Neuromielite Óptica
O que é a Neuromielite Óptica?
A neuromielite óptica é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação e destruição da camada de mielina nos nervos do olho e da medula espinhal.
“mielite” se refere ao acometimento da Medula Espinhal e “óptica”se refere ao acometimento do nervo óptico.
A bainha de mielina é uma camada que envolve e isola eletricamente os neurônios. Quando ela fica comprometida, os nervos deixam de funcionar normalmente.
Ela está incluida dentro do grupo de Neurites Ópticas. Até 2004, a Neuromielite Óptica era considerada como uma variante da Esclerose Múltipla. Mas, desde então, é reconhecida como uma condição independente.
Embora os sinais e sintomas da neuromielite óptica sejam parecidos com os da Esclerose Múltipla, eles tendem a ser mais graves. Por outro lado, as crises tendem a ser menos frequentes na Neuromielite óptica.
Qual a causa da Neuromielite Óptica?
A Neuromielite Óptica é uma doença autoimune.
Doenças autoimunes são condições nas quais o sistema imunológico reconhece células normais do organismo como se fossem agentes agressores, produzindo uma resposta de defesa contra elas.
Em alguns casos de neurite óptica, esta resposta é desencadeada por uma infecção viral ou bacteriana.
O sistema imunológico normalmente produz anticorpos durante o curso da infecção, de forma a combater o agente agressor.
Eventualmente, estes anticorpos desenvolvem uma reação cruzada e passam a reconhecer células normais como se fossem o agente infecioso, desenvolvendo uma resposta para destruí-las.
Em outros casos, a resposta autoimune pode ter início sem um fator desencadeante claro. Isso é mais comum em pacientes portadores de outras condições autoimune.
Sintomas da Neuromielite Óptica
A Neuromielite óptica tem sinais e sintomas que são parecidos com os da Esclerose Múltipla. No entando, as crises tendem a ter sintomais e sinais mais exacerbados. Por outro lado, as crises são habitualmente menos frequentes, com o paciente podendo passar vários anos em remissão.
A Neuromielite Óptica se inicia com um quadro inflamatório do nervo óptico, podendo provocar dor retro-ocular, visão turva ou perda da visão. O acometimento pode ser de um ou de ambos os olhos.
Em um segundo momento, os braços e pernas também são afetados, levando a perda da sensibilidade, espasmos musculares, fraqueza ou paralisia.
Dependendo do caso, o acometimento dos membros pode ocorrer dias, semanas ou até mesmo anos após o acometimento ocular.
Outros sintomas que podem estar presentes neste momento incluem:
- Incontinência urinária;
- Incontinência fecal;
- Soluço;
- Náusea ou vômitos.
Em algumas pessoas, pode haver o comprometimento da parte da medula espinhal que controla a respiração, tornando-se com isso uma ameaça à vida.
A maior parte dos pacientes é capaz de controlar os sintomas com o tratamento adequado. No entanto, a doença se torna recorrente em 80% dos pacientes (1).
Além disso, cegueira, perda de sensibilidade, fraqueza muscular nos membros e disfunção da bexiga e do intestino podem se tornar permanentes em alguns pacientes.
Diagnóstico
O diagnóstico da Neurite Óptica deve ser considerado a partir da história clínica, exame neurológico e exame oftalmológico.
Para a avaliação do nervo óptico, pode ser considerado a realização de um teste de potencial evocado ou eletroencefalograma associado a estímulos visuais, como uma fonte de luz.
Além disso, o exame de sangue para anticorpos específicos da Neurite Óptica pode ser solicitado.
Embora a Ressonância Magnética do cérebro seja normal no paciente com neurite óptica, ela é habitualmente solicitada para que seja feito o diagnóstico diferencial com a Esclerose Múltipla.
O exame de líquor também pode ser usado para avaliar os níveis de células imunes, proteínas e anticorpos no fluido.
Diagnóstico Diferencial
A Neuromielite Óptica deve ser diferenciada de outras formas de Neurite Óptica, especialmente da Esclerose Múltipla.
Esta é uma condição que se assemelha em muitos aspectos à Esclerose Múltipla. Ela inclusive era até pouco tempo atrás considerada uma variante da Esclerose Múltipla.
A principal diferença é que a neuromielite óptica normalmente afeta principalmente os olhos e a medula espinhal. No caso da esclerose múltipla, o acometimento do cérebro também é comum.
Além disso, os anticorpos produzidos também são diferentes.
O risco de incapacitação, por outro lado, é maior na Neuromielite Óptica. As crises na neuromielite óptica são menos frequentes. Mas, quando acontece, provoca sintomas mais intensos e tende a ter uma recuperação incompleta.
Tratamento
Não existe cura para a neuromielite óptica. No entanto, o tratamento pode ajudar a controlar os sintomas e evitar as recorrências.
O tratamento é dividido no tratamento das crises e no tratamento das remissões.
Tratamento das crises
Da mesma forma que na Esclerose múltipla, as crises são tratadas com corticoides. Mas, devido à maior gravidade dos sintomas, dá-se preferência pelo uso de corticoide intravenoso com o paciente internado.
Quando os corticoides não são suficientes, é feito o uso da plasmaférese. Esse é um tratamento que se assemelha em muitos aspectos à hemodiálise. O sangue é removido da veia por um cateter e passa por um aparelho onde é filtrado, para então ser devolvido ao corpo já sem os anticorpos causadores da doença.
O uso da plasmaférese é mais comum do que na Esclerose Múltipla. Em alguns casos, seu uso já é programado em conjunto com os corticoides desde o início do tratamento, sem esperar a resposta dos corticoides.
No paciente com acometimento dos membros, o uso de relaxantes musculars como Baclofeno ou tizanidina pode ser usados para aliviar os espasmos musculares.
Tratamento nas remissões
A neuromielite óptica pode passar vários anos ou mesmo décadas sem atividade da doença. No entanto, isso não significa que a doença se curou. Quando vem a nova crise, ela pode ser muito intensa e levar a incapacitações graves.
Por esse motivo, o tratamento durante a fase de remissão é quase sempre recomendada, com o uso de medicamentos imunossupressores.
Tanto os corticoides. como os imunossupressores aumentam o risco para infecções oportunistas, de forma que os pacientes devem ser monitorados de perto para isso. Alguns cuidados gerais para prevenção de doenças infecciosas devem ser sempre considerados.
Outras fontes de informação
Nota: esta lista inclui algumas associações e sites com informações que considero estarem bem organizadas, didáticas e com embasamento científico, mas não necessariamente significa que estas são as únicas fontes confiáveis de informação.
Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME-CDD)
https://amigosmultiplos.org.br
https://cdd.org.br/patologias/neuromielite-optica/
https://youtube.com/@AmigosMultiplospelaEsclerose
https://instagram.com/amigosmultiplos
https://instagram.com/cddcronicos
Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM)
National Multiple Sclerosis Society (NMSS)
https://www.nationalmssociety.org
NMO Brasil
Guthy Jackson Charitable Foundation (NMO)
https://guthyjacksonfoundation.org
ECTRIMS
https://ectrims.conference2web.com – Online Library (material técnico e para sociedade)
Multiple Sclerosis Brain Health: um pouco de tudo, de informações técnicas a história de tratamentos, incluindo informações sobre importância de boa alimentação e atividade física para um bom cuidado de pessoas com EM
EM Forma: grupo espanhol com orientação sobre atividade física para EM
https://emforma.esclerosismultiple.com
Terry Wahls / The Wahls Protocol: alimentação em doenças autoimunes