Queimaduras

Queimaduras são lesões teciduais resultantes do contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou alguns animais e plantas.
Ela pode ser diferenciada nos seguintes tipos:

• Queimadura térmica: são provocadas por fontes de calor como o fogo, líquidos ferventes, vapores, objetos quentes e excesso de exposição ao sol;
• Queimadura química: são provocadas por substância química em contato com a pele ou mesmo através das roupas. Também inclui as queimaduras por animais.
• Queimadura elétrica: são provocadas por descargas elétricas.

A queimadura pode ser classificada nos seguintes tipos, de acordo com a gravidade:

Primeiro grau
Atinge a camada superficial da pele, que fica vermelha, quente e dolorosa, mas não forma bolhas.
A cura espontânea ocorre em 3 a 6 dias, sem deixar cicatrizes.

Segundo grau
Atinge mais profundamente a pele, que se apresenta dolorosa, vermelha e com bolhas.
O edema (inchaço) e a dor são mais significativos.
Ela é comumente observada nas queimaduras por líquidos quentes, mas pode eventualmente acontecer em decorrência da queimadura solar.
As queimaduras menos profundas podem se recuperar em cerca de duas semanas sem deixar cicatrizes ou com cicatrizes discretas. As queimaduras mais profundas demoram várias semanas e podem resultar em cicatrizes significativas

Terceiro grau
Todas as camadas da pele são danificadas. A dor é menos intensa devido aos danos nos nervos.
Ela é observada mais freqüentemente nas queimaduras por chama, em queimaduras químicas e elétricas. A queimadura solar é incomum nestes casos.
O tratamento é complexo, exigindo cirurgia plástica reparadora com enxerto de pele.

Grandes queimaduras são lesões extremamente graves e que podem colocar a vida do paciente em risco.

Queimaduras de alto grau, mas que acometem áreas mais restritas, também podem evoluir com complicações tanto estéticas como funcionais, em decorrência da formação de cicatrizes.

Entre as principais complicações, incluem-se:

Infecção bacteriana
A infecção é uma ds principais preocupações relacionadas a queimaduras. Além de a pele ser uma barreira natural de proteção contra infecções, a presença de tecidos mortos / desvitalizados facilita a instalação dos agentes infeciosos.
Tratamento com limpeza e debridamento agressivo da ferida, além de cobertura precoce do defeito na pele e antibioticoterapia, ajudam a reduzir o risco de infecção

Perda de líquidos
A queimadura pode levar a uma perda significativa de líquidos, que pode inclusive colocar a vida em risco. Ela deve ser tratada com reposição volêmica precoce.
Problemas renais, cardíacos, hepáticos e outros podem se desenvolver em decorrência da desideratação severa. Assim, é fundamental que seja feito um monitoramento e intervenção precoce de todos estes problemas.

Hipotermia
Casos graves de queimadura podem levar a uma perigosa redução da temperatura corporal.
Problemas respiratórios
Quando a queimadura atinge o rosto e o pescoço, ela pode provocar um edema que leva ao fechamento das vias aéreas. Quando houver esta possibilidade, a realização de uma traqueostomia deve ser considerada.
Problems respiratórios podem também se desenvolver em decorrência da formação de extensas cicatrizes no tórax, que impeçam os pulmões de se expandirem.

Cicatrizes
A lesão na pele se recupera por meio de fibrose, que é um tecido cicatricial e não elástico. Além do problema estético, cicatrizes extensas podem levar a restrição da mobilidade, acarretando importantes limitações funcionais.
Quando acomete o tórax, ela pode levar a uma limitação da expansão dos pulmões.

Síndrome compartimental
Grandes queimados podem apresentar edema significativo e extenso da musculatura. No entanto, as fascias que contêm os músculos apresentam elasticidade limitada, levando assim a um aumento na pressão nos compartimentos das pernas ou braços.
Este aumento da pressão, denominado de síndrome compartimental, podelevar à interrupção no fluxo sanguíneo.
Nestes casos, poderá ser indicada uma cirurgia para liberação das fascias, denominada de fasciotomia.

A maioria das queimaduras leves pode ser tratada em casa e se recupera dentro de algumas semanas.

No caso de queimaduras graves, no entanto, o tratamento pode envolver medicamentos, curativos e cirurgia. Os objetivos do tratamento são controlar a dor, remover tecido morto, prevenir infecções, reduzir o risco de cicatrizes e recuperar a função.

Queimaduras extensas, especialmente aquelas que acometem mais de 10% da superfície corpórea, exigem cuidados específicos, que devem idealmente ser feitas em um centro especializado em queimaduras. Eles podem precisar de enxertos de pele para cobrir feridas grandes, além de outros tratamentos. São feridas com sérios riscos de complicações e que podem inclusive colocar a vida em risco.

Algumas medidas que devem ser adotadas ainda no local onde aconteceu a queimadura incluem:

• Colocar a superfície queimada debaixo de água corrente fria, com jato suave, por, aproximadamente, dez minutos. Compressas úmidas e frias também são indicadas.
• Se houver poeira ou insetos no local, a queimadura deve ser mantida coberta com pano limpo e úmido.
• Não tocar a queimadura com as mãos;
• Não furar bolhas;
• Não descolar tecidos grudados na pele queimada;
• Não retirar corpos estranhos ou graxa do local queimado;
• Não colocar manteiga, pó de café, creme dental ou qualquer outra substância sobre a queimadura

Além disso, no caso de queimaduras em grandes extensões do corpo, por substâncias químicas ou eletricidade, a vítima necessita de cuidados médico-hospotalares urgentes.

Depois de receber os primeiros socorros para uma queimadura grave, os cuidados médicos incluem uma série de medids e cuidados, incluindo:

• Hidratação: a queimadura pode levar a uma significativa perda de líquidos, que precisa ser reposta por meio de fluidos intravenosos. O objetivo é evitar desidratação e falência de órgãos.
• Medicamentos para dor: as queimaduras podem ser muito dolorosas. Medicamentos analgésicos formtes, como a morfina, podem ser necessários, especialmente para mudanças de curativo.
• Cremes e pomadas: podem incluir uma variedade de produtos tópicos para cicatrização de feridas, como bacitracina e sulfadiazina de prata. Estes produtos ajudam a prevenir a infecção e preparam a ferida para se fechar.
• Curativos para manter a ferida limpa e seca. Pomadas cicatrizantes podem ser usadas em alguns casos.
• Antibióticos: devem ser usados de forma preventiva, nas queimaduras mais extensas. No caso de feridas mais extensas e contaminadas, a antibioticoterapia será feita de forma terapêutica desde o início, mesmo antes do aparecimento dos primeiros sinais de infecção.
• Vacina antitetânica, caso o paciente não esteja imunizado ou haja dúvidas quanto a imunizações prévias.

Além das medidas descritas acima, outros cuidados que podem ser necessários para o grande queimado incluem:

• Suporte respiratório: quando a queimadura atinge áreas do rosto ou pescoço, a garganta pode inchar e se fechar. Frente a esta possibilidade, pode ser indicada a realização de uma traqueostomia, para manter o aporte de oxigênio para os pulmões.
• Sonda nasogástrica: a capacidade de se alimentar também pode ser prejudicada. Assim, o paciente pode necessitar de uma sonda para manter o suporte nutricional.
• Tratamento cirúrgico: podem incluir procedimentos para a liberação de cicatrizes, enxerto de pele ou cirurgias plásticas reparatórias.

Diferentes tipos de tratamento cirúrgico podem ser indicados em diferentes momentos.

Na fase inicial (aguda), podem ser indicados procedimentos para debridamento (remoção de tecidos mortos), limpeza da ferida e cobertura das lesões, devolvendo as funções de barreira física e química da pele.

O tratamento também deve ser precoce em certas condições em que áreas vitais estão expostas ou gravemente comprometidas. Isso inclui, por exemplo, a liberação de retrações que impedem o paciente de abrir a boca ou a liberação de cicatrizes que levem a compressão de vasos sanguíneos ou nervos.

Em alguns pacientes, a queimadura pode levar a edema excessivo nos membros e. a uma síndrome compartimental, o que exige procedimentos como a fasciotomia.

Em um segundo momento, poderão ser realizados procedimentos para melhorar a reabilitação e funções não vitais. Isso inclui, por exemplo, as contraturas em articulações maiores e a liberação de contraturas nas mãos.

Finalmente, em uma fase tardia, poderão ser indicados procedimentos de cunho estético, especialmente na face ou mamas.