Lesão de Stener
O que é a Lesão de Stener?
A lesão de Stener se refere a um tipo específico de lesão traumática que acomete a face interna da base do polegar.
Ela geralmente acontece durante uma queda com a mão estendida ao solo, com o polegar sendo forçado a se abrir em relação aos demais dedos.
Nesta lesão, há um rompimento completo do Ligamento Colateral Ulnar do Polegar, que fica interposto sob a aponeurose do músculo adutor do polegar.
Alternativamente, o ligamento permanece inteiro, mas ele arranca um pedaço do osso no qual ele se fixa.
Casos em que o ligamento se rompe, mas sem que ocorra a interposição, não são consideradas como uma lesão de Stener.
Esta diferenciação é fundamental, uma vez que, a interposição impede a adequada cicatrização do ligamento. Assim, a única forma de reestabelecer a estabilidade do polegar é por meio de cirurgia.
A Imagem (A) mostra a anatomia normal do polegar, com a aponeurose do adutor passando sobre o Ligamento Colateral Ulnar; a Imagem (B) mostra o ligamento rompido, sem que ocorra a interposição; a Imagem (C) mostra a aponeurose do adutor interposta sob o Ligamento Colateral Ulnar, o que caracteriza a Lesão de Stener.
O que o paciente sente?
Nos primeiros dias após o trauma, o paciente apresenta dor, inchaço e hematoma na base do polegar.
Eventualmente, poderá apresentar também uma nodulação no local, em decorrência da interposição do ligamento.
Mesmo quando a lesão não é tratada adequadamente, a dor e o inchaço tendem a melhorar gradativamente. Entretanto, o paciente persistirá com instabilidade no dedo.
Avaliação clínica
O diagnóstico da Lesão de Stener é feito pelo Ortopedista especialista em mão com base no exame clínico e confirmado com os exames de imagem.
Deve-se suspeitar da Lesão sempre que um paciente apresentar dor na base do polegar após uma queda com a mão espalmada no chão.
O exame clínico ajuda a diferenciar uma lesão parcial de uma lesão completa do ligamento, por meio do teste de estresse em valgo.
Neste teste, a articulação entre o primeiro metacarpo e a falange proximal do polegar é forçada a se abrir, conforme a imagem abaixo.
Teste de Estresse em valgo
No caso de uma ruptura incompleta, o teste revela mínima ou nenhuma instabilidade, com abertura menor do que 30 graus da articulação.
Quando a abertura é maior do que 30 graus, isso será indicativo de uma ruptura completa do ligamento.
Exames de imagem
A radiografia é necessária para diferenciar a lesão no ligamento da lesão com arrancamento ósseo.
Já o ultrassom ou a Ressonância Magnética poderão ser usados para identificar se há ou não a interposição do ligamento sob a aponeurose dos adutores.
A interposição, ou seja, a Lesão de Stener, acontece em mais de 80% dos pacientes com lesão do Ligamento Colateral Ulnar do Polegar (1).
Tratamento da Lesão de Stener
A lesão de Stener, uma vez diagnosticada, deve ser tratada cirurgicamente.
Na lesão do ligamento, a interposição é desfeita e o ligamento reparado.
Eventualmente, poderá ser feita uma fixação óssea temporária da articulação com um fio metálico. O objetivo, neste caso, é adicionar mais estabilidade enquanto o ligamento está cicatrizando. Passado o período de cicatrização, o fio metálico é retirado.
Já no caso da avulsão óssea, o fragmento avulcionado é recolocado no lugar e fixado de volta ao osso
A cirurgia pode ser feita com anestesia regional.
Após a cirurgia, o paciente é mantido imobilizado por 4 a 6 semanas. O uso irrestrito da mão é liberado geralmente após 3 meses.
Resultado da cirurgia
O resultado é excelente em mais de 90% dos pacientes operados precocemente, com menos de 3 semanas de lesão. Entretanto, o prognóstico é mais incerto nos casos operados tardiamente (2).
A principal complicação da cirurgia é a não cicatrização do ligamento e a persistência da instabilidade. Isso acontece especialmente nas lesões operadas tardiamente ou quando o paciente não respeita o protocolo de reabilitação pós-operatória.
Outra possível complicação é a evolução para a artrose da articulação. Isso acontece geralmente em casos com instabilidade de longa duração.
Tratamento da Instabilidade Crônica do Polegar
A instabilidade crônica do polegar pode ser decorrente de uma lesão de Stener não diagnosticada ou de uma recuperação incompleta após a cirurgia, geralmente em decorrência da não aderência ao tratamento pós-cirúrgico.
O reparo ligamentar não costuma mais ser possível nestes casos. A cirurgia, desta forma, envolve a transferencia de um tendão, que substituirá funcionalmente o ligamento rompido.
Casos de instabilidade crônica que já desenvolveram artrose significativa podem ser tratadas por meio da artrodese. Nesta cirurgia, os dois ossos são “grudados” um ao outro e eles passam a funcionar como se fossem um único osso.