Luxação Acromioclavicular
Anatomia
A Articulação Acromioclavicular localiza-se na parte superior do ombro, unindo a clavícula com o acrômio, que é uma proeminência óssea da escápula. A articulação é sustentada por 2 grupos de ligamentos: os ligamentos acromioclaviculares (entre a clavícula e o acrômio) e os ligamentos coracoclaviculares (entre a clavícula e uma proeminência da escápula chamada de processo coracóide).
Esta articulação é a única conexão entre o ombro e o tronco. Quando levantamos o braço, o movimento é dividido entre as duas articulações:
- Entre o úmero (osso do braço) e a escápula;
- Entre a escápula e a caixa torácica.
A clavícula ajuda justamente a guiar o movimento da escápula durante a elevação do ombro.
Luxação Acromioclavicular
A Luxação Acromioclavicular caracteriza-se pelo deslocamento da clavícula em relação ao acrômio. A lesão ocorre, geralmente, após uma queda sobre o ombro. Isso pode acontecer tanto na prática esportiva como em atividades do dia a dia.
Para que ocorra a luxação, é preciso ter uma lesão nos ligamentos acromioclaviculares e coracoclaviculares. Os Ligamentos Acromioclaviculares são mais superficiais e são os primeiros a se romperem.
Dependendo da energia do trauma, os ligamentos coracoclaviculares também serão acometidos, dando origem às luxações de maior gravidade.
Diagnóstico
O diagnóstico da Luxação Acromioclavicular é feito com base no exame físico. Poderá ser observado dor e edema sobre a articulação e, nos casos de maior gravidade, um degrau entre a clavícula e o restante do ombro. A mobilidade da clavícula pode estar aumentada. Esta maior mobilidade da clavícula é conhecida como Sinal da Tecla.
Radiografias deverão ser solicitadas para ajudar o médico a classificar a lesão quanto à sua gravidade. Também é importante para diferenciar a luxação da fratura da clavícula.
As radiografias devem incluir os dois ombros, comparando-se a distância entre o acrômio e a clavícula no lado machucado e no lado íntegro.
Classificação da Luxação acromioclavicular
As luxações da clavícula são divididas em 6 tipos:
- Distensão dos ligamentos acrômioclaviculares. Há deslocamento mínimo entre a clavícula e o acrômio;
- Ruptura dos ligamentos acromioclaviculares. Há deslocamento mínimo entre a clavícula e o acrômio;
- Ruptura dos ligamentos acromioclaviculares e coracoclaviculares, e deslocamento superior da clavícula em até 100% da distância entre a clavícula e o processo coracóide – comparativo com o ombro do outro lado;
- Ruptura dos ligamentos acrômioclaviculares e córacoclaviculares, com deslocamento posterior da clavícula;
- Ruptura dos ligamentos acrômioclaviculares e córacoclaviculares, e deslocamento superior da clavícula maior que 100% da distância entre a clavícula e o processo coracóide – comparativo com o ombro do outro lado;
- Ruptura dos ligamentos acrômioclaviculares e córacoclaviculares, e deslocamento inferior da clavícula.
Tratamento
Nas Luxações Acromioclaviculares do tipo I e II, os ligamentos tendem a cicatrizar adequadamente, com recuperação completa da dor e da função.
O tratamento envolve o uso de tipóia por 2 a 6 semanas, gelo e medicações anti-inflamatórias. A mobilização do ombro se inicia a partir da segunda semana. Não há deformidade residual.
As Luxações Acromioclaviculares graus IV, V e VI têm indicação cirúrgica. A técnica cirurgica a ser empregada, porém, varia entre os diferentes tipos.
As luxações grau III ficam no meio do caminho, devendo ser avaliadas caso a caso. A recuperação tende a ser incompleta com o tratamento não cirúrgico, com alguma deformidade residual. Entretanto, uma limitação funcional mais significativa é incomum (1).
Dependendo da idade, atividade profissional, atividade física, lado dominante e preocupação estética, porém, a cirurgia poderá ser indicada.
Cirurgia
A técnica cirúrgica mais utilizada envolve a reconstrução dos ligamentos coracoclaviculares. Isso pode ser feito por meio de implantes sintéticos ou com o uso de enxerto de tendão, habitualmente retirado do joelho.
A reconstrução biológica com enxerto deve ser a opção de escolha nos casos crônicos, operados com mais do que 3 a 4 semanas após a luxação.
Nos casos crônicos, poderá ser associada também a ressecção de 10 a 15 mm da clavícula distal. Isso pode evitar a Artrose acromioclavicular e a dor persistente no local.
A reabilitação após a cirurgia pode variar a depender da técnica utilizada. Mas, como regra geral, é recomendado o uso de tipóia por aproximadamente 4 semanas. O movimento do cotovelo e a rotação do ombro devem ser estimulados desde o início, para evitar rigidez articular.
Movimentos com o braço acima da altura do ombro e exercícios de força com os membros superiores são liberados de 8 a 12 semanas após o procedimento.