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Pancreatite Aguda

O que é a Pancreatite Aguda?

Pancreatite é um termo que se refere à inflamação do pâncreas. 

O pâncreas é uma glândula localizada no abdome, atrás do estômago. Ele produz enzimas que ajudam na digestão e hormônios que ajudam a regular a glicose.

A pancreatite pode ser dividida em dois grupos com comportamentos distintos:

  • Pancreatite aguda: aparece de forma repentina e dura poucos dias;
  • Pancreatite crônica: ocorre ao longo de muitos anos.

Casos leves de pancreatite melhoram com o tratamento. Entretanto, complicações sistêmicas graves são vistas em 10 a 15% dos casos, nos quais se observa uma alta taxa de mortalidade (1).

Sintomas da Pancreatite aguda

Os sinais e sintomas de pancreatite aguda incluem:

  • Dor na parte de cima do abdome, próximo ao tórax e que se irradia para as costas;
  • Sensibilidade à palpação do abdome;
  • Febre
  • Aumento da frequência cardíaca
  • Náusea ou vômito

Quais as causas da pancreatite Aguda?

As causas mais comuns da Pancreatite Aguda são (1):

Pedra na vesícula 40%
Idiopática (causa desconhecida) 25%
Alcoolismo 22%
Pós colangiopancreatografia retrógrada endoscópica 3,9%

 

Outras causas

Outras causas para a pancreatite aguda incluem:

  • Uso de medicamentos (pancreatite medicamentosa)
  • Origem familiar / hereditária.
  • Níveis elevados de triglicerídeos no sangue 
  • Níveis elevados de cálcio no sangue 
  • Câncer de pâncreas
  • Infecção

Pedra na vesícula (litíase biliar)

A vesícula biliar e o pâncreas compartilham de uma drenagem comum para o duodeno.

Assim, a obstrução provocada por um cálculo biliar pode impedir o fluxo normal das enzimas pancreáticas.

Quando isso acontece, as enzimas digestivas são ativadas ainda no pâncreas, causando um processo de autodigestão pelo pâncreas.

Alcoolismo

Ainda não se sabe exatamente como o álcool causa a pancreatite aguda. Entretanto, acredita-se que ele interfira no funcionamento normal das células pancreáticas.

Fatores de risco

Os principais fatores de risco para a pancreatite incluem:

  • Consumo excessivo de álcool. 
  • Tabagismo
  • Obesidade.
  • Diabetes;
  • História familiar de pancreatite.

Diagnóstico

O diagnóstico de Pancreatite Aguda pode ser feito pela presença de ao menos dois dos três

critérios seguintes:

  • Dor abdominal consistente com a Pancreatite Aguda; 
  • Exame de sangue mostrando aumento de ao menos três vezes nas enzimas pancreáticas amilase e/ ou Lipase em relação aos valores de referência;
  • Achados característicos em exames de imagem (especialmente a tomografia computadorizada ou a ultrassonografia).

Em relação às enzimas pancreáticas, é importante que elas sejam analisadas em conjunto com um quadro clínico característico. 

Isso porque os valores de lipase podem estar aumentados em um grande número de doenças, como nefropatias, apendicite ou colecistite.

A Tomografia computadorizada deve ser realizada apenas se houver dúvida diagnóstica, em pacientes com doença grave ou que tiveram piora clínica dentro de 48 a 72h. Na maior parte dos pacientes com quadros leves, o exame não se faz necessário.

Tratamento

O tratamento da Pancreatite Aguda tem como objetivo controlar a inflamação e abordar a causa do problema. 

Quando a pancreatite é causada por uma pedra na vesícula, o tratamento pode incluir um procedimento para desobstrução ou remoção das vias biliares. 

Já o processo inflamatório geralmente se resolve com a tríade jejum, analgesia e hidratação precoce.

Jejum

A maior parte dos pacientes necessitam de jejum, em decorrência da dor abdominal, náusea ou vômitos.

Para manter o paciente bem nutrido, habitualmente é indicada a alimentação por meio de sonda nasoenteral.

A nutrição parenteral (cateter na veia) é reservada para casos com dor e/ou vômitos refratários e impossibilidade total de nutrição enteral.

Analgesia

O controle da dor é feito por meio de medicações analgésicas, geralmente por aplicação intravenosa. 

A escolha do medicamento depende da gravidade da pancreatite e da intensidade da dor.

Hidratação Precoce

A Pancreatite Aguda tende a evoluir com intensa desidratação, de forma que a rehidratação e a correção de distúrbios hidroeletrolíticos devem ser feitos de forma prioritária e precoce.

Em casos graves, a necessidade diária de fluidos pode ser de 5 ou mais litros. 

A reposição deve ser controlada e cuidadosa, de forma a evitar tanto a desideratação como a hiperidratação.

Nas primeiras 48 horas, o estado de hidratação deve ser reavaliado ao menos a cada 6 horas.

Complicações locais da pancreatite aguda

Necrose pancreática

A Necrose Pancreática se caracteriza pela morte tecidual presente em uma ou mais áreas do pâncreas. Ela é diagnosticada por meio de um exame de Tomografia Computadorizada.

70% dos casos são não infecciosos. Entretanto, 30% deles evoluem com infecção, os quais estão associados a um risco 2 a 3 vezes maior de mortalidade.

Na suspeita de uma necrose pancreática infectada, o paciente deve ser tratado com antibióticos e drenagem / ressecção do tecido necrosado.

Pseudocistos pancreáticos

Pseudocistos pancreáticos correspondem à coleções líquidas presentes no parênquima pancreático. Eles não são considerados cistos verdadeiros, por não possuírem um revestimento epitelial.

Eles são considerados uma complicação tardia da Pandreatite Aguda, uma vez que são necessárias de quatro a seis semanas para que ocorra o encapsulamento dessa coleção.

O diagnóstico é realizado por meio de exames de imagem, especialmente a Tomografia Computadorizada ou a Ultrassonografia.

As diretrizes recentes não recomendam abordagem cirúrgica para pseudocistos assintomáticos, independentemente do seu tamanho. 

Quando sintomáticos, pode ser consideradas a drenagem endoscópica ou laparoscópica. 

Líquido peripancreático

Diferentemente dos pseudocistos, neste caso não existe uma parede bem definida delimitando o acúmulo de líquido inflamatório.

Habitualmente, este líquido é assintomático e se resolve espontaneamente em 7 a 10 dias sem a necessidade de drenagem.

Complicações sistêmicas da pancreatite aguda

Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS)

A da Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica está associada à liberação de enzimas pancreáticas ativas na corrente sanguínea, desencadeando uma cascata inflamatória sistêmica.

Esta condição é caracterizada pela presença de 2 ou mais critérios a seguir:

  • Temperatura menor do que 36º ou maior do que 38º;
  • Frequência Cardíaca superior a 90 batimentos por minuto;
  • Frequência Respiratória maior do que 20/min ou PCO2 menor do que 32mmHg;
  • Contagem de leucócitos > 12 000/uL ou < 4 000/uL ou 10% de bastões;
  • Hematócrito >44%
  • Ureia maior do que 45 mg/dL)

Essa resposta inflamatória exacerbada vai ditar alterações em todos os sistemas do organismo, fazendo com que o paciente progrida para falência de múltiplos órgãos, incluindo falência renal, cardíaca ou pulmonar.