Nutrição e Nutrologia em Oncologia
[accordion-model-lca titulo=”Desnutrição no paciente oncológico”]
A desnutrição é um problema comum entre pacientes oncológicos. Ela acomete ente 15 e 20% dos pacientes no momento do diagnóstico e até 80 a 90% nos pacientes em estágio avançado da doença (1).
Esta prevalência varia especialmente em decorrência do tipo de câncer e do estágio de evolução da doença.
A desnutrição é considerada grave quando a perda de peso supera os 10% em seis meses, o que acontece em cerca de 15% dos pacientes.
Em muitos casos, a perda de peso não intencional é o primeiro sintoma do câncer e pode ser notada antes mesmo de o diagnóstico de câncer ser estabelecido.
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[accordion-model-lca titulo=”Quais as causas da desnutrição no paciente oncológico?”]
A desnutrição no paciente oncológico se deve a diferentes fatores, incluindo:
- Efeitos catabólicos da doença;
- Efeitos colaterais dos tratamentos;
- Perda do apetite;
- Dificuldade em deglutir e engolir os alimentos;
- Problemas para absorver e armazernar os nutrientes.
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[accordion-model-lca titulo=”Dificuldade Para Se Alimentar”]
A dificuldade para se alimentar é um problema comum a muitos pacientes oncológicos.
Os seguintes efeitos colaterais do tratamento contra o câncer podem afetar a capacidade do paciente se alimentar:
- Perda de apetite;
- Náusea;
- Vômito;
- Boca seca;
- Feridas na boca ou garganta;
- Mudanças no olfato e paladar;
- Dificuldade para engolir;
- Sensação de saciedade depois de comer uma pequena quantidade de comida;
- Abuso do álcool;
- Constipação;
- Diarréia.
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[accordion-model-lca titulo=”Deficiência de micronutrientes no paciente oncológico”]
Os mesmos fatores que causam a desnutrição no paicente oncológico, conforme discutidos acima, também podem levar a uma deficiência de micronutrientes, incluindo vitaminas e minerais.
Os micronutrientes devem ser ofertados em níveis que contemplem uma a duas vezes as recomendações de vitaminas para a população não oncológica.
Já as necessidades hidroeletrolíticas são similares às da população em geral.
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[accordion-model-lca titulo=”Quais as consequências da desnutrição do Paciente Oncológico”]
A alimentação saudável é fundamental para que o paciente com câncer mantenha um peso corporal saudável, a massa muscular adequada e para minimizar os efeitos colaterais do tratamento.
Sem uma oferta adequada de nutrientes, a defesa do organismo contra as células cancerígenas fica comprometida e o risco de o câncer crescer e se espalhar é maior.
Durante o tratamento, o corpo precisa de energia e nutrientes extras para curar feridas, combater infecções e se recuperar de cirurgias.
A desnutrição tem desta forma um impacto negativo tanto na sobrevida como na qualidade de vida do paciente oncológico. Ela faz com que o paciente fique fraco, cansado e incapaz de combater a infecção ou terminar o tratamento do câncer.
Estima-se que aproximadamente 20% das mortes relacionadas ao câncer ocorram em decorrência da desnutrição e das complicações causadas pela desnutrição (2)
A história de perda de peso nos últimos seis meses aumenta a probabilidade de complicações pós-cirurgias oncológicas, como infecções, estando associado inclusive com um aumento do tempo de internação.
A desnutrição no paciente oncológico está associada principalmente a dois fatores, que podem acontecer de forma isolada ou combinada:
Anorexia
A anorexia se refere à perda de apetite ou desejo de comer.
Este é um sintoma comum em pacientes com câncer. A anorexia pode ocorrer no início da doença ou mais tarde, se o câncer crescer ou se espalhar. A maioria dos pacientes com câncer avançado terá anorexia.
Caquexia
A caquexia é uma condição marcada por fraqueza, perda de peso e perda de gordura e músculo.
Ela é comum em pacientes com tumores que afetam a alimentação e a digestão.
Ela também pode ocorrer em pacientes com câncer que estão se alimentando bem, mas não estão absorvendo os nutrientes ou armazenando gordura e músculo devido ao crescimento do tumor.
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[accordion-model-lca titulo=”Avaliação nutricional do Paciente Oncológico”]
A avaliação global subjetiva produzida pelo paciente (AGS-PPP) é o método padrão de avaliação nutricional do paciente com câncer (3).
Medidas antropométricas e bioquímicas, comumente utilizadas na avaliação nutricional de pacientes não oncológicos, não são fidedignos para a avaliação do paciente oncológico, uma vez que podem sofrer influência de fatores não nutricionais na vigência do câncer (4).
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[accordion-model-lca titulo=”Abordagem da Nutrição do Paciente Oncológico”]
Uma vez que os efeitos colaterais do câncer ou do tratamento do câncer estejam afetando a alimentação normal, mudanças na alimentação podem ser feitas para ajudar o paciente a obter os nutrientes de que precisa.
A abordagem da nutrição do paciente oncológico deve ser individualizada, de acordo com os sintomas apresentados por cada paciente.
Anorexia
O paciente com anorexia deve buscar comer alimentos ricos em proteínas e calorias.
Os alimentos ricos em proteínas devem ser consumidos no início da refeição, quando o apetite é maior.
O consumo de bebidas durante as refeições deve ser limitado, já que ele pode encher o estômago e reduzir ainda mais o apetite.
Beber milkshakes, smoothies, sucos ou sopas ao invés de água pode ser uma forma de se aumentar o consumo de calorias, especialmente para aqueles que não se sentem confortáveis comendo alimentos sólidos.
O uso de suplementos alimentares pode ser considerado, quando a alimentação regular não estiver sendo suficiente.
Ao invés de concentrar a alimentação em poucas e grandes refeições, comer pequenas refeições e lanches saudáveis com frequência ao longo do dia tende a ser melhor tolerado.
Assim, o paciente deve ter sempre à sua disposição pequenas quantidades de seus alimentos favoritos, para ir comendo sempre que tiver apetite.
Manter uma rotina regular de atividades físicas é outra forma de estimular o apetite.
Em casos mais avançados, a alimentação por sonda pode ser necessária para que o paciente obtenha todos os nutrientes de que necessita.
Náusea
As seguintes medidas podem ajudar os pacientes com câncer a controlar a náusea:
- Dividir a alimentação em pequenas refeições, ao invés de se alimentar apenas nas três refeições principais;
- Evitar grandes quantidades de líquido durante as refeições, para evitar sentir-se cheio ou inchado;
- Não pular refeições e lanches, já que a náusea tende a piorar quando o estômago está vazio;
- Lavar a boca antes e depois de comer e escovar os dentes, para tirar resquícios do alimento da boca;
- Não comer em uma sala que tenha cheiro forte de comida ou que esteja muito quente;
- Alimentar-se em um ambiente bem ventilado;
- Escolher alimentos que pareçam mais atrativos. O paciente não deve se forçar a comer alimentos que façam ele se sentir mal;
- Comer alimentos leves, macios e fáceis de digerir, ao invés de refeições pesadas;
- Comer alimentos secos ao longo do dia, como bolachas ou torradas;
- Comer torradas secas ou bolachas antes de sair da cama, caso sinta náuseas pela manhã;
- Ingerir líquidos e alimentos à temperatura ambiente (nem muito quente nem muito frio);
- Comer e beber mais lentamente;
- Chupar balas duras, caso sinta um gosto ruim na boca;
- Evitar alimentos e bebidas com cheiros fortes.
Aftas
As seguintes medidas são indicadas para os pacientes com aftas na boca:
- Comer alimentos macios e fáceis de mastigar, como milkshakes, ovos mexidos e cremes;
- Cozinhar mais os alimentos, até que eles fiquem bem macios;
- Cortar os alimentos em pedaços pequenos;
- Chupar lascas de gelo para anestesiar a boca;
- Enxaguar a boca 3 a 4 vezes por dia. Para isso, misture ¼ colher de chá de bicarbonato de sódio, ⅛ colher de chá de sal e 1 xícara de água. Não usar enxaguante bucal que contenha álcool;
- Comer alimentos frios ou em temperatura ambiente. Alimentos quentes podem machucar ainda mais a boca.
Não consumir os seguintes alimentos:
- Frutas cítricas, incluindo laranja, limão, uva, abacaxi, morango, kiwi ou maracujá;
- Alimentos picantes;
- Vegetais crus;
- Salgados;
- Alimentos crocantes;
- Bebidas alcoólicas.
Dor de garganta e dificuldade para engolir
As seguintes medidas podem ser usadas por pacientes com câncer que têm dor de garganta ou dificuldade para engolir:
- Comer alimentos macios que sejam fáceis de mastigar e engolir, como milkshakes, ovos mexidos, aveia ou outros cereais cozidos;
- Cozinhar os alimentos até ficarem macios e macios;
- Corte os alimentos em pequenos pedaços;
- Consumir alimentos e bebidas ricos em proteínas e calorias, para suprir a deficiência causada pelo menor consumo de alimentos sólidos;
Evitar os seguintes tipos de alimentos:
- Alimentos e bebidas quentes;
- Alimentos picantes;
- Frutas cítricas, incluindo laranja, limão, uva, abacaxi, morango, kiwi ou maracujá;
- Alimentos crocantes;
- Bebidas alcoólicas.
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[accordion-model-lca titulo=”Nutrição Enteral”]
A nutrição enteral se refere à alimentação na qual os nutrientes são administrados através de um tubo (sonda) inserido no estômago ou intestinos.
Quando o suporte nutricional é esperado que tenha duração de poucas semanas, a sonda pode ser introduzida através do nariz (sonda nasogástrica).
Para uma nutrição enteral de longo prazo, a sonda é introduzida através de uma abertura feita na parte externa do abdômen, chamada de gastrostomia. Quando a sonda é introduzida no estômago, ela é chamada de gastrostomia. Quando é introduzida no intestino delgado, ela é chamada de jejunostomia.
A gastrostomia ou a jejunostomia também pode ser indicada quando existe algum impeditivo para a passagem da sonda pelo nariz ou garganta.
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[accordion-model-lca titulo=”Nutrição Parenteral”]
Na nutrição parenteral, os nutrientes são infundidos diretamente na corrente sanguínea, sem passar pelo trato digestivo.
Ela pode ser indicada para o paciente gravemente enfermo, que não pode ingerir alimentos por via oral ou por alimentação enteral.
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