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Luxação da Patela em crianças e adolescentes

Visão Geral

A Luxação da Patela é a lesão mais comum do joelho na população pediátrica. Alguns aspectos específicos desta faixa etária precisam ser levados em consideração para a avaliação e escolha do tratamento.

Discutimos os aspectos gerais da Luxação da Patela em um artigo específico e não repetiremos isso neste artigo, de forma que sugiro a leitura do mesmo para o entendimento geral da lesão. O que discutiremos aqui são as especificidades da lesão na população pediátrica.

Risco de novas luxações


A maior preocupação relacionada ao tratamento da luxação da patela é o risco de apresentar episódios recorrentes de luxação, ao que se denomina Luxação Recidivante da Patela. Aproximadamente 40% dos pacientes vêm a desenvolver o problema, mas este risco não é comum a todos.

Quanto mais jovem no momento da luxação inicial, maior o risco de voltar a deslocar a patela. Em indivíduos com 11 a 14 anos, a chance é de 60%, mas pode chegar a 90% na presença de outros fatores predisponentes, incluindo o sexo feminino, hiperfrouxidão ligamentar em outras articulações, patela alta, sulco da tróclea muito raso e luxação da patela prévia do outro joelho.

A história clínica e a avaliação inicial do paciente também podem trazer informações importantes. Derrame articular no joelho está quase sempre presente na luxação patelar primária e tende a ser maior quanto maior for a energia do trauma.

Quando a luxação ocorre sem provocar dor e derrame articular significativos, é um indício de que esta patela é intrinsecamente mais instável e de que o risco de novos episódios de luxação é maior. Pelo mesmo motivo, crianças que apresentam a luxação em traumas banais também apresentam maior risco.

Tratamento não cirúrgico


O tratamento não cirúrgico da luxação da patela em crianças e adolescentes deve seguir as mesmas diretrizes e orientações da luxação em adultos. Existe uma relutância natural por parte dos pais em aceitar a necessidade de tratamento cirúrgico, o que faz com que muitos posterguem a cirurgia para depois da maturidade esquelética.

A insistência no tratamento não cirúrgico em pacientes com clara indicação para cirurgia infelizmente costuma cobrar o seu preço. A cada novo episódio de luxação da patela, há o risco de novas lesões na cartilagem articular, algumas com tratamento e prognóstico muito mais incerto do que o da luxação da patela propriamente dita.

Tratamento cirúrgico

 

A cirurgia deve ser o tratamento de escolha nos pacientes com Luxação Recidivante da Patela, mesmo no caso de crianças e adolescentes. O procedimento também pode ser considerado após o primeiro episódio de luxação em um paciente de alto risco.

A reconstrução do Ligamento Patelofemoral Medial é o procedimento padrão para o tratamento cirúrgico da luxação da patela, podendo no adulto ser feito de forma isolada ou associado a procedimentos ósseos (especialmente a osteotomia de medialização da tuberosidade da tíbia).

Nas crianças, a reconstrução do Ligamento Patelofemoral Medial continua sendo o tratamento de escolha, mas neste caso os procedimentos ósseos são contraindicados devido ao risco de interferência no crescimento ósseo.

Quando os exames indicam a necessidade de procedimentos ósseos associados, a tendência é de se indicar a reconstrução isolada do Ligamento Patelofemoral Medial e orientar o paciente e seus familiares da possibilidade de precisar de um procedimento complementar após a maturidade esquelética.