sensação de felicidade
A sensação de felicidade, sem dúvidas, é algo que aumenta o bem-estar e a qualidade de vida de modo geral. Quando o indivíduo experimenta momentos felizes e alegres com frequência, a imunidade pode ficar mais elevada e a satisfação com a vida mais bem construída.
Sendo assim, a relação familiar na terceira idade pode oferecer esses benefícios, uma vez que o idoso também pode construir uma rotina baseada nas sensações de felicidade, que são comuns nas relações sadias.
Como a família pode construir uma boa relação com o idoso?
A relação familiar na terceira idade tem um papel muito importante na vida do idoso, e isso pode ser clarificado no decorrer deste texto. No entanto, agora podemos pensar sobre quais ações da família tendem a contribuir para a construção de uma boa relação com o idoso.
Sabemos que nem sempre é fácil, e que muitas questões podem entrar em jogo na hora de nutrir uma boa relação nesse sentido. Contudo, estimular a própria paciência e aprender a lidar com as diferenças são ações que podem ajudar a minimizar as dificuldades. Vamos adiante:
1. Empatia e escuta ativa
A empatia pode fazer toda a diferença na hora de construir uma relação mais positiva com a pessoa idosa. Isso quer dizer que devemos evitar de enxergar as situações apenas por nossa perspectiva e com base naquilo que acreditamos.
Cada pessoa é única, e a diferença de geração pode ocasionar visões de mundo diferentes. Saber respeitar isso é fundamental.
Além disso, a empatia também auxilia na hora de agirmos e reagirmos com relação ao outro, focando em minimizar os desentendimentos que seriam desnecessários.
Saber ouvir o idoso também é muito importante. Isso porque, especialmente em casos nos quais o idoso perde uma parcela da sua capacidade funcional, a família pode querer tomar decisões no lugar do sujeito, mesmo quando ele ainda pode agir por conta própria em alguns casos. É muito importante evitar esse tipo de comportamento, pois isso pode anular o sujeito, deixando-o à mercê dos desejos das outras pessoas.
Por isso, enquanto o idoso puder opinar e agir por conta própria, isso deve ser estimulado. Lembre-se de que estamos diante de uma pessoa idosa, e não necessariamente de uma pessoa incapaz de pensar com a própria cabeça, ok?
Obviamente, podemos orientar o idoso quando este tomar decisões que possam prejudicar a sua saúde e a sua qualidade de vida. Contudo, é preciso apostar na comunicação não-violenta nesses casos, visando oferecer direcionamentos que o façam refletir sobre o que está acontecendo.
2. Conhecimento acerca das patologias do idoso
A família também pode buscar aprender mais sobre as patologias que o idoso pode ter. Esse tipo de conhecimento ajuda de diversas maneiras, como por exemplo:
- Auxilia na hora de apoiar o idoso frente às mudanças positivas que podem acontecer na rotina.
- Auxilia com relação à construção de hábitos que minimizem os efeitos patológicos das enfermidades.
- Pode contribuir para uma maior compreensão da família, que passa a entender melhor a situação do idoso.
- Oferece um ambiente mais tranquilo frente aos quadros crônicos, uma vez que a falta de conhecimento pode elevar, emocionalmente, a gravidade que a doença pode ter.
- Estimula tomadas de decisão mais assertivas e com foco na qualidade de vida e saúde do idoso.
- Entre outras questões pertinentes.
Para tanto, é preciso conversar com médicos e profissionais da saúde que sejam qualificados, a fim de compreender, de fato, do que se trata tal patologia e como é possível minimizá-la no dia a dia.
3. Respeito ao espaço e à autonomia do idoso
Nunca, em hipótese alguma, deve-se minimizar a autonomia do idoso frente à sua rotina. Se ele pode colocar em prática algumas atividades, mesmo que de uma maneira mais lenta e demorada, isso deve ser estimulado. Ou seja, se o idoso ainda consegue se alimentar sozinho, mas demora uns minutos a mais na mesa, a família não deve atrapalhar tentando alimentá-lo – salvo em casos nos quais o sujeito solicita e apresenta sofrimento psíquico por conta disso.
Além disso, a família pode, ainda, estimular comportamentos mais autônomos, fortalecendo a autoestima do idoso e dizendo a ele que é possível ir adiante em determinadas tarefas, por mais desafiadoras que elas possam parecer – desde que isso não comprometa a segurança do indivíduo.
Contudo, quando uma situação pode ser muito difícil para o idoso, é importante que haja uma pessoa supervisionando. Por exemplo, se uma breve caminhada no quintal é algo que ele ainda consegue fazer, mas apresenta dificuldades para se manter em equilíbrio, é importante que alguém o acompanhe para dar suporte caso dê alguma tontura que o faça quase cair, por exemplo.
Quanto ao respeito ao espaço, lembre-se de que o indivíduo pode, muito bem, desejar ficar sozinho em alguns momentos. É difícil se sentir bem com uma pessoa por perto em todos os momentos. Saber respeitar esses momentos é um caminho promissor para a construção de uma relação familiar na terceira idade.
4. Paciência com relação aos choques de pensamento
Manter a paciência também é importante para a construção de uma boa relação familiar na terceira idade. Isso porque é muito comum que a pessoa idosa tenha uma visão de mundo e a família, especialmente os mais novos, tenha outra.
Lembre-se de que não precisamos mudar as pessoas à nossa volta, pois isso é inviável.
Mas, sim, devemos respeitar as diferenças e os perfis de cada um. Claro que isso é válido em situações nas quais o ponto de vista da outra pessoa não agride e não diminui ninguém, afinal, quando estamos diante de situações preconceituosas, por exemplo, aí sim podemos apontar outras visões de mundo, com base na comunicação não-violenta e argumentos bem definidos.
5. Construção de interações familiares saudáveis
A relação familiar na terceira idade também pode ser estimulada por meio de interações familiares interessantes. É o caso de levar o idoso para visitar um parente, ou convidar pessoas que ele gosta (como irmãos e primos) para um dia na casa dele.
Esse tipo de interação aumenta a qualidade de vida e contribui para um bem-estar geral. Por isso, se a família puder propiciar esse tipo de encontro no dia a dia, os efeitos tendem a ser bastante positivos.
6. Assegurar a participação do idoso em atividades saudáveis
Sempre que possível, a família pode servir de alicerce na hora de o idoso ser estimulado a colocar em prática atividades saudáveis.
É o caso de levá-lo para passeios ao ar livre com a família, estimular exercícios com os familiares, oferecer uma alimentação mais saudável e adequada às restrições do idoso, e assim por diante.
7. Oferecer cuidados com a saúde
Por fim, a relação familiar na terceira idade também pode servir de alicerce na hora de construir um ambiente no qual os cuidados com a saúde sejam mantidos de maneira mais assertiva.
Por exemplo, os horários para medicamentos, construção de rotina, cuidados com a higiene e outras ações são relevantes na hora de proteger a saúde e o bem-estar do idoso.
A família, nessa situação, pode contribuir para que todas essas tarefas sejam colocadas em prática. Ao mesmo tempo, pode interagir com o idoso, aproximando-se dele e transformando esses momentos de cuidado em situações de troca de afeto, proximidade, boas histórias para contar, e assim por diante.
E não se esqueça: conversar com profissionais da saúde para oferecer o melhor suporte para o idoso é um caminho muito relevante. Jamais descarte o acompanhamento profissional.
Referências
CARNEIRO, Rachel Shimba. A relação entre habilidades sociais e qualidade de vida na terceira idade. Rev. bras.ter. cogn., Rio de Janeiro , v. 2, n. 1, p. 45-54, jun. 2006 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872006000100005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 07 nov. 2022.
NETO, J. D. et al. Os aspectos psicossociais da relação familiar na terceira idade: mapeamento nos bairros de Colinas-TO. Projeto de pesquisa- PROPIC.
GARCIA, A. & LEONEL, S. B. Relacionamento interpessoal e terceira idade: a mudança percebida nos relacionamentos com a participação em programas sociais para a terceira idade. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 2(1), São João del-Rei, Mar./Ag., 2007.