Problemas no relacionamento: tipos e solução
Apesar de não existir uma lista de problemas no relacionamento que seja capaz de abranger todas as singularidades de cada casal, ainda assim podemos pensar em algumas possibilidades comuns que podem ser discutidas, analisadas e refletidas.
Essas possibilidades, quando bem pensadas e escutadas, podem contribuir para a construção de um relacionamento mais saudável e equilibrado.
Pensando nisso, trouxemos algumas considerações relevantes sobre os relacionamentos amorosos. Vamos juntos desbravar cada uma delas?
Tipos de problemas no relacionamento e possíveis soluções iniciais
Como dito acima, existem muitos tipos de problemas no relacionamento, devido à grande variedade de pessoas, estilos de vida, formas de pensar, etc. Sendo assim, seria inviável catalogar todas as possibilidades que existem.
Porém, ao mesmo tempo sabemos que existem alguns conflitos que podem acontecer com bastante frequência em diferentes relacionamentos amorosos. Por isso, nos atemos a eles para que pensemos e reflitamos sobre as relações amorosas dos mais diversos tipos. Acompanhe abaixo:
1. Idealização versus realidade
Os relacionamentos amorosos, costumeiramente, são iniciados pela fase da paixão. Ambos os envolvidos se sentem apaixonados e encantados pela outra pessoa. Entretanto, essa paixão pode provocar uma certa, digamos, “cegueira”, devido à idealização que é feita do outro.
Isto é, a pessoa apaixonada pode enxergar o outro como uma pessoa perfeita, maravilhosa e incrível, embora, na realidade, ela também tenha defeitos. Só que nem sempre esses defeitos são detectados durante a fase da paixão.
Assim, à medida que o tempo passa e o relacionamento evolui, essa idealização começa a cair por terra. Os primeiros defeitos começam a surgir e a pessoa apaixonada começa a se questionar sobre os seus próprios sentimentos e emoções.
Consequentemente, isso pode abrir caminhos para conflitos na relação, devido à frustração de ter, ao nosso lado, uma pessoa que não é exatamente aquilo que desejávamos ou acreditávamos que fosse.
Nesses casos, o diálogo franco precisa acontecer. Além disso, o respeito às diferenças, a tolerância e a flexibilidade também têm um papel importante na construção de um relacionamento saudável.
É necessário criar a consciência de que não existe uma pessoa perfeita, e de que aquela pessoa que imaginamos, como um príncipe ou uma princesa, só existe na nossa mente. Logo, na vida real iremos nos deparar com os limites alheios, e será muito importante aprender a lidar com isso.
2. Insatisfação sexual
A insatisfação sexual também costuma ser um dos principais problemas no relacionamento amoroso. Apesar de não haver uma única causa para esse problema, ainda assim ele pode ser catalogado como uma “categoria”, digamos.
Dentro dessa questão de insatisfação sexual, podemos considerar situações como:
- Disfunções sexuais que afastam o casal.
- Problemas para conversar sobre sexo com o parceiro, resultando em uma relação sexual pouco prazerosa para um dos lados.
- Casamento sem sexo devido à sobrecarga da rotina.
- Monotonia ou rotina nas relações sexuais.
- Entre outros pontos semelhantes.
Nessas circunstâncias, é preciso seguir caminhos como:
- Diálogo aberto sobre o que incomoda, o que é bom e o que pode ser melhorado.
- Análise das disfunções sexuais feita por profissionais da saúde e o prosseguimento com os respectivos tratamentos.
- Trabalho em conjunto em prol da criação de uma rotina que priorize a conexão do casal.
- Sinceridade acima de tudo, com base no respeito e na comunicação não-violenta.
3. Choque de culturas e estilos de vida
Antes do casamento, o casal pode estar vivendo uma relação amorosa repleta de sentimentos e emoções positivas provenientes da paixão. Neste momento, é possível que o casal sequer perceba as diferenças que possuem.
Porém, ao unirem as suas “escovas de dente”, o choque de cultura pode começar a aparecer.
Ele aparece na rotina, na forma de organizar a casa, na maneira como se lida com as finanças, e assim por diante. Esses estilos de vida diferentes podem abrir caminhos para conflitos matrimoniais.
Nesses casos, aconselha-se a busca por um equilíbrio. Ambos os lados deverão ceder de vez em quando, bem como deverão ter espaços para seguir o que gostam e consideram certo.
O equilíbrio deverá ser procurado pelos dois, e não apenas por um. Desse modo, será possível construir, pouco a pouco, uma série de acordos que impeça que apenas um dos dois se sinta dentro da sua própria cultura, mas sim, ambos os lados se sintam respeitados dentro das suas formas de enxergarem a vida.
4. Questões financeiras
A vida financeira também pode ser um dos estopins para os problemas no relacionamento. E isso está atrelado a muitos fatores diferentes, como por exemplo:
- Falta de dinheiro que provoca brigas.
- Falta de esclarecimento quanto ao limite de gastos do casal.
- Compras escondidas ou impulsivas.
- Dificuldade para gastar o dinheiro, isto é, quando um dos dois é avarento.
- Problemas para estipular prioridades na hora de cuidar das finanças.
- Gastos desnecessários que abalam o casal.
- Diferença salarial fazendo com que um se sinta preso e dependente, e o outro se sinta “injustiçado” por ter que arcar com tudo.
- Entre outros infinitos cenários que podem existir.
Inclusive, estudos apontam que, aproximadamente, 57% dos divórcios no Brasil são causados por problemas financeiros, de acordo com o IBGE.
Nesses casos, é muito importante nutrir uma comunicação clara e objetiva. O casal precisa traçar um plano que realmente encaixe na vida financeira dos dois, buscando benefícios para ambos os lados e sem negligenciar o que pode ser vivido no presente.
A culpabilização não deve acontecer, nem a comparação de salários. Afinal, se isso é um problema para quem ganha mais ou menos, isso deve ser discutido de forma saudável e sem acusações para que se encontre um equilíbrio, visando um futuro financeiro mais saudável para o casal.
O estabelecimento de limites para gastos supérfluos e a construção de um verdadeiro “acordo” sobre como funcionará as finanças são ações bastante positivas.
Lembre-se também de que cada casal pode ter a sua própria dinâmica financeira, ok? Vocês não precisam seguir, à risca, o que alguém disse que deve ser seguido. Mas sim, por meio do diálogo é possível encontrar a dinâmica mais adequada para vocês.
5. Divisão de responsabilidades e atividades
No dia a dia da vida a dois, muitas responsabilidades são requisitadas. Uns precisam arcar com os cuidados com a casa, outros precisam cuidar das finanças com mais cuidado, e assim por diante.
Essa divisão, muitas vezes, pode ser feita de forma equivocada. Primeiro porque a criação e o estilo de vida de cada um pode impactar nisso. Segundo porque a falta de comunicação pode ocasionar a sobrecarga de um lado que “atura sem falar nada”.
Nesses casos, é necessário construir uma espécie de contrato com o parceiro. Se você faz a atividade X e Y, ele deve arcar com a A e B.
Esse contrato deve ser conversado e esclarecido, visando a divisão adequada de responsabilidades e tarefas.
Obviamente, não é necessário fazer um contrato de papel, rígido, com descrições específicas. Às vezes, dependendo das circunstâncias, um ou outro poderá trocar de papel para encaixar determinada responsabilidade na rotina.
Porém, deixar claro o que ambos precisam fazer, no dia a dia, é uma forma de evitar que um dos lados se sinta sobrecarregado.
6. Problemas de convivência com familiares
As dificuldades de convivência com os familiares do cônjuge são um dos principais problemas no relacionamento. A família que passa a impor ideias ao casal, intrometendo-se nas decisões feitas a dois, pode ocasionar um desgaste na relação.
Além disso, há casos de familiares que não gostam da pessoa pela qual o filho se apaixonou, e acabam dificultando a relação, criando mentiras, etc.
Esses problemas de convivência podem ser muito difíceis, mas é importante que o casal saiba impor limites relevantes para a interação com os familiares.
Afinal, não é porque é família que o casal deve aceitar as ofensas ou imposições. Até porque, agora, o casal é a sua própria família!
Sendo assim, para solucionar esse problema é muito importante saber dizer “não” e se posicionar frente aos pontos de vista que a família possa ter.
O casal não é obrigado a seguir os caprichos dos pais. Mas sim, pode seguir a sua vida à sua maneira, sem que os outros tenham direito de opinar ou “mandar”.
7. Problemas de comunicação e má interpretação
A comunicação no relacionamento tem um papel muito importante na construção da harmonia e da paz dentro de casa. Quando a comunicação é truncada e ocasiona ambiguidades e má interpretação, conflitos desnecessários, porém intensos, podem começar a surgir.
Da mesma forma, a ausência da comunicação pode fazer com que os problemas do casal comecem a se somar, sobrecarregando a saúde mental. Isto é, se um dos lados estiver insatisfeito, mas nunca comunica o que sente, esse sentimento poderá crescer à medida que o tempo passa, até o momento em que a relação pode se tornar insustentável.
Por isso, investir em uma comunicação assertiva, clara e sincera é muito importante. Manter o hábito de conversar sobre o que se sente e o que se pensa também é um bom caminho.
Além do mais, essa comunicação poderá aproximar e conectar mais o casal, fazendo com que cada um tenha mais informações para compreender e lidar com o outro.
8. Ciúmes e insegurança
Nem sempre é fácil controlar o ciúme e a sensação de insegurança que ele traz consigo. Porém, quando esse controle não acontece, o relacionamento pode começar a ficar fragilizado por conta de brigas e desentendimentos que se tornam recorrentes, mesmo quando não existe fundamento algum para isso.
Nesse caso, a pessoa enciumada precisa trabalhar, dentro de si, o ciúme. Além disso, o casal precisa estabelecer o “contrato conjugal”, acerca do que é aceito e do que não é, bem como do que poderia ser declarado como traição, e o que não.
Ao mesmo tempo, a pessoa enciumada também deve desenvolver a sua autoestima no casamento e na vida, investindo em hábitos saudáveis, cuidando da saúde mental, preservando a sua vida social, e assim por diante.
Da mesma forma, deve-se evitar comparações com outras pessoas, especialmente do convívio do parceiro, pois isso pode aumentar a sensação de insegurança que leva ao aparecimento do ciúme.
Além desses pontos, sugerimos que você acesse o nosso artigo completo sobre como controlar o ciúme, buscando formas de lidar com o que se sente de uma maneira mais saudável.
9. Baixa autoestima no casamento
A baixa autoestima no casamento pode ser resultado de uma série de combinações de fatores, como:
- Falta de perspectiva com relação ao futuro, por não trabalhar e nem estudar.
- Comparações excessivas feitas por si mesmo ou pelo parceiro.
- Ansiedade e insegurança frente ao outro.
- Busca incessante para “entender por que o outro quis ficar com você”.
- Esfriamento da relação, devido ao afastamento do casal por conta de uma rotina corrida, por exemplo.
- Entre outros pontos.
A baixa autoestima pode reduzir a qualidade da relação, pois a pessoa que se sente com baixo valor pode ter medo de impor as suas ideias, está sempre acatando a tudo o que o outro quer (mesmo que não queira), entre outros pontos que prejudicam a saúde mental.
A baixa autoestima também pode ocasionar as crises de ciúme que apontamos no tópico acima.
Nesses casos, é importante buscar apoio psicológico e praticar o autoconhecimento para buscar, dentro de si, as próprias qualidades e habilidades. Além disso, a quebra da rotina de comparação também deve acontecer, afinal, cada pessoa é única e possui as suas próprias qualidades e defeitos, o que torna toda e qualquer comparação injusta e inviável.
Conversar com o parceiro para alinhar expectativas frente a diversos pontos da vida a dois pode contribuir para a construção de uma autoestima mais sadia.
10. Monotonia ou “rotina”
O relacionamento, no início, pode ser tomado por uma série de sensações diferentes. Algo novo está acontecendo na vida do casal, e o frio na barriga se torna bastante presente.
Porém, à medida que o tempo passa, o casal começa a se adaptar. Cada um começa a mostrar a sua real personalidade, enquanto o outro se acostuma, pouco a pouco, com esses traços.
A rotina diária começa a ser estabelecida, e determinadas atividades, que aconteciam no período da paixão, vão sendo deixadas de lado.
Aquele “fogo” do início do relacionamento começa a se reduzir um pouco, fazendo com que as relações sexuais não ocorram mais com tanta frequência.
Quando se dão conta, o casal está diante da rotina que tantos falam, ou seja, diante da monotonia. Isso pode resultar em uma falta de interesse, brigas mais constantes, afastamento, etc.
Nesses casos, trabalhar para a construção de mudanças, mesmo dentro de uma rotina estruturada, é algo relevante.
Pensar em formas de surpreender o parceiro e de manter a “chama” acesa são caminhos que contribuem para a elevação da qualidade de vida do casal.
Cuidar para não ficar esperando apenas atitudes alheias para a relação sexual acontecer também é relevante. Ambos podem ter atitudes e apresentar novidades.
À medida que um lado se movimenta, o outro também pode se movimentar, o que resulta em doses de frio na barriga e acontecimentos únicos na vida do casal, dia após dia.
11. Conflitos com relação ao projeto de vida
Estabelecer um projeto de vida não é nada fácil. Pensar no que se quer para o futuro pode ser assustador em alguns casos.
Ao pensarmos na vida a dois, isso pode ser ainda mais difícil para algumas pessoas. Afinal, como conciliar os sonhos de ambos para que o futuro seja realmente promissor e interessante?
Embora pareça difícil, o casal precisará investir em uma comunicação clara e objetiva. O casal precisa comunicar, um ao outro, o que deseja e aonde quer chegar. Além disso, faz parte desse processo traçar passos que contribuam para os sonhos de ambos, ao mesmo tempo em que se busca traçar uma linha paralela para que a relação se mantenha nessas mudanças da vida.
Às vezes, um lado terá que abrir mão de algo para dar prosseguimento à relação. Em outros casos, a outra pessoa deverá fazer isso, e assim por diante.
Caso esse processo seja muito doloroso ou difícil, é possível recorrer à terapia de casal.
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Existe uma solução para todos os problemas no relacionamento?
Não podemos dizer que existe solução para todos os problemas no relacionamento no sentido de que tudo pode se resolver e a relação possa se manter. Afinal, às vezes a maior solução que oferecerá mais bem-estar e saúde mental para ambos é, de fato, a separação.
De todo modo, não podemos generalizar as soluções para os problemas, mas podemos dar algumas orientações, como por exemplo:
1. Comunicação e elaboração das emoções
A comunicação no relacionamento tem uma importância extrema. Sem ela, como será possível comunicar o que se pensa, impor limites saudáveis e planejar um futuro?
Por isso, construir uma rotina regada por diálogo e compreensão é um dos caminhos para resolver grande parte dos problemas no relacionamento.
Além disso, aprender a escutar as emoções de cada um, entendendo-as e elaborando-as é um caminho para não sobrecarregar a saúde mental de ninguém.
Assim sendo, antes de simplesmente ver as emoções como negativas, tente entender o que elas têm a dizer e dê tempo ao tempo para assimilá-las dentro da relação.
2. Psicoterapia para casal
A terapia de casal também pode contribuir para a mediação de conflitos de uma forma mais saudável.
Por meio da terapia o casal é possível se conhecer melhor; entender os limites do outro; compreender os desejos individuais e do casal; traçar planos para o futuro; aprender a se comunicar com mais clareza; entre outras questões relevantes.
Saiba mais acessando o nosso conteúdo completo sobre terapia de casal.
3. Processo de separação
Nem sempre há solução para os problemas no relacionamento no sentido de manter a relação estável e viva. Às vezes, o processo de separação pode ser o caminho mais saudável para ambos os lados.
Embora possa ser doloroso, muitas vezes é o caminho para buscar uma relação mais saudável com outra pessoa. Afinal, nem sempre as pessoas combinam ao longo de toda uma vida, não é mesmo? Faz parte da existência humana.
E, neste caso, se você se sentir desamparado ou com dificuldades para superar o fim do casamento, lembre-se de que a ajuda psicológica pode ser relevante.
Referências
ELISEU, E. J. A importância da comunicação no relacionamento amoroso. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade do Sul de Santa Catarina, 2017.
SIMONETTI, A. O nó e o laço – São Paulo : Integrare Editora, 2009.