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Processo de separação

Processo de separação

O processo de separação pode significar a libertação, bem como a abertura de um precipício. Isso quer dizer que, dependendo da história de vida do casal, um dos lados pode enxergar a separação como solução, enquanto o outro pode se ver “perdido” diante do novo.

Ao mesmo tempo, há situações em que ambos os envolvidos concordam com a separação, claro. Porém, em todos os casos há a passagem por grandes mudanças, que podem implicar em impactos na saúde mental e emocional.

Por isso, trouxemos informações sobre esse tema para que você possa refletir com a gente. Vamos adiante.

O que pode levar um casal ao processo de separação?

Assim como acontece em todas as relações humanas, no casamento há a inclusão de muitos aspectos subjetivos e singulares de ambos os lados. Isso quer dizer que cada casal é único, e possui uma história diferente. Logo, os gatilhos por trás da separação também tendem a ser diferentes.

No entanto, em se tratando de amostragem, podemos detectar alguns motivos pelos quais as separações ocorrem, ou pelo menos os têm como base para ocorrerem.

A seguir descrevemos algumas dessas causas, visando oferecer a você uma reflexão sobre o seu relacionamento. Afinal, às vezes as pessoas não conseguem nomear os motivos pelos quais a separação é solicitada, e analisar o caso com mais cuidado pode, inclusive, criar possibilidades estratégicas de recuperação do casamento.

Portanto, com uma visão reflexiva sobre essa situação, acompanhe-nos.

1. Planos individuais versus planos do casal
Um casal é formado por duas individualidades que se unem, obviamente, porém, dentro do matrimônio, muitos sonhos em conjunto começam a ser moldados.
Mas, infelizmente, os pensamentos diferentes podem aparecer na hora de tirar determinados planos do papel. Isto é, o casal pode começar a discordar dos passos que desejam dar rumo ao futuro, colocando os planos individuais em detrimento aos do casal.
Essa falta de concordância pode resultar em casos de separação, uma vez que um dos lados pode ter, por exemplo, a ideia de morar fora do país para trabalhar, enquanto outra parte não deseja deixar a cidade natal.

2. Idealização do outro
Quando nos apaixonamos, costumamos enxergar as qualidades alheias de uma maneira bastante intensa. Até mesmo as menores qualidades são vistas como “perfeição” diante dos olhos apaixonados.
Além disso, começamos a imaginar um futuro dos sonhos ao lado da pessoa amada, imaginando como será, o que acontecerá e, inclusive, como o outro agirá em determinadas situações.
Porém, à medida que o tempo passa, essa idealização pode começar a cair por terra. Isto é, a pessoa que era vista como “perfeita”, passa a demonstrar as suas pequenas e grandes imperfeições.
Isso pode gerar uma frustração e uma quebra de expectativa grande, resultando em comentários como “não foi com essa pessoa que eu me casei”.
Por isso, justamente, que relacionamentos muito recentes, que logo se encaminham para o casamento, podem ser arriscados. É claro que há exceções, mas se permitir conhecer melhor o outro, antes de tomar a decisão de “passar o resto da vida juntos”, pode ser um caminho mais seguro, emocionalmente falando.

3. Influência da família
Não é novidade para ninguém que algumas pessoas têm dificuldades para se relacionar por conta da intromissão da família do parceiro.
É o caso da família, como sogro e sogra, não gostarem do parceiro de seus filhos, intrometendo-se na relação e “fazendo a cabeça” do filho para que este se separe.
Esse tipo de influência pode tornar a relação pesada quando não é imposto um limite saudável. Consequentemente, as intrigas, os desentendimentos e a imposição familiar podem resultar em um processo de separação.
Por isso, inclusive, é importante saber impor limites entre o que é a vida do casal e a vida da família, para impedir esse tipo de situação.

4. Questões sexuais
As frustrações e insatisfações sexuais também podem servir de estopim para o processo de separação acontecer.
Essas questões podem ser as mais diversas:

  • Casamento sem sexo.
  • Baixa libido.
  • Preferências sexuais incompatíveis.
  • Falta de tempo para pensar nas questões sexuais.
  • Falta de comunicação no relacionamento para conversar sobre o que um ou o outro gosta.
  • Casos de disfunção sexual.
  • Entre outros pontos.

5. Dificuldades financeiras
As dificuldades financeiras também costumam sobrecarregar a saúde mental, o bem-estar e a qualidade de vida do casal.
Inclusive, existem estudos que apontam que os problemas financeiros são um dos maiores estopins para os pedidos de divórcio no país.
Sendo assim, essas questões podem resultar em brigas constantes, bem como em cobranças, como por exemplo, no caso de um cobrar a postura de gastos que o outro tem e a falta de concordância com relação às economias e organização das finanças.

6. Traição
Sem dúvidas, a traição também pode ser uma mola propulsora para o pedido de separação. Embora alguns casais conseguem “atravessar” esse problema, nem sempre isso é possível em toda relação.

7. Distanciamento
Devido à rotina corrida e desgastante, muitos casais podem começar a se ocupar demais ao longo dos dias, o que resulta em um distanciamento entre ambos.
Afinal, a carga de atividades é tão grande que torna-se difícil encontrar um espaço na agenda que permita que ambos conversem, relacionem-se e fortaleçam o amor.
Consequentemente, o distanciamento vai criando uma atmosfera menos afetiva, ou seja, ambos começam a sentir o amor “esfriando”. Quando se dão conta, podem perceber que, de acordo com a concepção deles, “não há mais volta” e a relação é desfeita.

8. Falta de comunicação
A falta de comunicação também costuma ser um problema muito recorrente em muitos relacionamentos.
É o caso de a pessoa não gostar de algo e não comunicar o outro, demonstrando apenas um sentimento de indiferença.
Há casos em que a pessoa descontente apenas ignora o outro, afastando-se cada vez mais.
Esse tipo de postura, que vai em detrimento a uma comunicação saudável, pode fazer com que os problemas “cresçam”, ao invés de serem resolvidos um a um, resultando em uma sobrecarga emocional negativa que leva à separação.

9. Influência das relações sociais
Além de a família ter uma implicação, em alguns casos, sobre o processo de separação, a influência das demais relações sociais também podem ocasionar esse efeito.
É o caso de amigos levarem o cônjuge para festas e o incentivarem a ter comportamentos que não são aceitos pela esposa. O inverso também pode acontecer.
Além disso, discursos que fortalecem a ideia de que “ser solteiro(a) é melhor”, em casos de relacionamentos fragilizados, podem induzir o indivíduo a tomar a decisão de se separar.
Claro que a culpa não é das outras pessoas, mas sim, do próprio indivíduo e do casal que está presente nessas circunstâncias. Mas também não podemos, simplesmente, deixar de lado o quanto as influências sociais podem moldar nossos comportamentos, em certas medidas.

Aspectos psicológicos da separação

Além de pensarmos em algumas das possíveis causas da separação nos relacionamentos conjugais, também podemos analisar um pouco mais sobre os aspectos psicológicos envolvidos com este momento que pode ser doloroso para muitas pessoas. Acompanhe:

1. Impactos na autoestima
Viver um processo de separação pode acarretar em impactos na autoestima do sujeito. Afinal, o fato de sofrer a “rejeição” pode ser bastante doloroso, fazendo-o duvidar das suas próprias qualidades.
Esse impacto na autoestima tende a ser ainda mais intenso em casos nos quais o sujeito é traído pelo parceiro, e essa traição é o motivo pelo qual a separação é solicitada.

2. Frustração
Quando um indivíduo se compromete com o outro, casando-se e abdicando-se de sua vida de solteiro vivida até então, para construir uma nova vida a dois, um projeto de vida é iniciado.
Planos começam a ser feitos, projeções são desenhadas para o futuro, e assim por diante.
Porém, quando o processo de separação se inicia, mesmo depois de muitos acontecimentos negativos, a frustração costuma aparecer.
Afinal, todo aquele planejamento e idealização do futuro “vão por água abaixo”, resultando em um conflito emocional baseado em um sentimento de frustração.

3. Medo do futuro
Até “ontem”, o casal tinha os seus planos, seus passos e seus métodos para conquistar os sonhos. Também tinham a sua própria rotina e forma de lidar com os desafios cotidianos.
Agora que isso acabou, o medo do futuro pode surgir. Afinal, como será de agora em diante? Como será possível lidar com as adversidades sem o apoio do outro? Como ficará a vida financeira? E a vida sexual? E a vida social? São tantos questionamentos que o futuro tende a ser assustador.

4. Saudade da vida antiga
No início da relação, tudo costuma funcionar ou, ao menos, acreditamos que funciona, uma vez que a paixão pode apaziguar os pontos negativos.
Sendo assim, essa fase que passou pode ser revivida na memória do casal que sente saudade de quando tudo ia bem.
Essa saudade pode ser mais intensa ou amena, resultando em mais ou menos impactos no equilíbrio emocional do indivíduo.

5. Conflitos com relação aos filhos
A separação no caso de filhos pode ser ainda mais dolorosa para algumas pessoas. Afinal, além de sofrer com o fim da relação, há o sofrimento relacionado à nova dinâmica familiar que será dada aos filhos.
Inclusive, muitos casos podem desencadear problemas como a alienação parental, por exemplo.

Como lidar com um processo de separação?

Apesar de o processo de separação ser muito comum em nossa sociedade, a verdade é que cada pessoa o atravessa a sua maneira.

Algumas podem ter mais facilidade para lidar com as emoções vividas no momento. Outras podem encontrar mais dificuldades.

Sendo assim, respeitar as suas próprias subjetividades é uma peça-chave rumo à superação do ocorrido.

Para lhe ajudar nesse sentido, apresentamos algumas considerações pertinentes logo abaixo:

1. Vivência do luto e respeito às emoções
Quando colocamos muita energia mental, emocional e física em algo, significa que aquilo é importante e faz parte do sentido que damos a vida. Isso quer dizer que quando perdemos algo assim, passamos por um verdadeiro processo de luto: precisamos transferir o sentido daquilo para outra situação nova em nossas vidas.
Isso é vivido de modo semelhante no caso de um processo de separação. Isto é, o casal, que antes investia muito de si e dos seus sonhos na relação, precisa encontrar novos caminhos para esse investimento acontecer a partir de agora. Enquanto isso não acontece, é comum ter os sentimentos de tristeza, medo, angústia, raiva, insegurança, desesperança, etc., presentes no cotidiano.
Tudo isso é vivido como um processo de luto, afinal, há uma perda real: um casamento deixa de existir.
Portanto, respeitar essa premissa e permitir que seja possível viver um processo de luto é muito importante para atravessar esse momento com maior equilíbrio emocional.
Por isso, não tenha medo de chorar, não tenha medo de sentir. Mas sim, sinta, viva as emoções, elabore-as e entenda-as, para aos poucos remanejá-las.

2. Retomada da identidade individual
A partir do momento que uma pessoa se engaja em um casamento, uma nova identidade pode surgir dessa dinâmica. Embora ainda exista a individualidade de ambos os lados, um “eu-conjugal” passa a fazer parte da vida desse indivíduo.
Dessa forma, quando a separação ocorre, é preciso pensar em uma forma de dissolver essa identidade que foi construída no casamento.
Neste processo, é importante levar em consideração o que você sempre gostou de fazer, o que gostaria de retomar para a sua vida, e outras ações que possam fazer com que você se sinta mais conectado consigo mesmo.
E não se esqueça de priorizar você: a sua saúde, a sua história, o seu bem-estar, etc.

3. Cuidados com a autoestima
E por falar em priorizar a si mesmo, os cuidados com a autoestima devem ser mantidos. Cuidar da aparência, da autoestima intelectual e da saúde é algo que pode contribuir para a recuperação emocional depois de um processo de separação.
Inclusive, é um bom momento para você estudar algo que sempre quis, renovar algo na aparência, como sempre desejou e deixou para depois, e assim por diante.
Analise o que pode impulsionar a sua autoestima e invista em possibilidades saudáveis nesse sentido.

4. Importância de evitar o isolamento social
Embora o processo de separação possa ser doloroso e necessite de um momento de luto, é importante manter os laços sociais fortalecidos com amigos e familiares.
Afinal, o isolamento pode ocasionar problemas emocionais mais profundos, além de aumentar a dificuldade de reconstruir a vida social por uma perspectiva de solteiro.
Outro ponto interessante é que os amigos e familiares podem auxiliar como verdadeiros suportes emocionais em diversos momentos.

5. Tentativa de construir uma proximidade possível (no caso de casais com filhos)
Se porventura o casal em processo de separação tiver filhos, é muito importante procurar construir uma proximidade possível e “sociável”, para impedir que a separação impacte a saúde mental das crianças de forma nociva.
É o caso de evitar brigar na frente dos filhos e de manter uma comunicação “de boa vizinhança”, nesse sentido, para não sobrecarregar o emocional dos pequenos.
A psicoterapia pode ajudar nessas situações.

6. Busca de apoio psicológico
E por falar em psicoterapia, você também pode buscar ajuda psicológica para lidar com os aspectos emocionais e psicológicos do processo de separação.
Por meio da psicoterapia é possível trabalhar a autoestima, a autoconfiança, a ressignificação dos sentidos da vida, etc.
Considere essa possibilidade e invista na sua saúde mental rumo à nova vida que existe à sua frente.

Referências
FÉRES-CARNEIRO, T. Separação: o doloroso processo de dissolução da conjugalidade. Artigos • Estud. psicol. (Natal) 8 (3) • Dez 2003.

NOGUEIRA, Cristiane Santos de Souza. N778n Novas formas de lidar com o processo de separação conjugal na modernidade líquida. / Cristiane Santos de Souza Nogueira. Belo Horizonte, 2006. 122f.